Olá pimpolhos. Nosso assunto de hoje é o VÍCIO. Deveríamos ter tratado desse assunto na semana passada, mas como vocês puderam acompanhar, eu estava por demais comovido pela idiotice congênita de Guitar Hero na sua versão DS, e simplesmente não consegui deixar de comentar aquele vídeo promocional do jogo.
Então, para tratar de forma mais eficiente do nosso tema de hoje, vamos começar prestando atenção nestas palavras esclarecedoras, proferidas por um piçiquiatra americano:
“Like other addicts, users experience cravings, urges, withdrawal and tolerance, requiring more and better equipment and software, or more and more hours online… people can lose all track of time or neglect “basic drives,” like eating or sleeping. Relapse rates are high and some people may need psychoactive medications or hospitalization.”
…que eu vou fazer o favor de traduzir pra vocês:
“Assim como no caso de outros viciados, os usuários (de games) sofrem sintomas de abstinência, e venderiam suas próprias mães pra comprar novos jogos, periféricos, consoles ou pagar mais um mês da sua conta de WOW. Existem casos de nego simplesmente ESQUECER da vida e de geral, ignorando inclusive necessidades básicas como cagar, dormir, comer e zoar os mais fracos que você. Mesmo quando nego aparentemente consegue largar do God of War, isso é apenas temporário e o vício acaba voltando de forma PIOR (God of War 2), sendo que em alguns casos você precisa encher o fdp de tranqüilizantes, analgésicos e laxantes. Em casos extremos pode ser necessário amarrar o puto na maca e ficar dando choques na bunda dele até que ele diga que NUNCA MAIS vai jogar Cooking Mama.”
Ok, então, basicamente, o bom doutor está dizendo que vídeo-games podem viciar.
Ah, SÉRIO que jogo vicia? Qual de vocês putos já não sabia disso? Que atire o primeiro joystick aquele que nunca ficou HORAS em cima do mesmo jogo, que já não passou madrugadas no Civilization pulando turnos com a tecla espaço, coletando mais ouro e madeira em Age of Empires pra entupir o canto do cenário de exércitos, fazendo level grinding com seu personagem de World of Warcraft, insistindo em derrotar o último chefe no Super Mario, apesar de nem você nem seu primo conseguirem acertar a hora do pulo e os dois já tão morrendo de fome e praticamente se mijando na frente da televisão mas sair dali sem vencer o Bowser antes seria um atestado de derrota e ninguém quer realmente passar pela fase toda de novo, não é mesmo?
Vício? Fala sério. Todos nós aqui já estamos perdidos.
O problema pra mim não é o Dr. Einstein lá em cima querer provar que vídeo-games são viciantes. Tentar provar isso é uma completa perda de tempo, já que qualquer atividade que te gratifica com freqüência (como os jogos fazem) tem potencial pra viciar. Quando uma coisa é boa/legal/gostosa, você simplesmente não quer parar nunca de fazer aquilo, a não ser que você tenha algo ainda mais legal pra fazer. Exemplo:
O jogo tá bom, mas vou dar um save e desligar o PS2 pra ir no boteco tomar todas e dar risadas com o bando de vagabundos que eu chamo de amigos.
Ou então quando a punição/consequência por continuar fazendo aquilo que você gosta se torna insuportável. Exemplo:
Caguei na calça porque não consigo largar o Donkey Kong. O jogo é legal, mas acho que é hora de parar e dar uma passada no banheiro.
Então voltamos para aquela discussão que eu já introduzi em vocês antes, sobre se pensar no que exatamente é considerado prazeroso ou punitivo por certas pessoas. Se o cara aceita na boa ficar cagado só pra continuar jogando, ou se ele acha pouco atraente a idéia de largar o jogo pra ter interações com seres humanos reais, aí eu concordo com o Dr. Sherlock lá em cima: esse cara tem pobremas.
Porque, afinal, você não deveria estar ok com a idéia de ficar cagado, entende? Não é só a questão da sujeira e do cheiro, mas também o fato de que pode causar assaduras e tal. É uma questão de saúde e gestão financeira. Gastar uma grana com Hipoglós só pra ficar jogando não faz sentido. Mas é claro que se qualquer um de vocês tirar uma partida de Street Fighter comigo, vocês vão precisar de MUITO Hipoglós, já que vocês vão levar tanto no rabo que vão ter que jogar de pé pelo resto da vida.
E, se lhe parece mais interessante continuar movendo esse bando de pixels coloridos na tela do que ter interações REAIS com pessoas é porque você provavelmente não tem amigos que sejam mais interessantes do que uma televisão ligada. Desculpa aí, mas você precisa de novos amigos. Você precisa conhecer pessoas e, talvez, abaixar a calcinha de alguma delas de vez em quando. Mas cuidado, porque travestis também usam calcinhas, ok? Na vida real as pessoas não têm uma tag em cima da cabeça, identificando o seu nome, level e gênero sexual. Mas a idéia é boa.
Olha que FOFO os chapéuzinhos de sims deles! (Get a Life, motherfuckers)
Eu me perdi nas divagações. Vamos concluir: o grande problema da questão é querer identificar o vício em jogos como se fosse um vício NOVO, um sinal dos tempos modernos. NÃO É. O doutor quer incluir o vício em jogo como uma doença nova, mas o próprio DSM-IV (Um Manual da área médica e psicológica, que lista transtornos mentais) que o doutor lá cita na matéria original já inclui o transtorno “Jogo Patológico”, que serve perfeitamente para diagnosticar qualquer tipo de vício. Vício em games é só um TIPO de vício, não algo á parte, demonizado, cria do apocalipse e prova definitiva da degradação dos valores morais. Cara, eu odeio essa propaganda anti vídeo-game que esses putos gostam de fazer. É sempre assim. Se o puto catou uma escopeta e passou GERAL no colégio e ele por acaso jogava Doom, foi culpa do jogo. Não, não tem nada a ver com a questão o fato dele já ser doente desde criancinha, ser zoado e tomar cuecão da galera no colégio todo santo dia, ter um pai ausente, uma mãe viciada em anfetaminas e ter sido enrabado pelo avô dos 8 aos 12 anos. A culpa é do Doom. Foi o Doom que viciou o desgraçado em violência e MANDOU ele passar geral no jogo e na vida real.
Se você é viciado em jogo, você tem um problema. Se você é viciado em álcool, você tem um problema. Se você é viciado em jujubas, você tem um problema. Mas seu problema é VOCÊ MESMO, seu bosta. Pare de culpar os malditos vídeo-games ou as jujubas e vá procurar outras formas de dar sentido á sua vida. Existem milhares de outras coisas interessantes pra se fazer pelo mundo além dessa atividade na qual você escolheu gastar 12 horas do seu dia. E, caso não consiga largar dos games, arranje outra forma de se matar que não seja cair babando na frente do computador por falência múltipla dos órgãos. Os vídeo-games não precisam de mais propaganda negativa do que já têm atualmente. Noob.
