20 episódios de Além da Imaginação para ver antes de morrer
Além da Imaginação não foi só uma série, foi a mais importante série de sci-fi e fantasia que já existiu. Criada por Rod Serling, um roteirista até então frustrado com os rumos da carreira e com muita bagagem, era um homem que considerava suas bandeiras ideológicas relevantes demais para não falar sobre elas. Desejava fazer algo grande que pudesse entreter e, ao mesmo tempo, abrir os olhos da sociedade americana para os rumos da humanidade. Com seu pessimismo hobbesiano, escreveu cerca de 90 dos 153 episódios. Com o total de 5 temporadas bem-sucedidas, tem como principal legado ainda ser lembrada como referência em ficção científica e fantasia mais de 50 anos depois de sua criação, graças a seus plot twists e originalidade. A característica principal são as narrações no início (Que serão, no caso, as legendas das fotos. Em inglês, porque se for traduzir o texto não sai. Desculpem pelo vacilo) e no fim de cada episódio, feitas pessoalmente por Serling, com observações sobre o destino de seus personagens.
As histórias abordavam, em geral (Mas nem sempre), temas políticos e sociais muito comuns da América, como racismo, Guerra Fria, pena capital, desvalorização da educação. O atual e imoral era travestido de futurismos para escapar da censura, mas não lhes faltava precisão. Revolução das máquinas, o culto extremo à beleza e aquecimento global entraram na roda, quase profeticamente. Não à toa muitos filmes e séries literalmente chupinharam seus argumentos de algumas das histórias de Twilight Zone.
Se juntaram ao seu sonho nomes como Richard Matheson, autor do best seller Eu sou a Lenda e Charles Beaumont, prolífico roteirista de cinema e TV. O próprio Serling trabalhou nos bastidores de grandes obras do cinema, como Planeta dos Macacos e O Presidente Negro. Depois de sua morte, lançaram o filme Twilight Zone, em homenagem às histórias que inspiraram a carreira dos diretores Steven Spielberg, John Landis, Joe Dante e George Miller, o remake da década de 80, que conta com uma ótima primeira temporada, e a péssima versão de 2002. Ainda em 2017, a CBS deve transformar o clássico em um crossover de filme com jogo. Confesso que não entendi muito direito, mas pode ser promissor.
Ou seja: É um must see e já foi até citado aqui no Bacon. Esse post deveria se chamar 150 episódios de Além da Imaginação para ver antes de morrer, porque a obra fala por si só, mas ia ser o texto mais preguiçoso da história e Rod Serling merece mais que isso. Segue o barco, pega essa listinha e vai fazer o dever de casa. A jornada vale a pena.
20. The New Exhibit
Quando esse episódio foi lançado, em 1964, já havia um certo desgaste da série em relação à emissora. A quarta temporada foi a única com programas de 1 hora de duração e é considerada pelos fãs (E eu concordo) a mais fraca. Mas essa história se destaca por ser uma das poucas de terror. Apesar de tratar do sobrenatural, Além da Imaginação tinha um viés mais futurista, com os olhos atentos à ficção científica.
The New Exhibit conta a história de Martin Senescu (Martin Balsam), homem apaixonado por seu trabalho em um museu de cera já decadente e com poucos atrativos ao público. Quando o local fecha, ele monta toda uma estrutura no porão de sua casa para manter seus bonecos favoritos, réplicas de assassinos famosos como Jack, o Estripador, Albert Hicks, Henri Désiré Landru, William Burke e William Hare. Completamente sugado pela função de cuidar das figuras, ignora os fenômenos bizarros que acontecem debaixo do próprio nariz. Além da boa narrativa, a vibe gótica e a personalidade obsessiva do protagonista contribuem pros pelinhos do pescoço se arrepiarem todos.
19. Escape Clause
Walter Bedeker (David Wayne) é um homem egocêntrico e hipocondríaco que vive para seu medo de morrer. Sua vida é ficar deitado na cama, mandando e desmandando na esposa, maltratando médicos e reclamando dos sintomas de doenças imaginárias. Tudo muda quando ele conhece o sr. Cadwallader (Thomas Gomez) que lhe oferece, em troca da alma, um contrato de imortalidade. Nele, consta uma cláusula de escape, caso Bedeker não tolere a monotonia de viver para sempre.
