Pois bem. Só por eu ter falado sobre Transmetropolitan aqui, eu já deveria poder tirar minha aposentadoria com todo o luxo incluso, mas como eu sou benevolente, farei mais um favor a vocês, baitolas, trazendo mais uma HQ que pode talvez transformá-los em pessoas decentes.
The Boys é uma HQ do irlandês Garth Ennis (de Preacher), ilustrada por Darick Robertson (co-criador de Transmetropoli… porra, eu já devia poder parar esse texto por aqui. Só esses dois parênteses já deviam ser o bastante pra ces saberem que a HQ é do caralho). O cenário é quase como o mundo de hoje, mas existem pessoas com super-poderes nele. Ou seja: Tinha tudo pra ser uma HQ padrão de super-heróis com cuecas por cima das calças. E de um certo modo, ela é. A diferença mais notável é que os super-caras não são o centro da história. Quem manda na bagaça toda são os caras de um grupo especial da CIA criado pra manter os heróis na linha. Uma espécie de BOPE dos super-heróis. E a coisa toda é comandada pelo intimidante Açougueiro.
Com um cachorro desses, até eu seria marrento.
A idéia não é necessariamente nova. Nas próprias revistas famosas de heróis da Marvel e da DC já se viu alguma coisa sobre isso, e a idéia chegou a aparecer até em Liga da Justiça. O grande problema é que nenhum desses caras foi PIRATA o suficiente pra levar a idéia mais a fundo, e mais: Nenhum deles foi pirata o bastante a ponto de mostrar o ponto de vista dos heróis como algo ERRADO. E é aí que o Garth entra. O cara chuta a porta, mesmo, descendo o SARRAFO nos caras com a cueca por cima da calça sem remorso nenhum.
Criar The Boys foi como dar uma botinada na cara do Superman. Literalmente. Logo na primeira HQ, onde alguns dos personagens são apresentados, uma cena clássica é mostrada: O vilão é arremessado num muro, em um parque de diversões, que, logicamente, está cheio de gente. Até aí, tudo normal, a não ser por pequenos detalhes. Detalhes, aliás, que são precisamente os pontos essenciais da HQ, e que são omitidos em toda HQ, desenho ou filme de super heróis: Pessoas morrem em explosões, prédios demolidos e terremotos. No caso, a vítima é Robin, namorada de Hughie Mijão, um dos personagens principais da revista. O vilão, arremessado no muro, acaba acertando a garota em pleno ar, deixando apenas as mãos mutiladas da pobre vítima ainda seguradas pelas mãos de Hughie. Uma bela cena, devo dizer. Sem o menor arrependimento – aliás, sem nem sequer parar pra prestar atenção na cena -, o super-herói, Trem-A, diz uma frase de efeito imbecil e sai de cena, deixando o homem traumatizado pra polícia cuidar. Como qualquer super-herói faria, aliás.
Claro que o cara fica puto com isso, e é aí que o Açougueiro entra. O cara também parece detestar os super-heróis, e tá tentando montar de volta o grupo de “anti-heróis” dele. Além de chamar o Hughes Mijão, que, claro, ficou muito puto com a brigada da cueca em cima da calça depois do “acidente”, temos a psicopata Mulher, que sabe-se lá como explode a negada, deixando rostos arrancados e destruição pra todo lado, o Filhinho Da Mamãe, que é praticamente um segundo em comando no grupo, necessário pro Açougueiro, e o Francês, que tem uma entrada ao estilo Zinedine Zidane, e, e… porra, onde é que eu já vi esse cara, mesmo?
Spider? É você?
The Boys foi publicada até o sexto volume pela Wildstorm, até que a série foi cancelada, em 24 de janeiro deste ano(é, véi, ainda se fazem HQs boas hoje em dia), sem mais nem menos. Pois é, FODERAM com o cu da ÉGUA, mesmo. Isso tudo porque a DC não gostou do “tom anti-heróico” da HQ. Rá, ficaram PUTINHOS, véi. Mas pelo menos os caras liberaram o Robertson, que tem contrato exclusivo com eles, pra continuar publicando a HQ junto do Garth, se arranjassem quem o fizesse. E em fevereiro os caras arrumaram: a Dynamite Entertainment resolveu continuar essa maravilha de idéia. A HQ então voltou á ativa em maio, e hoje temos até a décima quarta edição dessa pérola das HQs.
Enfim, se você gosta de humor negro, sanguinolência, herói tomando porrada no olho, humor negro, estupros caninos, matança, destruição, morte, sadismo, Preacher, Transmetropolitan e humor negro, essa é a HQ que vai te satisfazer, marujo!
Agora, se vocês querem link pra bagaça, que tal perguntar pro JÃO MATADOR?
