O Massacre da Serra Elétrica (The Texas Chain Saw Massacre)
O filme conta a história de cinco jovens que, durante uma viagem de carro, acabam se envolvendo com uma perigosa família, em especial o caçula, Leatherface, assassino sanguinário sem escrúpulos que utiliza uma serra elétrica para cometer seus crimes.
O Massacre da Serra Elétrica é um clássico do terror. Filme obrigatório, ao lado de Sexta Feira 13, Halloween, Hellraiser e A Hora do Pesadelo. Assim como seus companheiros de pódio, acabou gerando uma longa franquia composta de muito mais erros do que acertos. O recente O Massacre da Serra Elétrica – 3D, estréia de 17 de maio no Brasil [Nota do editor: Amanhã] com a expectativa de que seja o último, já que não há mais história alguma para contar.
A fórmula é bastante conhecida hoje: Jovens que fazem uma viagem e acabam caindo nas mãos, um por um, de um assassino sanguinário. Mas lá atrás, em 1974, deve ter sido um tanto quanto chocante. Assim como foi pra mim, que tive a oportunidade de assistir ao original ainda em VHS quando debutava no mundo do horror. Perdi incontáveis noites de sono pensando no Leatherface invadindo meu quarto rosa e me destrinchando em diversos pedaços. Quem assistir hoje pela primeira vez não vai experimentar a mesma sensação de frescor que eu experimentei, mas vale o aluguel do DVD. Se nunca viu, você está atrasado alguns anos.
O filme retrata, como já disse acima, a viagem de 5 amigos para o Texas, dentre eles os irmãos Sally e Franklin Hardesty, rapaz paraplégico. O motivo da viagem, averiguar se o túmulo do Vovô Hardesty foi ou não violado, é uma mera desculpa para tirá-los da rotina e colocá-los na estrada. Jerry, Kirk, Pam e os irmãos embarcam na van sem imaginar o desastroso destino, afinal, são os típicos jovens setentistas descolados, tanto em roupas quanto em espírito. A eles, logo se une um caroneiro muito esquisito. Nos anos 70 dar e pedir carona não era apenas uma prática comum, era padrão. Mas o novo conhecido não era inofensivo como pensavam e acaba agredindo Franklin e sendo expulso a gritos e pauladas. Prenúncio de que aquela viagem, a principio tranqüila, seria mais difícil do que imaginavam.
O personagem principal de Massacre não é Leatherface ou qualquer um dos viajantes: É a violência, pura e gratuita. Todo o resto é coadjuvante. Você não tem tempo de se apegar aos personagens, é um festival de marretadas, sangue, membros soltos do corpo. Tudo acontece muito rápido, mas você não demora a se acostumar com a dinâmica do filme. A morte de Kirk, que entra estupidamente em uma casa no meio do nada para pedir gasolina, apenas para morrer logo em seguida nas mãos de um grandalhão vestindo uma máscara de pele humana, te deixa aterrorizado, porém alerta. Qualquer porta, armário ou corredor já é motivo para roer as unhas e esperar o ronco da famigerada serra que não se separa de seu dono.
Um por um os amigos vão morrendo em tempo recorde e, como não poderia deixar de ser, os sobreviventes vão atrás de notícias. E no processo, seu coração vai acelerando e seu estômago, embrulhando. Cada morte é a garantia de que outra possível vítima aparecerá na casa, procurando os colegas desaparecidos, reiniciando o ciclo de violência. Ao longo da trama, descobrimos que Leatherface não é o único morador da casa, decorada com ossos e pele humana. O caroneiro misterioso é seu irmão e há toda uma família não apenas conivente, mas partidária dos assassinatos dos jovens viajantes que passam pelas estradas texanas. É um retrato claro da maldade e loucura humana. Talvez a intenção fosse justamente dar aquele aviso que sua mãe sempre dá: Nunca fale com estranhos.
Tobe Hooper acertou a mão e entrou para o hall da fama do trash, do cult e do horror. Sem ser pretensioso, conseguiu dar a atmosfera perfeita ao filme e transformou o Massacre em um sucesso, apesar do caráter violento, tendo um lucro astronômico e, portanto, gerando filhotes. A franquia possui outros seis filmes que são muito, muito ruins e contam apenas com os nomes de Viggo Mortensen, Reneé Zellweger e Matthew McConaughey para atrair a atenção de curiosos ou desavisados. Rob Zombie também bebeu da fonte de Hooper ao dirigir os violentos e divertidos House of 1000 Corpses e Devil’s Rejects, sobre a promíscua e perigosa família Firefly, que engrandeceriam a franquia se fizessem parte dela.
Apesar de anunciarem o filme como baseado em fatos reais, o Massacre da Serra Elétrica é tão real quanto um cruzamento de A Bruxa de Blair com O Exorcista. Leatherface, sim, foi livremente baseado no assassino em série Ed Gein, graças a simpática mobília de sua casa: Crânios, abajures com cúpulas de pele humana, puxadores de janela feitos de lábios, dentre outras obras de artes. Vale lembrar que Norman Bates também foi inspirado em Ed, mas pela sua relação doentia com a mãe e com o irmão, tendo sido suspeito de matar o último em meados da década de 40. Ed Gein, essa figura tão interessante, quero só ver quando vão fazer um filme realmente baseado em fatos reais de sua vida que não seja made for T.V. ou um fracasso de bilheteria e crítica.
O Massacre da Serra Elétrica
The Texas Chain Saw Massacre (83 minutos – Terror)
Lançamento: EUA, 1974
Direção: Tobe Hooper
Roteiro: Kim Henkel e Tobe Hooper
Elenco: Gunnar Hansen, Marilyn Burns, Allen Danziger, Paul A. Partain, William Vail, Teri McMinn
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