A Morte do Demônio – A Ascenção (Evil Dead Rise)
Confesso que quando fiquei sabendo de Evil Dead Rise, eu não fiquei muito empolgado. E isso porque tinha uma falsa impressão de que o reboot de 2013 se levava a sério demais e a chatice no meu coração gritava que Evil Dead sem Bruce Campbell era golpe. Mas felizmente eu estava errado.
Pra alguém que sempre curtiu filmes de terror, principalmente os da década de 70 e 80, eu assisti a franquia Evil Dead muito tarde. Isso não deveria ser um problema, mas foi. Em 2013, quando trailers, teasers e posters do reboot de Evil Dead estavam por todos os lados da internet, eu decidi assistir a trilogia original e o resultado não poderia ser outro. Amor à primeira vista. O problema é que quando você assiste e gosta dos filmes de Evil Dead, Ash Williams, o personagem de Bruce Campbell, torna-se uma figura muito marcante. Então, pra alguém que havia acabado de conhecer esse personagem, era estranho ver um Evil Dead sem Ash Williams.
Eu lembro que eu detestei o Evil Dead de 2013. Tinha certeza que ele se levava a sério demais e isso era um absurdo, porque Evil Dead isso, Evil Dead aquilo… Enfim. Por conta disso, quando fiquei sabendo de Evil Dead Rise, eu não me empolguei muito com o filme, já que ele também não teria o Ash. Porém, muito relutante, eu decidi rever o Evil Dead de 2013 e para surpresa minha e da minha chatice, ele não se levava a sério como eu lembrava. Ok, ele está longe de ser escrachado como Army of Darkness ou Ash vs Evil Dead, mas se você olhar com cuidado em meio a todo sangue e tripas do filme, o humor está lá.
Percebendo que o Evil Dead de 2013 não havia retirado o humor da franquia e que eu é que era um grande dum nerdola chato, eu me abri pra Evil Dead Rise e, mezamigues, que filme foda da porra! A mudança de cenário é um passo importante para a franquia. Gosto da ideia das pessoas estarem isoladas no meio de uma floresta, mas convenhamos que já vimos essa premissa à exaustão. Os novos personagens também são interessantes e bem desenvolvidos, fazendo com que você se importe com cada um deles. Aquela família está longe de ser a família ideal dos comerciais de margarina. Existem problemas comuns ali. Uma mãe sobrecarregada, adolescentes revoltados, uma criança estranha, porém desenrolada e uma tia que não mantém muito contato. Poderia facilmente ser a minha família ali.
Confesso também que estava com um pé atrás por ser uma família com uma criança envolvida e tals. Eu tinha certeza que em algum momento iria rolar aquele lenga lenga de que o amor que a mãe tem pelos filhos é maior do que a possessão de um deadite, mas graças a deus eu estava errado novamente. “Mamãe está com os vermes agora” e ponto final! Aliás, Alyssa Sutherland está um absurdo como deadite. Acho que desde o primeiro filme uma criatura de Evil Dead não me impacta tanto quanto ela impactou.
Lily Sullivan, que interpreta Beth, a nova protagonista, também manda muito bem no papel de matadora de deadites. Não há do que reclamar dela aqui. Seja com uma motosserra ou com um pau de fogo, Beth é tão fodona quanto Ash Williams e eu certamente quero ver mais dela em ação nos próximos filmes. Inclusive, to ficando maluco ou tem uma cena no estacionamento com ela coberta de sangue onde ela faz uma cara de biruta muito parecida com a de Ash? Quanto à Kassie, personagem de Nell Fisher, que também manda muito bem, só existe uma opção para aquele ser humaninho: Tornar-se uma matadora de deadites tão foda quanto a tia, já que não há terapia que salve aquela criança dos traumas que ela vivenciou ali.
Já na direção, Lee Cronin não deixa nada a desejar. Ao brincar com a “câmera demônio” de Sam Raimi, ele já começa o filme mostrando que está ali pra respeitar as obras passadas, mas também pra imprimir seu próprio jeito de fazer as coisas. E isso vai ficando cada vez mais claro a cada referência aos primeiros filmes que aparecem aqui. Além disso, que Sam Raimi me perdoe, mas acho que Lee Cronin conseguiu elevar o nível de Evil Dead com um equilíbrio perfeito entre comédia e terror, nos entregando um filme terrivelmente assustador, que também te faz dar uns risinhos de canto de boca e se sentir mal por isso.
Evil Dead Rise honra a franquia, introduz novos e bons personagens e abre caminho para que novos filmes sejam feitos. Inclusive, já que a continuidade de Evil Dead é uma loucura e ninguém sabe se os reboots são reboots ou não, fico aqui na torcida pra um crossover entre Ash, Mia e Beth chutando bundas de deadites por aí.
A Morte do Demônio – A Ascenção
Evil Dead Rise (96 minutos – Terror)
Lançamento: EUA, 2023
Direção: Lee Cronin
Roteiro: Lee Cronin
Elenco: Alyssa Sutherland, Lily Sullivan, Nell Fisher, Morgan Davies, Gabrielle Echols
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