Em primeiro lugar, o título. Faz algum tempo, o théo tinha falado algo sobre criar títulos pra “séries” de posts sobre música, assim como acontece com o “Filmes bons que passam batido”. O cara até tinha arranjado um nome sagaz e homossexual pra coisa toda. Como eu sou esquecido pra caralho e tenho preguiça de procurar, eu faço do meu jeito, mesmo.
Como alguns de vocês talvez já tenham visto, uma parte dos colaboradores do site já tentou falar sobre blues por aqui, mas o fato é que eles falharam miseravelmente. Era de se esperar, claro, visto que o nível de tanguice do site nos últimos tempos se elevou ás alturas.
Pois bem. Assim sendo, vejo que sou eu quem deve portanto cumprir tal tarefa. A iniciarei, então, trazendo a vocês um dos maiores ícones do blues de todos os temp… não, porra, não é o Eric Clapton, é Stevie Ray Vaughan!
O sétimo entre os cem melhores guitarristas de todos os tempos, segundo a Rolling Stone Magazine (não que isso seja grande coisa. Afinal, uma revista que coloca Frank Zappa atrás de Jack White não merece lá muito respeito), Vaughan, que morreu em 1990 num acidente de helicóptero, é até hoje visto como um homem de respeito dentro da música, influenciando praticamente qualquer um que goste de blues hoje em dia. O cara foi realmente uma lenda, revitalizando bem pra caráio o blues nos anos oitenta.
Stevie, nascido em 1954, começou a tocar guitarra aos oito anos, ensinado por seu irmão, Jimmie. Aos treze anos, o cara já tocava por aí, atraindo a atenção de gente como Johnny Winter. Mas sua primeira banda a gravar alguma coisa mesmo foi a Paul Ray and the Cobras, nos anos 70, que lançou só um single. Em 1975, depois que os Cobras se separaram, ele formou a Triple Threat, com o baixista Jackie Newhouse, o baterista Chris Layton, o saxofonista Johnny Reno e Lou Ann Barton como vocalista. Barton largou a banda em 1978, e Reno fez o mesmo um ano depois. Os três “sobreviventes” continuaram tocando, usando o nome “Double Trouble” para a banda. E foi aí que SRV¹ pegou também o microfone(heh). Tommy Shannon, baixista que tocou com Johnny Winter, acabou tomando o lugar de Newhouse, e em 1982, o Double Trouble lança seu monstruoso primeiro álbum, Texas Flood. O nome te soa familiar, é? Provavelmente essa é mais uma das músicas que você só passou a conhecer graças a Guitar Hero. Bichona.
Um dos traços característicos do som de SRV é o timbre único e inconfundível de sua Fender Stratocaster, com o tremolo invertido, influência de Jimi Hendrix. Nota-se algo de Hendrix também em seu estilo de tocar, que, aliás, é do caralho. E a coisa não para por aí: foi tocando Little Wing, do cara, que SRV levou o GRAMMY em 1993, por melhor performance instrumental de rock. Ce nota que um sujeito é bom quando ele ganha um GRAMMY depois de morto, aliás. Falando em GRAMMYs, o cara levou seis, no total.
Essa imagem tinha 900 pixels de largura, véi. Deu pena ter que reduzir.
Agora, é claro que depois dessa enrolação toda falando sobre o cara, ce quer ouvir ele pirando o bagulho, né? Pois bem, se isso vai te fazer parar de ouvir a porcaria que ce anda ouvindo e te levar pro lado bom da música, aí vai:
Mary Had a Little Lamb. Música do caráio.
Scuttle Buttin’. Provavelmente o vídeo que mais vai te empolgar nessa resenha inteira.
Agora, se isso não te deixa satisfeito, não tem problema: eu, sendo imensamente benevolente, vos deixo aqui a discografia completa de Stevie Ray Vaughan.
¹: Stevie Ray Vaughan, jumento. Ce achou que fosse o quê? “Socialist Republic of VIETNAM”?
Bom, se eu começasse como qualquer artigo musical sem graça, dizendo “Lodger é uma banda indie finlandesa, que bla bla bla bla”, eu já teria dito o suficiente pra vocês saírem CORRENDO desse artigo na primeira frase. Não, espera, véi, não corra ainda, eu já chego ao ponto. E pra isso, eu vou usar OUTRO personagem recorrente já famoso aqui no aoe, ao invés do tanguinha: HUMPHREY BOGART.
– Pura perda de tempo, rapaz. Uma banda indie será sempre uma banda indie, não importa o que você faça pra melhorar isso.
