O Guia do Mochileiro das Galáxias – A série original, livro a livro
Todo mundo conhece O Guia do Mochileiro das Galáxias, ou pelo menos já ouviu falar no Dia da Toalha e nas meninas peladas que aparecem pela internet afora. É um livro tão citado e reverenciado (Especialmente com essa galera aí achando que ser nerd tá na moda), que, a menos que cê tenha passado os últimos quarenta anos trancado num frigorífico, com certeza já ouviu falar.
Então, a série começou no rádio, passou pros livros, depois foi pra televisão, pro teatro, enfim. Sempre obteve sucesso em qualquer tipo de mídia por onde passou, e se bobear, até em formato de sinais de fumaça. A famosa “trilogia de cinco” foi toda escrita por Douglas Adams, apesar de existir um sexto livro do Eoin Colffer.
E, com a proximidade do dia mundial do Guia, nada mais suspeito conveniente do que resenhar a série. Livro por livro palavra por palavra.
Arthur Dent é um inglesinho normal, desses que se encontram aos montes na Inglaterra. Um dia, a Terra é destruída, ele e Ford Prefect, um redator do Guia do Mochileiro das Galáxias disfarçado de terráqueo, escapam embarcando numa nave Vogon. E aí começa o lendário rolé pela galáxia. De nebulosa em nebulosa, pegando carona em caudas de cometa, vendo a Via Láctea, estrada tão bonita, eles descobrem que nosso planeta era bem mais do que só uma bolinha azul-esverdeada rolando pelo céu. O melhor livro, o ápice e a marca registrada de toda série. É aqui que estão os melhores momentos, os melhores personagens e os melhores bordões. Digam qualquer coisa, os outros livros chegam bem perto, mas nenhum supera o primeiro. Clássico da ficção científica. A ironia e a sátira estão afiadíssimas aqui.
Mesmo sendo presidente do universo (E um grandessíssimo babaca), Zaphod sabe que tem uma força maior controlando a bagaça toda. O grupo formado por ele, Arthur, Ford e Trillian se separa, reúne, se separa, reúne de novo, rouba uma espaçonave depois do almoço no restaurante com vista privilegiada pro apocalipse e escuta o Marvin, o robô maníaco depressivo, reclamando. É um livro um tanto arrastado, e poucas são as passagens que te fazem levantar da cadeira e aplaudir. O máximo que se pensa é meh. O final também deixa a desejar e, apesar de fazer sentido no próximo livro, parece uma saída forçada a princípio. Mas a parte onde o autor utiliza matemática básica pra explicar que não existe ninguém no Universo é genial.
Dois anos mais tarde (No mundo real, galerinha), o terceiro livro saiu. É onde a série começa a seguir por um enredo mais confuso, e qualquer piscadela te obriga a voltar ao início do capítulo. O povo de um planetinha chamado Krikit era deveras brigão, e, agora que conseguiram escapar do casulo construído pra segurar os putos quietos no mundo deles, a porrada vai comer. A não ser, é claro, que Arthur e a galerinha da pesada que viaja com ele consigam impedir. Basicamente é isso, sem maiores reviravoltas. A não ser, é claro, quando o autor começa a alternar universos e dimensões, e até mesmo o retorno da Terra (Mesmo que por pouco tempo). Apesar de não parecer, é um livro meio tapa buraco. Sabe aquele momento numa série em que se precisa de uma ponte e tal? Então. Se for pular algum, pule esse. Aliás, não, não pule nenhum, a menos que cê seja um moleque ranhento.
O livro mais odiado por todos os fãs da série (Mas que eu amo!). A ficção científica tá quase de lado, e vemos mais um lado romântico do autor, que tava casado na época. É sexo pra cá, é Fenchurch pra lá, é aprender a voar e muita coisa que, apesar de legal, ainda não acrescenta muito. Mas talvez o ódio ao livro se dê, principalmente, por que não, Arthur e Trillian não terminam juntos (Oh!). Cuidado pra, mais uma vez, não perder o rumo. Se precisar pular algum livro, pula esse aqui também. A não ser que você seja um adolescentezinha menstruada e curta um romancinho.
Mas, se você for, vá ler Crepúsculo, por favor.
E, finalmente, o livro que você não sabe pra que veio até as últimas trinta páginas. O autor, meio arrependido e, acima de tudo, puto por que seu casamento foi uma bosta, resolve acabar com os romances e o nível de testosterona sobe de novo. Os Vogons finalmente destroem a Terra com a ajuda de uma edição especial do Guia. Um tiro, o ser mais azarado do mundo, duas Trillians, a Terra, enfim. Dá pra falar muito não, que pode estragar. O final do livro te deixa boquiaberto e você nunca vai saber se foi uma jogada de mestre ou uma forma abrupta de terminar algo que o Douglas Adams já tava meio cansado de fazer.
O Guia tem de tudo. Ficção científica, comédia, romance. Apesar de algumas discrepâncias, há pelo menos um momento genial em todos os livros. Apesar parecer feito às pressas no final, tudo acaba fazendo sentido (Ou não). A filosofia da série é válida, e te deixa refletindo por horas no final. Os momentos mais profundos são justamente os mais engraçados, por que deixam aquela pergunta no ar:
Será que somos mesmo tão idiotas?
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