Na coluna de hoje eu ia falar pra vocês sobre o vício em vídeo-games como doença. Orra eu já tinha até uns links e vídeos preparados. Mas daí eu vi um negócio que imediatamente se tornou mais importante de discutir:
Guitar Hero DS
Deus. Meus olhos.
Tem tantas coisas deprimentes nesse comercial que é dificil saber o que xingar antes… O vídeo é todo errado, ele me causa aumento de pressão arterial e me dá vontade de atirar em coisas, sufocar coelhinhos e passar rasteira em crianças.
Esse vídeo me dá vergonha de ser gamer. E de jogar DS.
Vamos estabelecer umas coisas: Guitar Hero é um jogo legal? É. Do caralho, principalmente com a guitarrinha e tals. É um jogo que merece ser transportado para outras plataformas além do PS2? ORRA, CLARO! Quanto mais Guitar Hero no mundo melhor, principalmente se isso significar melhora de som e imagem, como no caso de X360 e PS3. Ele é um jogo tão bom que vale a pena parecer um débil mental completo pra jogá-lo?
Não.
E olha que eu estou falando isso já daqui do limite do ridículo. Porque, se você for pensar bem, ficar jogando com uma guitarra de prástico na mão, balançando pra lá e pra cá e se achando o Tom Morello, já é uma baita forçada de barra:
Se você descontextualizar a situação aí de cima, você obviamente acha que os dois guris estão numa instituição para deficientes mentais e que eles tomam choque na bunda todo dia. Talvez eles tenham algum problema de verdade, não sei. ás vezes é difícil mesmo de diferenciar um gamer de um retardado. Meudeusdoceu que vergonha.
Mas voltemos ao Guitar Hero do DS.
Muito bem, minha argumentação é: Eu já parecia suficientemente retardado ao jogar Guitar Hero com uma réplica de guitarra nas mãos. Eu já parecia suficientemente retardado ao jogar Frets on Fire com o teclado nas mãos. Eu não preciso e não quero parecer MAIS retardado ainda, vocês entendem?
Agora, me digam COMO se faz pra manter a dignidade ao se jogar essa merda que criaram pro DS? Olha esse comercial cara. Eles têm o culhão de colocar o DS e o periférico imbecil numa case de guitarra, pra tentar te convencer que aquilo tem uma mínima semelhança com tocar guitarra de verdade. Orra, os caras fazem a cena toda: plugar a merda no amplificador, aumentar o volume e etc. Começa a música e eles começam a PIRAR tocando aquela MINI-SANFONA que inventaram ali pra plugar no DS. Não era guitarra que a gente tocava? Virou ACORDEON HERO o nome do jogo agora?
Quando você segura a guitarra do PS2 na mão, pelo menos você finge que está tocando uma guitarra de verdade, a sensação tátil é parecida, sei lá. Droga cara, até o teclado do computador parece com uma guitarra, se você é doente como eu. Mas você precisa ser uma criança muito lesada pra imaginar o DS como se fosse uma guitarra. Sorry, não parece uma guitarra. NADAVER com uma guitarra, cara. “Tocar guitarra” no DS é a mesma coisa que tocar guitarra num palmtop ou no seu celular. No way.
Mas a pior parte mesmo é assistir á performance teatral dos dois motherfuckers dançando com o DS não mão. Olha como os desgraçados rodopiam pra um lado e pra outro, fazem de tudo menos tocar guitarra. Cê manja que os dois são tipo atores profissionais né? Então, mesmo com dois profissionais em FINGIR E MENTIR eles não conseguem te enganar que essa merda é Guitar Hero. Imagina você jogando esse troço desse jeito aí; na melhor das hipóteses você não será preso por atentado á moral e bons costumes se jogar isso em público. Na pior, talvez você tenha que aprender a jogar DS com ele dentro do seu rabo. Mas pode ser que você goste, não sei. Você já deve ter problemas mesmo se resolve jogar uma merda dessas.
No final eles fecham as cases e levam seus DS/Guitarra embora. Rockstars Woohoo.
Ah meu. Dá um tempo né? Até isso aqui seria melhor:
E olha que já seria uma merda
Lembram quando eu previ que nesse ano sairiam os periféricos mais imbecis e idiotas possíveis para o DS? Bom, a praga de gafanhotos começou cara. Salve-se quem puder.
Cara, Guillermo del Toro é DEUS. E se não é, devia ser:
Pensando bem… melhor não.
Ok, foi um exagero. Mas orra, como esse gordo manda bem cara. Já falei desse cara antes, na resenha de El Laberinto del Fauno, que eu sei que vocês ainda não assistiram porque cês são tudo uns puto e preferiram assistir Homem-aranha 3. É como o Théo sempre diz: Vocês têm mau-gosto.
Então, El Orfanato é a produção mais recente do cara a chegar aos cinemas nacionais e pelo menos ESSE filme vocês têm que assistir. Cara, eu IMPLORO pra vocês assistirem, o mundo precisa de mais cinema feito desse jeito.
El Orfanato (2007)
Querem saber a história do filme? WHO FUCKING CARES? Se del Toro fizesse um documentário sobre latas de leite condensado eu pagava pra assistir; isso aqui não é cinema de historinha boba com final feliz. O que o cara faz em todos os filmes é foder com sua mente por mais ou menos 100 minutos e depois te deixar pedindo mais. A história é o de menos, o que importa é a MANEIRA como ela é contada. Se ele fizesse o tal documentário, as latas de leite condensado seriam fantasmas que assombrariam um supermercado, clamando pela vingança de suas mortes, que foram jogadas por engano na lata de lixo orgânico e trituradas junto com as alfaces. A lata de leite condensado principal sairia catando abridores de lata para derrubar as paredes do supermercado atrás da lata de lixo orgânica onde jaziam os cadáveres triturados das latas que não tiveram seu justo fim. Vou mandar esse roteiro pro del Toro.
El Orfanato é um suspense, mas não é um suspense. É uma fábula, mas não é uma fábula. É um filme de horror, mas que não assusta ninguém; como todos os filmes de del Toro, ele transita entre os gêneros, sem se apegar a nenhum de forma rígida. Depois de passar por El Espinazo del Diablo e El Laberinto del Fauno, eu já sabia como tirar o máximo de El Orfanato: Senta na frente da tela e simplesmente deixa o cara fazer o trabalho dele. É como deitar pra uma massagem… No cérebro. Suspenda os seus julgamentos e a necessidade de que tudo que aparece na tela precisa fazer sentido imediatamente. A cena tá meio esquisita, a atriz falou uma coisa estranha, apareceu um personagem novo do nada? Não esquenta, tudo vai ser explicado no final. As coisas vão se encaixando, deixe o filme te levar. Vai vendo tudo com olhos de criança, aprecie as cenas bonitas, a fotografia, os momentos de silêncio, o tempo que as coisas levam pra acontecer. Não tente prever a próxima cena, mas preste atenção quando ela estiver rolando na tela.