Relaxe, homem. O negócio é que os caras acabaram fazendo uma jogada genial que fez com que a banda acabasse ganhando alguma fama: Vídeos em flash com bonecos palito de um olho só. E isso no AUGE da fama de animações com bonecos palito, como xiao xiao.
– ótimo, não é só uma banda indie, mas uma banda indie que faz vídeos em flash. Realmente, as coisas nunca estão ruins o bastante a ponto de não poder piorar
Ah, é aí que você se engana, rapaz. As animações são uma maravilha. Mesmo porque é quase impossível criar desenhos de um olho só que não façam sucesso.
É dos caolhos que elas gostam mais!
Deixando a enrolação de lado, vamos ao que interessa: O tal do Lodger. Bom, primeiro, talvez seja bom eu GUIÍ-LOS no site dos caras. A página principal, como ces devem ter notado, é um enorme CAÇA-NÍQUEIS. Pois bem, a parada é simples: Você clica em “spin” e a bagaça gira. Clicando naquele “lock” que tem em baixo de cada uma das três figuras, ce TRAVA ela, e só o que tiver destravado gira. Enfim, você vai jogar na tal da roleta russa até conseguir três CAVEIRAS. Afinal, você só vai querer ver os vídeos, mesmo. Lá você vai ter QUATRO animações pra escolher. Uma maravilha, não?
Doorsteps é aparentemente uma animação sobre como a vida é uma merda, I Love Death trata de como a vida nos dias de hoje é vazia, atacando enfaticamente a rotina (claro que a música não faz isso tão bem quanto o Dark Side of the Moon, mas o que importa é só a animação, mesmo), God Has Rejected the Western World aborda a polêmica do crime e 24h Candy Machine é uma animação sobre mulheres-robô com FOGO na BOCETA. Ou seja, nas palavras dos próprios caras: Animações premiadas sobre amor, morte, crime e sexo. O que mais um ser humano pode querer?
A música? Bom, os caras na verdade não chegam a ser ruins. O som só não tem nada lá muito especial. Claro, como boa parte dos leitores desse site são um bando de cães imundos que não sabem apreciar um bom Matanza, muito provavelmente ces vão acabar gostando das músicas, e aquela tanguice toda. Eu, por outro lado, sugiro que vocês assistam as animações com o som do computador desligado e ouvindo um maldito PANTERA num aparelho de som ou sei lá.
É bem provável que você já tenha ouvido algo do Rush pelo menos uma vez na vida. Se lembra de Profissão Perigo (é, aquele do MacGyver, mesmo)? Pois então! Se você é do tempo que essa maravilha passava na Globo, com certeza você já deve ter ouvido Tom Sawyer, dos caras. Outra que você provavelmente já ouviu é a clássica YYZ, uma das melhores músicas de Guitar Hero II. De qualquer jeito, vale colocar a matéria aqui, já que ces são tudo um bando de preguiçoso e quase ninguém foi atrás de música dos caras mesmo depois de ter ouvido alguma.
Começemos, então, pelas apresentações: Rush é uma banda canadense, formada em 1968 e ativa até hoje. Seus integrantes atuais (e que, fora o baterista, que entrou em 74, tocam juntos desde 68, apesar de não serem os integrantes INICIAIS da banda) são o guitarrista Alex Lifeson, o baixista, tecladista e vocalista Geddy Lee e o baterista e letrista Neil Peart. O Rush é conhecido pela virtuosidade de seus membros, que PIRAM O BAGULHO dum jeito que pouca gente faz. As composições complexas, com vários jogos de ritmo (como os compassos em 7/4 no meio de Tom Sawyer), são outra marca forte da banda. Quando você ouve Rush, você não ouve uma banda com um frontman que toca pra cacete e tem alguns músicos que ficam de fundo: Você ouve uma guitarra do cacete, um baixo brilhante e uma bateria extraordinária marcando o ritmo. Cada instrumentista já toca pra caralho e chama atenção por si só, e, pra melhorar a coisa toda ainda mais, o conjunto funciona que é uma beleza.
Claro, uma banda dessas já influenciou a negada. Bandas como Metallica, Smashing Pumpkins, Dream Theater e Symphony X são alguns dos exemplos. Na verdade, até tua mãe já sofreu influência do Rush, rapá. Você mesmo, inclusive, é influenciado por Rush faz tempo. Aliás, ce devia pegar algum álbum dos caras, tipo o Test for Echo, pra ouvir agora mesmo.
Ao longo dos anos, o Rush adquiriu uma coleção enorme de prêmios, incluindo a entrada no Canadian Music Hall of Fame, uma porrada de prêmios em revistas de música, quatro nomeações ao Grammy, 23 discos de ouro e 14 discos de platina. Isso tudo, claro, sem contar com os prêmios individuais dos integrantes. O Geddy Lee, por exemplo, levou seis vezes o “Melhor Baixista de Rock” da Guitar Player Magazine. Enfim, os caras fizeram por merecer, e tal. Não são como esse povo bundão que fica famoso tocando porcaria hoje em dia.
