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Televisão quarta-feira, 29 de março de 2017

Por que caralhos a Netflix funciona? Quer dizer, qual a vantagem?

Por acaso alguém com menos de 50 ainda lembra disso?

Quem é pirralho sebento com certeza se lembra dos primeiros anos do Steam: Um programa pesado, tosco, desnecessário e chato, que te obrigava a ter mais trabalho antes de conseguir jogar aquele CS maroto. O Steam era um pé no saco não só porque não fazia nada bem, mas porque tornava sua vida mais difícil; vale lembrar que, na época, o Steam estava muito longe de ser oficial no Brasil e que e-commerce era uma aposta incerta a cada transação. O tempo passou e cá estamos, quase vinte anos dentro do século XXI: Enquanto que tudo que é jogo continua sendo pirateado, plataformas próprias como o Steam, Origin, PlayStation Store e a Xbox Live se tornaram o padrão pra muita gente.

E isso não rola só com o videogames. Amazon, Scribd, iTunes Store, Spotify, Google Play: De livros à aplicativos, álbuns à revistas. Em algum momento da história recente a prática de medidas de controle de direitos autorais (Ou qualquer outro nome que você queira chamar) voltou com toda força, e mais incrível ainda, usando a internet para isso. Deixando de lado o debate acerca de quem merece ser pago pelo quê, o fato é que muita, muita gente, de uns anos pra cá, topou usar serviços e plataformas “oficiais” para seu entretenimento.

Chame de arte, de trabalho, de crítica ou de ferramenta, o fato é que, antes de tudo isso, jogos, livros, música, filmes e todo o resto são entretenimento: O que você joga, lê, ouve e assiste pra passar um tempo se divertindo do lado de dentro. E entretenimento tem um preço… Certo?

 Eu muito provavelmente passei mais tempo do que deveria fazendo esta imagem.

Eu não tô falando que todo mundo deveria baixar tudo e foda-se, porque afinal de contas isso não sustenta ninguém, e o bagulho desanda pra galera que faz do entretenimento seu trabalho. Por outro lado, é também um fato de que a internet tá aí e, tirando o que você paga pela sua conexão, você tem acesso ao trabalho dessa gente toda virtualmente de graça. De novo, eu não quero entrar nos méritos, mas o que vem à seguir está intimamente ligada à essa questão:

Por que caralhos alguém pagaria a Netflix, cara? Acompanha só:

Velocidade do serviço?

Não, a internet faz melhor.

Acesso ao conteúdo?

Não, a internet faz melhor, apesar dos esforços constantes para mudar isso.

Qualidade técnico (Full HD, 4K, etc.) do conteúdo?

Não, afinal seja através do distribuidor oficial ou não, o conteúdo é o mesmo e portanto ambos se igualam, e caso você não opte por um plano completo, a vitória ainda é da internet.

Preço?

Não, a internet faz melhor, afinal de graça é mais barato que pago.

Quantidade de conteúdo disponível (Catálogo)?

Não, a internet faz melhor, afinal é parte do modo como a Netflix trabalha que seu catálogo seja constantemente mudado, perdendo conteúdo “antigo” em favor de conteúdo “novo”.

Conteúdo próprio e/ou exclusivo?

Não, a internet faz melhor, não só porque a internet consegue facilmente distribuir esse mesmo conteúdo, mas o faz de graça e não se limita aos países e territórios em que a Netflix e seus semelhantes não atendem.

Qualidade e velocidade na adaptação/localização pra cada território?

Não, a internet faz melhor e mais rápido já que conta com a “comunidade” pra isso, não um grupo/time/empresa pra tal, não tendo a burocracia e nem exigências dos chefes/contratantes/etc.


Eu juro por deus que não sei a vantagem da Netflix, Hulu, Amazon Video, Google Play, HBO Go, Telecine Play. Sei lá, fala qualquer outro aí que entra na lista também. Pelo menos os que são de redes/canais de TV vem “grátis” quando você assina o pacote de canais, mas cara, os outros são à parte. Não é nem o motivo pelo qual eu não uso Netflix (Juro que falo disso qualquer dia), mas alguém me diz, sinceramente, qual a motivação pra pagar Netflix?

