Pequena Miss Sunshine (Little Miss Sunshine)
Nenhuma família é verdadeiramente normal, mas a família Hoover extrapola. O pai desenvolveu um método de auto-ajuda que é um fracasso, o filho mais velho fez voto de silêncio, o cunhado é um professor suicida e o avô foi expulso de uma casa de repouso por usar heroína. Nada funciona para o clã, até que a filha caçula, a desajeitada Olive (Abigail Breslin), é convidada para participar de um concurso de beleza para meninas pré-adolescentes. Durante três dias eles deixam todas as suas diferenças de lado e se unem para atravessar o país numa kombi amarela enferrujada.
Quando foi lançado, lá em 2006, o filme Pequena Miss Sunshine foi muito bem recebido. O filme, que tratava dos dramas de uma família quase comum, conquistou uma série de admiradores. A meu ver, a premissa é bacana e uma boa dose de comédia (E situações bizarras) mantém tudo na medida pra não cair num dramalhão daqueles impossíveis de assistir. Mesmo assim, é importante destacar que o treco, mesmo sendo digno de elogio, não é nota máxima não.
Pequena Miss Sunshine é daqueles filmes feitos para tocar. Tudo foi bem calculado para que esse objetivo fosse alcançado. Do roteiro a escolha dos figurinos, tudo é um conjunto para tornar a experiência cinematográfica o mais real e emocionante possível. Consegue? Bem, vamos dizer que uns 50%, afinal, eu notei falhas que me impediram de ir além. No geral, dá pra dizer que achei o filme bem mediano.
A começar pelo defeito que achei o mais grave de todos: A ansiedade do roteiro. É, a ansiedade. Não é que seja ruim, mas eu achei mal trabalhado. Me deu uma sensação de atropelamento, sabe como? Quiseram limitar o tempo do filme e deixaram de explorar a fundo os dramas pessoais de cada personagem (E um filme que tem isso como foco, necessariamente deve dar uma atenção monstra pra esse quesito). Pode até ter sido uma falha na edição, mas não consegui assimilar tanta reviravolta e resoluções em tempo recorde. Se o filme fosse mais longo ou até abordado de outra forma, talvez tivesse um resultado melhor.
Também vou destacar que às vezes o longa peca pelo excesso de bizarrice, mas isso é bem relevante. É tipo quando os atores do teatro precisam dar uma reforçada na maquiagem para se apresentar, sem o prejuízo de parecerem palhaços. Acho também que, influenciada pela atuação da Toni Collette no incrível O Casamento de Muriel, achei ela histérica até demais. A música é um detalhe que às vezes rouba a cena e me chamou atenção, mas por incrível que pareça de forma negativa.
Por outro lado, não posso reclamar do resto do elenco, que aqui é o grande ouro do filme todo. Abigail Breslin é um encanto e talvez seja a responsável por todo o alarde. Ela realmente emociona e dá o tom certo, não se perde. O relacionamento dela com o avô é muito carismático, bem como a ideia central (Sentir-se bem em sua própria pele) é poderosa. A atuação de Steve Carell também é uma grata surpresa. O comediante surge num outro lado da moeda vivendo um personagem depressivo, mas com um toque sutil de humor.
Num resumo, os ensinamentos de Pequena Miss Sunshine são válidos, ainda que pobremente explorados. É um filme bom, daqueles que agradam, que valem os minutinhos em frente à TV. Mas não espere demais, principalmente se você for do tipo exigente. O que dá pra extrair de melhor é a reflexão, a viagem e a forma de encarar seus próprios defeitos e os alheios. Indico, mas de olho nas ressalvas.
Pequena Miss Sunshine
Little Miss Sunshine (103 minutos – Drama)
Lançamento: EUA, 2006.
Direção: Jonathan Dayton, Valerie Faris.
Roteiro: Michael Arndt
Elenco: Greg Kinnear, Toni Collette, Abigail Breslin, Steve Carell, Paul Dano e Alan Arkin.
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