Outro ponto interessante e famoso do Rush são as apresentações ao vivo. Os caras tocam pra caralho, isso já dá pra notar ouvindo o disco. O negócio é que eles conseguem PIRAR a bagaça do MESMO JEITO ao vivo. Não, não tem enrolaçãozinha aqui e ali nas partes mais compicadas. Nego tinha as manhas de tocar do mesmo jeito MESMO. Fora, claro, os solos medonhos que eles tocavam.
Quanto ás recomendações de álbuns, já foi citado o Test for Echo ali em cima, e duas músicas do Moving Pictures no começo da matéria. Além dos dois vídeos já presentes aqui, eis a seguir um terceiro, Red Barchetta, ainda do Moving Pictures:
Não se deixe enganar pelo comecinho lento com essa levada de baladinha, rapá. Isso é pura enganação: Nego ARREGAÇA o bagulho sem dó, lá pro meio.
Enfim, aí foi a dica de hoje, moçada. Eu dei o pontapé inicial, ouvir o resto da bagaça já é com vocês.
Provavelmente você já ouviu esse nome em algum lugar, nem que seja na Smoke on the Water do Deep Purple (“Frank Zappa and the Mothers were at the best place around”), que conta o incidente ocorrido em Montreux, onde Zappa e sua banda (Frank Zappa and the Mothers of Invention) tocavam, quando um membro da platéia acabou causando o incêndio que queimou o cassino onde o show acontecia. Pois bem, o fato é que Frank Vincent Zappa, nascido em dezembro de 1940 em Baltimore, foi um dos grandes músicos do século passado.
Com mais de 60 (é, eu disse SESSENTA, mesmo) álbuns lançados, Zappa foi nomeado diversas vezes para o Grammy, e acabou levando o prêmio em 1988, pelo álbum Jazz From Hell. O cara tocava tudo que é tipo de coisa, do rock’n’roll ao jazz fusion experimental bizarro. E compunha muito bem, aliás.
Suas letras são geralmente ótimas críticas, cheias de ironia e humor. Interessado pela política, chegou a se candidatar a presidente dos EUA, mas a campanha foi abandonada devido ao câncer de próstata que o atacou (e acabou o matando, em dezembro de 1993). Zappa também criticava a religião organizada e a censura, sendo um defensor fervoroso da liberdade de expressão. Sua visão cética sobre os processos e estruturas políticas transborda em suas letras satíricas. Ah, o cara zoava o próprio nariz, também.
Cenas imperdíveis foram protagonizadas por Frank Zappa, como no Steve Allen Show, em 1963, quando fez um solo de… bicicleta. E ficou do caralho, aliás. Ou quando quando Zappa interpretou Mike Nesmith e vice-versa num episódio da série dos Monkees, em 1968. Além disso, o cara já apareceu em Miami Vice e até fez a voz do Papa num episódio de Ren & Stimpy.
Apesar de não se considerar um instumentista virtuoso e dizer que seu ponto forte era a composição, Zappa também era um guitarrista de primeira, e, em suas músicas, podemos ouvir um monte de solos do caralho. Claro que só falar não vai adiantar muito, então aí vai uma maravilha de versão de Zoot Allures junto de Trouble Every Day:
Foi Zappa quem lançou nomes como Bob Martin e Steve Vai – que, segundo a lenda, foi chamado por Zappa para tocar após transcrever solos de guitarra do mesmo e enviá-lo pelo correio. Durante o tempo que passou tocando com Frank Zappa, Steve Vai participava de uma espécie de “jogo” com o público. Eles traziam partituras e ele tentava lê-las á primeira vista (o que é difícil pra caralho, aliás. Já tentaram?).
Quanto a recomendações, bom, vocês tem uns setenta álbuns pra procurar por aí, moçada! Claro, tem a chance de cês acabarem encontrando alguns dos álbuns mais bizarros do cara por azar, mas enfim, ele fez muita, mas muita coisa boa. Claro, se você quer porque quer indicações, pois bem: Aconselho começar pelo álbum Hot Rats, que é do caralho. Se você quer alguma coisa um pouco menos convencional, talvez o álbum triplo,“Shut Up ‘n’ Play Yer Guitar” com suas sequências, “Shut Up ‘n’ Play Yer Guitar Some More” e “Return of the Son of Shut Up ‘n’ Play Yer Guitar” são álbuns recomendáveis. Outro que é do caralho é o “Zoot Allures”. Claro, ce pode ouvir o já citado “Jazz from Hell”. Ou, se você quer cair de TESTA na parte mais bizarra da música do cara, ce pode ouvir o “Apostrophe”. Enfim, tem coisa pra caralho do cara por aí, basta procurar. Ou você pode continuar ouvindo a sua musiquinha indie boiola pra sempre, claro.
