Avisa a Simone que o Natal já foi. E o Ano Novo também.
Não se vocês estão lembrados, mas semana passada era Natal, e Ano Novo também. Procede a informação? A questão é que parece que geral esqueceu que acabamos de passar por datas que são (Ou deveriam ser) compartilhadas com a família, que servem pra refletir, despertar algum sentimento bom, essas coisas que a gente aprende quando criança, sabe? Então. E esse descaso, pode-se dizer, com as datas começou com a própria programação de final de ano da nossa querida Rede Globo. Nada contra, eu mesma pouco quis saber dos especiais, mas isso porque eles costumavam ter um significado. Era a época que eu, e acredito que a maioria de vocês, tirava pra se permitir ficar mimimi e reunido na sala vendo um monte de besteirol emocional. Não dá pra fingir que a família brasileira se reúne em frente à televisão pra viver experiências juntas, já que o dia-a-dia não permite que o contato seja maior. E é na frente da tela da TV que a maior parte dos brasileiros se permite sentir e experimentar sensações que serão vivenciadas por tantos outros conhecidos. Uma coisa tipo senso comum, sentimento comum que a gente compartilha nessas datas, sabe? Praticamente um “no final do ano tá liberado ser sentimental e ninguém vai rir de você”.
Quer coisa mais clichê que sua vó sentada na frente da TV vendo o Especial Roberto Carlos na Globo e se emocionando quando o Rei despeja em sua voz ~linda (Há quem goste, paciência) que há detalhes tão pequenos de nós dois, e tal? Pois é. Esse ano, minha vó sentou na frente da TV e terminou dizendo “Palhaçada, hein?”. O que costumava ser algo que trazia lágrimas de emoções se resumiu a um bando de baboseira, com direito a Michel Teló e Empreguetes. As “canções” que o artista tanto fala que são especiais e tal, foram compartilhadas com artistas “alto-astral”, que tiraram o tom de seriedade (E muitas vezes chatice, vamos combinar!) que o show do cantor costumava ter. E o clima de humor se estendeu para os outros especiais de final de ano, não só da Globo, mas dos outros canais também.
Veja bem: Não considero isso um problema. De forma alguma. Mas o comportamento da geral me fez pensar nos tipos de valores que temos, todos (Inclusive eu, pessoa que vai me xingar nos comentários), na atualidade. A nossa preocupação maior era comentar o fim do mundo que, quando chegou Natal e Ano Novo, nossa energia toda já havia sido gasta num evento que nem aconteceu, ou tu viu algum tsunami e terremoto do lado da sua casa? Acho que não, né.
A gente não tem mais tempo pra mimimi. A gente quer rir, quer ver coisas que façam rir, e deixou as lágrimas, mesmo as de emoção e alegria, pra depois, afinal, chorar dá ruga, não é mesmo? Os tempos são outros, é claro, e refletir sobre o que há de ruim e bom nos nossos dias toma tempo, tempo que praticamente não temos mais. Então, se não há mais tanto tempo livre, o que se faz? Se ocupa o que resta com aquilo que nos satisfaz. E, aparentemente, esse ano, o que satisfazia era pensar em festa, em aproveitar os últimos dias de vida, já que o mundo ia acabar, e esquecer de tudo. Afinal, isso é bem mais fácil, e não há tempo para complicações, certo? Triste. Dentro e fora da TV, não se falava em outra coisa, a não ser no tão esperado fim do mundo de 2012. O fato não ocorreu, não dava mais tempo pra falar do Natal, o Ano Novo ficou camuflado e, quando percebemos, já estávamos aqui falando do BBB 13.
Eu fico me perguntando se, lá pelo Carnaval, a Simone vai aparecer cantando que então é Natal. Porque aposto que, se ela não estiver atenta ao calendário, vai se confundir.
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