Presta atenção nesse moleque. Ah, sim. Isso é um moleque.
O que me deixa muito confortável nesse filme é que o cara conta uma história em que você sente que ele SABE do que tá falando. O filme se passa num orfanato (Saca o título e tal?) que é um tema recorrente para del Toro. El Orfanato é quase uma refilmagem do El Espinazo del Diablo, onde também se documentava acontecimentos terríveis em um orfanato. Os dois filmes têm uma atmosfera totalmente opressiva, de orfanatos que ficam localizados na puta que o pariu, como se fizessem parte de um outro mundo, afastado do nosso, onde fantasmas realmente existem. Os próprios orfanatos, as casas, são os personagens principais. São como seres vivos que vão sendo abertos, paredes derrubadas, portas que se fecham sozinhas pra guardar segredos, se deixam explorar aos poucos, revidam agressões, derrubam vigas na sua cabeça e fazem todo mundo sangrar. Um tesão.
Mas em El Orfanato o tema segue adiante e fica melhor; não é apenas uma história de fantasmas, onde se desvendam os acontecimentos terríveis do passado de crianças fragilizadas. Aqui as memórias atuam de forma lancinante no presente dos protagonistas, moldam suas vidas, distorcem a realidade e levam todos pra bem perto da beira da loucura. E certamente os levam pra morte. Os fantasmas são palpáveis e arrastam os vivos pros cantos mais obscuros da casa, criando as melhores cenas do filme. É como explorar o sótão de uma casa antiga quando você é criança; os cantos vão ficando cada vez mais escuros e difíceis de entrar, mas você simplesmente PRECISA saber o que tem atrás daquela porta, daquele armário, daquela cortina. Laura, a personagem principal, é a apenas uma extensão de cada um dos telespectadores, o seu “avatar”, dentro do filme.
Laura. MILF.
A identificação com Laura, aliás, é imediata porque, embora ela faça coisas terríveis, nenhum de nós faria diferente no lugar dela. Ela não tem escolha nas suas ações, não existe espaço para optar, mas ainda assim ela o faz por vontade própria. Ela caminha pra sua morte certa, mas com as próprias pernas e sem ninguém empurrar. Fascinante.
Bom, se ainda não te convenci a assistir ao filme, saiba que o SR. BARRIGA está nele. É meu, o Sr. Barriga do Chaves! Se isso não te convenceu, cê é um bosta que não sabe se divertir.
Aí ó: Recomendação FÁCIL esse filme. Certamente um dos 10 melhores que cê vai ver nesse ano. Trailerzinho pros tangas que precisam de trailer pra se convencer:
Assistiu? Tanga.
O Orfanato
El Orfanato (105 minutos) Lançamento: 2007 Direção: Juan Antonio Bayona Roteiro: Sergio G. Sánchez Elenco: Belén Rueda; Sr. Barriga
AOE Recomenda. R-e-c-o-m-e-n-d-a-ç-õ-e-s mano. Então, tô aqui pra recomendar que vocês dêem risada pra caralho. Olha isso cara:
Puta merda não é de chorar? Não é de ROLAR de rir? (“rolar”, sacou a minha perspicácia?) O dog pula do veículo em movimento e fica parecendo com uma VACA rolando o barranco cara. Olha as quatro patas esticadas dele, parece aqueles cachorros de enfeite de jardim, isso é hilário porra. Note o outro dog que tava correndo e que só olha pro animal rolando, sai de lado e pensa tipo “nossa, mas isso não é um cachorro, isso é uma anta”. Não que ele mesmo seja muito inteligente, já que tá correndo atrás de um veículo em movimento e tals. Animais são estúpidos e não conhecem as leis básicas da física. Esse vídeo só seria melhor se o dog que sai rolando fosse um chow-chow. Quem tem um chow-chow, inclusive, deveria empurrá-lo sempre de um carro ou trem em movimento; o bicho deve rolar que é uma beleza.
Então, eu recomendei que vocês dessem risadas, e espero que vocês tenham cumprido o objetivo com esse gif modesto que coloquei pra vocês. Agora, pra completar, eu recomendo que vocês percam tempo pra cacete. Toma aí pra vocês:
Desktop Tower Defense
Clica aqui pra ir para a página do jogo
“O que é isso?” vocês se perguntam. Bom, é um joguinho desses de jogar no navegador mesmo. Esse joguinhos são ótimos, não precisam de instalação, auto-explicativos, sem burocracia e altamente viciantes. A parte do viciante pode ser ruim, caso você tenha alguma outra obrigação pra fazer no momento, mas daí também você que se foda né? Se você tivesse alguma coisa importante pra fazer não tava aqui lendo o site mais quente da galáxia.
Nesse caso específico aí de cima temos o Desktop Tower Defense, que já é oficialmente considerado um dos precursores de uma ONDA de jogos do tipo “tower defense”. O lance é viciante porque você fica brincando de matar coisas com armas diferentes. Porra, eu já falei isso essa semana na minha coluna, e a lógica é exatamente a mesma aqui: tu fica brincando de general. Só que ao invés de ficar montando exército você monta é uma estrutura de MATAR os exércitos que querem passar por você. Aí tem lá as torrezinhas com propriedades diferentes, desde mandar tiros normais até jogar tinta no cenário, pra deixar os atacantes mais lerdos. E as torrezinhas todas têm upgrades disponíveis, então você vai criando o sistema de torres e especializando ele da maneira que achar melhor. É uma merda, cê começa e não larga mais. Vou dar uma dica pra vocês noobs: não comecem colocando as torres no centro.
Se você gostou do estilo desse jogo, tenho outro aqui que vai acabar com o seu tempo disponível:
E aí bando de losers que jogam pouco? Duplamente losers, porque além de serem losers vocês jogam pouco. Por que vocês não se matam?
Ok, vocês lembram no início do ano, quando eu fiz umas previsões sobre como seria o ano de 2008 nos vídeo-games? Cês lembram que eu falei que o PSP tava meio fadado a sumir nesse ano?
Orra, acho que errei pra caralho.
Esse início de ano está DO CACETE pro portátil da Sony. Vou falar pra vocês de dois joguins que ocuparam meu tempo desde que voltei do meu exílio vídeo-gamístico auto-imposto há umas semanas, e que podem ser o motivo pra você pensar mais seriamente em adquirir um PSP, caso ainda não tenha um.
God of War: Chains of Olympus
Mano. Esse jogo é de chorar de tão bom. Terminei-o ontem e já estou a fim de jogar essa merda de novo. Jogar inteiro eu quero dizer. Do começo ao fim.
