Sobre covers e versões
O processo de ter uma idéia para escrever em um site, jornal, revista, etc, de vez em quando pode ter origens enigmáticas. O autor é uma criatura esquisita e opera de maneiras misteriosas. É quase bíblico. Aliás, é intrigante como este ser abissal pode contorcer sua mente para conjurar assuntos, estilos, forças, enfim. Imaginem só o que ele faria, por exemplo, tentando iniciar um texto, que, como todos sabem é a parte mais complicada do ato de escrever. Pois bem, eventualmente ele consegue. Enfim. Ah, vocês sabem a diferença entre um cover e uma versão?
No entendimento deste que vos fala, um cover, principalmente no nosso querido rock and roll, é uma peça musical composta por determinado artista ou banda e mais tarde executada por outrem, e só. É, por exemplo, o que faz aquela banda de fim-de-semana da sua cidade quando resolve tocar, sei lá, Deep Purple, e sai uma cagada tanto por que é difícil encontrar guitarristas como o Ricardinho Maispreto, quanto por que eles são adolescentes cagões. De qualquer maneira, o fato é que o artista fazendo um cover está, basicamente, tentando tocar a música o mais parecido possível com sua versão gravada. Algumas bandas inclusive se vestem como a banda alvo, falam como eles, agem igual no palco, etc. Arrisco dizer que covers são as coisas mais tocadas por adolescentes, além de punheta.
Já uma versão também é uma banda tocando as canções de outras. A diferença é que dessa vez não estão fazendo uma espécie de imitação, mas sim mudando o arranjo, instrumentos, ritmo e até gênero. Isso acontece por uma série de razões, como para adequar a música ao estilo da banda, por mera vontade de fazer algo diferente ou falta de talento e/ou meios pra tocar a original. Quando a coisa é feita por vontade mesmo, resultados interessantes podem ser vistos. Ou antes, ouvidos. Tomemos como exemplo a música Hotel California, uma peça sólida e importante da história do rock. Foi lançada em 1976 como a primeira faixa do álbum de mesmo nome, atingiu o primeiro lugar nas paradas em 1977 e foi indicada para o prêmio Grammy de melhor música no ano seguinte (o disco venceu o de melhor álbum). Não é uma canção exatamente fácil de reproduzir bem, exige qualidade dos músicos, mas mesmo assim é uma das que mais se fez covers pelos shows e bares por aí. Isso foi tão feito que a música virou uma espécie de clichê, ajudado pelo fato de que muita gente só conhece ela dos Eagles.
Mais eis que nesse mar de irrelevância encontramos algo assim:
É só uma versão flamenca, em espanhol, de Hotel California, feita pela banda Gipsy Kings. A música está ali, você a reconhece, mas os arranjos foram modificados, e muito bem, por sinal. Outro exemplo de boa versão é a feita pelo Hayseed Dixie, que transformou um clássico do AC/DC em bluegrass, ou seja, música caipira americana, com direito a banjos e violinos, que você encontra aqui.
Uma outra parte interessante de uma versão é que eventualmente temos coisas ainda mais inusitadas, como isso:
É, é o Ozzy cantando Bee Gees, aparentemente com um primo do Frank Zappa, que nem Marty McFly e Marvin Berry, eu presumo. DEAL WITH IT, pessoal.
Pois bem, em um resumo do pensamento deste autor, covers são legais quando bem feitos. Versões podem ser surpreendentes, e bem mais divertidas. Caso vós tenhais alguma coisa a dizer sobre o assunto de hoje, procedeis aos comentários, meus filhos. Enfim.
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