Atores Insuportáveis

Primeira Fila segunda-feira, 03 de dezembro de 2012

Existem atores bons, atores ótimos e atores que chegam num nível tal de excelência que chegam a se confundirem com o próprio personagem. Do outro lado, existem os competentes, medíocres, ruins e que transformam qualquer filme numa peça de teatro da escola. Mas fora dessas classificações qualitativas, existem alguns membros da classe que possuem algo a mais. Não se sabe porque, mas foram agraciados com a a excepcional habilidade de angariar a antipatia imediata do espectador. E é desses curiosos exemplares de que falaremos aqui hoje.

Ben Affleck

Depois do Keanu Reeves, o Ben Affleck é provavelmente o maior adepto da técnica “ausência de expressão” em Hollywood. Com a diferença de que o segundo não tem uma fração do carisma do primeiro. O que o deixa sem absolutamente nenhuma qualidade.

O momento insuportavelmente insuportável:

Nada melhor pra um ator meia boca dar a volta por cima (Ao menos em termos de cifrões) do que encarnar um super-herói. Mas se estivermos falando de uma das inúmeras adaptações que lotaram o início dos anos 2000, as vantagens param por aí mesmo. Porque o ator em questão inevitavelmente vai ser culpado e marcado pela ruindade do filme em questão. Foi isso que aconteceu com o Ben Affleck em Demolidor. Só que mesmo sendo terrível, a culpa maior foi do ator mesmo, com a péssima caracterização do Matt Murdock. Pois é, passar toda a carga emocional do personagem sem usar os olhos provavelmente estava um pouco acima das habilidades do Ben Affleck.

O momento suportavelmente insuportável:

Mas temos aqui um caso clássico de superação. O ator viu no que a vida dele tava se tornando e levantou, sacudiu a poeira e deu a volta por cima, decidindo se tornar diretor. E com um surpreendente sucesso até o momento. três bons filmes na carreira, sendo que no Argo ele aprendeu até a se dirigir. Porque mesmo protagonizando o longa, a atuação dele não não incomoda e nem estraga um dos melhores filmes do ano.

Irmão do Ben Affleck Casey Affleck

Convivendo o irmão desde criancinha, o Casey pegou todas as manhas do Ben direitinho, e apresenta de forma impar toda a inexpressividade característica da família Affleck. Com uma diferença: Se a marca registrada do irmão mais velho é o vazio, o caçula já veio ao mundo com uma expressão de desanimo estampado na face.

O momento insuportavelmente insuportável:

Característica que fica particularmente evidente no Medo da Verdade, outro bom filme dirigido pelo Ben Affleck. Nele, Casey interpreta um detetive particular na procura de uma criança desaparecida. Só que a falta de simpatia é tanta que é impossível torcer para o cara. E consequentemente, pela sobrevivência da criança, olha o nível.

O momento suportavelmente insuportável:

Já no Gerry, do Gus Van Sant, ele se encontra no papel que nasceu pra fazer: Um jovem que vai pra uma aventura no deserto e acaba se perdendo. Durante o resto do filme, ele e o amigo andam, andam e andam, cada vez mais cansados e desesperançosos. O que caiu como uma luva para as limitações do ator. Com boa vontade, dá até pra dizer que se trata de uma grande atuação.

Tim Roth

Esse é um caso curioso. O Tim Roth não faz nada de necessariamente ruim, tirando um overacting aqui e acolá. Mas mesmo assim, tem algo no timbre de voz, ou nas linhas faciais dele que torna o impulso de socar a TV cada vez que ele aparece quase irresistível.

O momento insuportavelmente insuportável:

A coisa fica especialmente irritante no Pulp Fiction, quando ele e a namorada tentam assaltar uma lanchonete. Só que apesar de os dois começarem uma discussão aos berros, toda a cena funciona muito bem, já que é justamente isso que ressalta o quão foda é o personagem do Samuel L. Jackson, que resiste calmamente a tentação de encher o cara de balas.

O momento suportavelmente insuportável:

Incrivelmente, no Grand Hotel, filme no qual o Tim Roth é protagonista, a presença dele não chega a incomodar. Deve ser só porque todo o resto do filme é igualmente ruim, mas enfim.

Michael Cera

O problema do Michael Cera é a inacreditável repetição de personagens. Não dá pra saber se é só culpa dele, ou dos diretores de elenco, mas desde que ele começou no cinema, deve ter encarnado no máximo 2 papeis diferentes. O resto são variações do mesmo nerd/hipster/fracassado, ano após ano.

