A Copa, eu e o Brasil
Então né, tá tendo Copa. Não que seja uma grande surpresa, mas é bom deixar marcado aqui (Mais uma vez) que engajamento político é a puta que pariu. E como todos sabemos, quem está na chuva é pra se molhar, então mergulhemos de vez no maior evento esportivo do mundo e no cu das senhoras suas mães.
Caso ainda não tenha dado pra notar, esta é a Copa do mimimi. Teve choro por pênalti, por falta, por gol, por gol que não foi, por gol que devia ter sido, pela abertura, pelos hinos, pelos uniformes, pela tecnologia para ajudar os árbitros e mais tudo que você puder pensar nos próximos quatro anos. E olha que só tem 3 dias de evento, sendo que estou escrevendo isto depois da vitória da França contra Honduras, e antes do (Tenho certeza) fatídico primeiro jogo da Argentina (O jogo começa em alguns minutos). A questão é que nada disso importa, porque, no fim, a coisa toda se define no gramado, pelos jogadores, e não pelos estádios, pelos torcedores e por todo e qualquer outro problema que a gringaiada tenha por aqui: A Copa do Mundo é sobre futebol, simples assim. E bem, verdade seja dita, quem ganhar, seja que time for, vai esquecer todo o resto.
O que sobra, porém, é o depois da Copa, e desta vez sobra para nós, brasileiros com muito orgulho, com muito amor. Em outras palavras, até dia 13 de julho, tá tudo bem, os problemas virão depois. Mas não, não feche a página agora talvez seja tarde pra falar isso, né, já que o texto não é sobre isso, mas sim sobre o velho e já tradicional rito copístico que muitos de nós seguimos há tanto e tanto tempo: Assistir à Copa do Mundo.
De quatro em quatro anos, o mundo para para assistir à Copa, e, aqui (Primeiro gol da Argentina, gol contra da Bósnia-Herzegovina – Tá vendo, os putos mal chegam e já tão se preparando pra se aproveitar do estilo brasileiro de jogo) no Brasil, isso significa juntar a família e/ou os amigos, sentar no sofá, fazer meia dúzia de rezas e promessas, usar todos os objetos “da sorte” possíveis e, terminantemente, ligar na Globo.
Não entremos na questão da compra dos direitos de transmissão de futebol, e nem no questionamento do humor do Tiago Leifert, e tudo bem, tem uns outros canais aí que vão transmitir os jogos também, mas a verdade é que você, e todo mundo, já está tão acostumado com a Globo que nem faz mais diferença. Aqui em casa é assim também… Mas aqui a maioria é de mulheres, então assistir os jogos significa ouvir o eterno questionamento de qual a diferença entre tiro de meta e escanteio, além dos constantes comentários acerca do jogo, quase como se fosse um extra do DVD.
E depois dessa enrolação toda, chego ao ponto que queria: Esta é a primeira Copa que estou acompanhado com certo afinco. Assisti grande parte de cada jogo até agora, bem como a maioria dos jogos já feitos, ao passo que, nos anos anteriores, via apenas os do Brasil. Infelizmente perdi o jogo da Espanha. Mas ainda assim, para mim é uma novidade, já que, admito, não ligo a mínima pra futebol. Aliás, para esclarecer as coisas e podermos seguir em frente, foda-se Messi, Cristiano Ronaldo e, principalmente, Neymar, e digo isso como bom santista não-praticante que sou.
A primeira Copa que me lembro mesmo foi a de 2002, o penta, o suposto auge da melhor Seleção do mundo, e, consequentemente, o auge do futebol mundial. A briga de levar ou não levar o Ronaldo, os mascotes toscos da Copa no Japão, a derrota da Alemanha na final e o Cafu, capitão, mais longevo jogador, tanto na Seleção quanto em Copas, levantando a taça. Já estava por aqui em 1994 e 1998, mas não lembro dessas Copas, nada, nem da derrota pra França e nem na auto-derrota da Itália.
Lembro bastante também da de 2006, a primeira em que o álbum de figurinhas foi uma coisa séria, com câmbio, roubo e tráfico em todos os intervalos entre aulas, na escola. Lembro que gostei dos estádios dessa Copa, dos nomes das cidades sede, e, claro, lembro do Thierry Henry, pela mão e pelo gol que tirou o Brasil da Copa. No fim, a Itália ganhou, e um monte de gente, aqui no Brasil, ficou de cu na mão, já que, “se a Itália ganhar em 2010 vai ser penta também”.
