A Viagem (Cloud Atlas)

Cinema quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

 Baseado no romance de David Mitchell, ‘A Viagem’ mistura história, ciência, suspense, humor e seis narrativas separadas, mas vagamente relacionadas. Cada uma dessas narrativas ocorre em um tempo e lugar diferente, que é escrito em um estilo diferenciado de prosa, e cada um é interrompido em meados da ação e tem sua conclusão na segunda metade do livro. Em ‘A Viagem’ , várias histórias em épocas diferentes, passado, presente e futuro, estão conectadas, mostrando como um simples ato pode atravessar séculos e inspirar uma revolução.

Imagina um filme que é, na verdade, formado por uma porrada de curta-metragens. Imaginou? Agora embaralha tudo, como se você não ligasse pra edição, continuidade ou pros sentimentos do seu expectador. Se você juntar uma pitada de histórias de amor, um telecoteco de ficção científica e a crença em vidas passadas, você tem A Viagem. Mas tirando isso, o filme até que é interessante. Se você prestar atenção o suficiente pra entender. E eu não preciso falar que vai ter spoilers, né?

Vamo lá, são seis linhas temporais pra você trabalhar, não se perca: Em ordem cronológica, começa com o jovem inglês que foi pra uma das colônias e ficou doente. Depois, o jovem compositor que abandonou o amor da sua vida pra ir trabalhar com um compositor renomado. Mais tarde, a jovem reporter que descobre mais do que devia. Tem também o não tão jovem editor que não sabe o que fazer com seus problemas. Sem contar a japa que foi presa. E o pastor de ovelhas que conta a porra toda. Agora imagina isso tudo indo e voltando, sem ordem, com cortes secos quando você tá se empolgando.

 Não é o Grinch, cara. Sai dessa vida.

A edição, não sei se propositalmente ou não, corta o barato [Trocadalho do carilho, hein?] de forma magistral. Eu sei que apresentar tudo de forma direta seria muito maçante, mas também não precisava fazer um samba do crioulo doido, né minha gente? Acho que foi por conta da Lana Wachowski, irmã do Andy Wachowski. O que, cês não sabiam que o Larry Wachowski virou Lana? Pois é. Aparentemente, se você é homem e muda de sexo, desaprende a dirigir automaticamente.

 “Cade o telefone do meu advogado?”

Ok, piadas machistas a parte, a questão é que o filme seria muito melhor se não tivesse sido feito com formato de colcha de retalhos. A ideia é bacana [Apesar do viés religioso, a questão do efeito borboleta foi bacaninha], só não foi executada como deveria. Talvez o livro não ajude, mas eu não o li, então quero que se foda. É muita informação sendo jogada na tua fuça, e você não tem nem tempo de se apegar à uma personagem. Parece até seu pai, quando não sabe o que quer assistir na televisão, e fica mudando de canal. Só que no caso são seis canais, modafoca!

 Mas uma coisa temos que reconhecer: As caracterizações tão foda.

Pois bem, se você quer dar um catraco com uma cocota, leve-a pra ver esse filme. Não é um romance, mas tem partes românticas. Não é um filme de ação, mas tem cenas de ação, é um drama, mas não tem muito dramalhão. Dá pra levar na maciota, é só você não pensar muito.

A Viagem

Cloud Atlas (172 minutos – Drama)
Lançamento: Alemanha, Cingapura, EUA, Hong Kong, 2012
Direção: Tom Tykwer, Andy Wachowski e Lana Wachowski
Roteiro: Tom Tykwer, Andy Wachowski e Lana Wachowski, baseados no romance de David Mitchell
Elenco: Susan Sarandon, Tom Hanks, James McAvoy, Ian McKellen, Halle Berry, Natalie Portman, Hugo Weaving, Jim Broadbent, Jim Sturgess e Ben Whishaw

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