Desafio qualquer um a me assustar

Cinema segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Eu sou um covarde não só ao que toca exames médicos, mas também em relação à filmes de terror: Não, eu não desmunheco e grito como uma menininha, eu assisto em ultimíssimo caso de boa, só não durmo depois. Quando se é criança e aparece o Jason na sua TV você se assusta, afinal, o troço é feito pra isso e, ainda mais importante, você nunca viu aquilo antes. Mas aí você cresce e a coisa muda um pouco, fica mais chata, menos assustadora… Ou não?

 Sua mãe ao ver meu pipi.

A velha coisa de criança ser impressionável é uma falácia: Qualquer um se impressiona ao ver algo “forte” pela primeira vez na vida, independente da idade e independente de ser algo bom ou ruim. Uma experiência nova e que gera uma resposta grande, impressiona. Simples assim. Claro que acontece mais com as crianças: Você cresce e fica mais chato e sem saco para as coisas, e parte disso é porque você já as viu antes. A outra parte é que, mesmo que não tenha visto, pode relacioná-la com outras coisas, parecidas ou não, mas que você interpreta de forma parecida.

E aí que tá o ponto do texto: Eu mal assisto filmes de terror (Ou horror, ou algum suspense mais pesado), tenho uma imaginação fértil e distorcida, e ainda tenho o costume meio exasperante de ficar pensando e repensando tudo quanto é coisa (Inutilmente, é claro), e ainda assim os filmes não estão me impressionando mais.

 Ah, John, eu falei pra você não convidar os seus irmãos!

É sério, eu sequer gosto dos troços, eu mal assisto, não acompanho porra nenhuma, e mesmo eu já cansei dessas merdas aí. Cansei de assassinos com a cara deformada, cansei de gente presa em banheiros e elevadores, cansei de criaturas que parecem fofas mas tem dentes de peixe abissal, e cansei de gente fazendo as maiores burrices possível só para o filme poder acontecer.

Tem coisas que são clássicas, como o cramulhão aparecendo nas costas (Ui) do personagem principal e sumindo depois, mas tem coisa que é fórmula, e fórmula significa ser manjada, e se é manjada, é chata. Se eu me digno a assistir um troço desses, eu quero ser assustado, eu quero pular do sofá e quero ficar com a pulsação na casa do caralho, mas não é isso que rola quando a loira menos peituda (Porque a peituda morreu enquanto dava pra alguém) tá num corredor qualquer, com uma arma obviamente inútil na mão e, ao virar a câmera, tá lá o bicho. Não é isso que acontece quando a loira menos peituda tá num corredor qualquer, com uma arma obviamente inútil na mão e, ao virar a câmera, o bicho não tá lá, pra que quando a câmera voltar pra mulhé o bicho esteja do outro lado dela.

 Vamo fazê as revisões direito aí, bando de filho da puta.

Não aguento mais filmes feitos como documentário, fantasmas no final do corredor, reflexos em espelhos de coisas que não estão lá. Sabe por que final de filme de terror é uma merda? Porque ou morre todo mundo e descobrem as evidências depois ou sobra um ou dois quaisquer, que conseguiram “”””””””””””””””””””””””matar”””””””””””””””””””””””” o vilão. É mais que saber o final, é saber o filme: Chegam num lugar, fazem merda, são perseguidos e mortos, alguém escapa e vem a fatídica cena final, com o monstro mexendo os dedos ou qualquer merda do tipo.

Brincar com clichê é válido, usar estereótipos é válido, botar as portas rangendo, luzes piscando e personagens dando de cara com o vilão e gritando é válido, mas me dizer que o seu assassino em série não é exatamente igual aos outros assassinos em série é sacanagem. Não importa se ele está coberto de sangue, se não possui olhos, se fica se contorcendo, se usa uma máscara qualquer ou se são crianças branquelas racismo que morreram tragicamente, é tudo a mesma coisa. Vou até escrever à parte porque é importante: Chega de brinquedos do mal. Aliás, botar uma história triste pro vilão também já deu no saco.

Eu estou bem com o preto morrendo primeiro, se ele quisesse ficar vivo não teria topado ser o bode expiatório de um grupo composto por idiotas (Brancos) que acham uma boa ideia ir para algum lugar isolado e sem recurso nenhum sem checar a previsão do tempo ou dar atenção ao monte de placas de aviso e gente dizendo que o lugar é do mal: Otário tem mais é que se foder mesmo.

 Pelo menos compensam os caras swag.

O problema é que todo mundo já conhece tudo isso. Não é novidade, não é interessante, não é assustador. Não é quanta gente morre, não é quanto sangue jorra, é o filme: A história é praticamente irrelevante, a atuação também e os efeitos especiais, em alguns casos, deixam a coisa melhor se forem bem toscos mesmo, não, o problema é a direção. E o roteiro, mas principalmente a direção.

Se todo o seu filme já é exatamente o mesmo que todo mundo já viu várias e várias vezes, o mínimo que você faz é deixar de ser um bosta e investir na direção: Corte final, posicionamento de câmeras, amplitude das tomadas, ângulo de filmagem e todo o resto. O esquema de filmar o espelho sem deixar claro que era um espelho, pra depois mostrar a imagem real foi foda? Foi. Foi uma sacada muito incrível, mas não funciona mais… Quer dizer, pode até funcionar, mas é muito específico: Precisa ser muito bom para conseguir o efeito desejado com uma técnica que todo mundo já conhece e todos os diretores já usaram, e vamos falar a real, quanta gente você pode apontar e dizer que é foda pra caralho no que faz? Mas foda mesmo, e não só na sua opinião, não só porque você gosta?

Não vou entrar em grandes méritos aqui, mas a produção em massa de produtos genéricos deu no saco. E, diga-se de passagem, não só nos filmes. O que me deixa perplexo é que sempre tem aquela galera com parâmetros no cu da minhoca que apoia esse tipo de coisa, que possibilita que essa indústria continue: É uma vida miserável que leva à uma deterioração da indústria (E da “arte”). São as mesmas pessoas que aplaudem gente foda (O que também é discutível) mas que não se importa a mínima em botar esforço real se vai fazer o bagulho.

 Ah, e chega de filmes de ficção científica de terror também.

E é por isso que eu não assisto filmes de terror: Além de não gostar, a gigantesca maioria é uma bosta. Sim, eu sei que você conhece um diretor asiático qualquer que é o fodelão que resgata o bom cinema e blá blá blá. Eu passo. Não quero heróis, não quero uma cena legal e não quero um filme que confunda “provocar medo” com alguma situação gore esdrúxula: Pode botar quantas grávidas escalpeladas e empaladas, com a barriga aberta e o feto com a piroquinha na boca da mãe, não vai ter efeito. Ou até vai: Eu vou rir. Não de nervoso, mas da sua tentativa patética. E vou dormir feito um anjo.

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