Abaixo, o som “The Torture Never Stops”, do álbum “Zoot Allures”:
Tá certo, imagine um filme sobre gângsters. Isso, tipo aqueles filmes do Al Pacino, mesmo. Com aqueles chapéus, os ternos, os caras andando juntos de um jeito esquisito, um chefão traiçoeiro que mata os subordinados que falham em suas missões e metralhadoras, sabe? Pois então, um troço desses com um diretor bom provavelmente já seria o bastante pra você terminar de assistir e dizer “puxa, que filme do CARÁIO, véi!”. Mas Bugsy Malone, lançado no Brasil sob o maravilhoso título “Quando as Metralhadoras Cospem”, não é só isso. Imagine a mesma situação descrita acima, agora, só que protagonizada por CRIANÇAS. Exatamente, crianças, aquelas coisas que parecem adultos, só que menores. E, claro, pra deixar a coisa ainda melhor, troque as pistolas por tortas! Aí sim o bagulho pira, rapaz!
O filme é de 1976, escrito e dirigido por Alan Parker. A história gira em torno da briga entre dois gangsters rivais – Fat Sam e Dandy Dan – e seus respectivos capangas. Em plena Chicago do final dos anos 20, as coisas vão mal para Sam, enquanto seu rival, por outro lado, parece crescer cada vez mais desde que sua gangue se armou com metralhadoras (que também atiram creme de torta). Aparentemente, sua única salvação está nas mãos de Bugsy Malone, um malandro daqueles que tapeiam geral, arrumando pilantragem até pra sair do boteco sem pagar o cafezinho. O cara resolve ajudar o velh… novo Sam a proteger seu negócio da gangue de Dandy Dan, mas acaba se apaixonando por Blousey Brown, uma cantora do bar do gordinho. Claro, a trama não estaria completa se a “moça perigosa” não quisesse laçar o protagonista também. E é aí que entra Tallulah, personagem de Jodie Foster, quando a menina tinha lá seus catorze anos. O final da confusão toda? Bom, isso você só descobrirá assistindo o filme, homem! Ce quer o quê? Que eu mastigue sua comida, agora, também?
É, véi, é a Jodie Foster, sim.
Recomendo bastante o filme. É um dos melhores exemplos do mundo de como se pode tratar de assuntos bem adultos, como o crime (os próprios protagonistas são desde picaretas até mafiosos), o jogo da sedução (muito bem trabalhado, aliás, por parte da Tallulah), a morte – nesse caso, sem apelar pra violência: quem é atingido por uma torta ou pelo creme das metralhadoras simplesmente “some” do filme, como se tivesse, de fato, morrido – e muitas outras coisas sob um ponto de vista infantil. É o tipo de filme que pode ser visto ao mesmo tempo por uma criança e por um adulto e soar igualmente interessante e esclarecedor pros dois, apesar de o foco ser diferente pra cada um. Alan Parker realmente fez um trabalho de gênio nessa obra-prima.
Outro ponto interessantíssimo são as músicas. Bugsy Malone tem todo aquele feeling dos musicais antigos, mas sem acabar se tornando uma coisa chata. Pérolas maravilhosas como “Bad Guys”, “My Name is Tallulah” e “Fat Sam’s Grand Slam” dão um colorido adicional ao filme, nas vozes de adultos (o que aumentou ainda mais o feeling de filme clássico de gangsters nas canções). Eu, particularmente, aconselho atenção especial na música “So You Wanna Be a Boxer”. Ficou do caralho, sinceramente!
Aconselho que você veja esse filme assim que possível. Aliás, veja o filme hoje.
…melhor ainda, veja o filme AGORA, ou você aparecerá boiando no lago com duas tortas no peito, capiche?
Yo-ho, marujos! Venho ao convés para expandir vossa cultura piratesca sonora, aye? E, por mais que achar o espírito pirata na música não seja tão difícil quanto dizem ser, eu devo privilegiar certos seres lendários que assolam os sete mares com seu som, percebe? E, é claro, não existe no mundo inteiro pessoa mais apta a ser homenageada no dia de hoje quanto Shane MacGowan. Com mil lulas endiabradas! Se existe alguém que fala como um pirata nesse mundo, esse alguém é o infame vocalista dos Pogues, aye?
