Caminhos da Floresta (Into the Woods)

Cinema sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

 Um padeiro e sua mulher (James Corden e Emily Blunt) vivem em um vilarejo, onde lidam com vários personagens famosos dos contos de fadas, como Chapeuzinho Vermelho (Lila Crawford). Um dia, eles recebem a visita da bruxa (Meryl Streep), que é sua vizinha. Ela avisa que lançou um feitiço sobre o casal para que não tenha filhos, como castigo por algo feito pelo pai do padeiro, décadas atrás. Ao mesmo tempo, a bruxa avisa que o feitiço pode ser desfeito caso eles lhe tragam quatro objetos: um capuz vermelho como sangue, cabelo amarelo como espiga de milho, um sapato dourado como ouro e um cavalo branco como o leite. Eles têm apenas três dias para encontrar tudo, caso contrário o feitiço será eterno. Decididos a cumprir o objetivo, o padeiro e sua esposa adentram na floresta.

Antes de mais nada, vamos deixar algo claro: Eu odeio musicais. Do fundo da minha alma. E não, não é porque eu não gosto de música, música é minha religião. O meu problema com musicais é a quebra de ritmo pra enfiar umas musiquinhas geralmente nadavê goela abaixo de quem tá assistindo. Como é o caso aqui.

E eu sei que tou meio atrasado nessa parada, já que o filme estreou no fim de janeiro, mas eu tive alguns problemas de saúde que, se não me impediram de escrever/gerenciar o Bacon, ainda assim dificultaram enormemente o trabalho. Não que alguém ligue. Assim como ninguém ligou pro filme. Sério, eu não vi repercussão nenhuma sobre Caminhos da Floresta, positiva, negativa, nada. E não recrimino ninguém, é um filme que poderia ser alguma coisa pela ideia, de certa forma genial, de entrelaçar contos de fada clássicos. O problema é: Não funcionou, em partes pelas malditas cenas musicais. Puta bagulho chato.

 “Ele não gosta de musicais? Como pode?”

Mas não é só a parte musical que fode tudo. O foco é dividido de forma triste, a história é contada de forma linear quando não deveria. É um problema de edição, pra começar. Sim, porque não é só isso. De certa forma, a primeira metade do filme é razoável, mas de alguma forma, tudo muda repentinamente e o castelo de cartas, já frágil, se desfaz num sopro. Ou, usando um conto de fadas, o lobo derruba a casa de palha. Sério, parece até que pegaram duas pessoas incomunicáveis pra escrever as metades do roteiro, e depois juntaram tudo pra fazer o filme sem nem olhar pra trás.

“Ah, mas o elenco deve salvar alguma coisa…” NÃO! Tirando a Meryl Streep, ninguém ali se salva. Seja porque o personagem é tosco, seja porque a parte musical enche o saco, seja porque não é ator de verdade. Johnny Depp só faz uma ponta, e como sempre ele interpreta Jack Sparrow… Desculpe, capitão Jack Sparrow, vestido de lobo. Emily Blunt até que não é tão ruim, mas a personagem, que deveria ser a protagonista, vai muito bem até que fode tudo no final, por uma burrice sem tamanho. Anna Kendrick é bonitinha, mas ordinária. O meu problema com ela na verdade é a cara de choro eterna: Por mais que cê saiba que ela tá fazendo um musical e pans, em qualquer momento do filme parece que ela vai desandar a chorar. Já o James Corden… Ele é um gordinho engraçado.

 Pra comédia ela funciona. Já pra coisa mais séria, não sei não.

E o elenco infantil… Puta merda, que voz lazarenta tem o Daniel Huttlestone, meu jesus. Não que eu esperasse outra coisa de um moleque de 16 anos, em plena fase de mudança de voz [Eu espero, pro bem dele], querendo cantar em falsete. Já a Lilla Crawford eu não achei tão zoada, mas a personagem dela, Chapeuzinho Vermelho, ficou levemente descaracterizada. E eu nem tou falando do final tosco, tou falando do começo mesmo, que… Ah, deixa pra lá. E tem o Chris Pine, que apesar da barba na cara [Nunca vi príncipe que não tivesse a cara lisa, fora em A Bela e A Fera] é moleque. MOLEQUE! Tá, não é o Chris Pine, é o príncipe que é um pau no cu, mas beleza.

Quanto à supracitada Meryl Streep, ela é ótima atriz e tal, mas a personagem Bruxa é uma dicotomia muito bizonha: Botou uma maldição na família do padeiro porque a mãe dela botou uma maldição nela? Que tipo de bruxa de merda não consegue desfazer uma maldição por conta própria? Sem contar a relação de mãe e filha com a Rapunzel, que não é nem uma personagem secundária, é quase uma figurante: Tá ali só pra fazer número, juntamente com o príncipe dela, que também é um não-fede-nem-cheira. O filme podia passar sem eles. Mas voltando a relação Bruxa/Rapunzel, tem horas que ela é a madrasta má incorporada, tem horas que é só uma mãe adotiva que não sabe o que fazer. Bora definir o personagem antes de gravar, minha gente? Roteiro não é pra limpar a bunda. Exceto em emergências.

 “Gente, alguém tem um script? Tou indo no mato ali.”

Por fim, as músicas. Eu já disse que odeio musicais? Pois é, eu odeio musicais em geral, porque é um negócio forçado, todo mundo começa a cantar em uníssono, sabendo letra e coreografia. Isso quebra o ritmo, destrói a imersão, arrasa com a verossimilhança, enfim, essas porras todas que faz você esquecer que é um filme. Poucos filmes conseguem incorporar música na parada sem zonear o barraco, e Caminhos da Floresta não é um deles. Mais sorte na próxima vez.

PS: A melhor interpretação é a da vaca.

Caminhos da Floresta

Into the Woods (125 minutos – Musical)
Lançamento: Canadá, EUA, Reino Unido, 2014
Direção: Rob Marshall
Roteiro: James Lapine, James Lapine e Stephen Sondheim
Elenco: Emily Blunt, Johnny Depp, Anna Kendrick, Chris Pine, Meryl Streep, Lucy Punch, Christine Baranski e James Corden

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