Sobre covers e versões

Música sexta-feira, 11 de maio de 2012

O processo de ter uma idéia para escrever em um site, jornal, revista, etc, de vez em quando pode ter origens enigmáticas. O autor é uma criatura esquisita e opera de maneiras misteriosas. É quase bíblico. Aliás, é intrigante como este ser abissal pode contorcer sua mente para conjurar assuntos, estilos, forças, enfim. Imaginem só o que ele faria, por exemplo, tentando iniciar um texto, que, como todos sabem é a parte mais complicada do ato de escrever. Pois bem, eventualmente ele consegue. Enfim. Ah, vocês sabem a diferença entre um cover e uma versão?

No entendimento deste que vos fala, um cover, principalmente no nosso querido rock and roll, é uma peça musical composta por determinado artista ou banda e mais tarde executada por outrem, e só. É, por exemplo, o que faz aquela banda de fim-de-semana da sua cidade quando resolve tocar, sei lá, Deep Purple, e sai uma cagada tanto por que é difícil encontrar guitarristas como o Ricardinho Maispreto, quanto por que eles são adolescentes cagões. De qualquer maneira, o fato é que o artista fazendo um cover está, basicamente, tentando tocar a música o mais parecido possível com sua versão gravada. Algumas bandas inclusive se vestem como a banda alvo, falam como eles, agem igual no palco, etc. Arrisco dizer que covers são as coisas mais tocadas por adolescentes, além de punheta.

 Na dúvida, copie os Beatles.

Já uma versão também é uma banda tocando as canções de outras. A diferença é que dessa vez não estão fazendo uma espécie de imitação, mas sim mudando o arranjo, instrumentos, ritmo e até gênero. Isso acontece por uma série de razões, como para adequar a música ao estilo da banda, por mera vontade de fazer algo diferente ou falta de talento e/ou meios pra tocar a original. Quando a coisa é feita por vontade mesmo, resultados interessantes podem ser vistos. Ou antes, ouvidos. Tomemos como exemplo a música Hotel California, uma peça sólida e importante da história do rock. Foi lançada em 1976 como a primeira faixa do álbum de mesmo nome, atingiu o primeiro lugar nas paradas em 1977 e foi indicada para o prêmio Grammy de melhor música no ano seguinte (o disco venceu o de melhor álbum). Não é uma canção exatamente fácil de reproduzir bem, exige qualidade dos músicos, mas mesmo assim é uma das que mais se fez covers pelos shows e bares por aí. Isso foi tão feito que a música virou uma espécie de clichê, ajudado pelo fato de que muita gente só conhece ela dos Eagles.

Mais eis que nesse mar de irrelevância encontramos algo assim:

É só uma versão flamenca, em espanhol, de Hotel California, feita pela banda Gipsy Kings. A música está ali, você a reconhece, mas os arranjos foram modificados, e muito bem, por sinal. Outro exemplo de boa versão é a feita pelo Hayseed Dixie, que transformou um clássico do AC/DC em bluegrass, ou seja, música caipira americana, com direito a banjos e violinos, que você encontra aqui.

Uma outra parte interessante de uma versão é que eventualmente temos coisas ainda mais inusitadas, como isso:

É, é o Ozzy cantando Bee Gees, aparentemente com um primo do Frank Zappa, que nem Marty McFly e Marvin Berry, eu presumo. DEAL WITH IT, pessoal.

Pois bem, em um resumo do pensamento deste autor, covers são legais quando bem feitos. Versões podem ser surpreendentes, e bem mais divertidas. Caso vós tenhais alguma coisa a dizer sobre o assunto de hoje, procedeis aos comentários, meus filhos. Enfim.

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