Eu tenho duas hipóteses pra isso.

Porque é fácil

Na boa? Tá lá o aplicativo, seja direto na sua TV, computador, videogame ou celular, cê abre e pronto. Não tem buscador, não tem pesquisa, não tem ver se tiraram do ar, não tem nada disso: Abriu, achou. Isto não é uma reclamação, afinal eu sou preguiçoso pra caralho e entendo perfeitamente o saco que é buscar um site qualquer na internet que tenha o que você quer, sem precisar desviar de link suspeito, fechar a quinta aba em seguida porque “legendado” é aparentemente sinônimo de dublado, ou ainda porque tava tudo muito bem mas “esse conteúdo não está disponível no seu país”.

Tudo que você precisa fazer é jogar uns temers pro alto e aproveitar o fato de que, quando você der play, você não vai ter problema nenhum isto é, se você não for cliente NET.

Porque entretenimento não é de graça

Tem alguma coisa de redentora na noção de que você pode pagar um preço relativamente baixo e ter, até certo ponto, “tudo que você quiser”. Tudo bem caso você não queira comprar cada box de série, ir ao cinema ver cada filme: Por um preço muito mais em conta você assiste os treco tudo, sendo “do bem”, “fazendo sua parte”, “lutando contra a pirataria”, “valorizando a arte”.

Claro, há limitações de catálogo, de território, de acesso, de serviço e tudo mais, mas por trinta reais você tem realmente acesso à milhares e milhares de filmes, séries e documentários e pode assistir em qualquer horário, em qualquer lugar que sua internet funcione (Para sua desgraça e felicidade da sua operadora de telefone). Quer dizer, com o preço da assinatura você alugaria o que numa locadora “tradicional”? Quatro ou cinco filmes? Isso se não for lançamento.


Eu não esqueci do Steam: Bem ou mal, a Valve (E os outros) investiram e investem em formar uma comunidade em suas plataformas. Sim, ainda é uma forma de impedir a pirataria e controlar como os clientes utilizam os produtos (Jogos) em questão, mas você, ao comprar pelo Steam, tem acesso prático à fóruns de debate, walkthroughs, dicas, achievements, resenhas, indicações, eventos ao vivo, grupos. Você pode escolher pagar por jogos em desenvolvimento e “ajudar a melhorá-lo” ou pode ainda escolher qual jogo você quer ver na plataforma em seguida: O Steam se esforça em criar ao seu redor (E de seus clientes) toda uma “área de escape” que sirva de suporte pra quem escolhe usá-lo. É uma necessidade prática? Na real, não, mas é uma facilidade, um bônus que acaba por influenciar e definir como você usa o Steam.

A Netflix não faz nada. Nenhum desses serviços faz. Literalmente a base da “comunidade” Netflix é pagar pela Netflix. É economicamente genial, mas que bela merda ein.

As plataformas de jogos te dão algo em troca por aceitar pagar pelos seus serviços. Não é exagero: Essa gente toda trabalha e usa a internet todo dia, eles sabem muito bem que tudo que eles oferecem em termos de jogos tem de graça na internet, sem login, sem informações pessoas, sem comprar DLC. Ao usar o Steam você tem o extra de poder usar a comunidade e seus recursos como vantagem contra a pirataria. A Netflix não te dá nada. A internet funciona melhor em todas as etapas processo, te entregando o mesmo conteúdo por um preço infinitamente menor: Zero.

Na Netflix você paga pra reduzir seu trabalho de cinco minutos pra trinta segundos e pra se sentir melhor consigo mesmo. Mas eu aposto que você gasta esses quatro minutos e meio de forma tão irrelevante quanto gastaria no Google; e quanto ao “não dar calote em artista” pra se sentir bem? Por favor, o new age já morreu.

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