A Imaginação
Se você é novo, tenta se lembrar daquela época que TV só passava Malhação, não que tenha mudado muito. Se tem mais do que 25, lembre do tempo em que tua mãe não tinha medo de te mandar sair na rua pra brincar com os outros. Uma época que as drogas eram aquilo que cê via nos filmes da Sessão da Tarde, que os pais de alguns personagens usavam para não aparecer em momento algum ou morrer em outra hora.
Imaginar tudo isso é fácil, considerando que algumas pessoas ainda tem base para imaginar coisas. Desde o inicio da popularização da televisão, o poder de imaginar se limitou a poucos momentos, tipo imaginar o que um casal fazia no quarto quando eles iam rindo, com cara de safados, se abraçando. Hoje em dia, nas novelas, isso nem é novidade. E o redtube também ajuda um monte.
Imaginação é um grande pré-requisito para se adentrar no mundo literário, tanto para ler quanto para se escrever. É uma grande merda começar a ler e lá pelas tantas, não ter criado uma imagem de seu personagem preferido. É claro, o autor da história tem que ajudar um bocado também. Que adianta você imaginar um personagem como um negão de uns 3 metros de altura e mais adiante acabar descobrindo que ele é um KKK?!?
Gosto de pensar naqueles personagens que pouco a pouco vão se revelando, quase como se fosse um bom strip. Começa assim, quietinho, comendo quieto e na dele, e dali a algumas páginas surge alguém que fala algo do passado dele, fazendo que a imagem que você tem dele mude um pouco. Aquele cara de casaco pode ser um matador de aluguel, em uma passado distante, quem sabe? Personagens que realmente surpreenderam e hoje em dia tem suas personas bem definidas são aqueles que se tornaram filmes. Não consigo imaginar Jason Bourne sem assimilar o ator Matt Damon a ele, mesmo o Bourne dos filmes sendo um pouquinho diferente dos livros. Acabo usando o que já elegi como bom para seguir em frente na minha imaginação.
Outro que é um FIDAPUTA e nos obriga a ter uma imagem de seu personagem já pré-definida é Hugh Laurie. O desgraçado conseguiu criar um personagem que não resta escolha, a não ser imaginar o rosto dele, tão imortalizado como o personagem Gregory House, como o protagonista do livro O Vendedor de Armas. Thomas Lang é um boca-dura sacana que tem todos os traços que todos que acompanham a série já estão acostumados a ligar ao ator/autor.
E imaginar o inimaginável é uma das premissas de Lovecraft, um autor que você, leitor que curte terror, deve conhecer. Seres colossais, situações que só vislumbrar levam pessoas a loucura, criaturas que enfrentam qualquer coisa que você considera como base de um mundo real. Só lendo pra ter uma verdadeira base desse autor.
E só pra finalizar, vou colocar aqui uma coisa que lembro que me ajudou a tomar cuidado com a imaginação. O autor? Nem me lembro, mas dado o teor da bagaça, deve ser Stephen King:
Eu estou aqui, lendo esse conto para vocês, na livraria do shopping, mas seus carros estão lá fora, no estacionamento, sozinhos, com alguém que é mal-pago para cuidar deles. Nessa cidade, existe alguém que arromba os carros e se senta no banco de trás, só aguardando o momento que o motorista (Você, sua esposa, sua filha…) entre no carro para enfiar uma lâmina bem fina entre as costelas, atingindo o coração e fazendo sua morte ser lenta e dolorosa. Só iriam encontrar seu corpo quando o estacionamento estivesse vazio e alguém fosse olhar seu carro. Agora, todos podem ir para casa.
Se for diferente disso, ignorem, foi só minha imaginação trabalhando no que eu lembrava…
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