Assassinatos na Academia Brasileira de Letras

Livros sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Enfim chegamos a última análise sobre a obra de Jô Soares, e dessa vez o livro abordado será Assassinatos na Academia Brasileira de Letras. Este é o livro mais recente do Jô, e segue o estilo dos outros títulos já analisados em outros posts. Portanto, o que vamos ter a seguir é basicamente “mais do mesmo”. Talvez tenha sido por isso que eu não tenha gostado tanto deste último. Lembro que na época em que o li, tinha acabado de ler O Homem que matou Getúlio Vargas, e fui com uma sede tremenda atrás deste livro (Que na época era lançamento) achando que encontraria mais uma história envolvente e com as mesmas características dos outros títulos. Na verdade encontrei, mas era tão parecido que acabou perdendo a graça.

Por mais que eu tenha começado o texto falando que o livro não é tão bom assim, não dá pra dizer que ele é ruim, afinal de contas, ele segue a mesma linha de criação dos dois outros livros de Jô Soares, fato o qual eu já elogiei pra caramba nos posts anteriores. E pra variar, Jô faz muito bem o uso do humor nesse título, começando pelo nome do protagonista, o comissário Machado Machado. A história conta que o pai de Machado Machado era muito fã de Machado de Assis, e por isso resolveu dar ao filho o nome do seu ídolo. Como seu sobrenome também era Machado, acabou que a criança levou um duplo machado no nome.

Tudo se passa no Rio de Janeiro na década de 20, e se inicia com a morte de um imortal, o senador Belizário Bezerra, que cai morto aparentemente do nada no meio de um discurso. A partir daí, levanta-se a suspeita de que alguém quer todos os imortais mortos, e assim começa o caos na casa de Machado de Assis. É ai que Machado Machado tem a idéia de provar a todos que as mortes não são uma simples coincidência, mas sim um ato cometido por um assassino implacável. Estes crimes mais tarde serão conhecidos como “os crimes do penacho“. Para provar seu ponto de vista, Machado Machado visita os mais diversos pontos de um Rio de Janeiro histórico que, pelo que eu me lembre, não foi tão bem retratado em outro livro.

 A local onde os crimes acontecem

Lembro também que, quando li esse livro, tive a impressão de que a história era na verdade uma mistura do Xangô de Baker Street com O Homem que Matou Getúlio Vargas, pois juntava a tensão e o clima de investigação com um humor misturado a fatos históricos, porém de uma forma mais pacata, já que as vezes parece que a história tá se arrastando, e que o livro não vai acabar nunca.

Mas, como eu estou tentando analisar a parte dissertativa do livro, ou seja, a qualidade da história e a criatividade do autor, não posso deixar que isso influencie tanto no veredicto final, afinal de contas, talvez o livro só não tenha me parecido tão bom por que eu o li logo em seguida ao Homem que matou Getúlio Vargas. E como conheço muitas pessoas que realmente gostaram deste livro (E algumas inclusive o consideram o melhor dos três), devo dizer que apesar de possuir um ritmo um pouco mais lento que os outros, Assassinatos na Academia Brasileira de Letras é sim um ótimo livro para ser lido, assim como qualquer outro título do Jô Soares.

Devo dizer que pra mim foi realmente uma surpresa descobrir que os livros de Jô Soares eram tão bons, não por que eu não acreditava que ele poderia ser um bom escritor, mas sim por que não achava possível que alguem conseguisse ser humorista, ator, músico, apresentador e o escambau a quatro, e ter sucesso também no ramo literário. Realmente uma agradável surpresa. Fico me perguntando quando é que ele vai decidir escrever mais alguma coisa (Se é que isso realmente vai acontece um dia). Gostaria de ver qual seria qual a principal característica do próximo personagem, ou de ver em qual época ele viveria e quais seriam as personalidades que ele encontraria, pois como já disse antes, essa liberdade de alterar a história para seus livros é a característica mais marcante de Jô.

Mãs, se algum dia o gordo resolver lançar mais alguma coisa, com certeza irei fazer a leitura e posteriormente a análise, voltando assim a encher o saco de vocês dizendo como os livros dele são legais, como ele brinca com a história e bla bla bla, vão esperando!

Assassinatos na Academia Brasileira de Letras


Assassinatos na Academia Brasileira de Letras
Ano de Edição: 2005
Autor: Jô Soares
Número de Páginas: 256
Editora: Companhia das Letras

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