O Corvo (The Raven)
O escritor Edgar Alan Poe (John Cusack) está na caça de um assassino serial que imita os crimes de seus contos e ainda sequestrou sua noiva Emily (Alice Eve). Para ajudá-lo na investigação, o detetive Emmet (Luke Evans) assume o caso e pretende dar um fim aos terríveis assassinatos, que são seguidos de charadas criadas pelo criminoso que desafia a inteligência do autor num jogo de gato e rato.
Não, este não é um post sobre aquele filme do cara que morre e volta vestindo couro para a satisfação dos que curtem bondage, mas sim daquele filme, muito mais recente, sobre os últimos dias de Edgar Allan Poe, aquela cara com um cabelo estiloso e cabeça chata, que escrevia uma coisa ou outra de vez em quando.
Véis, porra, eu sei que o título faz referência à um dos poemas mais famosos do cara e tal, mas porra, olha com quem os malucos foram concorrer. E caralho, olha só esse pôster, que atentado aos bons costumes. E PQP, o John Cusack. Esse troço tá num nível em que nem mesmo se tivesse peitos pulando na tela a cada dois minutos resolvia a coisa, mas vamos por partes.
Como cês devem saber, num belo dia, Poe foi encontrado delirando, mais pra lá do que pra cá, e depois de um tempo morreu, sem que ninguém soubesse o porquê. É claro que algo assim não escapa da curiosidade da galera, e já na época surgiram várias teorias da conspiração, mas o que importa aqui é a do filmes, e esta é particularmente idiota.
Eis que encontramos Poe tentando se embebedar (Inutilmente, afinal o cara era um furado) e sendo expulso do bar, enquanto os poliça invadem uma casa, investigam o local e encontram uma terrível cena: Uma mulher morta, por sufocamento, e outro corpo preso, de cabeça para baixo, na lareira, sendo que todas as portas e janelas estão fechadas. E assim segue o filme, alternando entre recriações da obra de Poe e o próprio se fodendo de jeitos diferentes, enquanto afirma que é um gênio literário.
Somos apresentados aos personagens, como o Detetive Fields (Luke Evans), o cara que relaciona os crimes com as obras de Poe, e Emily (Alice Eve), a molér que o escritor está comendo e que vai ser sequestrada, porque aparentemente fazer um filme de época significa não ter clichês, já que estes ainda não existiam na época em que se passa o filme. O filme segue assim: Poe se fode, se nega a ajudar a polícia, a mulher é sequestrada, ele aceita fazer parte da investigação e aí vem o fim do filme, que todo mundo já sabe.
Se você conhece bem a obra de Poe vai achar o filme um tanto quanto legal, devido às muitas e muitas referências sobre a vida real do cara, mas não passa disso: Você não se importa com os personagens, não há grandes tramas, não há grandes atuações e nem nada disso. É um filme bonito, cheio de easter eggs, mas que em momento algum faz você sentir uma ponta do que até mesmo o mais simples conto de Poe faria. Esse filme não está aos pés de quem tenta retratar, e isso é um problema grave.
O filme não é um desastre, mas não chega nem perto de valer o ingresso do cinema (Tanto que o filme mal se pagou). A história não é grande coisa, mesmo sem deixar pontas soltas e usar até que bem a parte ficcional para explicar coisas que aconteceram de verdade. Se esse filme serviu para incentivar alguém a ir ler Edgar Allan Poe, que ótimo, e já indico Histórias Extraordinárias, livro do qual vem a maior parte das obras citadas, mas sério, isso é o máximo que esse filme pode conseguir.
No fim das contas, a palavra que explica esse filme é “desperdício”: Tinham uma inspiração foda, bons atores (Como Cusack, mas também Kevin McNally e Brendan Gleeson – respectivamente o editor de Poe e o pai de Emily) e algumas das citações foram até que bem sacadas, mas nada disso foi aproveitado, tudo foi amarrado junto, mas sem Sazón.
O Corvo
The Raven (110 minutos – Thriller)
Lançamento: EUA, 2012
Direção: James McTeigue
Roteiro: Ben Livingston e Hannah Shakespeare
Elenco: John Cusack, Luke Evans, Alice Eve, Brendan Gleeson, Kevin McNally e Sam Hazeldine
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