Caminhos da Floresta (Into the Woods)
Um padeiro e sua mulher (James Corden e Emily Blunt) vivem em um vilarejo, onde lidam com vários personagens famosos dos contos de fadas, como Chapeuzinho Vermelho (Lila Crawford). Um dia, eles recebem a visita da bruxa (Meryl Streep), que é sua vizinha. Ela avisa que lançou um feitiço sobre o casal para que não tenha filhos, como castigo por algo feito pelo pai do padeiro, décadas atrás. Ao mesmo tempo, a bruxa avisa que o feitiço pode ser desfeito caso eles lhe tragam quatro objetos: um capuz vermelho como sangue, cabelo amarelo como espiga de milho, um sapato dourado como ouro e um cavalo branco como o leite. Eles têm apenas três dias para encontrar tudo, caso contrário o feitiço será eterno. Decididos a cumprir o objetivo, o padeiro e sua esposa adentram na floresta.
Antes de mais nada, vamos deixar algo claro: Eu odeio musicais. Do fundo da minha alma. E não, não é porque eu não gosto de música, música é minha religião. O meu problema com musicais é a quebra de ritmo pra enfiar umas musiquinhas geralmente nadavê goela abaixo de quem tá assistindo. Como é o caso aqui.
E eu sei que tou meio atrasado nessa parada, já que o filme estreou no fim de janeiro, mas eu tive alguns problemas de saúde que, se não me impediram de escrever/gerenciar o Bacon, ainda assim dificultaram enormemente o trabalho. Não que alguém ligue. Assim como ninguém ligou pro filme. Sério, eu não vi repercussão nenhuma sobre Caminhos da Floresta, positiva, negativa, nada. E não recrimino ninguém, é um filme que poderia ser alguma coisa pela ideia, de certa forma genial, de entrelaçar contos de fada clássicos. O problema é: Não funcionou, em partes pelas malditas cenas musicais. Puta bagulho chato.
Mas não é só a parte musical que fode tudo. O foco é dividido de forma triste, a história é contada de forma linear quando não deveria. É um problema de edição, pra começar. Sim, porque não é só isso. De certa forma, a primeira metade do filme é razoável, mas de alguma forma, tudo muda repentinamente e o castelo de cartas, já frágil, se desfaz num sopro. Ou, usando um conto de fadas, o lobo derruba a casa de palha. Sério, parece até que pegaram duas pessoas incomunicáveis pra escrever as metades do roteiro, e depois juntaram tudo pra fazer o filme sem nem olhar pra trás.
“Ah, mas o elenco deve salvar alguma coisa…” NÃO! Tirando a Meryl Streep, ninguém ali se salva. Seja porque o personagem é tosco, seja porque a parte musical enche o saco, seja porque não é ator de verdade. Johnny Depp só faz uma ponta, e como sempre ele interpreta Jack Sparrow… Desculpe, capitão Jack Sparrow, vestido de lobo. Emily Blunt até que não é tão ruim, mas a personagem, que deveria ser a protagonista, vai muito bem até que fode tudo no final, por uma burrice sem tamanho. Anna Kendrick é bonitinha, mas ordinária. O meu problema com ela na verdade é a cara de choro eterna: Por mais que cê saiba que ela tá fazendo um musical e pans, em qualquer momento do filme parece que ela vai desandar a chorar. Já o James Corden… Ele é um gordinho engraçado.
E o elenco infantil… Puta merda, que voz lazarenta tem o Daniel Huttlestone, meu jesus. Não que eu esperasse outra coisa de um moleque de 16 anos, em plena fase de mudança de voz [Eu espero, pro bem dele], querendo cantar em falsete. Já a Lilla Crawford eu não achei tão zoada, mas a personagem dela, Chapeuzinho Vermelho, ficou levemente descaracterizada. E eu nem tou falando do final tosco, tou falando do começo mesmo, que… Ah, deixa pra lá. E tem o Chris Pine, que apesar da barba na cara [Nunca vi príncipe que não tivesse a cara lisa, fora em A Bela e A Fera] é moleque. MOLEQUE! Tá, não é o Chris Pine, é o príncipe que é um pau no cu, mas beleza.
Quanto à supracitada Meryl Streep, ela é ótima atriz e tal, mas a personagem Bruxa é uma dicotomia muito bizonha: Botou uma maldição na família do padeiro porque a mãe dela botou uma maldição nela? Que tipo de bruxa de merda não consegue desfazer uma maldição por conta própria? Sem contar a relação de mãe e filha com a Rapunzel, que não é nem uma personagem secundária, é quase uma figurante: Tá ali só pra fazer número, juntamente com o príncipe dela, que também é um não-fede-nem-cheira. O filme podia passar sem eles. Mas voltando a relação Bruxa/Rapunzel, tem horas que ela é a madrasta má incorporada, tem horas que é só uma mãe adotiva que não sabe o que fazer. Bora definir o personagem antes de gravar, minha gente? Roteiro não é pra limpar a bunda. Exceto em emergências.
Por fim, as músicas. Eu já disse que odeio musicais? Pois é, eu odeio musicais em geral, porque é um negócio forçado, todo mundo começa a cantar em uníssono, sabendo letra e coreografia. Isso quebra o ritmo, destrói a imersão, arrasa com a verossimilhança, enfim, essas porras todas que faz você esquecer que é um filme. Poucos filmes conseguem incorporar música na parada sem zonear o barraco, e Caminhos da Floresta não é um deles. Mais sorte na próxima vez.
PS: A melhor interpretação é a da vaca.
Caminhos da Floresta
Into the Woods (125 minutos – Musical)
Lançamento: Canadá, EUA, Reino Unido, 2014
Direção: Rob Marshall
Roteiro: James Lapine, James Lapine e Stephen Sondheim
Elenco: Emily Blunt, Johnny Depp, Anna Kendrick, Chris Pine, Meryl Streep, Lucy Punch, Christine Baranski e James Corden
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