Quarteto Fantástico (Fantastic Four)

Cinema quinta-feira, 06 de agosto de 2015

 Quarteto Fantástico é um reboot contemporâneo do time de super-heróis tradicional da Marvel, centrado em quatro jovens desajustados que são teleportados para um universo alternativo e perigoso, que altera sua forma física de maneiras inesperadas. Com suas vidas transformadas, o time precisa aprender a aproveitar suas novas habilidades e trabalhar junto para salvar o planeta de um inimigo já conhecido por eles.

Eu não sei vocês, mas quando a sinopse de um blockbuster não tá sempre igual em diversas fontes, e mesmo no site oficial fica essa coisa vaga, já liga a luz de alerta aqui. E com a experiência que eu acumulei, essa luz de alerta não costuma ligar sem motivo. E mesmo assim eu pensei: Não, dessa vez a Fox aprendeu alguma coisa, não é possível.

Sinto informar, mas no caso do Quarteto Fantástico é possível, sim. O filme foi feito pra tentar introduzir a nova geração ao Quarteto, ou o Quarteto na nova geração, não sei. Sei que não funcionou, como um todo. Apesar da aparente modernidade [Ou talvez justamente por isso], o filme peca em coisas fundamentais.

Vamos começar pela parte boa: O Coisa não parece de borracha. Isso é um tremendo avanço em relação àquele filme de 2005, com o Capitão América Chris Evans, cês já devem imaginar a razão. E a “atribuição” de cada poder também foi um barato bem pensado. Eu inclusive só me dei conta de que o Quarteto representa os quatro elementos vendo a cena em que geral ganha os poderes: O Coisa é terra e o Johnny é fogo, por motivos óbvios. Sue é ar, também por motivos relativamente fáceis de identificar, e Reed é água, pela maleabilidade e tal. Pra chamar o Capitão Planeta só faltou coração, não é mesmo? É, foi o que faltou pro filme.

 Não tá tão parecido com o Coisa das HQs, e nesse caso isso é bom.

Em partes, eu acho que o problema se dá com o material de origem, mesmo. O Quarteto é meio datado, não consigo ver a galera fora daquele contexto de anos 50/60, welfare state e o escambau. Mas tem muita coisa que o filme cagou por pura e simples falta de atenção, ou mesmo vontade. Por exemplo, em alguns momentos os diálogos parecem ter saído de um filme institucional; não como se os personagens estivessem no seu mundo, verossímil e tudo, mas de um jeito que aparenta que eles tão explicando o paranauê pra quem tá assistindo de forma a deixar bem mastigado. Não chega a ser uma quebra da quarta parede, são só frases jogadas que quebram o ritmo do filme e não ajudam em nada. Chega a ser vergonhoso pra quem está assistindo. Pra você ter uma ideia, o Stan Lee nem aparece pra dar o ar da graça.

 “Tou me esforçando pra gostar, mas tá difícil.”

Mas o grande vilão do filme, é justamente, veja só a ironia, o vilão. Confuso isso, não? Você já vai entender. Se você tem um mínimo de noção do Quarteto, deve estar familiarizado com Victor von Doom, soberano da Latveria, um gênio que rivaliza com Reed, mas com a mente mais aberta ao místico e oculto. Ele não ganhou poderes, ele batalhou pra ter poder, seja político, tecnológico ou mágico. Praticamente uma mistura de Homem de Ferro com Doutor Estranho. Mas não, no filme ele cai num poço de meleca e retorna com poderes, no melhor estilo Obelix, mas ao invés de ter superforça, controlando energia de todo tipo. E tudo isso parecendo um boneco do Max Steel que caiu na churrasqueira.

 Essa imagem não faz jus ao grande monte de estrume que ficou no final.

Outra coisa muito interessante é que, mesmo com esse poder todo, o Doutor Destino perde pro Quarteto sabe como? Isso mesmo, tomando umas bolachas do Coisa. O que, você esperava uma tecnologia que o Reed tirasse do bolso pra resolver? Nem a pau, Juvenal. Mesmo sendo todo mundo gênio no filme [Menos o pobre Ben Grimm, que como sempre é só massa de manobra], ninguém resolve as coisas com o cérebro, é tudo na porrada.

Mas o que se poderia esperar de um filme em que um dos personagens sugere que a equipe se chame “O Tocha Humano e as Tochetes”?

Quarteto Fantástico

Fantastic Four (100 minutos – Ação)
Lançamento: EUA, 2015
Direção: Josh Trank
Roteiro: Simon Kinberg, Jeremy Slater e Josh Trank, baseados nos personagens de Stan Lee e Jack Kirby
Elenco: Miles Teller, Kate Mara, Michael B. Jordan, Jamie Bell e Toby Kebbell

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