Inconsequente, o excêntrico imortal ultrapassa todos os limites éticos, morais e sociais na sua descoberta pela vida que nunca teve coragem de viver, mas paga um preço caro por sua ambição e anseios.
18. Five Characters in Search of an Exit
Esse episódio é completamente fora da curva, diferente de tudo o que já foi escrito para Além da Imaginação. Conta a história de cinco personagens distintos. Em profissão, caráter e ótica sobre a vida. Possuem em comum apenas dúvidas: O que é esse buraco negro em que se encontram e como foram parar lá?
Não há muito o que eu possa falar sobre ele, senão entrego a faca, o queijo e todos os spoilers que vocês odeiam ler. Só aviso que o final kinda parte seu coração todinho.
17. Number 12 Looks Just Like You
Em uma sociedade futurista, após os 18 anos, todos devem passar por um processo chamado “A Transformação”, que consiste em escolher uma dos corpos pré moldados para substituir o de nascença. Marilyn Cuberle (Suzy Parker) está prestes a passar pelo procedimento, mas não o aceita. Não admite que ser roboticamente igual a todos seja a única forma de viver em sociedade e que o padrão imposto seja a única forma aceita de beleza.
A jovem reage como pode, contra amigos e família, para sustentar sua personalidade. Mas nada disso importa em um mundo como o dela. Importa em um mundo como o nosso? Esse é um daqueles episódios que chamo de proféticos e que me tocam profundamente pela proximidade. Salvo as questões tecnológicas, vivemos em uma sociedade que busca cada vez mais homogeneidade, perfeição e bumbum na nuca. Gabriela Pugliesi gostaria muito de lá também.
16. It’s a Good Life
Outro dos episódios assustadores de Além da Imaginação, é considerado um dos melhores pela crítica. Anthony Freemont (Bill Mumy) é um menino de 6 anos de idade, que vive em uma cidadezinha bem isolada em Ohio. Rodeado de amigos da família e de seus pais, o mundo gira em torno de suas vontades e carências, porque por trás de sua aparente teimosia, existem poderes sobrenaturais que regem tudo e todos.
Apesar da narrativa simples, o clima de tensão é constante. Todos endurecidos, emudecidos e ensurdecidos pela fala e os desmandos de um menino que tem o mundo nas mãos. Vítimas do medo, do que pode acontecer quando se desafia o poder.
15. A Piano in the House
Muitas pessoas comentam sobre como Twilight Zone nunca abordou a violência contra a mulher. Mas sim. Nesse episódio, o desprezível Fitzgerald Fortune (Barry Morse) é um homenzinho nojento, que parece ter prazer em infligir dor. Seu objeto favorito? A bela e jovem esposa, Esther (Joan Hackett) que um dia se casara pela admiração que sentia pelo marido e, hoje, tudo o que sente é asco.
Sabendo que a mulher não tem talento para música, Fitzgerald compra um piano só para humilhá-la. Um piano elétrico. O que ele não espera é que o repertório do instrumento irá revelar sua mais sombria e profunda face.
14. Walking Distance
Martin Sloan (Gig Young) é um executivo que vive do trabalho. E para o trabalho. A caminho de mais uma de suas viagens, para em um posto de gasolina próximo à sua cidade natal. Curioso para ver como estão as coisas, anda até a sua cidadezinha e se depara com o passado, ao se reconhecer em um menino no carrossel. Esse estranho reencontro com sua versão jovem e inocente traz importantes reflexões e memórias que Sloan havia abandonado tempos atrás.
Poder voltar à infância? Querido, esse é o MEU SONHO. Walking Distance mexe comigo no maior grau possível. Nado em lágrimas de angústia, viro a Maria do Bairro. Uma delícia!
13. A Game of Pool
Jesse Cardiff (Jack Klugman) é um homem consumido pela inveja de alguém que já morreu. Não satisfeito em ser o melhor jogador de bilhar vivo, deseja com todas as suas forças uma chance de competir com James Howard Brown (Jonathan Winters), detentor do título até morrer 15 anos antes. Como em Além da Imaginação os desejos se materializam, os dois têm a oportunidade de fazer uma partida para definir quem é o melhor. Mas o prêmio não é exatamente o que Cardiff esperava.