Certo, pois os Pogues são uma banda irlandesa. O que me leva, claro, a citar outros piratas irlandeses que marcaram a história. Podem-se citar, por exemplo, o rei e pirata Niall dos Nove Reféns, a rainha Grace O’Malley, que se revoltou contra a própria coroa inglesa, ou a terrível Anne Bonny, que era mais macho que teu pai, aye? Notem vocês, maltrapilhos imundos, que por falta de piratas a Irlanda não morre. Mas a história não acaba aí. Apesar da banda ser irlandesa, Shane Patrick Lysaght MacGowan (vulgo Cão DESOSSANDO manga) nasceu na Inglaterra, terra de ninguém mais, ninguém menos que Edward Teach, o Barba Negra.
Após essa breve menção ás raízes piratenses da banda, vamos ao que importa: A cachaça. Shane MacGowan é conhecido por beber em quinze minutos álcool o bastante pra matar uma baleia azul de cirrose, aye? O sujeito só não sobreviveu a um enema ainda porque enfiar qualquer coisa no cu é coisa de FOCA. E, é claro, as músicas dos Pogues são divididas em quatro tipos: As sobre cachaça, as sobre briga com cachaça no meio, as sobre sexo com cachaça no meio e as que misturam os temas já citados. O que já deveria ser o suficiente para que vossa excremência fosse ouvir imediatamente o som dos caras.
Por outro lado, eu sei que vocês, corsários que são, não vão aquietar esses traseiros imundos antes de andar na prancha ou de eu falar sobre o que os marujos tocam, aye? Pois bem, optarei por falar sobre o som dos caras pra evitar a superlotação da prancha.
Os Pogues surgiram em 1982, com o singelo nome de Pogue Mahone – uma anglicização do irlandês póg mo thóin (beije meu FURO). Tocavam uma mistura sanguinária de folk irlandês com o punk rock inglês, algo que você provavelmente já ouviu com o Dropkick Murphys ou com o Flogging Molly, que surgiram uma porrada de tempo depois. Seu primeiro álbum, Red Roses for Me, incendiaria o convés do próprio William Kidd, com as versões foderosas de músicas tradicionais irlandesas, como Greenland Whale Fisheries, por exemplo, que eles fizeram. O álbum seguinte, Rum, Sodomy and the Lash (cuja capa é uma corruptela da Balsa da Medusa de Théodore Géricault, com os rostos dos membros da banda no lugar dos cidadãos da balsa) também chegou como uma bala de canhão no convés de uma fragata sarracena. O álbum foi o número 93 na lista dos cem melhores álbuns ingleses de todos os tempos lançada pela Q Magazine, em 2000, e foi eleito pela Rolling Stone o álbum de número 445 dos 500 maiores de toda a história. À primeira vista pode parecer pouco, mas cê tem noção do tanto de tanguice famosa que os caras tiveram que jogar lá pra cima pra agradar os leitores? Aliás, pra uma banda que mostra a cara de Shane MacGowan sem nem um pingo de vergonha, só de chegar no top 500 já é uma grande vitória.
“And they ruined my good looks in the Old Main Drag.”
Em 1991, Shane MacGowan, incontrolável, acabou deixando a banda, para a infelicidade de muitos marujos pelo mundo afora. Joe Strummer (O cara do Clash, mesmo) se tornou o vocalista dos Pogues por algum tempo, mas Spider Stacy (Que, nos discos iniciais, era o encarregado dos backing vocals e de bater uma bandeja de cerveja na própria cabeça) acabou ocupando o “cargo” até 1996. Depois disso, a banda se separou, cada músico indo pra um canto. Spider Stacy ainda tentou continuar a bagaça com a Boys From the County Hell, uma banda em tributo aos Pogues, mas as coisas só voltaram a melhorar após a reunião em 2001, quando MacGowan voltou a tocar com os camaradas. Aliás, a tour de 2007 deles tá uma maravilha.
No fim das contas, ao longo de toda a história da banda, pode-se acompanhar obras fantásticas como Hell’s Ditch, do álbum de mesmo nome, onde MacGowan narra de modo inigualável a vida na prisão, Fairytale of New York, que é considerada por muitos a melhor canção de natal já feita ou a ótima descrição da vida na rua de The Old Main Drag. Bêbado como for, Shane MacGowan foi e ainda é um gênio musical.
Claro, eu não deixaria vocês, marujos, sem o gostinho de ouvir pelo menos uma música dos caras, aye? Aliás, como eu sou um capitão misericordioso, darei três exemplos da genialidade dos Pogues.
Abaixo, o primeiro vídeo, com quatro músicas: A Pair of Brown Eyes, Sally MacLennane, The Battle of Brisbane (que, aliás, é do caralho) e Transmetropolitan, que, como a HQ, é tão boa quanto atirar num pescador em dia de saque.