Eu vou falar a verdade: eu não sabia que o PSP podia gerar gráficos com essa qualidade. Porque não é só a questão da boniteza que esse jogo tem, mas presta atenção nisso:
Ele não tem slowdown
Ele não tem loadings
Ce crê? Um jogo de altíssima qualidade gráfica que não tem loadings, cara! Se você tiver o tempo disponível, tu vai do início do jogo até a última batalha sem uma tela de carregamento, num fôlego só. E mesmo quando você tá passando o cerol em Mó GALERA nas arenas, ele não tem slowdown, não dá uma travadinha.
Só esses dois fatos aí de cima já prestam testemunho da excelência técnica de God of War: Chains of Olympus. Dá pra ver que o jogo foi polido á exaustão antes de ser lançado. O resultado é um jogo praticamente perfeito, qualquer reclamação que eu fizesse aqui seria pura frescura e veadagem.
Tirando a boniteza e a parte técnica, vamos ao que mais interessa: “Atillah, o jogo é divertido?” Ãâ€. Chega a me dar ereções, de tão divertido que é. Sério. Mas eu justifico: tem PEITOS nesse jogo. Vários pares deles. E não estou falando do peito nu do Kratos; estou falando de minas com peitos expostos em profusão na telinha do seu PSP. Você vai ter que apertar bem os olhos pra ver alguns deles, mas eles estão lá. Uma das deusas, a irmã de Helios, tem uns peitos maravilhosos e cara de ninfetinha. Sexy. Gosto de jogos que me excitam e colocam peitos na tela sem um motivo específico pra isso. A mina lá no vídeozinho, dando a letra pro Kratos que ele tem que recuperar a luz do Sol e blah blah whatever, e tu sacando o bouncing dos peitos dela. Show de bola.
Fora os peitos (peitos pra fora), a jogabilidade é totalmente fluida, excitante e satisfatória. São poucas armas e magias no jogo, mas elas são eficientes e divertidas de usar; você nem sente falta de mais coisa. É tudo tão violento, assassino e sanguinolento que realmente não dá pra reclamar. Os combos do Kratos te deixam satisfeito só de olhar; aquelas armas dele descrevendo círculos vermelhos gigantescos no ar, com possiblidade de engatar combos e chains eternamente, fazem você gargalhar sozinho de emoção enquanto joga. Não estou exagerando. Nunca foi tão emocionante mandar uma medusa pro inferno.
Aliás, falando em inferno, você desce até o Hades nesse jogo e passa o cerol no CARONTE, mano. Orra, o cara é o barqueiro do inferno. Você PASSA o Caronte e rouba o navio dele; não é de chorar de alegria? Esse jogo me emociona em tantos níveis mitológicos e épicos que nem adianta explicar aqui porque vocês são ignorantes e só lêem Harry Potter. Dante Alighieri manda lembranças, motherfuckers.
Realmente não tem como ficar melhor. Uma salva de tiros para o PSP e para os desenvolvedores de God of War: Chains os Olympus. Trabalho de macho. Coisa refinada. O PSP continua sendo o portátil de escolha para os hardcore gamers. Me diga UM jogo do Nintendo DS que tenha peitos porra!
Patapon
PON-PON-PATA-PON!
Gay.
Sim, gay ficar repetindo as musiquinhas do jogo. Pare com isso agora se você preza esse saquinho de bolinhas de gude que você carrega entre as pernas.
Mas ok, entendo que é difícil pra você, pequeno jogador emasculado, não ficar repetindo os efeitos sonoros absolutamente lesantes desse jogo. Ele é um exemplo de drogas ilícitas em forma de vídeo-game. Tu pega pra jogar sem grandes expectativas, é envolvido pela experiência e não consegue soltar mais da parada.
Patapon é um desses jogos com personagens graciosos, que parece ser jogo de mulher á primeira vista. Mas ele se torna bastante complexo com o passar das fases então não pode ser jogo de mulher. Com mais ou menos uma hora de jogo tu saca que o que parecia apenas um Dance Dance Revolution disfarçado é na verdade um jogo de estratégia, onde você precisa pensar exatamente em como montar seu exército de pequenas criaturas cantantes, e sincronizar esse exército de acordo com a movimentação dos inimigos.
O que realmente diverte em Patapon é que os ritmos são muito intuitivos; é só ficar ligado com o que está acontecendo na tela e seguir o fluxo das coisas. O inimigo fez cara de que vai vir pra cima de você? Toca o ritmo de recuar. O inimigo deu pinta de que está meio abalado e o vento tá a favor? Toca o tambor pra galera partir pra cima. É tudo simples, mas quando você acerta exatamente as condições e o momento, você vê as criaturinhas mandando uma chuva de lanças e flechas no inimigo, com os números de damage pulando na tela. É uma satisfação enorme. Controlar exércitos sempre é uma coisa do caralho e remete cada um de nós imediatamente ás nossas experiências infantis de ficar fazendo guerra com bonecos de Lego ou Comandos em Ação.
O que deixa o troço todo com mais cara de briga de Legos é que com o passar das fases você vai juntando itens e armas, que permitem moldar o seu exército com uma série de características específicas. Como cada exército tem três grupos distintos de patapons, você pode ir melhorando as estatísticas de grupos específicos, e armando eles de acordo com a função que você quer que eles desempenhem. Você chega ao fim do jogo com um exército extremamente particular e personalizado, que reflete as suas características de jogador. Se tu é um cagalhão, você vai ter uma linha de frente com patapons tank, que vão segurar a onda das porradas, e as duas linhas de trás com lanceiros e arqueiros: dano á distância com um mínimo de baixas. Se tu é mais ousado e inconseqüente, vai investir numa linha de frente ágil, pra caçar os inimigos sem se importar muito com perder alguns patapons. Você é o que você joga, como eu sempre digo.
Joguim da porra de legal. Não falei do estilo visual de jogo, que é uma obra de arte. Ele lembra aquele visual clean de LocoRoco, com personagens muito carismáticos e tal. É como eu falei: fica naquela linha entre o bonito e a bichice. Mas não ofende o jogador sério e combina demais com a experiência de jogo. Um jogo do qual você sai feliz e satisfeito, mesmo se jogar só uns dez minutos.
Bom crianças é isso. Foram aí dois ótimos motivos para contradizer a minha previsão de morte prematura do PSP. Tem certos momentos em que eu adoro estar errado cara. Queria ter falado também de Wipeout Pulse, outro PUTA jogo que saiu nesse início de ano, mas isso aqui já tá muito grande. Fica a sugestão de qualquer forma.
Ah, e só pra ilustrar o quanto God of War é excepcional, com apenas alguns dias de lançamento ele já é o jogo top do PSP, com um score médio de 9,2 entre os 35 maiores sites de reviews de jogos em língua inglesa. Impressionante hein? Putaqueospariu como esse jogo é bom.
Joguem, motherfuckers. Não estou vendo os calos nos dedos de vocês.
