Que saudade da Ulbra TV
Há um ano atrás, eu estava morando em Porto Alegre. Primeiro, saí da casa de meus pais e uns 6 meses depois, arranjei um emprego na capital do Rio Grande do Sul. Juntei meus pertences (Que cabiam todos em um quarto) e me larguei de mudança pra um período ao qual eu jamais vou esquecer. Sendo eu natural do interior do estado, subi no caminhão que transportaria minhas tralhas e entoei o mantra de todo gaúcho que se muda para a nossa querida metrópole:
“Deu pra ti, baixo astral. Vou pra Porto Alegre, tchau!”
Além de todas os bons momentos que vivi externos ao apartamento em que morava, um dos melhores momentos se passava dentro dele: Toda sexta-feira à noite e sábado à noite, lá pelas 21h, passava Made in Japan na Ulbra TV. Com um pote de sorvete e minha gata, eu me enrolava no cobertor e assistia Comando Estelar, Jiraya, Black Kamen Rider e Cybercops.
Nunca pude ver esses programas na falecida Manchete, nem mesmo os animes que passavam na época. Sendo a irmâ mais nova, minhas preferências televisivas sempre estiveram em último lugar, de modo que só pude apreciar essas pérolas da televisão depois de muito tempo. E acho que só iria conseguir aproveitar esses shows agora, porque são muito loucos. As histórias tem enredos duvidosos e a coerência sempre passa muito longe. Por exemplo, numa noite descompromissada, vi um episódio de Black Kamen Rider onde o vilão usava bananas como armas ou ferramentas. É, eu sei, é nesse nível a coisa toda.
Eu gostava de ver esses seriados porque me tiravam da minha loucura diária e me levavam pra um mundo ainda mais louco, onde eu podia aterrissar e dizer “é, eu vivo uma vida normal”. Assistir Comando Estelar é ver que Power Rangers não é nada mais do que um rip-off de um show com mais de 20 anos de idade. Você que assistiu Power Rangers na Globo deu uma segurada na respiração agora, não foi? É, não tá fácil pra ninguém.
A Ulbra TV tinha uma boa programação nos finais de semana. Passava com alguma frequência uma maratona de filmes antigões, de faroeste a Carmilla que sempre rendiam uma boa sessão pipoca. Agora, de volta à Caxias, tudo que me restou foi a UCSTV. Eles tem uma parceria com o canal Futura, mas só passam programas chatos. Um único programa do canal Futura que valia à pena assistir e que passava através da UCSTV, todas as terças à meia noite, era No Estranho Planeta dos Seres Audiovisuais, que tinha uma forma de exibição muito parecida com O Mundo de Beakman (Ah, saudades enormes desse programa também). Quem tiver TV paga em casa pode pegar a grade do Futura e ver os horários em que esse programa passa.
Se quiser conhecer o programa agora mesmo, recomendo ver o episódio acima que se chama: No Estranho Planeta dos Seres Audiovisuais – Interativos. Fala de videogames no que tange à interatividade, com observações muito interessantes e pertinentes.
A televisão aberta tá cheia de mesmices, como sempre esteve. Entretanto, se procurarmos (E mantivermos nossos padrões de exigência um pouco baixos) é possível que encontremos programas e filmes muito legais para se ver. Por exemplo, numa noite completamente aleatória, me deparei na Band com um filme do Chuck Noris em que ele era um anjo. Filmes de terror galhofa são a especialidade da Band e é por isso que ela mora no meu coração.
TV paga é um luxo que não me interessa ter porque raramente me dedico à assistir televisão. Normalmente o que faço é ligar o aparelho e esperar que seus sons preencham o ambiente, para que eu possa voltar às minhas tarefinhas de sempre (Programar, desenhar, jogar, etc). Então perambulo pela TV aberta e tal qual um mineiro, tento extrair o melhor que ela tem a oferecer. Mesmo que isso seja muito abaixo da média da TV paga, mas sendo de graça, não há muito do que reclamar.
Vane é uma pessoa que não teve infância, e por isso agora a vive plenamente depois de se emancipar. Você também não tá nem ae pras responsabilidades e fica vendo TV o dia inteiro? Não venha pro Bacon, aqui nós queremos gente responsável e criativa.
Leia mais em: Matérias - TV, Tokusatsu, Ulbra TV