Justiça (DC)
Quando, por não lembrar de O Reino do Amanhã, pedi pela “Liga do Alex Ross”, não conhecia Justiça ainda, mas porra, é um livro grande, com quase 500 páginas, material extra e a reunião de alguns dos maiores vilões e arqui-inimigos da galera de colante colorido… Nem sei quanto paguei, só sei que é legal bagaralho.
Eu não esperava nada, justamente por não conhecer nada sobre, mas devo dizer que eu não aproveitei tanto. Não por culpa da HQ, mas por minha própria: Se você não conhece tanto da DC, vai perder uma boa parte da graça. Não precisa ser nada tão profundo, tipo pescar referências à edições de 60 anos atrás, mas é bom conhecer mais que três ou quatro versões da Liga.
Dito isto, direi o óbvio: A arte é foda. O Dough Braithwaite foi o responsável pelo lápis, sendo que o Alex Ross pintou por cima. Falando assim pode parecer meio tosco, mas acreditem, não é. O trabalho dos dois casou bem pra caralho, em momento nenhum você pensa que foi feita por mais de uma pessoa, e não chega nem perto de se questionar se algum quadrinho poderia ser feito diferente ou ter sido colorido de outra forma: Você não vai achar defeito aí.
Então a história: Num belo dia, Luthor, Hera Venenosa, Arraia Negra e o Charada aparecem como hologramas gigantes por todo o mundo, dizendo que eles estavam ajudando as pessoas, curando-as de cegueira, amputações, doenças terminais e o caralho, e que os heróis, por omissão ao não fazer nada disso, eram os verdadeiros culpados. Bem, eles estavam mesmo curando as pessoas e os super heróis realmente só sentam porrada nos vilões e foda-se o câncer de mama, a única questão é que, enquanto os hologramas fazem seu discurso, todos os membros da Liga da Justiça são atacados simultaneamente.
Acontece que, dias antes, o Aquaman havia desaparecido por completo sem motivo algum e o Charada conseguiu, através do computador das Empresas Wayne, hackear o computador da Batcaverna. Pois é, o Bátema é um gênio. A Legião do Mal agora tinha acesso à todos os dados que a Morcega coletou de todos os heróis: Identidades secretas, nomes de amigos e familiares, endereço, onde trabalhavam e até o número da previdência social.
Bem, com a Liga sem ter como fazer frente aos hologramas, as pessoas foram convencidas à ir para as novas, futurísticas e perfeitas cidades criadas pelos vilões… Porra, essa gente dos quadrinhos nunca aprende véi, se foder. Tudo muito bom, tudo muito bonito, se não fosse o ataque em massa à Liga da Justiça e a pequena e secreta participação do Brainiac na coisa toda. E é isso, essa é a desculpa para começar uma guerra entre os maiores heróis e os maiores vilões da DC.
A história, tal qual em O Reino do Amanhã, Grandes Astros Superman e várias outras se passa fora da cronologia da DC, o que, como todos sabemos, é a melhor decisão que você faz se quiser fazer uma boa história. Como vocês devem ter notado, alí em cima falei na Legião do Mal, que você deve se lembrar pelo desenho dos Superamigos da década de 70 ou o muito melhor e mais legal Aquaman e Seus Amigos:
E é exatamente isso que você tem: A Legião do Mal e a Liga da Justiça da década de 70, baseadas no desenho. Se você não conhece nada daquela época, vai aproveitar a história e os desenhos normalmente, mas se conhece vai se divertir ao ver os uniformes, os poderes, as origens dos heróis e vilões e os locais, como a Fortaleza da Solidão e a Batcaverna. Essa HQ é muito mais pra quem já tem seus 40 anos do que pra quem leu tudo da década de 90 e acha maneiro pra caralho os Novos 52.
Tenho ainda três considerações. A base da história aqui é algo que é um tanto óbvio, mas que pouca gente nota: A Liga da Justiça nunca foi ameaçada. Essa é a ideia básica que dá início à coisa toda, e durante a HQ mais de um herói fala sobre ela: A Liga sempre age quando algum vilão quer explodir o planeta ou roubar armas secretas, mas ela nunca foi atacada diretamente. Ninguém antes tinha tentado dar cabo dos heróis logo de cara, isso só acontece quando os heróis vão lutar contra os bandidos. Você sabe que, no final, os mocinhos vão ganhar, mas boa parte da HQ são os “Maiores Super-heróis do Mundo” se fodendo, já que nunca enfrentaram nada assim antes.
A segunda é a respeito do visual: Eu já disse que a arte é foda, e você pode atestar isso por si mesmo, mas de todas os gibis que já li este é o que mais tem imagens impressionantes. São, literalmente, dezenas de splash pages, várias e várias páginas inteiras (Como a imagem acima) e cenas gigantescas de batalhas, paisagens e personagens. Sem exagero algum, pelo menos um terço dessa obra ficaria incrível em pôster, pra emoldurar e botar na parede. É simplesmente absurdo… Até o Robin tem um quadro fodão pra ele. E, nos extras, ainda tem vários pin-ups dos personagens principais.
E deixo para a última consideração o melhor da HQ: Seu começo. O que motiva os vilões a se unirem, tentarem acabar com a Liga, curar as pessoas e mandá-las para as novas cidades é um sonho, que todos eles têm várias e várias vezes. No sonho, a Terra é atacada, do nada, sem aviso. Antes mesmo dos heróis se darem conta do ataque, milhões de pessoas já morreram. O Superman salva Lois só para ela morrer segundos depois. O Ajax morre, a Mulher Maravilha está despedaçando (Ela, na HQ, ainda é feita de barro), o the Flash está exausto, o anel do Lanterna Verde está quase sem energia… Só quando o Batman leva dezenas de crianças para a Batcaverna é que a Terra explode, só ficando o Superman vivo. É nas 12 primeiras páginas que Justiça te deixa na merda e brilha. Se você tem mais de 15 anos e aceita que o mundo não foi criado três minutos antes de você nascer, essa história é pra você.
Justiça – Edição Definitiva
Justice
Lançamento: 2013
Arte: Alex Ross e Doug Braithwaite
Roteiro: Jim Krueger
Número de Páginas: 492
Editora: DC Comics e Panini
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