Vocês três que acompanham essa coluna desde que ela passou a ser escrita por mim já devem ter percebido que eu tenho esse problema de levar os games á sério demais ás vezes. Ok, eu sou um hardcore gamer e jogo mais do que devia. Acho que esse tipo de comportamento é esperado de pessoas como eu.
Mas então, vocês putos aí que também se consideram hardcore, já viram esse jogo chamado Passage?
Isso nem pode ser chamado de “jogo”, acho. Olha o tamanho desses pixels cara. Tu olha e fica pensando “que merda é essa, voltamos aos anos 80?”. Eu fiquei procurando qual era o comando pra aumentar a resolução, eu não conseguia acreditar que tinha instalado do jeito certo e que tava pronto pra “jogar”.
Por que o “jogar”, entre parênteses? Porque a parada não é bem um jogo, já falei. Então você não “joga”, você “participa”. É uma experiência disfarçada de jogo. É difícil explicar, baixa aí a parada, tem só uns 500k, e o jogo todo vai do começo ao fim em 5 minutos, mais ou menos. É mais rápido jogar do que ler o resto dessa coluna, então, se for pra escolher entre um dos dois, escolha o jogo.
Joga lá e depois volta aqui. Eu espero.
Sério, porra. Joga ANTES de ler o resto.
Jogou? Então? Não é uma PUTA experiência bizarra? Tu não começa achando meio esquisito e daí vai entrando numas cadeias de pensamento que não combinam muito com o que você espera sentir num jogo? Pra mim foi o seguinte:
Eu comecei a parada e fui apertando uns botões padrão no teclado: shift, espaço, enter, pra ver quais eram as ações disponíveis. Vocês sabem, eu nunca leio tutorial de jogo, mas tiro alguns minutos pra testar os comandos já dentro do jogo. O bonequinho não fazia nada, a não ser andar na tela. WTF? E ainda por cima uma tela que nem é tela, porra. Só essa faixinha ridícula no meio da tela preta. Vamos andar então, que já vi que é jogo de ficar andando. Deve ser um tipo de Pitfall sem pulos. Nostalgia Atari imediata dos jogos com pouquíssimas opções de ação. Já fiquei de má vontade com o jogo.
Primeiro eu comecei a ir pra direita, sem pensar muito. Passei reto pela mulherzinha, porque só tinha visto uma parte dela (tu não viu a mulherzinha? Perdeu. Joga de novo), mas resolvi voltar e encostei nela. Surgiu um coração entre os dois e eu pensei “Yeesss, mulher!, Agora só falta achar a cerveja, o chicote e a cama” A mina colou em mim e não dava pra fazer mais nada com ela, então continuei andando pra direita. Como assim, ela vai na minha frente? “Mulher, já pra trás do seu marido!” Isso me incomodou um pouco, mas tudo bem. O jogo é assim, pra ir despertando sentimentos mesmo através do minimalismo dos pixels e tal. Mas me surpreendi em perceber que meu machismo se expressa até com um punhado de pontinhos coloridos numa tela. Os jogos são mesmo um espelho do jogador.
Aí continuei andando, vendo o cenário tosco ir mudando e passando rápido demais. Também percebi que no lado direito da tela era como se o cenário estivesse todo esmagado lá, esperando pra entrar no campo visual. Achei um puta efeito pra um jogo horrível desses. Mas não parecia ajudar em nada pra descobrir o que fazer no jogo. Só tornava evidente que eu tinha que seguir sempre pra direita. Fui indo, meio de saco cheio, mas sabendo que o jogo terminava logo.
Depois de andar pra caralho resolvi variar o caminho, mas não dava pra fazer muita coisa. Como eu tava com a mulher, eu não conseguia passar entre alguns obstáculos. Damn Woman! Mulheres: sempre me impedindo de fazer o que eu quero e de ir onde eu preciso ir. É ou não é a metáfora perfeita da vida a dois? Tu arranja uma mulher e ela acaba com a sua liberdade. Orra, tinha um baú de tesouro que eu vi uma hora, e que eu não conseguia chegar nele por causa da mulher. Mulheres empobrecem você. Sumidouros universais de dinheiro. Conformei-me de que não poderia fazer nada de muito útil e fui só seguindo pra direita pela parte de cima do cenário. Era o caminho mais fácil.
Eu via os pixels dos bonecos dando umas piscadinhas, mas achei que era só porque o jogo é tosco. Perdi um puta tempo andando pra direita, e pra cima e pra baixo em zig-zag, procurando uma porta, uma passagem (o jogo se chama “Passage” porra), mas só achava obstáculos. Quando comecei a andar só pra direita e o cenário me entediava, percebi que os bonecos estavam ficando com os cabelos brancos. Caralho! Como assim? O único outro jogo onde o efeito de envelhecimento do personagem me causou angústia até hoje foi em Fable. E nem incomodava tanto, já que seu personagem envelhecia mas não morria em Fable.
Orra. Eu vou morrer. ORRA, meu bonequinho vai morrer porra! Tentei voltar pra esquerda, pra fazer o tempo voltar. Não dava, óbvio. Desde quando dá pra fazer o tempo voltar? Só em Need for Speed e Prince of Persia mesmo. Mas eles são só jogos. Cara, eu vou morrer. A mina vai morrer. Ela tá velha e nem teve sexo nesse jogo. ó o machismo aí de novo. Surpreendente que eu tenha pensado uma merda dessas ao me tocar de que os dois iam morrer.
Sério, fiquei parado um tempão olhando os pequenos putos. Normalmente seu personagem morre num jogo porque você enfia ele num buraco, toma 280 tiros, é comido por uma hidra, sei lá. Não morre sozinho por envelhecimento. Mas eu já sabia que não dava pra fazer nada pra impedir o avanço do tempo. E o pior: mesmo parados os putos continuavam envelhecendo. Oh, merda. Rápido, vamos andar o máximo que der.
Corre, corre, corre pra direita. Corre o caralho, os bonequinhos tão velhos e não andam mais naquele ritmo do começo do jogo. Bosta de jogo realista, pare de me angustiar. Eu não quero um jogo que me lembre de como a vida é uma marcha interminável pra morte, com a gente se degenerando no caminho.
CORRE mano, cês vão morrer! Aí, do nada, a mina vira uma lápide. Foi pra fita a mulherzinha. E você fica vivo. O jogo é tão FDP que faz os personagens morrerem em tempos diferentes, só pra você experimentar ainda mais a inutilidade da sua vida. Fica abandonado no final. E nem dá pra voltar e pegar aqueles baús cheio de drogas ilícitas e dinheiro que ficaram pra trás. Caput. Você gastou sua vida E a vida da sua mina fazendo porra nenhuma, a não ser seguir o caminho mais fácil pra direita. Vidinha bunda que você levou hein?
Andei mais um pouco pra direita, muito, muito devagar. Notei que aquele efeito de cenário esmagado não tava mais na parte da frente, tinha ficado todo pra trás. ó a sua vida lá atrás. Dá pra ver a lápide da mina ficando pra trás. Não tem mais nada pra frente. RIP pra você também motherfucker. Homem-lápide. The End. Teh Horror.
