A mania do ser humano de estragar as coisas – Ou porque continuaram com Arrested Development, que fechou tão bem na terceira temporada

Televisão sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Antes de mais nada, eu não farei uma resenha sobre a série. Caso você não a conheça, você pode se informar aqui. Esse texto se dá pela necessidade de questionar a natureza humana, e suas idiossincrasias, e talvez seja um pouco mais sério do que você estão acostumados. Eu acabo de finalizar a terceira temporada da série, e pra mim ela poderia muito bem ser encerrada ali mesmo. Não sei se isso é normal, mas não acho que tivesse algo mais pra ser contado ali; foi um arco encerrado magistralmente, a despeito de ter sido feito às pressas pra encerrar a parada.

Cês acreditaram mesmo que ia ser algo sério? Qualé, desde quando EU falo sério? Pra começar, eu nem assisti essa quarta temporada, temendo pela qualidade. Porque, como eu disse, a série terminou de forma extremamente satisfatória pra mim: Michael e seu filho George Michael dando o fora, enquanto o resto da família se fode. Exatamente como deveria ter sido no começo da série, se Michael não fosse tão cretino. Tudo bem, a parte em que o pai de Michael, George Sr., aparece no barco em que o filho e o neto estão dando o fora até deixa uma brecha pra uma continuação [Direta], mas era de se esperar que algo do tipo fosse feito, devido ao histórico de George, e principalmente pelo fato de Oscar, o irmão gêmeo de George, ter sido engambelado pra ir pra prisão por ele mais uma vez. Porque não existe camarão grátis.

Pois bem, você tem uma série, com três temporadas, que foi cancelada e mesmo assim teve um encerramento decente. Quantas vezes isso não foi visto? Muitas, poucas? Sei lá eu, tou perguntando justamente por não saber. Os atores envelhecem, os adolescentes crescem, a cronologia vai pro saco, alterações ocorrem na mente e na alma dos produtores, roteiristas, diretor e tia do cafezinho. Por mais que toda a trupe original seja reunida, o espírito não é o mesmo. Algo sempre se perde nessas coisas. E ai entra a famosa memória emotiva. As coisas antigas geralmente são lembradas com uma falsa sensação de que são melhores do que eram. Quem nunca pegou um jogo velho pensando “Cara, como eu amo esse jogo, ele é foda e vai ser sempre foda”, pra jogar quinze minutos e encerrar com um “Meh”?

Não me levem a mal, eu não estou sofrendo desse problema, já que, conforme eu acabei de citar ali no segundo primeiro parágrafo, eu acabei de ver as três primeiras temporadas. Mas você acha que todo o povo envolvido não vai ter um sentimento parecido? A série começou em 2003 e foi encerrada em 2006, é quase uma década de diferença pra quarta temporada, lançada agora em maio de 2013. Porra, é um choque ver a Maeby como uma adulta plenamente funcional nas fotos [Ok, eu não sei se ela É uma adulta plenamente funcional, ela só PARECE]. Eu ia citar o Michael Cera, mas ele claramente não cresceu, muito menos virou um adulto funcional.

 Só pra mostrar pra vocês que a Alia Shawkat tem belas… Sardas. Seus pervertidos.

Me recuso a botar a cara do Michael Cera nesse texto, inclusive. Mas divago. O elenco, como não poderia deixar de ser, não mudou muita coisa. Até a cara dos adolescentes continuou mais ou menos a mesma, sei lá. Não foi por falta de pesquisa que eu não assisti a quarta temporada, foi justamente o instinto me dizendo “Você não vai gostar do resultado” somado às críticas dizendo “Você não vai gostar do resultado MESMO”. Mas é fato que atores tem que serem muito velhos pra realmente parecerem velhos, eles não envelhecem como vocês, pessoas normais [Eu não sou uma pessoa, muito menos normal]. E, no entanto, mesmo estando parecidos com o que eram na época do seriado original, há algo de estranho, que eu não sei explicar. É tipo ver o Matt LeBlanc com aquele cabelo grisalho: Continua igual, e no entanto tá diferente pra caralho.

É algo que você, se não for um virjão, já deve ter passado: Uma ex-namorada/peguete/foda/qualquer merda dessas [Se você for mulher heterossexual, inverta o gênero, porque eu não tou nem ae] de quem você se afastou. Ai, numa ensolarada tarde de sábado, você tava no computador, já que é um nerd do caralho, e recebe uma mensagem dessa pessoa, falando qualquer coisa como “oi, ainda tem uma calça sua aqui, você quer vir buscar, e talvez tirar as que você estiver usando?”. Oras, se você não vale nada igual eu não valho, é óbvio que vai aproveitar essa oportunidade pra estar dentro da pessoa. Ou que a pessoa esteja dentro de você; mais uma vez, as suas preferências sexuais não são relevantes. O problema que se dá é outro: Vai ser estranho. Vai ter sexo? Provavelmente. Vai ser bom? Provavelmente, se não for, tem algo de errado. Mas por mais que você conheça a pessoa, já saiba como ela funciona, as piadocas que ela gosta de ouvir, se ela prefere frango assado ou anal giratório invertido, não vai ser a mesma coisa. A chama apagou, a luz acabou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? E o mesmo se dá com a série, ao meu ver. Você pode conhecer os personagens, lembrar das piadas recorrentes, a trama e tudo mais, mas a magia não é a mesma, não tem aquele toque [UI!]. E no dia seguinte, você levanta pensando: Meh.

Não tentem reviver as coisas. Não acredite nas pessoas. Porque não existe camarão grátis.

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