Surviving Jack foi cancelada mas cê deveria assistir
No começo do ano, em março, foi lançada nas gringas a série Surviving Jack, e, menos de três meses depois, ela foi cancelada. Sim, uma daquelas muitas e muitas séries de vida curta, que não sobrevivem sequer ao período de teste da emissora, no caso, a Fox, mas chegou a passar (Ainda está passando?) aqui no Brasil na Warner. Só sete episódios foram feitos, e cê devia tirar um tempo pra vê-los.
Surviving Jack não é genial. Não espere nada meramente próximo de Arrested Development ou qualquer outra série “injustiçada” #SIXSEASONSANDAMOVIE #YAHOO #CHUPANBC, mas ainda assim, é uma série legal, “simpática”. Ela é baseada no livro I Suck at Girls (Sou um desastre com as mulheres aqui no Brasil) do Justin Halpern, o mesmo criador e roteirista de $#*! My Dad Says, aquela série com o William Shatner, baseada no livro Shit My Dad Says (Frescura da TV gringa, cês sabem como é), que por sua vez é baseado num perfil do Twitter.
Se o Kirk (Não o nosso Kirk, o de verdade) teve uma temporada completa, de 18 episódios, Surviving Jack não teve a mesma oportunidade, muito pelo contrário: Começou com uma previsão de 13 episódios, que foram cortados pros 7 existentes. O próprio Justin Halpern e o pai dele, Samuel, no qual ambos os personagens principais das duas séries são baseadas, afirmam que não gostavam de Shit My Dad Says (A série) mas é fácil falar isso depois de cancelada e que a trocariam facilmente por Surviving Jack, e eu tenho que concordar, é muito melhor, apesar da mesma base: Ator já famoso e conhecido por um papel marcante, foram meia boca de crítica, mas relativamente bem de público, e foram canceladas cedo.
O cara de Law & Order é Jack, caso você não tenha notado, pai do Frankie (O mais alto alí na primeira foto – Connor Buckley) e da Rachel (A da esquerda aí em cima – Claudia Lee – E sim, é ela em Kick-Ass 2). A outra é a esposa dele, Joanne (Rachael Harris), e os outros dois pirralhos na primeira foto são os amigos do Frankie, George e Mikey (Kevin Hernandez e Tyler Foden que nome foden). Como Joanne resolveu fazer faculdade de direito, passou a ser a responsabilidade de Jack cuidar da casa e dos filhos. Ele é ex-militar e médico (Tal qual o Samuel Halpern realmente é na vida real, mas já aposentado), então, claro, ele não vai cuidar da porra toda como uma pessoa normal faria. E essa a sinopse: Shit My Dad Says era baseado apenas nas coisas que o velho falava, já I Suck at Girls e Surviving Jack são baseadas realmente na vida do autor e em coisas que realmente aconteceram com ele. A série se passa em 1991, mas a verdade é que você praticamente nem nota caso não estiver prestando atenção: O exagero das roupas, os eletrônicos, os carros e algumas citações passam batidas, simplesmente como se fosse uma particularidade da série, tipo The Middle (Que eu não sei como continua no ar), e não a questão da nostalgia que circunda os anos 90 já há alguns anos.
Um dos problemas de Surviving Jack é que ela não se decide se vai ser Shit My Dad Says, com frases babacas e engraçadas (Para algumas pessoas) ou se vai seguir o próprio caminho, bem como não decide que tipo de comédia que vai ser, a que te faz rir ou a que te fazer dar aquele sorriso da canto de boca. Ela tenta jogar com um pouco de cada, e acaba não se saindo especialmente bem em nenhuma delas. Não é ruim, e é engraçada, mas nada particular.
As situações também se mantém num meio termo esquisito, mas aí requer uma questão diferente. Como falei sobre mais um daqueles filmes do Adam Sandler, seriam coisas muito fodas se acontecessem com você, mas pra uma ficção, não chegam naquele patamar de CARALHOMERMÃO QUEPORRAÉÉSSA que é necessário. Mas o problema é que, sendo a série como é, “baseada em fatos reais”, eu não duvido que a maioria delas tenha realmente acontecido. Para citar um exemplo, em um dos episódios Frankie e os amigos querem entrar pro time de baseball do ensino médio, e, claro, quem vai treiná-los é o Jack, e um dos treinos é botar todos pra fazer flexões, de madrugada, no jardim de casa, enquanto os molha com uma mangueira, e bem, o Justin Halpern realmente foi arremessador no time da escola dele, e isso te faz pensar qual a divisão real entre a ficção e a realidade na série, se é proposital ou não, e como isso afeta o programa.
Então, o motivo por você assistir Surviving Jack: Ele vai te ensinar uma ou duas coisas, mais ou menos do jeito que um pai faria… Ou vai te lembrar de coisas que você já aprendeu, quando não era o velho acabado de hoje. De novo, não esperem nada grande. As “lições” estão mastigadas, há coisas óbvias para qualquer um que já tenha tido 16 anos e boa parte dos problemas propostos são resolvidos com o bom e velho modo foda-se, mas ei, é divertido de assistir, seja porque você passa por algumas dessas coisas, seja porque você já passou por elas. Surviving Jack é a primeira (E, até agora, única) série que eu gostei ao ponto de querer ler a obra no qual ela é baseada, mesmo sabendo que, se ler o livro, vou me decepcionar um pouco, já que boa parte do que me fez gostar da série, é exclusiva desta, e não existe no livro. A própria Rachel, por exemplo, não existe no livro e não é baseada em ninguém da vida real.
E, a última consideração: As atuações. É uma sitcom em fase inicial que foi cancelada, então não há grandes momentos de atuação, mas em nenhum momento você questiona as escolhas de elenco e o trabalho que estes fazem. Não fica caricato, por mais que seja esta a intenção dos personagens, principalmente Jack. O Christopher Meloni (Sim, ele tem nome), apesar de ser o principal ator e personagem, não toma o espaço de ninguém, e faz um trabalho muito bom na comédia, mesmo tendo ficado 15 anos fora do estilo. Não tem como falar de um específico, todos vão bem, todos te convencem que são os personagens que interpretam, sem exceção.
Pois bem, caso você seja do tipo que não tem problemas em relembrar as merdas que fez e que passou, nem se envergonhe terrivelmente delas, vá em frente, assista Surviving Jack. O Justin Halpern escreveu sobre o cancelamento da série, vale à pena ler. Lembre que é uma série que estava no começo, então todos os episódios foram feitos sem mesmo receber feedback, e que a série foi reduzida e depois cancelada, então é exatamente como parar de assistir uma temporada bem no meio, mas se você passar por todas as dificuldades técnicas, verá uma série divertida, com uma excelente escolha de atores, boas interpretações e um gostinho de que está ficando velho após ver os celulares e prestar atenção na trilha sonora. São menos de três horas, então dê uma chance… A série merecia ao menos os 13 episódios previstos, mas fazer o quê? Já conseguimos Community de volta, seria demais pedir por mais uma… Mas não custa nada sonhar.
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