Que joguinho desgraçado cara.
Mas ok, tirando a parte da depressão, é ou não é uma puta experiência provocada por um punhado de pixels mal-ajambrados? Eu fico puto cara. Eu fico puto, porque eu fico imaginando o tipo de experiências que poderiam ser criadas nos consoles atuais, se os desenvolvedores fossem um pouco mais criativos. Olha o potencial que essas caixinhas têm pra fazer a gente refletir sobre a vida. E a gente fica só matando nazista em Medal of Honor. Que merda. Isso é um jogo que vale a pena, um troço em que você gasta seu tempo, pensa numas coisas que estavam lá no fundo da mente e depois ele acaba servindo como uma memória, uma figura, um relicário de que você tem que pelo menos aproveitar melhor sua vida, nessa marcha para o cemitério. Sempre pra direita. Caminho fácil ou difícil? Aliás, notaram que tem uma pontuação em cima?
Enfim, jogaram? Sentiram alguma coisa diferente? Não sentiram porra nenhuma?
Vocês não sabem, mas eu larguei tudo por uma semana. Me mandei; vazei; fui pra uma ilha. Peguei a mulher, caixa de Skol, passagem de ônibus, barco em alto-mar e toca achar uma pousada pra ficar no meio do nada.
E estive lá pensando em vocês, bando de motherfuckers que lêem essa coluna.
“Sofrendo” sem poder jogar
Porque, caras, eu passei UMA SEMANA longe de vídeo-games. Eu não tenho idéia da última vez em que isso aconteceu. Desde que eu comecei a ganhar meu próprio dinheiro pra comprar meus games, eu provavelmente não passo mais de um ou dois dias sem dar uma jogadinha. O normal é jogar todo santo dia.
E então, depois de 5 ou 6 dias sem jogar, num boteco á beira-mar, eu lembrei que tinha uma coluna pra fazer quando voltasse. E que eu não tinha tema para a maldita coluna porque, afinal, eu não tinha jogado nem lido nada sobre games em quase uma semana. Foi quando eu me toquei de como eu não estava sentindo falta nenhuma de vídeo-games. Nem de internet. Nem de msn. Nem de televisão. Nem de celular. Parnasianismo total. Retorno ao essencial. Essas boiolagens.
E, enquanto vinha outra Skol na mesa, fiquei pensando em como é possível que alguns coreanos loucos consigam literalmente se matar de tanto jogar. Como cara? Como alguém começa a jogar World of Warcraft e simplesmente não consegue parar mais? E abandona mulher, e filhos, e emprego, e relacionamentos, e deixa de comer e cagar e simplesmente PIFA na frente do monitor? Falência cerebral.
Porque, veja bem, eu sou um cara bastante urbano, extremamente acostumado e dependente das facilidades eletrônicas do dia-a-dia. Eu sou o cara que vai ao banheiro cagar com um Nintendo DS na mão, porra! Entretanto ali estava eu, passando horas simplesmente jogando papo fora, trocando garrafas vazias por garrafas cheias e de um modo geral não fazendo nada a não ser olhar os navios passando no horizonte. Horas. Mais tempo do que eu passo jogando, na verdade.
E quando não estava no boteco á beira-mar, estava no meu boteco particular á beira-piscina. Vou falar a verdade: eu me permiti levar meu ipod. Piscina, Skol e ipod. Horas vagabundas sem nada pra fazer a não ser olhar pro mar eventualmente, pras bundas na piscina, trocar de latinha e posição das pernas, pra não ficar dormente. Todo dia nessa balada. Eu estava me sentindo bem. Nenhuma pontinha de vontade de voltar pra cá, para esse monte de fios, telas azuladas e zumbidos eletrônicos.
Qual é o lance? – Pensei comigo mesmo. Por que consegui largar tão facilmente dessas coisas em que sou viciado e com as quais perco horas dos meus dias na cidade? Será que elas simplesmente não eram necessárias como eu imaginava? Será que no fundo eu ODEIO todas elas? Não, não pode ser isso. Eu de fato me divirto jogando. Porra, eu escrevo sobre games num site sem ganhar nada pra isso, é evidente que eu gosto de jogar. Mas eu estava incomodado com isso. É como se, sei lá, alguém de quem você gosta morresse e você não passasse pelo luto, não sentisse falta do desgraçado.
E daí, pensando no lance de morte, cadeias de pensamento preguiçosas embaladas por latinhas vazias, lembrei de novo dos malucos que morrem de tanto jogar. Comecei a me perguntar por que EU ainda não morri de tanto jogar. Qual a diferença entre eu e esses coitados? Falta-me Nerdice? Ah eu também sou suficientemente nerd pra me matar de jogar, não deve ser isso. A diferença é que eu tenho outras coisas legais pra fazer. E eles não. A única coisa que eles acham legal é jogar. É o único lugar onde se sentem bem, poderosos, fazendo algo útil, construindo alguma coisa, sei lá.
É difícil não cair no canto da sereia; essas caixinhas com monitores acoplados são muito sedutoras. Tu põe um joguinho lá e começa a receber as recompensas: uma armadura nova, um vídeo de tela cheia, um score cada vez maior, um multi-kill contra 10 nego online, uma fase bônus, uma história envolvente. Os jogos possuem muitas maneiras diferentes de nos prender e são cada vez mais eficientes em fazer isso. É fácil trocar a vida real pela vida virtual; o mundo é mais emocionante dentro da tela, mais colorido, as mulheres são mais gostosas, eu luto boxe melhor em Fight Night do que no ringue de verdade.
Eu me sinto bem jogando. Mas eu também me sinto bem me relacionando, fazendo outras pessoas rirem de vez em quando, montando frases espertinhas, zoando você e todos que você conhece, construindo pilhas de latinhas vazias, sentindo o entorpecimento alcoólico lento produzido por cervejas consumidas preguiçosamente no bar. Eu me sinto bem ao observar uma mulher belamente construída no meu campo visual; olhando até ela ficar constrangida; olhando até o acompanhante dela me olhar feio. Eu me sinto bem fazendo nada. Eu não preciso fazer alguma coisa o tempo todo para me sentir útil.
Pequenas satisfações e prazeres; no fim das contas são as coisas mínimas que me salvam de cair babando com a cabeça no teclado.
E só daí eu saquei: não é que eu goste de vídeo-games. O que eu gosto mesmo é de curtir, de me sentir bem. Se eu estou me sentindo bem com outras coisas e atividades diferentes, não preciso de vídeo-games. Eles são só um veículo de diversão, não são a diversão em si. Parece besteira, parece idiota e parece simples demais. E provavelmente é. Mas precisei de uma semana sem os aparelhinhos á minha volta pra concluir isso. Se eu sou burro a esse ponto, imagine vocês.
