Katla (Ida Maria)

Música quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A Ida Maria surpreende. Pode parecer, de primeira, uma cantorazinha rebelde que anda de shortinho curto e faz musiquinha safadinha. Ok, tá, sim, ela é tudo isso. Mas pelo menos a mulher passa longe de ser meia boca e de apelar pra clichês que a gente vê tanto por aí em cantoras de pop!

 E ainda é cocota!

O álbum começa em Quite Nice People e, já deixo de aviso, se você só conhece I Like You So Much Better When You’re Naked, vai se surpreender com o peso da música. E, mais ainda, com o clima intimista dela. Clima esse, aliás, que é raro, já que a Ida costuma ser do tipo “escancarado”, de personalidade forte. Vê-la tão calma é… Estranho. Aliás, essa música foi lead single. Dá pra acreditar?

Essa atmosfera, porém, dura pouco por que Bad Karma, e, logo depois 10,000 Lovers são um estouro. Músicas agitadas, palavras sujas, riffs agitadinhos. E sem falar a grande influência do blues existente nesse trabalho.

Aliás, e esse timbre rasgado? É simplesmente lindo. Lembra que eu disse que ela foge de clichês? Então. A Ida Maria não é uma diva peituda e libidinosa, uma menina doce e virgem ou muito menos uma Lady GaGa da vida.

Finalmente, temos Cherry Red. Uma daquelas faixas estilo sou safadja, me pegue, que ela curte tanto fazer. Mas um tico mais madura que a maioria, sendo um pouco mais contida e sutil. É uma das músicas mais chicletes da carreira dela. Vai ficar 15 mil horas na sua cabeça até você dar um tiro em si mesmo pra acabar com a agonia.

Let’s Leave, logo depois, é repetitiva. O tema já cansou um pouco, mas ainda é válida. Mas I Eat Boys Like You For Breakfast deixa tudo bem outra vez. Porra, que música foda. O instrumental é sensacional e a letra é um tapa na cara. Perfeita pra quem tomou um toco e tá com raiva.

Devil é uma boa ideia. A música dura uns oito minutos, mas depois de um tempo cê só quer pular a faixa e procurar algo menos triste. O instrumental foi muito bem feito, mas chega uma hora que a bagaça começa a se arrastar e irritar. Pule quando chegar aos cinco minutos e meio e vai ficar tudo bem. A penúltima faixa é My Shoes, a balada do álbum. Essa tem uma pegada bem forte de jazz, apesar da carinha “romântica”. Perfeita pra um dia chuvoso.

Pra encerrar com chave de ouro: Gallery. Ô musiquinha boa pra fim de noite. Mó clima de bar e gente morrendo afogada em poços de vômito. A própria interpretação da cantora já cria um clima de vambora, cabou o show, macacada. É, um bom jeito de se fechar um CD.

Devo dizer que me surpreendi. Achava que ia ser a mesma ladainha e putaria de sempre. Mas o álbum mostra um lado tão mais… Sóbrio. Sabe, o CD tem os dois extremos. Tem o lado depressivo e pesado e, em menor quantidade, o lado brincalhão e ambos bem dosados. Ao contrário do que possa parecer, nove faixas foram suficientes. Se houvesse mais, o conceito do trabalho iria ficar desgastado, repetitivo.

Enfim, recomendo se você quiser fugir do pop meloso e das bandas indies babacas que usam filtros de Instagram nos vídeos.

Katla – Ida Maria


Lançamento: 2010
Gênero musical: Blues
Faixas:
1. Quite Nice People
2. Bad Karma
3. 10000 Lovers
4. Cherry Red
5. Let’s Leave
6. I Eat Boys Like You For Breakfast
7. Devil
8. My Shoes
9. Gallery

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