A agonia de uma longa espera: a morte de um mito
Como comecei a falar na semana passada, agora eu termino de falar sobre esse assunto que pretendo abordar aqui mais algumas vezes, já que ele é bem extenso. Sem preguiça dessa vez.
Bom, a pior parte de uma espera é quando essa espera não tem fim. Você sabe que o livro está ali. Sabe que tem uma data de lançamento, mas, poucos dias antes de ele ser lançado, alguma merda acontece e isso tem que ser adiado. E adiado. E adiado novamente. Depois de algum tempo, ou o fã ensandecido fica louco e vai até o país do autor tirar satisfações pessoalmente com o próprio, ou resolve continuar esperando, não importa o tempo que seja…
Novamente imagino com esses autores conhecidos como deve ser isso. Normalmente não é a culpa do autor a demora dos lançamentos. Quem sabe ele já está pensando no próximo livro e essa demora nem chega a ele, tão isolado em seus trabalhos que ignora todo o mundo a sua volta. Bom, ele fica tão isolado que… bom, nunca se sabe o que pode acontecer com ele, mas se espera que ele fique vivo para terminar seja lá o que tenha começado.
Stieg Larsson é um autor que eu diria, agora, conhecido. Descobri ele por recomendação de uma pessoa, que ao se ver diante dos temas que ele abordava em seus livros, imediatamente se apaixonou pela obra. De acordo com ela: “li o primeiro livro inteiro em 3 dias, sem parar”. É, eu cheguei a ver uns trechos e tenho que dizer que o estilo dele era algo completamente cativante, da primeira até a última palavra.
Mas eu disse ali que ERA.
Esse é o principal problema, já que ele MORREU.
Stieg Larsson escreveu a trilogia Millenium, atualmente um fenômeno de vendas, com mais de 10 milhões de exemplares vendidos pelo mundo e blábláblá, toda essa bagaça de release comercial. Mas aí que está o charme da coisa. O cara era foda. O cara era bom. Escreveu uma história que tinha capacidade de se tornar algo maior. E aí… ele morre.
MORRE!
Tá, me diga uma coisa, você que gosta de um autor foda, conhecido. Me diga o que teria acontecido com você, alguns anos atrás, quando Stephen King ainda estivesse escrevendo A Torre Negra e simplesmente capotasse, babando no chão? Não vou dizer que ele possa ter morrido, mas entrado em coma num hospital, acordando depois de algum tempo sem memória nenhuma do seu passado. É claro, o seu sétimo livro estaria na cabeça, mas pode ser que ele nunca mais o conseguisse publicar…. agonizante, não?
com Stieg Larson foi praticamente a mesma coisa. Só que por algum motivo, ele conseguiu finalizar a sua trilogia e entregar ao seu editor. Se isso não tivesse acontecido, vai saber a reação de seus fãs…
Eu sou um fã da trilogia de cinco livros do guia, muitos devem saber disso. A cada livro, quando foi lançado no Brasil de novo pela editora Sextante, eu fiquei numa expectativa que nunca achei que chegaria. Sim, eu sabia que o autor tinha morrido. Sim, também sabia quantos livros tinham ao total e tudo o mais. Mas mesmo assim, eu queria ler aquilo tudo, como fiz, e faço até hoje.
Sei que o autor morreu, mas também sei que seus livros tem uma abertura gigante para outras histórias. Nunca fui atrás de fanfics sobre o guia, nem sei se existem, mas o caso é que, quando vi a noticia do sexto volume, fiquei eufórico.
Sim, sexto volume. Eu ia escrever algo sobre aqui, uma noticia do mundo da literatura, finalmente! Só não escrevi porque ela me pareceu…. triste, no fim das contas. O sexto livro será escrito por Eoin Colfer. Nada conheço dele, mas a idéia que alguém que não seja Douglas Adams escrevendo a série não me agradou muito. Mas como grande fã da série, vou ler o livro e VOU reclamar se ele estiver ruim. Aqui está o link da noticia para conferirem o que eu disse.
E no mais, é isso. Que o autor de alguma série inacabada não encontre seu fim antes de terminar a maldita. E que isso seja como um seguro de vida, o tornando para sempre imortal, alheio a mudanças do tempo. E que Nora Roberts termine de escrever todas as séries dela um dia.