Pois é, eu comprei um e-reader
Os E-books e a leitura na internet já foram bastante discutidos no blNAOPERA site. Reconheço que a galera não foi lá muito radical, frescurenta ou cabeça dura mas, apesar de um ou outro elogiozinho aqui e acolá, ninguém realmente vestiu a camisa.
Bom, também reconheço que até um tempinho atrás tinha essa mesma opinião. Só que aconteceu uma coisa comigo que acontece também na vida de todos vocês. Essa coisa é a faculdade.
Se vocês acham o Eike Batista rico por vender petróleo, nem queiram imaginar o que vai acontecer quando ele abrir um quiosque de xeror numa universidade.
A minha ficha caiu quando, na primeira semana de aula, descobri que iria precisar de duas gramáticas e seis dicionários diferentes que saíriam por um dinheiro capaz de alimentar metade da população faminta do nordeste. Nem precisa mencionar que, além disso, eles teriam o peso de metade da população faminta do nordeste.
Tenho a mania de levar a mochila num ombro só. Era óbvio então que carregar aquilo tudo me partiria ao meio. Bateu a dúvida, rolou aquele debate interno.
–Não, sua puta mal paga, você faz LETRAS, como assim quer trair o movimento dos livros?!?!, disse minha metade babaca.
–Picas grossas, desci antes do ponto!, retrucou minha metade realista, enquanto eu comia o pão que o diabo amassou andando no sol frio de Bonsucesso.
Enfim, voltando ao que importa: Me rendi e descolei um Kobo, anagrama pra OH MEU DEUS JURA “book” e um dispositivo deveras charmoso. Sério, galera, a parte de trás dele é lilás. Ele tem dicionários em diferentes línguas inclusos, então se você tiver lendo um texto em inglês/espanhol/o que seja e precisar de ajuda, basta clicar sobre a palavra e a definição aparece. Se, mesmo assim, você ainda não encontrar o termo, também há um navegador bem básico que pode te ajudar.
Você não vai perder horas no Facebook lá por que o poder de processamento é o mesmo de uma pedra. Só dá pra acessar a Wikipedia, o Google Translate e olhe lá. A tela é fosca, em preto e branco, e a passada de página não demora nada, ao contrário de outros leitores virtuais que existem por aí. Não aconselho a usar o aplicativo próprio da Kobo pra baixar os arquivos, já que é lento e só permite sincronizar coisas compradas na livraria da empresa. O Adobe Digital Editions é melhor e mais rápido!
Ele também registra suas manias de leitura, em que horas e dias você costuma ler mais e dá selos por isso.
O pior defeito na verdade é o preço. Tirando o tipo de livro que mencionei lá em cima, não tenho coragem de baixar coisa de gente que ainda tá aí, batalhando pelo seu lugar nas prateleiras das livrarias. Acho que alguns de vocês pensam assim como eu. São poucas as livrarias que vendem o e-reader e e-books, então, o preço sai do jeito que elas quiserem e é isso aí. Maldito monopólio, espero logo que, assim como aconteceu em alguns países, a parada popularize e barateie. Dá fácil pra gastar vinte num livro virtual e, sinceramente, por esse preço, prefiro desembolsar mais dez e comprar o livro mesmo.
No geral, valeu a pena. Não só por ter me poupado de cópias e mais cópias de capítulos aleatórios de livros. Mas por que, agora, leio muito mais. É muito mais rápido encontrar um livro bom. E conheci vários sites legais pra tal. Um deles, em especial, tomou meu coração e todo dia entro lá pra ver o que tem de novo. O nome é Projeto Guttemberg, e a equipe disponibiliza de graça e em diferentes formatos – Incluindo o e-pub, o formato específico de e-books- livros de autores que doaram seus direitos autorais. Ou que já morreram, ninguém liga mesmo. O acesso aos clássicos, principalmente quando se quer ler na língua original, é muito melhor. Tem nem comparação. O acesso a livros didáticos, então…
Jamais direi que vou parar de comprar livros, por que, realmente, não vou. Ou que o virtual vai matar o físico, por que os best sellers continuam vendendo tanto como sempre venderam.
Concordo com essa negada babaca das redes sociais, que faz resenha de séries de livros pro Youtube e o mais clássico que já leu foi Emily Brontë por que apareceu em Crepúsculo: Livro é quase um fetiche. O cheiro da página velha, o peso da capa, cês sabem. Se tão aqui, devem gostar tanto de ler quanto eu.
Mas não perder a página por que o vento resolveu te sacanear é, sim, muito bom. Quem nunca quis queimar um livro por que tava no clímax e esqueceu a janela aberta?
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