Pensem nisso. E enquanto vocês pensam, eu vou ali jogar. Orra… mais de uma semana sem jogar, cara.
Explodam-se vocês. Vou fazer mais experimentações literárias. Fiquem agora com:
I Want Your Sex
Ou
Emoções sexuais de um gamer
Raiva é uma emoção. Raiva de jogos que não apresentam sexo ou exploração desnecessária da figura feminina. Desprezo é uma emoção. Desprezo pelo jogos que procuram um bom motivo para colocar mulher pelada na tela. O sexo e o erotismo nos jogos só são interessantes quando acontecem de forma gratuita e totalmente desvinculada da história. Eu quero toda a força das placas 3d, processadores, desenvolvimento de novas texturas, simulação física e iluminação voltados para um maior realismo na representação de um PEITO nos meus jogos.
OMFG Olha o TAMANHO…
O problema são os peitos. A solução são os peitos. Eles vêm em pares e balançam, balançam, balançam. Para cima para baixo para cima para baixo, moto-contínuo, eterno vai e vem, sem parar, desafiando a gravidade. Peitos impossivelmente enormes, empinados, redondos, imaculados. Peitos com uma mulher em volta, mas esta quase invisível, desaparecendo atrás dos peitos. A mulher é apenas um veículo, um suporte para os peitos.
Eles são impossíveis, mas eu estou disposto a suspender a minha descrença por um tempo. Me faça acreditar nesse monte de pixels pintados de cor da pele, nesse olhar de mulher decidida. Decidida a seduzir e dar pra todo mundo.
Deus Salve a Rainha:
Ela é a melhor
Longa Vida á Rainha Mai Shiranui: os pixels mais bem torneados que habitam minha mente.
Pixels rosados, embalados em vermelho, sanguíneo, excitante. Pixels de uma mulher impossível, que se despe para lutar. Sem roupa, é hora da ação. Decotes e fendas, a serviço do inimigo e do jogador. O jogador que vira presa, se descontrola, mesmo com o controle nas mãos. Controle sobre o quê? “Faz ela ganhar, só pra gente ver a saia levantando”, “faz o movimento especial, onde ela dá uma voltinha”:
De monte de pixels a personagem principal. De personagem de um jogo a objeto sexual. De objeto sexual a objeto de culto, celebridade erótica, eternizada em carne e osso, magicamente saindo da tela para nossas mentes e olhos. Eu vou te comer Mai Shiranui.
Eu vou te comer. Comida com os olhos, aos pedaços, mordidas e bocados de resina:
Brincando de boneca
Eu vou te comer. Comida com as mãos, pedaços de jornal, celulose mágica, vira as páginas em sentido contrário e vamos logo aos finalmentes:
Dá-lhe hentai e doujin
Eu vou te comer. E dessa vez (ela) é de verdade:
Mai Shiranui for real
Eu ia te comer. Mas pensando bem… nem quero mais:
Teh Horror
Volte ao jogo, seu monte de pixels. Suma da minha frente. Desapareçam você e todas suas amigas irreais e impossíveis. Chun-li, Cammy, Lara Croft. ódio é uma emoção, e vocês são todas umas…
Ok, estou trapaceando e recomendando um filme e um livro ao mesmo tempo. Apedrejem-me motherfuckers. Soterrem-me sob pedras, mas leiam o livro e assistam ao filme.
Eu só não sei o que é melhor fazer antes.
Porque eu fico puto quando eu vejo um filme bom e depois leio o livro. É um saco ler um livro excepcional já sabendo da história através do filme, não? Você deixa de ser surpreendido pela história, e acaba se prendendo em aspectos mais técnicos ao invés de se deixar levar pelos personagens e narrativa.
Por outro lado, eu acho pior ainda ver um filme depois de ler o livro em que ele foi baseado. Ao ler o livro você monta as cenas de forma exuberante e extremamente pessoal na sua cabeça deformada, e é difícil superar isso com as imagens feitas por outras pessoas. Daí vem a natural frustração das pessoas com filmes baseados em livros que elas já tenham lido.
Então a minha dica pra você decidir o que fazer primeiro é: DANE-SE; TANTO FAZ. Por sorte o filme E o livro são espetaculares, então você não vai errar de jeito nenhum.
O LIVRO
Resumão pra vocês entenderem qualé a de “Perfume”: Jean Baptiste Grenouille é um pequeno puto abandonado pela mãe e que cresce tendo uma vida desgraçada de merda miserável maldita. O cara se ferra. Mas tem um olfato do caralho.
Eu só me fodo
O cara cheira coisas impossíveis, cheira suas entranhas, o cara cheira os seus PENSAMENTOS se você estiver perto o suficiente. Sério, lê isso:
Para Terrier era como se a criança o visse com as narinas, como se ela o olhasse de um modo agudo e examinador, de um modo mais penetrante do que se poderia fazê-lo com os olhos, como se engolisse algo com o seu nariz, algo que saía dele, Terrier, e que ele não conseguia reter nem ocultar… Essa criança sem cheiro cheirava-o todo, desavergonhadamente! Farejava-o!
Grenouille cresce CHEIRANDO o mundo inteiro e aprendendo o ambiente através dos cheiros. Ele define as coisas através de como elas cheiram e classifica pessoas, emoções e objetos a partir dessas combinações olfativas. Cara, eu nunca vi um dos cinco sentidos ser tão bem utilizado como mote de uma história. E um sentido que normalmente é relegado, já que você não cheira palavras ou imagens.
Em uma pequena crítica, o livro demora pra engrenar. Não estranhe. Antes da história propriamente dita começar, o autor precisa de páginas e mais páginas pra fazer você criar simpatia por Grenouille. Uma simpatia extremamente necessária, já que ele vai cometer atrocidades ao longo da história, e faz você ficar pensando sobre o alinhamento moral dele. Essa é a força maior da narrativa, ao meu ver: deixar claro que Grenouille não é MAU ou BOM. Ele simplesmente montou um mundo olfativo onde regras morais não fazem sentido. A busca é pela sensação final, o gozo olfativo, o cheiro supremo.
O Perfume
Das Parfum Ano de Edição: 1985 Autor: Patrick Süskind Número de Páginas: 255 Editora:Record/Altaya
O FILME
Belo, belo filme. Poesia em movimento. O diretor foi simplesmente genial ao fazer você sentir o que é o mundo de Grenouille através de imagens. A ator escolhido para o papel, que eu nunca vi mais gordo, consegue expressar na face a sensação de se cheirar coisas sublimes e coisas horrendas. Ele parece um cachorro durante o filme todo, o que acho que foi intencional já que cachorros são ótimos farejadores.
