Fliperamas
Recentemente o Google Chrome lançou no Chrome Web Store um emulador de MAME (Arcade), e agora você pode rodar jogos do fliperama diretamente do seu browser. Claro que eu me empolguei com a ideia, afinal, sempre fui um grande fã desses jogos. Instalei o tal aplicativo na maior felicidade, mas o puto não funcionou. Como eu já tava na empolgação pra dar um hadouken na cara da Chun-li, acabei baixando emuladores e roms para me divertir, e agora tenho um compromisso sério com o Ken e o Akuma todos os dias.
Ok, não vamos iludir ninguém. Eu não sou um cara velho, tenho meus 21 anos de babaquices e não peguei tão bem a era do fliperama, só uma parte dela. Quando eu tinha uns 7 ou 8 anos, tinha um fliperama muito bom perto da casa da praia do meu tio, e aquilo era muito mais divertido que a praia. Era comum ficar viajando lá dentro, mesmo sem um centavo no bolso. Só de ver pessoas jogando era uma diversão, e eu sempre tinha a esperança de alguma máquina tinha algum crédito sobrando. Foi nesse ambiente onde aprendi a dirigir, brigar e atirar (As coisas necessárias que todo homem deveria saber).
Frequentei esse flipper que gay até uns 17 anos, e entre os milhares de jogos presentes, sempre tive dois em especial: Os de corrida e X-men vs Street Fighter. Os simuladores de corridas eram ótimos só pelo fato de você usar um volante e pedais. Mesmo atropelando cangurus e dirigindo feito uma mulher, aquilo era a coisa mais divertida do mundo, por 2 minutos eu era um motorista feliz e violento. A única coisa ruim desse jogo é que ele era difícil, então eu não tinha um bom custo-benefício nele.
Partindo para as lutas, tínhamos o adorável X-men vs Street Fighter, o melhor jogo de luta dos fliperamas. Veja bem, Mortal Kombat eu conseguia jogar no meu Mega Drive, então no fliperama ele não empolgava tanto. O mesmo vale para Street Fighter. The King of Fighters, apesar de gostar muito do 97, só empolgava pelo pensamento infantil de “você escolhe 3 personagens, logo, podemos dividir essa fichinha em 3 e jogar juntos” (50 centavos era MUITO pra nós). Já X-men vs Street Fighter… Cara, esse jogo juntava duas coisas muito fodas. Tirando os ótimos personagens que o jogo tinha, ele possuía uma jogabilidade muito boa, finais interessantes e era em português. Mesmo quando eu não tava jogando eu costumava ficar no lado da máquina vendo pessoas lutarem, só para ler os diálogos do jogo. Uma das coisas mais emocionantes da vida era dar um especial duplo, que nem era difícil, mas pouca gente conhecia. E a tela branca do Akuma? Cara… Você conseguia comer todas as garotas do fliperama com aquilo como se houvessem garotas lá.
Mas o tempo passa, amigos. Mais vídeo-games surgem e se popularizam. Os gráficos começam a falar mais alto e houve uma época em que fliperama significa um casa onde um cara cobra R$5,00 por 1 hora de Playstation 2 (A sensação do momento). Aquela emoção de dirigir um carro, segurar uma pistola e lutar em uma tela gigante foi trocada por um joystick preto e uma TV de 14 polegadas, onde Winning Eleven é um jogo mais bacana do mundo, seguido por Tony Hawk e qualquer um de corrida. Nada contra essas casas, até já freqüentei algumas, mas chamar isso de fliperama chega a ser uma ofensa.
Hoje os fliperamas tão um saco. Esses dias precisei “fazer um tempo” no shopping, e decidi jogar enquanto isso. Não tinha uma máquina decente. Só jogos de dança, alguma coisa esquisita de luta, um simulador de corrida sujo e Guitar Hero. Não havia nenhum clássico, nenhum Ryu, nenhum Liu Kang, nenhum Kio. Nenhum pinball. Em alguns shoppings alguns espertinhos colocavam uns Xbox disfarçados de arcade e cobravam uns 10 dinheiros por 1 vida no Street Fighter. Procurei aquelas máquinas de fichinha, onde você colocava uma ficha e poderia ganhar várias. Procurei jogos de tiro onde sempre apareciam inocentes no meio do tiroteio e você os matava friamente. Procurei os clássicos de luta e os de corrida. Não achei nada disso. Só achei um lugar voltado para crianças, com playgrounds e tickets para se trocar por brinquedinhos.
Em um triste momento, fiquei lembrando várias situações que já passei nos flippers. Discussões sobre Ryu x Ken (O Ken era melhor); a alegria de conseguir derrotar aquele chefão apelão; a torcida que fazíamos quando algum estranho estava jogando; as tentativas que conseguir uma ficha de graça; os nomes que escrevíamos nos rankings dos jogos… Tristemente percebi que a qualidade caiu e o preço subiu. Apesar de não ser a mesma coisa, felizmente temos emuladores e roms disponíveis. No momento em que escrevo isso estou baixando Metal Slug e procurando meios de emular esses jogos no meu Wii. Acho esse jogos muito bons, não sei dizer ao certo se gosto deles ou da nostalgia, mas eu trocaria fácil qualquer Play 3 com Batman por uma fichinha.
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