Deuses Americanos é o que há, meu irmãozinho

Televisão quarta-feira, 17 de maio de 2017

Neil Gaiman é um dos pouco escritores com livros páporra que eu realmente gosto. E quando digo que gosto é porque eu gosto mesmo, do tipo que lê qualquer coisa que o cara escreve e pouquíssimas vezes me decepciono e mesmo quando me decepciono é com algo fantasticamente bom. Lembram dos meus problemas com expectativas? Então. A verdade é que diferente da grande maioria, que conheceu Gaiman por Sandman, eu conheci por Deuses Americanos. Sim, numa época longínqua, onde eu mal sabia o que era internet, nunca tinha tocado num computador e toda informação nerd que eu podia receber vinha através de revistas nerds que eu lia de graça na banca de jornal do bairro, acabei lendo uma matéria sobre um escritor britânico que só veste preto e estava divulgando seu novo livro, Deuses Americanos. Sim, bastou uma entrevista e uma sinopse de Deuses Americanos pra eu me tornar essa putinha do Gaiman.

E apesar de ter conhecido Neil Gaiman por causa de Deuses Americanos, ou melhor, por uma entrevista sobre Deuses Americanos, eu só fui ler o livro recentemente. Um puta livro, diga-se de passagem, que está sendo adaptado para uma série pelo canal Starz, que também tá fazendo um puta dum trabalho foda. Pra quem não sabe, Deuses Americanos acompanha a “road trip” do ex-presidiário Shadow, que tem um dos piores dias de sua vida quando é solto e conhece Mr. Wednesday, um tiozinho meio porra louca que pretende se vingar dos novos deuses, Mídia, Internet, Cartão de Crédito e outras coisas que adoramos hoje em dia.

Pra derrotar esses novos deuses, que são muito poderosos, Mr. Wednesday passa a recrutar o maior número possível de deuses antigos pra começar uma guerra e tentar retomar seu status no panteão. Em meio a toda essa aventura, temos também trechos do livro que contam como os deuses e criaturas de outras terras chegaram até a América, através dos diversos povos que lá vivem. A série vem fazendo um ótimo trabalho em mostrar isso também, já que todo episódio começa contando a história de um estrangeiro que chegou na América ainda apegado a sua antiga cultura. Com destaque pro segundo episódio e o discurso foda de Mr. Nancy em um navio negreiro.

Esta é Bilquis. E não, ela não está sentada nesse homenzinho.

Porém, confesso que se talvez não tivesse lido o livro e não tivesse noção do que está acontecendo ali, a série talvez fosse confusa demais pra ser acompanhada. O que eu quero dizer é que apesar de muito bem feita, a série não é muito explicativa pra quem não tem a menor noção do que está assistindo. Não está claro o suficiente que Mr. Wednesday é um deus antigo reunindo deuses antigos pra batalhar contra os novos deuses. Talvez isso faça parte do suspense da série, de querer deixar esse ar de loucura sobre o personagem. Há realmente algo místico nisso ou Mr. Wednesday é apenas um louco aproveitando-se de um homem que passou muito tempo isolado da sociedade?

Sinto que diferente da maioria das séries adaptadas por aí, Deuses Americanos não se importa muito com o novo público e está mais focada nos fãs do livro. O que pra mim é ótimo e só prova que o canal Starz realmente é foda. Deuses Americanos não é um livro fácil de ser fielmente adaptado e não seria qualquer emissora/streaming que teria cu o suficiente pra mostrar as cenas da Bilquis ou do Djinn da forma como foram mostradas.

Este é o Djinn. E ele “não realiza desejos”.

Se HBO e Netflix eram garantia de séries fodas e corajosas, é hora de começarem a se reinventar, porque o canal Starz já mostrou a que veio com Ash vs Evil Dead e não tá brincando com Deuses Americanos, meu irmãozinho. Espero que mais séries desse tipo venham por aí e que as emissoras de TV saiam da zona de conforto e corram atrás do prejuízo. Sim, Dona HBO. Eu tô falando com a senhora e esses cinco spin offs de Game of Thrones que cês tão planejando aí.

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