Amor e Outras Drogas (Love and Other Drugs)

Cinema quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

 Jamie Randall é um grande conquistador, coleciona garotas no currículo. E isso faz com que ele perca seu emprego em uma loja de eletrônicos. Agora desempregado, ele precisa arranjar um trabalho e decide entrar no curso de representante de vendas da Pfizer, grande empresa do ramo farmacêutico e logo se torna um representante da companhia e vai trabalhar em outra cidade, sob a tutela de Bruce Winston. E conhece Maggie, uma jovem paciente que, apesar da idade, já desenvolveu o Mal de Parkinson. Os dois, que não buscam compromisso sério (Ele por sua natureza “galinha” e ela por seu problema de saúde), começam a se envolver e percebem que a relação está muito mais séria do que eles imaginavam ou esperavam.

É o tipo de filme que pode enganar: Por se dizer comédia romântica e reverter alguns clichês do gênero e apostar mais alto nas cenas de sexo e no drama da história, alguns podem achar que estão vendo uma novidade, um ótimo filme; mas, apesar de ser melhor que o padrão comédia romântica, o filme não é tudo isso. Não é um grande filme, mas assusta e engana alguns desprevenidos e acostumados com o risível nível das comédias românticas da Katherine Heigl.

Primeiro os pontos altos do filme: O filme se passa pela visão do homem, Jamie (Jake Gyllenhaal) e a mulher, Maggie (Anne Hathaway), é quem tenta repelir o parceiro, por medo de entrar numa relação que ela não tem certeza se irá fazer valer. E aqui entra a parte dramática do filme: Maggie tem medo de se relacionar de forma mais séria com alguém, por ter, apesar dos poucos 26 anos, Mal de Parkinson, doença degenerativa que eventualmente irá limitar a independência dela – mesmo nos momentos mais simples, como vestir uma roupa ou tomar banho. E, por gostar de verdade de Jamie, ela o repele para não “estragar” a vida do jovem bonito e garanhão, que pode ter quantas mulheres quiser.

 É comida chinesa? ARGH! ARGH!

E já que estou falando da dupla que protagoniza o filme, os dois merecem um belo destaque. Jake Gyllenhaal emprega vivacidade e verossimilhança em seu Jamie, tornando suas cantadas os mais naturais que podem ser e tendo uma lábia impressionante, o que casa certinho com o personagem. Mas o maior brilho do elenco vem de Anne Hathaway, que deixa a ingenuidade apenas na aparência, se mostrando firme e decidida, mas, em momentos de vunerabilidade, consegue transmitir certa melancolia e tristeza, por conta da incerteza do futuro. A sua interminável beleza a deixa ainda mais fascinante. Oliver Platt se destaca no elenco secundário, como o Winston, o supervisor de Jamie.

O sexo é tratado sem pudor pelo diretor Edward Zwick (Ele mesmo! Nova York Sitiada, O Último Samurai, Diamante de Sangue), mas sem ser vulgar (Calígula, oi!), o que só ajuda o filme, já que ele se passa na metade final da década de 90, época do furor do lançamento do Viagra pela Pfizer. Hathaway e Gyllenhaal se mostram à vontade em suas cenas de sexo e de nudez, sem se entregar a excessos e sem aparentarem estar no século XVI (Sexo com maior quantidade de roupa possível).

 “É ali a passagem secreta para a Vila dos Smurfs, Gargamel”

Depois de falar tão bem do filme, é hora dos pontos fracos. Zwick se atrapalha em achar um equilíbrio entre os gêneros da narrativa e passeia entre drama, comédia romântica e comédia adolescente sem se achar, o que prejudica demais o andamento do filme, deixando o espectador confuso, já que quando o filme parece que vai mergulhar no drama, apenas molha o pé e parte para a piscina de clichês da comédia romântica (Finge que não usa, mas usa).

Mesmo o roteiro também se mostra falho (Jamie não iria contar pra Maggie que o irmão tava vivendo com ele?) e hipócrita, já que critica severamente a selvageria do mercado da indústria farmacêutica de que “quantos mais doentes, melhor”; mas mostra um mendigo que se torna viciado em anti-depressivos e isso aparenta melhorar muito sua vida. Cadê a coerência?

Ter um ponto de balanço entre os gêneros, um mais fixo, certamente contribuiria para o crescimento do filme. Não aconteceu. Uma pena, já que o longa possuía certo potencial, ainda mais com dois atores em grande forma protagonizando.

Amor e Outras Drogas

Love And Other Drugs (113 minutos – Comédia Romântica/Dramática)
Lançamento: EUA, 2011
Direção: Edward Zwick
Roteiro: Edward Zwick, Charles Randolph e Marshall Herskovitz, baseado em livro de Jamie Reidy
Elenco: Jake Gyllenhaal, Anne Hathaway, Oliver Platt, Hank Azaria, Josh Gad

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