Crônicas de minha situação literária atual – Parte 2

Livros segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Aqui estou eu, quase dois meses depois do primeiro texto sobre minha situação literária. Folgo em dizer que, desde daquela ocasião até o presente momento, as coisas melhoraram. E, devo dizer, ficaram também um tanto… Russas.

A primeira grande nova é que estou vencendo a preguiça, da qual tanto reclamava; a prova disso é que há poucas horas terminei de ler Crime e Castigo, a incrível obra de Fiódor Dostoiévski. Tenho muito a falar e muito a elogiar o livro, mas reservo isso para um texto exclusivo; Dostoiévski merece. Quanto ao tempo, realmente estou convencido de que dois meses é uma boa marca para quem costumava enrolar tanto para ler livros como eu. Não é difícil, aliás, melhorar essa marca, e fazer a leitura ter mais qualidade. O primeiro passo é neutralizar a influência da internet o máximo possível. Hoje mesmo, só terminei as duzentas páginas que ainda me faltavam por que consegui ficar sem ligar o computador. Gosto muito da internet, mas ela é uma praga no que diz respeito à literatura. Enfim, caio no perigo de me repetir ao ficar dizendo isso, mas é a verdade.

A segunda nova é que Crime e Castigo me aproximou ainda mais da literatura russa. Estou convencido de que Dostoiévski foi um homem de grande valor, como poucos que passaram por este mundo. Nunca antes vi um autor conhecer e saber descrever e compreender tão bem a pessoa, o ser humano. Mas enfim, falarei disso depois, como disse. O caso é que, como vocês devem saber, terminar de ler um livro deixa um vazio, ainda mais estes que levam tanto tempo, que tanto ensinam.  Tenho agora fome; quero ler mais Dostoiévski e, enquanto não ponho as mãos em Irmãos Karamazov, contento-me com outros nomes da literatura russa dos quais títulos possuo, a dizer, principalmente: Anna Karênina, de Tolstói; As Três Irmãs e O Assassinato e Outras Histórias, de Tchekov, e só então parto para o velho Dostoiévski de novo, com muito gosto. Sobre O Assassinato e Outras Histórias, já o li, trata-se de uma reunião de vários contos. As Três Irmãs apresenta-se na forma de uma peça de teatro, enquanto que Anna Karênina… Ah, Anna Karênina. Se vê, à esquerda, seu original em russo, de 1878. Como já ouvi mal deste livro! Acusam-no de ser uma grande novela, no sentido mais vulgar e moderno (E não-literário) da palavra, de ser um enfado do começo ao fim, e, em suma, um peso. Mas, ao mesmo tempo, tenho em grande conta opiniões como a do já tão citado Dostoiévski, que descreveu Anna Karênina como sendo “impecável como uma obra de arte”, ou ainda Vladimir Nabokov (Autor de Lolita) que era admirador da “mágica impecável do estilo de Tolstói”. Não o sei ainda. As críticas foram o suficiente para retardar minha leitura, mas tais elogios me dão confiança. O mesmo, aliás, se deu com Moby Dick, que não é de um russo, mas também o acusam de ser demorado e exigir muita paciência – coisa que não está tão longe da verdade, pois já comecei a lê-lo certa vez, para logo depois jogá-lo em escanteio. Mas nada temam, tremei! Após a passagem pela Rússia, Herman Melville me aguarda. Para o futuro, tendo começado a vencer a barreira da preguiça, pretendo exercitar mais freqüentemente a paciência que exigem certas obras.

Ajuntando-se a todos estes fatos, ainda virei o feliz proprietário de mais uma dúzia de livros, pelo menos. Todos comprados em sebos, todos esperando para serem lidos em um futuro não muito distante. São publicações antigas, como a biografia de um estrategista prussiano chamado Ludendorff, publicada pela editora do Exército Brasileiro em 1968; ou ainda, os relatos de prisioneiras em campos de concentração nazistas, no livro curiosamente entitulado Os Manequins Nus; há também outro russo, desta vez não da velha guarda, mas radicado nos Estados Unidos, o grande Isaac Asimov, e seu conto Vigilante das Estrelas. Citei os principais. Tenho também uma edição de 1986 de Christine, por Stephen King, que comprei mesmo já tendo uma mais atual, apenas por realmente gostar do autor, do livro e de coisas antigas. Ademais, tenho livros menos urgentes, de velhas coleções de banca, uma publicação em italiano que comprei por curiosidade, etc, etc. Preciso dizer que gosto muito dos sebos. Livros antigos, às vezes peças raras e precisando de um dono, sendo vendidas a preços muito baixos – um sonho para o amante de leitura.

Enfim, por hoje é só, pessoal. Continuarei narrando minhas aventuras literárias aqui, talvez não neste mesmo horário, mas neste mesmo canal. Fiquem atentos.

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