Olivia Lufkin
Antes de tudo, peço um minuto de limpeza espiritual e reflexões acerca da vida, do universo e tudo mais. A nossa jornada prestes a começar é dura, seguindo em direção a Mordor ao J-Pop – estilo que, na maioria das vezes, é apenas motivo pra vergonha alheia. Aconselho a ingestão de filhotinhos fritos de labrador para a manutenção do fluxo de testosterona e eventual desintoxicação dos produtos que consumiremos. Prontos?
Então, a Olivia Lufkin é uma japonesinha um tanto quanto americana que fazia relativo sucesso lá no Japão, pelo ano de 2000. O estouro mundial veio com a trilha sonora de Nana, um anime lindo pra caralho onde ela dava vida à voz da Reira Serizawa.
A Olivia, ao contrário da maioria das japonesas, tem a voz engrossada. Não que chegue ao nível de potência de uma diva do soul, mas é um timbre de mais poder que a maioria das orientais. E é o que mais agrada nela: É uma cantora que foge do estereótipo “me-socorra-tem-um-pedófilo-me-estuprando-KIEEEEEEEEEI”.
Inicialmente, os singles eram compostos por um produtor. Todos tinham uma levada mais rock’n’roll: Guitarras puxadinhas, estilinho rebelde, ainda que o resultado fosse bem levezinho. Fez certo sucesso, pegou alguns top 20 no japão, lançou álbum de 12 músicas e depois sumiu dos holofotes durante mais ou menos um ano.
Houve algumas tentativas de retorno com um ou outro EP, e a Olivia mostrou que sabe fazer mais de um tipo de música. De Alone In Our Castle, carregada de toques à la Björk, a Fake Flowers, uma música bem mais enérgica e pesada. Além de tudo, a mulher ainda melhora a técnica vocal – saindo do alcance comum às cantoras de rock – e explorando menos gritaria, em temas mais pesados. Errou muitas vezes, já que muito do trabalho dessa época é simplesmente arrastado e chato, mas serviu pra fazer as bases do sucesso. Um tempo depois, o material dos EP’s foi reunido num único álbum, junto com uma ou outra faixa extra, e assim surgiu The Lost Lolli issae mesmo que você pervertido pensou, que vendeu moderadamente no Japão – mas revelou uma surpresa: A Olivia criava as bases pro sucesso no exterior, já que as vendas foram significativas em lugares como a Europa.
Até que, finalmente, em 2006, a cantora pôde finalmente se revelar: O single A Little Pain foi lançado junto com o anime já mencionado lá em cima. E as unidades físicas do CD se esgotaram em duas semanas no Japão, só perdendo nos charts para Rose, de Anna Tsuchyia – também de Nana. Depois vieram Wish e Starless Night, que levaram-na de vez pro topo das paradas.
Atualmente, a Olivia anda meio desparecida da cena. Meio cansada do anime, da fama, enfim. Aquele período chato pelo qual todo artista passa, e que costuma terminar em último álbum e fim de carreira. Espero sinceramente que não, por que essa é o tipo de cantora que se vale a pena investir. Aliás, ela lembra de leve o estilo da Kerli Kõiv, de quem já falei aqui.
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