O momento insuportavelmente insuportável:

O que fica mais evidente ainda no Ano Um, filme já insuportável como um todo, diga-se de passagem. E que se passa na pré-história. O que faz com que a aposta nos mesmos comentários irônicos do Michael Cera produzem o efeito contrario do esperado (Ao menos pelos realizadores, no caso), deixando tudo mais irritante ainda. Pra se ter uma ideia, o filme conseguiu estragar o Jack Black, cara.

O momento suportavelmente insuportável:

Não é filme, mas não tem como não citar a participação dele em Arrested Development, onde os trejeitos ainda eram novos e encaixavam perfeitamente no restante da família disfuncional de uma das melhores séries de todos os tempos.

Seth Rogen

O Seth Rogen é uma das poucas pessoas que eu imediatamente acertaria um soco caso encontrasse na rua. Tá, na verdade é uma das muitas pessoas. Mas o fato é que toda essa antipatia provém unicamente do fato de ele ser absolutamente sem graça. E mesmo assim, continuar tentando fazer nos rir. Filme apos filme após filme.

O momento insuportavelmente insuportável:

Todos os momentos em que ele atua como protagonista. O Seth Rogen simplesmente não consegue segurar um filme sozinho. Aliás, da até pra dizer que ele suga a graça das comédias que protagoniza.

O momento suportavelmente insuportável:

Porém, como coadjuvante, as vezes a coisa da certo. Basta que os realizadores do filme balanceiem perfeitamente a participação dele, com tempo de tela reduzido o suficiente pra que o espectador não seja atingido pela necessidade incontrolável de bater a cabeça na superfície mais próxima até desmaiar só pra acabar com o sofrimento. O Superbad é um bom exemplo de como é possível evitar essa situação um tanto quanto desagradável.

Shia LaBeouf

O Shia LaBeouf também tem algo intrínseco que faz com que toda a humanidade o odeie imediatamente. Mas como isso não parece ser suficiente pra ele, o cara ainda por cima é um dos maiores representantes de uma entidade maligna.

O momento insuportavelmente insuportável:

Os novos blockbusters no caso. Encabeçados pelo Transformers, no caso. Por isso, foi particularmente doloroso ver ele no Indiana Jones 4. Ainda mais com a possibilidade de o ator se tornar o novo herói da franquia. Por favor, caros leitores, a única coisa que eu peço e sempre pedirei pra vocês, é que me matem antes que isso aconteça.

O momento suportavelmente insuportável:

Não dá pra dizer que é um ponto alto na carreira do cara, mas no Paranóia, meio que uma refilmagem do Janela Indiscreta, do Hitchcock, a atuação dele está apenas tão irrelevante quanto todo o resto.

Woody Allen

Ele não é ator, mas o que o Woody Allen faz nos filmes que aparece é tão inacreditável que não dava pra deixar de mencionar por aqui.

O momento insuportavelmente insuportável:

Uma das coisas que mais chama a atenção na filmografia do diretor é o esforço que ele parece ter pra arrancar algum riso do espectador. Esse desespero transparece ainda mais quando ele resolve protagonizar os próprios filmes, deixando tudo incrivelmente forçado, na maioria das vezes. E consequentemente, sem graça. No A Última Noite de Bóris Grushenko acontece algo parecido com o Michael Cera no Ano 1 (E sim, os dois filmes são muito parecidos), e a performance afetada do Woody Allen chama ainda mais atenção, negativamente.

O momento suportavelmente insuportável:

Não que a atuação dele melhore no Crimes e Pecados, mas o filme é tão bacana que dá pra relevar.

Jeremy Renner

O Jeremy Renner tá aqui em nome de todos esses novos atores de ação (Turma do Matt Damon e afins) que possuem tanto talento quanto os astros do gênero dos anos 80, mas nem um pingo do carisma. O que faz com que, de novo, não sobre nada.

O momento insuportavelmente insuportável:

Mas o pior momento do ator foi no Guerra ao Terror, filme chato bagarai da mulher do James Cameron que acabou ganhando um Oscar sabe-se lá porquê. Mas a performance entediada do Jeremy Renner, durante as mais de 2 horas de “tensão” no tal thriller psicológico sobre a Guerra do Iraque não deve ter contribuído muito.

O momento suportavelmente insuportável:

Aqui, temos outro caso de recuperação. Relativa, pelo menos. Porque ele teve alguns momentos bacana como Arqueiro Verde Gavião Arqueiro n’Os Vingadores. Mas foi no Legado Bourne que mostrou uma atuação consistente. Pode ser porque o próprio personagem exigia uma certa falta de emoção. Que nem acontece com o Matt Damon nos outros filmes da franquia, aliás. O que nos ensina, tal qual outros exemplos dessa lista, que até o mais insuportável dos atores pode render alguma coisa, se utilizado de forma correta e incrivelmente específica. Menos o Woody Allen, o Woody Allen ultrapassa todos os limites da decência humana.

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