As Viagens de Alice #2

Livros sexta-feira, 23 de abril de 2010

Olá, Olá.

Continuando e encerrando o assunto do texto anterior, que falava sobre uma menininha curiosa, que entrou pelo buraco, e encontrou vários apreciadores de gatinhos, ervas e cogumelos, e muita jogatina envolvida, um prato cheio para a PF.

Se no livro anterior Alice entrou pelo cano num buraco, aqui ela resolveu ir além, e atravessou o espelho. Por isso o nome do livro: Alice no País dos Espelhos (Nome que pode ter variações de acordo com a editora).

Tudo começa quando a menina, semi adormecida, começa a conversar com sua gatinha preta, e resolve atravessar o espelho, para ver como é do outro lado. Coisa simples, básica… Ela disse: “Quero saber como é lá”. Ponto. Foi até o espelho e atravessou. (Mas não façam isso em casa, meus amores, você pode acabar com o nariz quebrado.)

Do outro lado, tudo parece mais vivido do que no mundo real. E o que mais impressiona Alice é o fato das peças de xadrez serem vivas! O rei, a rainha, os cavalos, todos eram vivos, pequenos, mas vivos, e tinham características humanas, como por exemplo memória fraca.

Se no livro anterior, o carteado era meio que o foco, no País do Espelho quem manda são as peças de Xadrez, que dão um ar mais sofisticado a mais uma loucura possivelmente gerada por uma mente esquizofrênica criativa.

No País dos Espelhos, Alice tem um desejo: Tornar-se rainha, e assim como no jogo de xadrez, deve atravessar as casas para chegar do outro lado e ganhar a coroa.

Em cada casa, ela encontra alguém que diretamente (Ou indiretamente, mais indiretamente do que diretamente, talvez linearmente ou subjetivamente, a questão é que mesmo com todos os “mentes”), alguém a ajuda a chegar a casa seguinte.

Se no País Subterrâneo todos pareciam freqüentadores assíduos daquele bequinho ai perto da sua casa, nesse livro eles estão mais para clientes de algum psiquiatra, e daqueles que estão em tratamento intensivo. Essas loucuras são percebidas tanto na personalidade dos personagens, como nas situações que eles se encontram.

Aliás, algo sempre presente na obra de Carroll são as canções, complexas, malucas, sem sentido, piradas, e mais um outro tanto de adjetivos. Se elas guardam uma lição de moral, ou se somente são viagens de uma mente imaginativa, não se sabe ao certo, o fato é elas são sem pé, cabeça, estômago ou cérebro. E ainda assim conseguem ser melhores que muitos clássicos musicais por ai… Sinceramente, acho que deveriam fazer um álbum só com essas canções, seria no mínimo, psicodélico.

Aliás, o livro todo parece uma grande obra de moral, escondida em meio a tantas confusões. Talvez esse livro em especial guarde uma critica à aristocracia inglesa, evidenciado pela procura incessante de Alice pela realeza, e o modo como ela consegue conquistá-la, e todas as intercorrências ligadas a essas situações, e o banquete final onde se encontram todos os aristocratas daquele estranho país.

Será que é isso mesmo? Talvez sim, talvez não. Na obra de Carroll nada é o que parece ser, tudo pode ser dúbio, ou único, ou simplesmente aquilo mesmo que está descrito.

Algum dia saberemos o que se esconde verdadeiramente por detrás do espelho? Não sei, você também não sabe, e acho que nem mesmo Carroll saiba. Talvez, no fim, ele só quis escrever uma história para alegrar uma garotinha.

Alice no País dos Espelhos


Alice Through the Looking Glass
Ano de Edição: 2008
Autor: Lewis Carroll
Número de Páginas: 184
Editora: Martin Claret

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