A Televisão da Geração Twitter
Todos os meios de comunicação evoluem. O que conquista as bilheterias do cinema hoje não é o que o fazia há dez anos (Muito embora, hoje ou há dez anos, seja sempre filme do James Cameron). E não só o que vemos mudou, mas como vemos. Existe uma mudança fundamental acontecendo na forma que consumimos. Esqueça os grandes clássicos, o que o Looney diz em sua coluna sobre grandes livros é delírio de um lunático (Literalmente). Tudo o que há para se dizer, pode e o será em 140 caracteres! Não que eu não aprecie um bom livro, mas existe certo grau de verdade em minhas palavras, pois as pessoas simplesmente não têm mais tempo. Entre emprego, namorado(a), estudos, prazos pra escrever as colunas do Baconfrito, trânsito, contas e uns telefonemas esporádicos para avisar aos pais que ainda “tá vivo e inteiro”, o ser humano não tem mais tempo livre. Não que, na maior parte dos casos, algum desses colunistas possa ser chamado de humano, mas deu pra entender.
É ai que entram os produtos de consumo rápido, e não estão só na televisão. A primeira demonstração significativa desse “Efeito Twitter” são os videogames portáteis. Você pode jogá-los quando e onde quiser, e essa nova geração, em sua maioria, traz jogos que salvam seu progresso automaticamente, permitindo um desenvolvimento em jogadas rápidas entre a fila do pão, a ida ao banheiro e a espera da esposa se arrumar para ir à festa. A EA Games criou uma subdivisão inteira só para jogos casuais, e tem focado nessa visão, pois longas horas se dedicando a um jogo não é mais uma realidade que vende. A mesma coisa tem acontecido com a indústria musical, que vem trocando a venda de CDs pela de músicas especificas pelo iTunes, por exemplo. A literatura e as HQs só permanecem inabaladas porque, basicamente, sempre estiveram nesse patamar. Ou seja, as pessoas já liam no banheiro antes de jogarem Zelda nele, é por isso que existem revisteiros lá. Já o cinema exige tempo para a apreciação completa da experiência, mas em resposta a isso, podemos dizer tranquilamente que o cinema está em decadência. Perdeu lugar para a indústria de jogos, todo mundo sabe.
Eu acredito que o primeiro sinal dado para a televisão mudar foi o YouTube. Mais especificamente, Lonelygirl15. Para os desinformados, esse foi um canal do Youtube bastante popular nos Estados Unidos em 2006, que acompanhava uma adolescente de Los Angeles. Em principio, parecia se tratar de um canal de videologs normal, como os milhões que eram inaugurados na hype daquela época. Com o tempo, coisas estranhas começaram a acontecer na historia de Bree, envolvendo toda uma conspiração na família dela. Um ano depois, ao final da historia, foi revelado que tudo não passava de uma série, e Bree era, na realidade, uma atriz (Jessica, da primeira temporada de Greek), no maior #guerradosmundofeelings, já que muita gente estava acreditando na história. “Tá, mas o que isso tem haver com a minha programação da TV?”, você pergunta. Well, tudo! A série era de fácil acesso, fez grande sucesso e tinha episódios curtos, provando que não é necessário quarenta e cinco minutos para se contar uma historia. Desde então, as séries curtas têm aparecido no mercado.
Agora, vamos a uma menção honrosa: A primeira série de meia hora realmente memorável é, na verdade, de 1998. Sex and the City, com seu fim em 2004. No ano seguinte, temos a estréia da excelente primeira temporada de Weeds. Mas eu ainda digo que foi o advento da internet, e mais especificamente o YouTube, o grande separador de águas. Desde então, tivemos Nurse Jackie, Hung, United States of Tara, Aciddentally on Purpose, The Big Bang Theory, Modern Family, Entourage, How to Make it in America, In Treatment, Community e muitas outras. Nota-se logo que é um formato muito utilizado para o humor (Em particular, o negro), mas se bem utilizada, pode levar qualquer gênero ao destaque. Oras, até mesmo a MTV tem apostado em programas de 15 minutos e feito algum sucesso!
Para mim, o grande diferencial fica na apresentação da historia. Menos tempo para enrolação significa tramas melhor apresentadas. Tudo em um programa de meia hora é muito bem pensado, pois não há espaço para relaxo, cada minuto é vital no roteiro. Curiosamente, eu percebi isso assistindo animes. Prefiro muito mais os de doze episódios aos de cinqüenta, por que não tenho tempo para perder com fillers inúteis. Temporadas menores também têm gerado séries melhores: Dexter, Damages e True Blood estão aí para mostrar isso. Elas também são boas para a indústria, porque menos tempo de exibição significa menos custo de produção e mais espaço para comercias. Então, em meu nome, e da minha disponibilidade de tempo cada vez menor, eu digo: Viva as séries curtas!
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