A história é minimalista no filme, com as imagens tendo mais efeito do que os diálogos. Você simplesmente PRECISA embarcar no ritmo visual, ser levado pelas cenas de corte rápido e rascante, como um cheiro ácido e acre. Cenas longas e demoradas, como o aroma de um COELHO assado enchendo primeiro o fogão, depois a cozinha e finalmente a casa toda. Cenas que criam expectativa, onde Grenouille sente uma nota de algo no ar; o vazio sonoro, sem música, a palheta cinzenta de cores, que significam o vazio sensorial. Grenouille, feito um Wolverine, pega um cheiro e começa a segui-lo; a música começa, passa a compor e fazer par com mais cores na tela até que ele acha a fonte do cheiro, contorce o rosto, fecha os olhos, desaba no chão, arrebatado, a música sobre, preenche tudo e a tela explode. Sensacional. Melhor que isso só se o maldito filme tivesse cheiro mesmo.
GERAL quer o perfume do cara
A cena final, onde Grenouille encontra e liberta seu perfume supremo, é tão maravilhosa e orgiástica, tão bonita e erótica que me lembra os melhores momentos de Calígula. Mas vocês são novos demais pra saber o que isso quer dizer. É um tipo de cinema que não existe mais. Onde pessoas peladas e o sexo são mostrados de uma forma a passar uma mensagem ao telespectador, e não apenas a criar excitação por ver um corpo nu. Aliás, esse filme quase passou batido por aqui. Muito injustamente.
Trailerzinho aí pra vocês que gostam disso:
Altamente recomendado. Cenas maravilhosas, ritmo exclente, história original e fora do padrãozinho Roliúdi.
Perfume: A História de um Assassino
Perfume: The Story of a Murderer Lançamento: 2006 Direção: Tom Tykwer Roteiro: Andrew Birkin; Bernd Eichinger Elenco: Dustin Hoffman; Alan Rickman; Ben Whishaw
Vocês sabem, eu não escrevo pra nego burro, embora a maioria dos nossos leitores o seja.
“O seja” o quê?
Burro. Viu? Vocês não sabem entender nem a porra da colocação de um pronome e a quem ou a quê ele se refere.
Mas como eu ia dizendo, espero que ao ler uma coluna sobre games, vocês estejam pelo menos acompanhando alguns deles. No mínimo, os principais lançamentos dos consoles que lhes interessam.
Sendo assim, creio que No More Heroes dispensa maiores apresentações. Se você não sabe que jogo é esse, vai ver notícias em outro lugar. Agora vamos ás minhas impressões sobre essa produção vídeo-gamística de grosso calibre.
No More Heores: jóia gamística do Wii
Há muito tempo eu não via um jogo que me zoasse tanto. Esse jogo me zoa pra caralho. Esse jogo me zoa desde o boot até o save antes de desligar. Esse jogo me zoa mais do que a Gabi num restaurante vegan. Esse jogo me zoa de uma forma que eu fico olhando pros lados enquanto jogo, pra ver quem mais tá tirando uma com a minha cara.
Eu preciso da ajuda de vocês agora. Qual é a história desse jogo? Alguém sabe? Qual a linha principal que segura a história do início ao fim? Pelo que eu entendi tem lá o Travis Touchdown:
…que deveria ser o herói do jogo. Quer dizer, é o carinha que você controla, mas tá longe de ser “herói”. O cara é um otaku, pelamor… O quarto de hotel barato dele é cheio de quinquilharias de anime e ele tem um ROBÆGIGANTE como item de decoração:
… e o cara venera um pôster de alguma personagem feminina infantil de algum anime que eu não sei qual é. Tô te falando: ele acaricia o pôster e geme alguma expressão nipônica que eu nem quero descobrir o que quer dizer. WTF? Como eu vou me identificar com um otaku num jogo? O pior que eu já fiz foi assistir Evangelion duas vezes, e eu nem quis ler o manga depois.
Mas o cara usa uma jaqueta de couro, isso é legal. E ele tem uma porra de um sabre de luz como arma, que é basicamente A fantasia sexual de todo jovem que viveu na década de 80. Ah, sim, isso deveria fazer parte do enredo inclusive. E faz, é mesmo, esqueci. Eu já falei que você faz movimentos masturbatórios com o wiimote para recarregar a bateria do seu sabre de luz? Pois é.
Parece confuso? Ah, sério? Então vamos recapitular: Travis Touchdown, um otaku, compra um sabre de luz em um leilão na internet. YA. Eu juro pra vocês que é isso que o jogo diz. Aí ele conhece uma GOSTOSA:
Que dá as dicas pra ele subir num ranking de um clube da luta ou algo que o valha. São dez posições com dez negos diferentes pra ele passar o cerol neles tudim. Conforme ele vai tesourando os caras, vai subindo no ranking. O que ele ganha no fim? Não sei, mas conforme ele sobe a loira lá vai dando mais mole pra ele. Então suponho que a real motivação pra continuar lutando é levar a loirinha sexy pra moita.
É ou não é uma história do caralho? É.
Ou seja, o jogo não se leva á sério. “Ah, mas será um belo jogo de bosta esse No More Heroes” – pensei ingenuamente eu, ao ler o enredo. De certa forma é mesmo um jogo de bosta; quando você salva o jogo, Travis Touchdown senta na privada pra largar um barro:
Hora de… salvar o jogo.
Demais cara, simplesmente demais.
É como se o jogo dissesse que tudo que você fez ali realmente não importa, e que seus esforços valem menos que um cocô. Eu me sinto assim cada vez que vou salvar o jogo. Tem até o som dele fazendo “Ahhhh” ao sentar para realizar o serviço. Eu me sinto extremamente zoado.
Então, o jogo é de matar gente. Legal, ponto a favor. Mas pra matar os caras, você tem que entrar num esquema meio que de pirâmide, onde você paga pra subir e ter a chance de matar quem está acima de você. Então você precisa de GRANA. E num jogo glamouroso como esse, como você consegue grana?
Cortando grama, claro:
…e catando cocos em coqueiros.
Eternamente zoado.
Então, recapitulando de novo. Cê é um baita dum ASSASSINO, que mata nego pra comer mulher. Você tem um SABRE DE LUZ. Mas você é um otaku e precisa cortar grama pra arranjar dinheiro.
Troféu joinha pra esse jogo hein? Jogador zoado do início ao fim. Nunca me senti tão zoado.
Mas não imaginem que o jogo é ruim. Eu só quis passar pra vocês um pouco da confusão mental que ele provoca. E eu acho isso um espetáculo, caso contrário não tiraria minha coluna pra falar de apenas um jogo.
Eu não vou entrar em detalhes sobre os chefes ou sobre o sistema de jogo, porque o mais legal é vocês experimentarem tudo isso em primeira mão, sem nenhum tipo de expectativa criada por algo que vocês leram aqui.
Esse é o tipo de jogo que vai salvar o Wii da sua reputação de console de jogos boiolas e casuais. Sabe Cooking Mama? Isso aqui é o EXTREMO OPOSTO de Cooking Mama. Com sabres de luz. Vocês deviam jogar. Noobs.