É um dos episódios mais bem humorados de todas as temporadas e também dos mais agradáveis de se assistir. Especialmente para quem, como eu, curte umas jogatinas.
12. The Shelter
Bill Stockton (Larry Gates) vive confortavelmente em um subúrbio americano, tem amigos, uma família que ama e um abrigo antibombas, com comida estocada e espaço restrito para ele, mulher e filhos. Just in case. Durante a comemoração de seu aniversário, seus medos se tornam realidade quando é acionado um alarme avisando que um ataque nuclear está prestes a acontecer. Apavorado, se esconde em seu refúgio, até então seguro, mas passa a ser atacado pelos vizinhos, que também necessitam de proteção.
Stockton, um homem bom, proeminente na sociedade, vê sua vida ameaçada pela mão de seus próprios amigos, movidos pela histeria coletiva, cegos de pavor e desprovidos de empatia. É uma forte crítica de Serling sobre os mitos que rondavam a Guerra Fria e boatos que apavoravam o povo americano.
11. Time Enough at Last
Quando Além da Imaginação passava na TV, se não me engano no canal USA, reprisavam esse episódio num grau que eu cheguei a decorar as falas e mal tinha completado 10 anos. Ele conta a história de Henry Beamis (Burgess Meredith), um homem que não queria nada além de tempo para seu hobby favorito: O rosa ler. Após se esconder dentro de um cofre para devorar seus livros durante o horário de almoço e sobreviver a um acidente nuclear, ele se vê sozinho na Terra, com tempo de sobra para si. Mas será que só o tempo é o bastante?
É um dos mais famosos episódios, um mindfuck sem fim e Burgess Meredith oferecendo a melhor atuação possível. Ele era incrível.
09. Nightmare at 20.000 ft.
Protagonizado por William Shatner, esse clássico foi ao ar em 1963. Bob Wilson é um homem que recentemente saiu de uma clínica psiquiátrica e está voltando para casa, de avião, ao lado da esposa. A viagem desanda quando ele vê um gremlin tentando danificar a asa e a turbina da aeronave. Desesperado, tenta a todo custo ganhar a atenção do staff e da mulher, que fica alarmada ao pensar que ele terá que voltar a ser internado, já que apenas ele é capaz de ver o monstro.
Apesar da produção rustica, apavorou milhares de americanos. E a mim que, desde que assisti pela primeira vez, não suporto a ideia de viajar de avião. Outros episódios abordam o drama, como The Odyssey of the Flight 33, sobre um avião que se perde nas dimensões entre passado e futuro e Twenty-Two, sobre uma dançarina que se interna sob forte estresse em uma clínica psiquiátrica e tem sonhos recorrentes com uma sala de necrotério, cujo número é 22. Quando é liberada da internação para voltar às atividades normais, a vemos em um aeroporto. Seu voo? 22. Eu não vou contar o final, mas é o suficiente pra dizer que Rod Serling e a equipe de roteiristas de Twilight Zone também não gostavam de voar.
08. The Trade-Ins
Em uma sociedade onde a imortalidade está ao alcance de seus dólares, conhecemos o doce casal John (Joseph Schildkraut) e Marie Holt (Alma Platt). Um amor de toda uma vida que fica abalado quando a doença do marido se agrava. Preocupados, procuram um especialista na tecnologia de trocar de corpos. O mesmo cérebro, ideias, sentimentos, mas em um corpo mais jovem, bonito e saudável. Eles ficam encantados com a ideia, especialmente de prolongar o tempo juntos, mas, ao fazerem as contas, descobrem que eles só tem metade da quantia necessária e que apenas um deles poderá passar pelo procedimento.
É um dos episódios mais bonitos, de uma história de amor atípica e honesta. Plus: Eu já falei como eles são fofos?
07. Shadow Play
Esse é outro mindfuck do caralho. Um dos melhores roteiros do programa disparado, com uma execução impecável e um final destruidor. Com certeza foi daí que chupinharam a ideia de Inception.
Adam Grant (Dennis Weaver) é um homem condenado a morte por um crime que afirma não ter cometido. Sua defesa? A de que o mundo em que vivem, a história de cada um, é apenas um sonho. Um pesadelo no qual ele está fadado a viver noite após noite. Ele tenta a convencer a todos sobre as inconsistências em relação à realidade, que provariam que tudo é ilusão, mas não tem sucesso.