Arhh! No próximo vídeo, o que você esperava ver há quatro parágrafos: Um clássico dos Pogues, com a empolgante performance de Spider Stacy com a bandeja. E é sério, aye? A bandeja foi uma adição empolgante pra cacete á música.
Por fim, a genial Hell’s Ditch. Uma das melhores músicas dos caras. A entonação do MacGowan nessa música é a melhor entonação que se pode dar a um prisioneiro sem esperança, aliás.
Primeiramente, os links pras outras matérias da série:
Headless Cross – Black Sabbath com Tony Martin
Born Again – Black Sabbath com Ian Gillan
Enfim, iniciamos aqui mais uma matéria sobre o Black Sabbath sem Ozzy Osbourne e Ronnie James Dio. Hoje veremos o Sabbath com Glenn Hughes (o do Deep Purple, mesmo). Aliás, melhor dizendo, veremos Tony Iommi tocando com uns outros caras, mesmo porque o disco deveria ser um disco solo do cara. Só botaram o irônico nome de “Black Sabbath com Tony Iommi” no nome do álbum por pressão dos produtores.
A primeira coisa a se dizer, claro, é que o disco não soa, de modo algum, como um disco do Black Sabbath. O que já era de se esperar, claro, já que ele não é, teoricamente, um disco da banda. Mesmo assim, o som dos caras ficou bom. Afinal, Tomy Iommi ainda é do caralho, mesmo em carreira solo.
Nota-se que não se trata de um disco com a cara do Sabbath logo na primeira música, Infor the Kill. Tudo começa com a bateria moendo a bagaça toda, e entra o riff da guitarra, seguido logo pela voz do Glenn. Uma maravilha de começo pra um disco, apesar de não soar nada como Sabbath. Claro, a música quase se auto-destrói com um riff que surge no meio da música, parecendo ter vindo direto de um cd do Green Day, mas você perdoa os caras graças ao solo que segue a cagada. Aí a música volta a ser do caralho de novo e tudo fica bem.
No Stranger to Love começa com o teclado lembrando bastante a Mr. Crowley do Ozzy, mas o que a música tinha de Black Sabbath para por aí. Daí pra frente vira uma baladinha digna de cena romântica de filme dos anos 80. O refrão é razoavelmente baitola, mas se você gosta de baladinhas, provavelmente vai gostar da bagaça.
Turn to Stone, por outro lado, já começa animada, com um riff do caralho, digno de… é, de Deep Purple. A música poderia estar no “Burn” ou no “Deepest Purple” que ninguém ia reparar. Claro, Deep Purple também é do caralho, assim como a música. O único jeito de se desapontar com ela é se você tiver completamente doidão pra ouvir Black Sabbath no seu som mais puro, mas doidão mesmo.
E aí começa Sphinx. E, hã… pois é, se você gosta de ouvir o som de fundo de documentários sobre os escorpiões do deserto, ce vai gostar dessa. Porra, mais uma no estilo da Stonehenge, véi? Nem sei por que ainda perdem tempo dando NOME pra essas músicas.
Enfim, Sphinx acaba e dá espaço a Seventh Star. Música daquelas com mania de grandeza, sabe? Começa com um riff bacana pra cacete, aliás. Enfim, é daquele tipo de música que tem peso pra cacete, mas que, por isso, podem acabar enjoando um pouco.
Com um ótimo riff, trazendo o que há de melhor no hard rock, entra Danger Zone. Se ce quer ouvir uma música empolgante nesse disco, essa é uma das suas melhores opções, se não a melhor. Nem preciso dizer, claro, que essa também lembra muito mais Deep Purple do que o Sabbath.
A música seguinte começa com um solo empolgante pra cacete, que se resolve numa ótima levada de blues. Pra quem gosta de blues, o troço empolga desde o começo, e em certas partes a coisa chega a lembrar bastante o que existe de mais clássico no Black Sabbath. No fim das contas, Heart Like a Wheel é a maior prova de que Tony Iommi também ARREGAÇA tudo no blues. Na minha opinião, a grande jóia desse disco.
A próxima música, Angry Heart, vai crescendo aos poucos, com uma bateria simples, mas empolgante pra cacete. O riff vai te preparando pra uma explosão medonha no refrão. Ela acontece, aliás. Só não acontece do jeito mais “Sabbath” que poderia acontecer, mas a dinâmica da música ficou do caralho. Tão legal que a música se encaixa perfeitamente na próxima, chamada “In Memory…“. A música tem uma levada bem mais lenta e carregada. O bacana mesmo é ouvir as duas como se fossem uma só, e a segunda fosse uma parte mais calma da primeira.
