Animações e suas adaptações para os video-games
Não sei vocês, mas pessoalmente gosto bastante de animações, e o mais importante: Sem boiolagens de Dreamworks vs Pixar. As animações começaram seu desenvolvimento quase no mesmo período que os video-games, mas enquanto estes seguiram múltiplos caminhos, as animações se focaram muito mais num público infantil, coisa que mina quase totalmente a chance de termos excelentes jogos baseados em animações.
Toy Story saiu em 1995, o PSOne foi lançado um ano antes. Essas duas coisas marcariam o começo da tecnologia 3D/CGI no cinema e nos jogos, sendo que de lá para cá, entre os dois grandes estúdios foram mais de 30 filmes, e os jogos passam de 5 mil só entre PS1 e PS2. O que se esperaria disso é que jogos baseados nesses filmes tivessem amplo desenvolvimento, fossem leais à história do filme, enfim, que fossem bem feitos.
Sim, eu sei que há um grande problema quando se trata de adaptações de jogos para filmes, mas aqui é justamente o oposto. Há um pensamento estúpido que diz que se algo é uma animação ou um jogo, essa coisa é feita para crianças. Ok, não dá para negar que as crianças são o público alvo, mas diversas animações (Bem como jogos) já provaram que são infinitamente mais complexas e maduras, sendo, na verdade, para os pais que levam seus filhos no cinema. Wall-E, Up e Monstros vs. Aliens são provas disso.
Basta pegar as adaptações de algumas animações para achar um padrão: São jogos plataforma, de aventura, nos quais você precisa pegar moedas e itens mágicos, dar pulo duplo e cair de bunda em cima dos inimigos. E isso é tremendamente ridículo. Isso é Crash Bandicoot, e eu gosto de Crash, mas gostaria de ver coisas novas nessa área, com os filmes sendo “respeitados” e bem aproveitados. Bee Movie daria um excelente jogo de exploração; Monstros vs. Aliens devia misturar puzzle com combate em mapas grandes e abertos; Como Treinar o seu Dragão tinha que ser open world total, baseando-se tanto no filme como no livro, te deixando criar um personagem próprio e treinar, desde o começo, o próprio dragão; Up seria um jogo de aventura baseado em exploração; Carros merecia ser um jogo de corrida decente; todos os Toy Story deveriam ter um lado de RPG de ação; e a lista continua.
Ao invés disso eles ficam presos em mecânicas pobres e ultrapassadas, não apresentam desafio nenhum (E enfiam um monte de “extras” para tentar resolver isso), tem gráficos pobres, câmeras horríveis. Várias vezes eles sequer tem os mesmos dubladores do filme. E isso tudo só estraga a experiência do filme em si. Lembro quando saiu Por Água Abaixo, que eu, ainda assistindo o filme no cinema, já comecei a pensar em como seria legal um jogo bem feito dele (Coisa que comecei a fazer em toda animação que assisti a partir daí), e não para minha surpresa, quando comprei o jogo, terminei-o em poucas horas, sem ter feito nada de interessante, e, por consequência, sem nenhum sentimento de superação ou, no mínimo, de merecimento pela “tarefa concluída”.
A Dreamworks tem 5 filmes já planejados para os próximos anos, a Pixar tem 4, a Disney tem 4 também. Madagascar 3 e Era do Gelo 4 (Já deu a hora desses dois PQP!) já estreiaram, e ainda esse ano sai Brave (“Valente” aqui no Brasil), que eu estou com uma vontade foda de assistir. Considerando o histórico dos dois primeiros, já desisti dos respectivos jogos (Se forem lançados), mas estou ansioso para ver o que farão com Brave, que tem um potencial gigante, que, se bem aproveitado, pode fazer um jogo melhor que o filme, que já será incrível (E sim, digo isso antes mesmo do lançamento).
Deve-se parar de pensar nas adaptações como simples “extenções” do lucro, uma parcela, e passar a se concentrar nesse mercado, que cresce a cada ano e ouso dizer tem muito mais potencial que o cinema. Muitos bons filmes já foram desperdiçados, e agora, que essa “indústria” já tem 20 anos, é mais do que na hora de começar a pensar nela como uma parte necessária, ou até mesmo intrínseca, da criação de um filme de animação. Esses dois “mundos” tem tudo para dar certo, para se complementarem, e não só os produtores e estúdios ganham com isso: Espectadores e jogadores também, e não sei vocês, mas eu faço parte dos dois.
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