Astronauta – Magnetar (Panini Comics/Maurício de Sousa Editora)
Fazia talvez dez anos que eu não comprava algo do Maurício de Sousa. Aprendi a ler com as estórias dele, mas com o avançar dos anos fui me distanciando daqueles gibis aos poucos. Até que recentemente, depois de tanto tempo, comprei de novo uma revistinha com aquele velho selo do Bidu… Ou melhor, não é revistinha nenhuma, nem gibi. É uma graphic novel, tem setenta páginas, foi recém-lançada e é uma das melhores coisas desse ano nesse país em matéria de quadrinhos. Sério.
O Astronauta começou em 1963, no suplemento juvenil O Diário de São Paulo. Seguiu sempre como um personagem mais ou menos secundário, com suas estórias de exploração espacial, em todo tipo de perigos e aventuras pelo espaço, sozinho. Logo, um dos problemas do Astronauta era a solidão constante, só quebrada por suas voltas à Terra de quando em vez. Claro, um personagem assim podia transportar-se facilmente dos gibis para algo mais sério. Aí veio Danilo Beyruth, que já tinha participado de uma série anterior, a MSP 50, que reuniu cinqüenta quadrinistas do Brasil para redesenhar os personagens de Maurício de Souza. A coisa fez tanto sucesso que depois surgiu o MSP + 50 e agora essa série de graphic novels, que deve ser trimestral.
Pois bem. Nessa nova estória, Astronauta tem uma missão: Se aproximar de uma estrela morrendo, um magnetar, e estudá-la, instalando sensores nos pedaços de asteróides que a orbitam. Parece simples, mas um magnetar é basicamente o passo anterior a uma estrela sucumbir a sua própria força gravitacional e se tornar um buraco negro; a radiação é forte, e o lugar, como o explorador logo descobrirá, é bastante instável.
Sem comunicação com o computador da nave por conta da radiação, Astronauta tem um imprevisto enquanto instala os sensores. Ele tenta fugir de uma emissão especialmente forte vinda do magnetar e por pouco se salva, só pra descobrir que sua nave foi severamente avariada. Ele agora está preso, sem comunicação, com poucos suprimentos, nem mesmo a voz do computador, que também parou de funcionar, e ainda precisa consertar a nave sozinho. Ele vai lentamente enlouquecendo e perdendo suas plenas capacidades mentais, e tem a própria vida nas mãos.
Além de bem desenhada, a graphic novel foi bem escrita pelo próprio Beyruth. Apesar das liberdades poéticas, uma pesquisa cuidadosa foi feita para os detalhes cientifícos, com o tema do magnetar inclusive sendo sugerido por Eduardo Cypriano, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciência Atmosférica da Universidade de São Paulo. No fundo de tudo isso, há um toque do bom e velho conhecimento das gerações e, ao final, é o que faz a diferença.
Pra quem tem alguma ligação com os trabalhos e personagens do Maurício de Sousa, Astronauta – Magnetar vai ser uma aquisição e tanto. Pra quem não tem, mas gosta de bons quadrinhos, também. Como disseram na própria revista, isso daria um filme.
Em uma entrevista no programa do Danilo Gentili semana passada, Beyruth e o editor da MSP ainda revelaram que a coleção terá releituras do Piteco, Chico Bento e da própria Turma da Mônica. É esperar pra ver. Aliás, já pra ter um gosto muito bom do que virá aqui.
É isso. Leiam isso aí, que vale à pena. Vida longa e próspera, pessoal.
Astronauta – Magnetar
Lançamento: 2012
Arte: Danilo Beyruth
Roteiro: Danilo Beyruth
Número de Páginas: 82
Editora: Panini Comics/Maurício de Sousa Editora
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