A arte imita a vida
Em 1929, Georges Prosper Remi criou um dos personagens mais cativantes dos quadrinhos europeus. E recentemente, enquanto navegava pela net descobri que a pessoa que serviu de inspiração para a criação das primeiras histórias desse personagem veio a falecer com quase 100 anos.
Isso demonstra o quão tênue pode ser a linha entre a realidade e a ficção, já que é comum vermos a arte imitar a vida e também, algumas vezes, a vida imitar a arte.
Então chega de enrolação, pois se você ainda não percebeu estou falando de Hergé e seu personagem Tintim. Quando em 1929 o belga Remi resolveu criar o jovem repórter aventureiro, ele baseou-se na história de vida do ator dinamarquês Palle Huld, que morreu no final de novembro.
Tudo começou quando Huld venceu um concurso organizado por um jornal em 1928, que escolheu um adolescente para ser repórter e viajar pelo mundo. Desta forma, com apenas 15 anos, e muito antes de se tornar ator, Huld alcançou a fama viajando e fazendo reportagens sobre os França, Inglaterra, EUA, Japão, Rússia e Alemanha, e ao retornar para a Dinamarca foi recepcionado por mais de 22 mil pessoas.
Assim, reza a lenda que Hergé, ao ouvir a história do garoto, resolveu criar Tintim, um personagem que ao longo dos anos caiu no gosto dos leitores de quadrinhos, além de “migrar” para outras mídias, como a TV e jogos.
Ao longo de seus quase 50 anos de publicações, já que Hergé criou histórias de Tintim até sua morte, em 1983, é possível ver que o personagem evoluiu e se tornou mais maduro. Isso porque suas histórias variam nesse período desde casos de investigação criminosa até conspirações políticas.
É claro que nestes casos de conspirações políticas é possível ver as críticas de Hergé com relação a sociedade, já que é comum perceber em suas histórias um sentimento colonialista e eurocêntrico nas suas primeiras histórias e, posteriormente, esse sentimento muda completamente de forma que o personagem passe a lutar pela independências dos países colonizados.
E mais do que isso, Tintim nos leva a aventuras que retratam as épocas em que foram escritas, muitas vezes servindo de paradigma histórico da relação social e política do mundo neste período.
Nas suas histórias também temos uma boa dose de humor, através de personagens pitorescos como o Capitão Haddock, o Professor Girassol, os policiais Dupond e Dupont, que apesar de parecerem irmãos gêmeos, não possuem nenhuma ligação familiar e, é claro, o fiel e inseparável companheiro de Tintim, o cão Milu.
Ao todo, Tintim teve 24 álbuns publicados, além de alguns projetos inacabados de Hergé, mas de todas as formas conquistou vários fãs ao longo de seus 50 anos, sendo traduzidos para cerca de 50 línguas diferentes.
Quanto ao ator Palle Huld, não sei muito sobre sua vida, mas segundo as informações das matérias que li, o mesmo participou de mais de 40 filmes do cinema dinamarquês entre 1933 e 2000.
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