As bandas da minha cidade são mais do balacobaco do que as da sua – Formiga, a cidade do rock
Formiga é o maior celeiro do rock and roll do interior de Minas Gerais, quiçá do mundo, quiçá da Bahia. Na semana do último dia 13, também conhecido como dia do Roque [Nota do editor: 13 de julho. Cês são burros, então é melhor explicar direito.], diversas campanhas publicitárias e culturais buscaram sedimentar essa ideia, porém essa história já tem milênios ou mais.
Mais recentemente, o esforço da galera do Mais Rock vem buscando colocar a cidade dentro de uma lógica nacional da cena rock and roll, divulgando o trabalho das bandas daqui e trazendo nomes que sirvam para agitar o cenário local, ajudando a realizar festivais, como o II Formiga Sônica, o Independência ou Rock, dentre outros. Porém, além do Mais Rock, tanto no passado, quanto no presente, o rock and roll sempre foi presente na vida do formiguense. O livro, Formigas de Camisetas Pretas, do autor nativo Paulo Lima Soraggi, conta um pouco dessa história mesclando ficção e realidade.
A parte que me toca na história da minha terra vem do meu passado e do meu presente, sempre sendo fruto de muito orgulho pra mim. Se perceberam pelos meus textos, eu tenho uma relação muito forte com o rock and roll e o rock progressivo, e o fato de ter vivido em Formiga foi fundamental pra formação do meu gosto musical e do meu caráter como um todo. Desde minha adolescência frequentei festas como A Quinta do Rock, que nas férias traziam o melhor do rock and roll da cidade e da região a preços baixos, além de outras mais espalhadas no calendário. Tudo isso alcançando grande parte da juventude da cidade, uma vez que até nas festas caça níquel das grandes produtoras da cidade o roque era atração principal.
Infelizmente, no meio dos anos 2000, a cena deu uma enfraquecida, com o fim da Quinta do Rock e da invasão dos sertanejos e do pagode, porém não deixando de existir, mas se tornando mais segmentada e de nicho. Entretanto, com a virada dos anos 2010, o rock volta com sua força total, e toda a fúria adormecida é extravasada e diversas bandas se somam a outras já existentes, contando com o apoio e a garra da galera do Mais Rock e de vários outros, que me perdoem não citar nominalmente. Não deixe o Rock morrer, não deixe o Rock acabar, Formiga foi feita de rock, de rock pra gente bater a cabeça infinitamente.
Anarkaos
Anarkaos foi uma mítica banda da cidade, cujo o já referido Paulo Lima foi integrante. Com uma pegada puxada para o punk, e músicas próprias, provavelmente foi o som mais importante de Formiga nos anos 90, começo dos anos 2000, com clipe na MTV e tudo. Infelizmente eles não se apresentam a um tempo.
Pato Rocco
Pato Rocco foi uma das bandas mais importantes e mais influentes da cidade nos últimos anos, tendo 10 anos de atividade. Muito da galera que hoje toca e que curte o estilo deve muito a estes caras que estão aí a muito tempo, sempre levando a guitarra na mão.
Rodrigo Monstro e bandas
Rodrigo Monstro é outro cara que é importante na cena formiguense, tendo integrado a muito tempo a banda Maresias e mais recentemente Capim Santo, além da sua carreira solo. Ele tem uma pegada puxada para o reggae e o samba rock, porém não deixando o rock de lado.
A Fábrica
A Fábrica foi uma das bandas importantes para o revival da cena em Formiga e eles metem a cara em tudo que podem, sempre se apresentando por aqui, mas também levando o nome deles e da cidade para outros lugares, com um cover de qualidade e também com músicas autorais.
Taverna
Taverna é o projeto de blues do poeta e músico formiguense Gabriel, o Guma, e apesar de a banda ser nova, resolvi colocá-la na lista por ser um projeto autoral e, por que não, artesanal. A pegada dos caras é acústica e remete ao delta do Mississippi, com sua versão genérica, o delta do Rio Formiga.
Os Sônicos
O Sônico é a banda de integrantes remanescentes do Anarkaos, dinossauros do rock and roll formiguense. Eles buscam no rockabilly a fonte para agitarem esse povo feio e sofrido do interior.
A maioria das bandas, hoje, possuem músicas autorais, porém é de se ressaltar que também fizeram covers e ainda fazem, e isso não é demérito pra ninguém. Em uma cidade de 60 mil habitantes, a única o oportunidade que muitos jovens têm de ouvir as músicas que gostam ao vivo é com bandas covers, e mesmo com as dificuldades em mesclar trabalho e a vida de artistas, a galera dessas bandas continua a espalhar a palavra santa do rock and roll. Fica também a menção a uma galera do caralho, como Leões e Meireles, a Banda Highway, Tomarock, Walambick, Mamute e Banda, Sigma 6, dentre outros. Que Formiga continue sendo a cidade do melhor do rock and roll de Minas Gerais. Para mais bandas, e mais músicas dessas bandas, entrem no canal do Mais Rock no Youtube.
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