Você sabe por que velho não joga? Parte 7 – O todo-poderoso compact disc.
Adoção das mídias digitais com grande capacidade de armazenamento
Os jogos eletrônicos definitivamente se separam em “antes do CD” e “depois do CD”. A qualidade que foi possível de atingir nas mídias digitais é absurdamente maior que a dos jogos de cartucho.
Ao compararmos duas plataformas que foram contemporâneas, Nintendo 64 e Playstation, é possível observar mais claramente o incremento na diversão trazido pela mídia em questão. Nessa época, os cartuchos já eram uma tecnologia ultrapassada e cara, de produção muito mais complexa que os compact discs. A Nintendo realmente deu um passo em falso ao continuar investindo em cartuchos, já que a superioridade dos CDs já era evidente desde o Sega CD, pouco conhecido no Brasil, mas razoavelmente difundido (para um console de transição) nos EUA e Europa.
Não era necessário olhar para os consoles, já que os computadores já apresentavam os jogos em CD, com qualidade muito superior, como Under a Killing Moon e The 7th Guest. O Sega CD já trazia jogos memoráveis, com a tecnologia que apontava a tendência do futuro. Talvez Lunar, seja o exemplo mais bem acabado: com uma ótima qualidade gráfica, paleta de cores incrível e, principalmente, o som digital. Não falo da trilha sonora (que também era muito boa), mas sim da qualidade do som que, afinal, era som de cd.
Enquanto as trilhas dos jogos de cartucho continuavam baseadas em MIDIs e sintetizadores, as trilhas dos jogos em CD podiam desfrutar de gravações originais, com som stéreo. A diferença era gritante. O mais perto que o Nintendo 64 conseguia chegar, era a digitalização de vozes e efeitos (Pokemon Stadium, Golden Eye). Enquanto isso, o Playstation apresentava trilhas inteiramente orquestradas (Final Fantasy VIII) ou gravações originais de bandas conhecidas como The Cardigans (Gran Turismo) e Blur (Fifa 98 – The Road to World Cup). Pela primeira vez, não era necessário abaixar o som da TV e ligar o aparelho de som pra ouvir um som decente durante o jogo.
Com a adoção do CD, também foi possível comprimir vários FMVs (Vídeos de tela cheia) e CGG’s (Imagens geradas em computador) nos jogos; os famosos “filminhos” quase onipresentes nos jogos atuais. Embora não melhorassem em nada a jogabilidade dos games (alguns até reclamam de parar o jogo pra ver filminho), foram uma grande adição em jogos mais longos, pois ligavam as fases ou cenários com uma história contada de um modo que realmente lembrava um filme, criando uma nova categoria de jogos, dominada basicamente pela Square (Depois Squaresoft e hoje Square Enix) em seu início, e denominada de Cinematic RPG; RPGs sem muita liberdade de ação, como se fosse um filme tocado no ritmo do jogador. Os melhores exemplos da aplicação da nova tecnologia foram Parasite Eve, Final Fantasy VIII, Resident Evil (Capcom) e Xenogears, na minha opinião.
Embora muitos não gostem de assisti-los, a experiência de imersão na história que eles proporcionam é muito maior do que a que tínhamos com os diálogos estáticos de Phantasy Star ou com as intermináveis caixas de diálogo dos RPGs do Super Nintendo. Com o avanço da tecnologia, passaram a ser mesclados de forma quase imperceptível com o próprio jogo, o que pode ser visto em Metal Gear Solid (Playstation 2), com suas transições extremamente suaves e sensação de se “jogar um filme”.
No próximo post: Espaço, a fronteira final.