Concluindo, temos aqui mais uma maravilha de álbum do Sabbath. Não soa nada sombrio como a banda costuma ser, mas nem por isso o disco perde seu brilho. Mais uma vez, eu recomendo a bagaça, especialmente pelas últimas músicas.
Branca! Branca! Branca! Leon, leon, leon! É esse o grito de guerra que embala mais uma maravilha da comédia italiana.
O Incrível Exército de Brancaleone (L’Armatta Brancaleone), lançado em 1966, serve até hoje como exemplo de filme sobre a época medieval (e, aliás, supera o humor bobo de Monty Python and the Holy Grail), sendo, ao mesmo tempo, uma maravilhosa comédia e uma das apresentações mais honestas sobre a época medieval que se pode ver hoje em dia.
Nessa maravilha da sétima arte, dirigida por Mario Monicelli e distribuída pela Titanus Film, não temos como personagem principal nenhum tipo de cavaleiro baitola que quer resgatar a amada, vingar o pai ou qualquer outro desses enredos clichês de filme. Brancaleone da Norcia (Vittorio Gassman) é um cavaleiro errante atrapalhado e mulherengo que tenta usar seu título de nobreza para aproveitar a vida, e, após ser abordado por um grupo de plebeus que o oferecem o título de posse de um feudo, parte em busca da glória e da fortuna em Aurocastro.
O filme, uma bela paródia a Dom Quixote, satiriza também a própria situação da Europa no século XI. Brancaleone e os quatro miseráveis famintos que acabam se tornando seu exército confrontam boa parte das grandes polêmicas da Baixa Idade Média. Percorrendo o longo caminho até Aurocastro no lombro do pangaré Aquilante (referência ao “Rocinante” do Quixote), Brancaleone se depara com a peste negra, bárbaros, piratas, leprosos, vigaristas e muito mais dos seres que povoavam a Europa medieval. Um dos pontos altos do filme é o encontro com o monge Zenone, que no meio do filme acaba recrutando Brancaleone e seu exército para lutar na guerra santa (o que, inclusive, gerou a maravilhosa continuação do filme: Brancaleone Alle Crociate)
Apesar de ser bem antigo, o filme até hoje parece ser o trabalho que melhor conseguiu ridicularizar o conceito de honra dos filmes e livros medievais. Como é dito na própria capa do DVD, você nunca verá O Senhor dos Anéis com os mesmos olhos após Brancaleone.
Enfim, eis aí uma comédia das melhores. Uma maravilha desde a primeira até a última cena. Recomendo a todos, aliás: Vale cada centavo dos R$ 9,90 que ele deve custar em qualquer uma dessas Lojas Americanas da vida.
Não deixem de conferir também Brancaleone e as Cruzadas, onde Brancaleone enfrenta até a própria morte. Claro que num futuro próximo eu ponho uma resenha sobre esse aqui no AOE, também.
Você era daquelas pessoas que vibravam a cada vez que o ronco do Mach 5 era ouvido? Você pirava a cada carro que explodia naquelas infindáveis repetições de animação durante as corridas? Você também sonhava em colocar molas gigantes no seu carro pra pular todo mundo num engarrafamento?
Pois bem, a diversão está de volta! Speed Racer, em filme, agora, sairá nos cinemas em 2008, lançado pela Warner Bros, escrito e dirigido pelos irmãos Wa… Wacho… Wachows… enfim, os caras que fizeram Matrix.
Teremos Emile Hirsch no papel de Speed Racer, Christina Ricci como Trixie, John Goodman como Pops e por aí vai. Enfim, esse tipo de coisa você pode ver sozinho no site do filme.
Mach 5. Uma maravilha, mas ainda prefiro um bom fusca 67.
O desenho, que foi criado por Tatsuo Yoshida, no Japão, com o nome de Mach Go Go Go(Um trocadilho com o número 5, o nome do personagem principal e a palavra “go” em inglês, mesmo), virou febre no mundo inteiro após ser adaptado para os EUA. Além da série original, que data do final dos anos 60, duas tentativas de reviver a série ocorreram, com The New Adventures of Speed Racer, em 1993, e Speed Racer X, em 2002. A primeira parou após treze episódios por não ter agradado o público e a segunda também foi abandonada no meio por diversos problemas.
O filme parece mais uma vez tentar reviver a grande onda que foi a primeira série de Speed Racer. Pelo Mach 5 ali dá pra ver que a coisa começou bem.
Agora, se você não está satisfeito só com o filme, pode ficar tranqüilo. Uma nova série animada, produzida pela Nicktoons Network, deve estrear junto do filme, lá pra maio de 2008.
Enfim, agora o jeito é esperar os caras lançarem os trailers pra ter uma noção de como o filme vai ficar.