A incrível geração dos ostentadores de quadrinhos
Quadrinhos, HQs, Comics, Graphic Novels, Encadernados, Mensais, Gibis, Histórias em Quadradinhos, entre outros são os nomes dados a estas (Nem sempre) maravilhosas histórias ilustradas. Já as tivemos em diversos tamanhos diferentes, formatinho, gigante, especial, americano, entre um monte de outros tamanhos estranhos que só servem para dificultar a vida e a estante do colecionador de quadrinhos. Ah, o colecionador de quadrinhos. Aquela figura que gosta tanto de uma história que não basta apenas lê-la uma única vez, ele precisa tê-la, abraça-la, ama-la e acaricia-la sempre que possível. Uma história, quando fascina, desperta o verdadeiro amor e desejo, indiferente se a lombada está torta ou a ponta de uma página está dobrada. O fã de quadrinhos os coleciona por gostar da história, dos personagens ou até mesmo do artista responsável pelo mesmo, não porque aquela edição valerá o triplo do preço daqui a 20 ou 30 anos.
Vocês lembram quando você tinha que comprar todas as HQs da Marvel pra entender o que estava acontecendo na revistinha do Aranha? Pois é, foram os piores melhores tempos da minha vida. Naquela época eu não fazia ideia do que eram encadernados, se é que eles existiam no Brasil, e a única opção que tinha era comprar 5 ou 6 revistas por mês. Era dahora!
E sim, de vez em quando a Abril dava umas vaciladas e uma página vinha de cabeça pra baixo, ou alguma página vinha faltando e era colocada na edição do próximo mês junto a um pedido de desculpas, enfim, era o que tínhamos e era maravilhoso. Hoje em dia nós temos os mais diversos tipos de encadernados e um monte de gente que chora por nada. Capa cartão, capa dura, capa metálica, capa 3D, lombada quadrada, lombada circular, edição pocket, edição de luxo, edição de colecionador… Meu Deus, é uma frescurada sem fim.
“Onde este gordo idiota quer chegar com isso?”, você está se perguntando neste momento. Não quero chegar a lugar algum, só quero reclamar. É isso que nós, velhos, fazemos, reclamamos dos jovens reclamões. Recentemente a Salvat lançou uma coleção mais ou menos do balacobaco da Marvel. Histórias incríveis foram lançadas nessa coleção, como os dois primeiros arcos de Surpreendente X-Men, roteirizados por Joss Whedon, E de Extinção, escrita por Grant Morrison, A Queda de Murdock, de Frank Miller e Marvels, de Kurt Busiek e Alex Ross, entre outras grandes obras que qualquer fã de quadrinho não pensaria duas vezes antes de vender o próprio rim para compra-las. Mas não os ostentadores de quadrinhos. Eles não queriam essas histórias, não senhor! As histórias não são nada, o valor das histórias é que são tudo. Mas quem futuramente compraria estas raríssimas edições com a lombada torta?
“Sim, a lombada está torta, não quero esse lixo de história com a lombada torta. A primeira página, que nada mais é do que os créditos dos artistas envolvidos da revista, está de cabeça pra baixo. Eu não quero esta porcaria com a primeira página completamente irrelevante de cabeça para baixo. Como vou tirar fotos e ostentar nos grupinhos do Facebook com estas lombadas tortas?” Ah, meu amigo, faça-me o favor!
Ter quadrinhos é legal, não lê-los e guarda-los em saquinhos plásticos especiais é mais legal ainda. Colecionar HQs virou o novo colecionar brindes da Elma Chips. Falta pouco a galera bater bafinho com os encadernados. Eu fico puto, fico desgraçado da cabeça, mas como dito antes, eu sou apenas um velho mimizento!
Leia mais em: Marvel, Matérias - HQs