E Tem Outra Coisa… (Eoin Colfer)
Todo mundo sabe que O Guia do Mochileiro das Galáxias é um livro obrigatório, especialmente pra quem se diz fã de sci-fi. Já falei da série original aqui e, como sugere o título, pretendo falar agora do volume escrito pelo autor de Arthemis Fowl, quase dez anos após a morte do Douglas Adams.
O último livro da série original, Praticamente Inofensiva, não foi o desfecho que todo mundo esperava. Apesar do Douglas Adams falar que não, haveria um sexto livro pra compensar a torrente de cocô que foi o final, e era mais provável que o autor simplesmente estivesse cansado. O que não é nada incomum quando se trata de longas séries. Praticamente todos os fãs da série se conformaram e todo mundo seguiu sua vida feliz e contente. Até que um carinha chamado Eoin Colfer resolveu mudar a situação e, com a devida permissão da família Adams RISOS, trouxe um sexto livro e, finalmente, um final decente. Essa obra, por sinal, divide opiniões. Tem gente que a ama, tem quem a odeie e também há quem se mostre indiferente a ela. Mas, no geral, acabou bem recebida pelo público e o Eoin foi poupado do esquartejamento público, e a Inglaterra respirou aliviada, pois revoluções comunistas não aconteceriam tão cedo.
E, sinceramente, não vejo o motivo em tanto alardeamento negativo em cima do coitado. Ele não é o Douglas Adams. Nunca será. Mas merece sim elogios por ter mantido um estilo condizente com o original. E Tem Outra Coisa… é… Legal. Divertido. O problema é que, às vezes, a história fica carregada demais. Tem momentos dramáticos onde não rola nenhuma piada ao fundo. Tipo quando, depois de serem salvos pelo Zaphod, Arthur, Trillian e -Pasmén! – a filha proveta dos dois, Random, começam a refletir sobre a vida na Coração de Ouro enquanto o computador da nave entra no modo tela azul da morte. Fica todo mundo naquela depressão de ain, não fiz nada da vida. Sem absolutamente nenhuma piada rolando ao fundo.
Isso sem falar de algumas cenas de ação. O autor se perde um pouco nelas, apelando pra aquele estilo de luta usado na ficção fantástica. O cara fez Arthemis Fowl, né, ficou acostumado. Algumas piadas também são bastante clichê. Justamente quando a maior característica do Douglas Adams era surpreender com algo que ninguém jamais havia pensado.
No fim, são poucos momentos de “estalos” geniais. Sabe, aquelas páginas em que o Adams vinha com alguma teoria maluca. Quem não lembra da página falando sobre pagamento de contas em Até Mais e Obrigado Pelos Peixes? Ou da comprovação matemática de que não existe ninguém no universo em O Restaurante No Fim do Universo? Esses estalos, um dos charmes do Guia, infelizmente, também morreram em 2001, junto com seu criador.
Mesmo assim, o resultado ficou acima do esperado. Bem acima. Principalmente o final. Aquele desfecho sim foi o que todos esperavam da saga. Apesar de algumas escorregadas – A gente pode considerar estilo próprio como escorregada? – no meio do caminho, Eoin Colfer conseguiu fechar a história com chave de ouro.
E Tem Outra Coisa…
And Another Thing…
Ano de Edição: 2009
Autor: Eoin Colfer
Número de Páginas: 368
Editora: Sextante
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