E 2010 veio, e na África do Sul, e felizmente a Itália não ganhou. Alguém esperava alguma coisa dessa Copa? Sinceramente me lembro bem pouco dela, mesmo sendo a mais recente. Lembro que os estádios eram bem legais também, particularmente o Mbombela (Sim, eu procurei o nome na internet), graças ao padrão de zebra nas arquibancadas. Lembro da decepção que foi o Brasil nessa Copa, com a derrota pra Holanda nas quartas de final, e da satisfação, pouco depois, de ver a Argentina sair também. E já que estamos falando de Argentina, nunca vou esquecer de uma dominada de bola do Maradona, como técnico, numa lateral, com o pé nas costas. “Parece mentira, mas é verdade, eu vi acontecer”. Lembro que assisti a final, mas não lembro do jogo, lembro só que gostei de a Alemanha não ter ganho a Copa e que, mesmo tendo o Brasil sido eliminado pela Holanda, estava torcendo por eles e não pela Espanha. Acho que a grande culpada da minha falha de memória é a vuvuzela, que apesar de não tem intensamente, parece que veio pra ficar.
Não precisa de muito pra ver que o futebol (Segundo gol da Argentina, com o Messi tesourando o próprio colega de time e este, por sua vez, deixando, porque não se garante) mudou desde 2002. A Seleção mudou, e qualquer um nesse país sabe que mudou pra pior, pelo menos até agora. E bem, o Brasil mudou, e está mudando. Não, isso não é discurso liberal otimista, é simplesmente verdade: Ainda que a mudança seja natural e constante, o Brasil de hoje é bem diferente de 2002. Culpem ou agradeçam o Lula, não importa, é um país diferente, e, daqui pra frente, as mudanças serão mais nítidas que no passado… Culpem ou agradeçam a Dilma. Tanta coisa mudou que, agora, até o Corinthians tem estádio, e mais que isso, é um dos 12 da Copa! Haja teste do sofá mas isso não é coisa do São Paulo?! E só pra constar, mudança é mudança, se pra pior ou pra melhor é detalhe.
E nesse mar de mudanças, a Copa do Mundo mudou aqui em casa e para mim. Continuo não ligando pra futebol, mas essa é a primeira Copa que posso acompanhar, e se não o faço é por escolha, não por ter prova de biologia ou por ser mais legal ir comer amora no pé (Sim, tem amora aqui em casa, morram de inveja). O que, pra mim, já foi o bolão com os coleguinhas agora é uma celebração mundial de união e representação mútua de poder e exibição alegórica de influência política bonito isso, não?. É a primeira vez que encaro uma Copa do que mais que um campeonato de futebol, mas sem esquecer que este é o objetivo principal, apesar de tudo.
Gol da Bósnia! De leve, entre as pernas do goleiro argentino.
Parágrafo à parte: Que mascote de merda essa tatu, ein? Típica coisa que é uma boa ideia, mas ficou ruim. E que nome de merda esse da bola também… Mas podia ser pior, que nem os mascotes de 2006 (Não procure, vai por mim). Acabou o jogo, 2 a 1 Argentina.
Enfim, essa é a primeira vez que posso dizer que entendo uma Copa como um todo. É a primeira vez que vou poder decidir como vou passar por essa experiência. E não, não tenho a mínima intenção de assistir alguma Copa ao vivo, mas ainda é um troço importante, por si própria, pelo antes e, principalmente, pelo depois. Esse segundo semestre de 2014 vai ser bem interessante.
Pra terminar então, sigamos a cartilha: Sim, eu acho que o Brasil vai ganhar essa Copa. Não, não é por otimismo e muito menos por vontade real de vitória, vontade de torcedor, mas simplesmente acho que vai ganhar. Acho que vai ser difícil, principalmente os jogos antes da final, mas acho que leva, e acho também que, se não levar (O que acho difícil), creio que a próxima Copa, 2018, na Rússia, é, sem dúvida, nossa. E talvez a de 2022, no Qatar, também, uma Copa que estou esperando desde 2010. E digo isso com o bom e velho espírito de “de um jeito ou de outro”, roubado ou não, comprado ou não: As apostas são as mesmas, e vou usar o clichê, acho que “essa Copa vai ser definida em campo, e não fora dele”.
E aí, quais suas apostas? O que cês botaram no bolão da família, do bar, da firma, do bairro, da escola e do ponto de ônibus? Quem ficará em terceiro? Vocês que são vagabundos o suficiente pra acompanhar tudo e, ainda mais, fazer bolão, botem aí nos comentários. Ou me xinguem. Ou xinguem a Dilma. Ou os dois. O importante é participar, já que os protestos, todos, já perderam.
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