Les Revenants – A série
Esses dias fui acordada por meus pais, freneticos! Achei que o mundo estava acabando, ou que minha mãe tinha engravidado depois da menopausa. Mas não, eles estavam apenas superinteressados em uma série do canal HBO Max da NET. Sei lá, fiquei atordoada demais. Não precisa desse frisson todo por causa de um seriado, mas já que estava acordada fui conferir do que raios eles estavam falando.
Les Revenants é uma série francesa baseada em um filme de mesmo nome, lançado em 2004. Com oito episódios, conta a história de pessoas que faleceram de diversas causas, em diferentes momentos e que voltam a vida sem que se lembrem absolutamente do que aconteceu. É basicamente um Walking Dead com menos tiros e menos clichês. A pele não está apodrecida, eles não querem comer miolos e não fazem mal a ninguém (Pelo menos ainda, não li spoilers). Tampouco falta sanidade aos mortos-vivos. Nem sei se poderia chamá-los assim. Um dia, lá estão novamente os entes queridos que faleceram, batendo na porta de casa, abrindo a geladeira, tomando leite do gargalo. Como sempre fizeram. Tão vivos como qualquer outra pessoa, sem nenhuma explicação.
O primeiro episódio é centrado na história de Camille (Yara Pilartz), uma jovem que morre em um acidente brutal. Sua família, desestruturada depois de seu falecimento, fica estarrecida ao reencontrá-la. E, claro, ninguém sabe o que fazer. Afinal, tudo mudou. E eles tocaram a vida, ainda que algo afastados. O pai está viciado em entorpecentes, o que preocupa a filha Léna (Jenna Thiam), que passa as noites bebendo tequila em um bar. Tamo junto! Claire (Anne Consigny), a mãe, deprimida, passou a se relacionar com Pierre (Jean-François Sivadier), homem religioso que lidera o grupo de apoio aos pais que perderam os filhos no acidente em que Camille morreu. Paralelamente ao drama da família da adolescente, conhecemos também Simon (Pierre Perrier), que procura desesperadamente por sua noiva Adèle (Clotilde Hesme), sem imaginar que se passaram 10 anos desde sua morte. Já Victor (Swann Nambotin) é um menino propositalmente misterioso e de silêncio perturbador, que encontra refúgio na casa da solitária Julie (Céline Sallett).
O mais interessante em Les Revenants é que não existe a pretensão de assustar, mesmo lidando com gente morta interagindo com os vivos. É, essencialmente, um drama. Ver a dificuldade de compreensão dos ex-mortos em relação ao novo contexto familiar/social é tão angustiante quanto ver o quão deslocados os entes ficam com o reencontro. Em um momento bastante emotivo, Jerôme (Frédéric Pierrot), pai de Camille, diz a ex-esposa que era ela quem vivia rezando para um dia ver novamente a filha. Não ele. E que, portanto, Claire – mais do que ninguém – deveria saber como agir nessa situação. Todo mundo que perde alguém que ama muito imagina como se sentiria se pudesse ver a pessoa novamente. E o cenário costuma ser lindo. Um papo agradável sobre o além, regado a chá com torradas e relembrando os velhos tempos. Mas isso é pura suposição. Porque se minha avó aparecesse na minha casa sem nem tocar a campainha, eu mijaria nas calças e sairia correndo. Ainda que parecesse de carne e osso.
Estou ansiosa para ver o que os próximos 7 episódios me reservam. Confesso que adorei a série, apesar de não fazer muito meu estilo. É meio lenta, em tons pasteis. Bem francesa mesmo. Mas é tudo tão diferente das coisas que eu já vi, tem uma sensibilidade tão peculiar, que mal posso esperar para ver os rumos que a história vai tomar. Les Revenants está sendo transmitida pelo canal HBO MAX, às quartas, 22h. Apesar de estar indo para o segundo episódio, ainda é possível resgatar a reprise do primeiro. Então CORRÃO!
Nota do editor: Eu espero que a Nelly não tenha ganho nada por esse texto, porque se ganhou, não dividiu. E isso dá justa causa.
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