Quando perguntado sobre o tal do medo de morrer, já que é tudo um sonho, ele desabafa: Eu só queria ter uma boa noite de sono. Acordo todas as manhãs gritando. Justo, sr. Adam Grant. entendemos o drama mas, em sua dimensão, teremos que indeferir seu pedido.
Eu não posso contar mais nada, mas assistam. Assistam. ASSISTAM! Saiam da sua zona de conforto e ASSISTAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAM. Sério. Não desistam de mim.
06. People are Alike All Over
Sam Conrad (Roddy McDowall) e Warren Marcusson (Paul Comi) são dois astronautas rumo à Marte. Na chegada ao planeta vermelho, eles sofrem um acidente e Marcusson morre, deixando Conrad sozinho.
Ouvindo barulhos próximos à nave e lutando contra seus medos, o sobrevivente resolve sair pra ver qual é a do planeta e se depara com diversos humanoides olhando, espantados, para ele. Hospitaleiros, os marcianos reproduzem o design de uma casa terrestre para o visitante morar, até que o astronauta consiga consertar sua nave. Conrad se sente confortável no planeta, até descobrir as reais intenções dos anfitriões.
Os paralelos com a “vida real” são muito interessantes e agregam o que há de pior na essência do ser humano e de que somos, sim, iguais em todo o lugar. A diferença está em quem está por cima e quem está por baixo. Case in point, é redundante dizer que é maravilhoso.
05. Long Distance Call
Esse é mais um da coleção de histórias de terror de Além da Imaginação. Achei, inclusive, algumas cenas ousadas para a época. Talvez sejamos mais atrasados do que a geração de nossos pais/avós. Não sei a idade de vocês e não quero denunciar a minha.
Billy (Bill Mumy) é um menino muito apegado a sua avó e, quando ela morre, não larga o último presente que ganhou dela em seu aniversário: Um telefone de madeira. “Para nunca perderem contato”, disse a senhora em seu último suspiro, no leito de morte.
O que antes parecia inofensivo, começa a se tornar preocupante quando os pais percebem a mudança de comportamento do filho, que passa intermináveis horas ao telefone, falando sozinho, trocando ideia com a morta. As coisas se agravam quando Billy, deliberadamente, se joga na frente de um carro e cai na piscina sem saber nadar, na clara intenção de morrer também. O desenrolar é bem creepy e mostra uma relação que é tudo, menos saudável, entre a criança e sua avó.
E sim: A CBS permitiu cenas de tentativas de suicídio de uma criança. Se isso não é vanguarda, meu amigo, eu não sei o que é.
04. Eye of the Beholder/Private World of Darkness
Esse é o episódio mais famoso da série, empatadinho com Time Enough at Last. Conta a história de Janet Tyler (Maxine Stuart), uma mulher que já passou por 11 cirurgias plásticas para se adequar a um mundo que não aceita pessoas feias. Vista como anormal pela sociedade, ouvimos isso da boca dos médicos e enfermeiras, essa é a última tentativa de embelezamento autorizada pelo governo. Se não funcionar, ela será afastada em uma espécie de quarentena eterna para pessoas que, como ela, também são – fisicamente – inadequadas.
Vemos Janet angustiada, com bandagens no rosto, assustada com o destino que a aguarda, sendo amparada pelos funcionários do hospital que se compadecem. Ela só queria ser normal, estar dentro dos padrões, poder levar uma vida pacata, constituir família e não ser apontada na rua por sua aparência. Soa familiar? Pois é, pra mim também.
Escrito por Serling em 1960, foi muito bem filmado e o plot twist é um tapa na cara. Um close mais que certo. Sua exibição original promoveu um burburinho e inspirou uma serie de outros programas ao longo dos últimos 50 anos.
Inclusive, até alguns uns meses atrás, eu tinha uma coleção de post-its com coisas bacanas que me diziam, sobre mim, insights sobre a vida ou qualquer outra coisa positiva, mas comecei a achar tantas inconsistências nos discursos que resolvi jogar tudo fora. Tudo, menos a narração final de Eye of the Beholder. Só pra ter noção do tiro que é. Mesmo.
