O Nome do Vento (Patrick Rothfuss)

Livros quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Depois de uma enxurrada de lançamentos de livros e filmes – Harry Potter, Crepúsculo, Percy Jackson – e até mesmo da repaginada dos clássicos da literatura – Senhor dos Anéis e Nárnia – dedicados ao público infanto-juvenil, era mais do que hora de dar ao público adulto o mesmo tipo de diversão: Luzinhas mágicas voando pra todo lado A ficção fantástica, impulsionada principalmente pelas adaptações cinematográficas dos maiores sucessos literários.

 ALO

A série As Crônicas do Matador de Rei é forte candidata a herdeira (Insira mãozinha de trocadilho aqui) do sucesso de Guerra dos Tronos – série antiga, apesar de ter estourado mundialmente há pouco tempo. Talvez não tão adulta quanto a atual dona do pedaço, mas, ainda assim, tendo carga sombria suficiente pra animar o tempo de qualquer tiozão por aí.

Acompanhamos a história de Kvothe (Pronuncia-se kuote), um cara conhecido por ter um metro e oitenta de altura, olhos verdes e cabelo ruivo ter feito uma série de merdas cabeludas ao longo da vida. Nascido no meio dos Edena Ruh, uma família de hippies artistas nômades famosos pelo mundo, seu cotidiano era estruturado e bonitinho. Seus pais se amavam, não faltavam brinquedos e instrumentos musicais e a trupe amava o garoto, tão talentoso e inteligente.

Ah, sim, sobre o Kvothe: Ele é um gênio. Não do tipo que resolve o cubo mágico em um minuto, mas do tipo que monta um novo tipo de cubo mágico, já que o tradicional de seis cores não é difícil o suficiente. Isso sem falar no talento musical e no carisma inegável.

Um dia, a trupe resolve dar abrigo a Abenthy. Já que as estradas eram perigosas, viajantes solitários se uniam a trupes de artes, oferecendo seus serviços em troca de proteção e abrigo. E o viajante recolhido era um arcanista especialista em Simpatia, uma espécia de magia que une dois objetos por sua similaridade física.

Ele e nosso protagonista viram bastante amigos. O mestre cativa o menino por ser extremamente interessante, carregar um porrilhão de livros dentro da carroça, e, o menino, bem, era um gênio e, provavelmente, a única pessoa disposta a ouvir um velho barbudo com cara de mendigo falar sobre magia barata e estudos – o sonho de Kvothe é entrar na Universidade.

Papo vai, papo vem, os diretores da compania, pais da criança, resolvem usar um tema bastante polêmico na próxima peça: O Chandriano, um grupo de assassinos relegados a histórias infantis. Um grupo que todos temem apesar de não acreditarem em sua existência. A maldita organização comete crimes dos mais bárbaros, deixando por onde passa uma chama azulada.

Um dia a trupe toda é assassinada, e só Kvothe sobrevive. Ele se encontra com o Chandriano, que resolve poupá-lo pra que ele espalhe pelo mundo a existência do grupo, e incute o terror até nas terras mais felizes e povoadas por unicórnios saltitantes.

Aí a história se desenrola. Kvothe foi pedinte, andarilho, apanhou de policiais, dormiu na floresta, ingressou na Universidade, e seguiu até então. Ficou conhecido por feitos inacreditáveis, tanto bons quanto ruins. E sumiu do mundo. A história é contada pelo próprio, que agora é apenas dono de uma pousada qualquer, sob o nome de Kote, para não ser reconhecido por ninguém (E você reclamava do óculos do Clark Kent). Vivendo pateticamente, seu único resquício da fodicidade que teve um dia é seu aluno e empregado.

Enfim, ta aí o basicão. Temos um livro divertido, jovial e engraçadinho na medida certa. Há vários coadjuvantes, e, por incrível que pareça, todos têm seu espaço e importância – mesmo que alguns apareçam em apenas três ou quatro páginas. Ponto positivo. Os vilões também são show de bola. Claro, o principal, no primeiro livro, te dá dor de cabeça por ser um babacão filho de papai mimado. Mas como estamos num cenário repleto de adolescentes, é perfeito pro caso.

Ah, sim. Kvothe entra na Universidade com uns quinze anos. Um completo idiota em matéria de meninas. O fato se agrava ainda mais pelo fato de ele ser bonito e simpático, o que gera um sem fim de piadas referentes à lerdeza de todo homem adolescente. Aos que se perguntam que tipo de situação pode ser tão engraçada, Kvothe recusa o convite de uma garota pra entrar no quarto dela. Ela, basicamente, para na porta, vestida apenas com uma toalha, e pede pro garoto entrar. Ele, empolgado com uma descoberta feita no porão da Universidade, dá as costas e sai correndo afobado.

É. Nesse nível.

Por fim, é uma história com bastante base e dá margem pra um desenvolvimento fantástico. Daria pra mais de três livros, mas parece que o autor é curto e grosso. Não sei avaliar até onde isso é bom, evitando enrolação, ou se é ruim, acarretando em pontas mal amarradas e desperdício de um enredo tão bom.

O Nome do Vento


The Name of The Wind
Ano de Edição: 2007
Autor: Patrick Rothfuss
Número de Páginas: 656
Editora: Sextante

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