03. A Stop at Willoughby
Gart Williams (James Daly) é um executivo em uma grande companhia nova-iorquina. Pressionado por seu chefe após ser “furado” por um colega e perder uma conta importante da empresa, tira cochilos esporádicos no trem de volta pra casa onde, diga-se de passagem, a situação não é menos estressante.
No caminho, ele passa por uma estação que nunca havia reparado antes: Willoughby. A estética da estação de trem, típica do século 19, aguça a curiosidade do executivo e ele fica encantado, mas percebe que há algo de errado quando um calendário indica que estão em 1888. Ainda assim, Williams fica obcecado com a cidade, que é descrita como um lugar tranquilo, onde um homem pode diminuir o ritmo e descansar.
Depois de enfrentar mais estresses no trabalho e com a esposa, ele decide que, na próxima vez que passar por Willoughby, saltará do trem e ficará por lá. Ele só não sabe o significado disso… Ainda.
02. The Monsters are Due on Maple Street
Outro episódio bastante crítico sobre o período da Guerra Fria, mostra uma bela rua do subúrbio americano – Maple Street – com pessoas alegres e crianças brincando. A realização do sonho americano. O terror começa quando uma sombra, seguida por um barulho, passa pela vizinhança e eles reparam que não há energia elétrica, que as máquinas, carros, telefones param de funcionar e cada vez mais fenômenos estranhos começam a acontecer.
O pânico se instala e alguns homens se reúnem para ver se há algo de errado nas ruas próximas. Tommy (Jan Handzlik), uma das crianças, pede que eles fiquem, dizendo que já viu algo parecido em uma de suas revisas em quadrinho. Na história, uma família de alienígenas se instala em uma cidade, disfarçados de humanos, para estudar o comportamento humano e dominar o planeta.
A partir daí, ignorando a lógica e seguindo suas paranoias, os vizinhos começam a apontar os hábitos esquisitos uns dos outros, defendendo as próprias identidades, enquanto desconfiam dos amigos. É tudo tão intenso, que só posso classificar como uma mistura de DNA do Ratinho com Casos de Família. Parece que vivemos em uma grande Maple Street até hoje, afinal de contas.
01. Obsolete Man
Com uma narração inicial profética e mais uma grande atuação de Burgess Meredith, conhecemos o sr. Romney Wordsworth (Trocadilho para “palavras importam”), bibliotecário impedido de exercer a profissão, pois a literatura, nesse universo distópico, mas não tão longe do nosso, é considerada obsoleta. Homem de virtudes, não se curva ao Estado e se recusa a negar sua paixão por livros, seu trabalho e sua religião.
Por desafiar o sistema e manter suas convicções diante da mais alta cúpula do poder, é considerado um ser humano obsoleto e, por ser um fardo, é condenado a morte. A forma é escolhida pelo próprio. Ele então decide que sua execução será televisionada, ao vivo, dentro de seu apartamento, que explodirá no horário combinado.
O que soa como um exemplo do Governo para acuar ainda mais uma sociedade já destituída de paixões e livre arbítrio, sai do controle. Pois dentro de seu apartamento, Wordsworth dita as próprias regras e exerce seu senso de justiça, sob vigilância, mas não interferência, de um Estado atônito.
Eu não coloquei vídeo para nenhum dos outros episódios, mas esse merece um teaser, pelo trabalho incrível de Fritz Weaver – que interpreta o Chanceler – e também de Meredith que pode ser visto em outra antologia de ficção científica, Tales of Tomorrow, e em Rocky I, Rocky II e Rocky III.
O questionamento que fica, no fim das contas, é: Até que ponto estamos tão longe do que consideramos fantástico, ficção, improvável ou impossível? Do que disseram Isaac Asimov, Arthur C. Clarke, Aldous Huxley e George Orwell sobre a deterioração da humanidade? E por que não alçar Rod Serling ao status de gênio como os outros? Ele usou como ferramenta de trabalho um meio de comunicação em massa, dominado pela censura, para dialogar com o público e gerar discussões políticas, ideológicas e sociais não apenas na época, mas 56 anos depois. E sua obra, em essência, está mais moderna do que nunca.
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