As animações sem criatividade da década de 90

Televisão quinta-feira, 06 de novembro de 2008 – 15 comentários

É engraçado como uma semana passa rápido.

Parece que foi ontem que estava em Guarujá sem internet, telefone, sol, comida e bebida e quase não entreguei a coluna.

De volta à civilização, continuarei com os estilos de animações que dominaram a década de 90.

Vídeo-desenho-games

São os desenhos que se inspiraram em sucessos de games famosos. Sendo, muitas vezes, uma porcaria total.

Aqui entra Sonic, Super Mario World e Mortal Kombat, ambos não muito legais e muitas vezes sem graça nenhuma.

Tem que estudar para ganhar diploma

Um pouco melhor, pelo menos nesse aspecto, foi Street Fighter, embora fosse fraquinho, se comparado ao anime, que fez muito sucesso quando passou também no SBT.

Aliás, essa série do Street Fighter poderia ser enquadrada na categoria abaixo, pois foi baseada no filme do Van Damme, mas vou levar em consideração a mídia original.

Caso raro em que a Globo cortou o título

A melhor de todas, por incrível que pareça, era Carmen Sandiego, um desenho onde uma dupla de detetives, junto com um supercomputador, tinham que encontrar a tal ladra do título.

O jogo, feito para computador e sucesso nos EUA na década de 80, não era conhecido por aqui, mas o desenho fez um baita sucesso, embora também não fosse grande coisa.

O filme é legal, então vamos fazer um desenho para faturar mais?

Mesmo comentário que fiz em relação aos desenhos inspirados em games, com a diferença que os baseados em filmes foram um pouco melhorzinhos.

Aqui dá para citar Ace Ventura, Godzilla, James Bond Jr (???), O Máskara (embora tenha saído em gibi primeiro, mas estourando na telona) e, o meu predileto, De Volta para o Futuro que contava claramente a história depois dos filmes.

Por que será que isso não deu certo?

Havia um outro, inspirado em Esqueceram de Mim, em que um garoto com a cara de Macaulay Culkin realizava desejos batendo em um luva de beisebol, mas não lembro o nome e nem encontrei em pesquisas por aí.

Enfim, nem precisam procurar, pois era uma merda também.

Desenhos inspirados em… desenhos!

A Disney sempre teve uma mania caça-níquéis, se um longa metragem fazia sucesso, logo, pimba, lançava sua continuação diretamente para o mercado de vídeo, muitas vezes enrolando o consumidor, já que geralmente não era uma continuação, e sim, uma espécie de episódio zero, contando a origem dos personagens.

Mas, na década de 90, vendo o potencial de suas animações, a empresa do Tio Patinhas resolveu faturar bem mais em cima daquela geração que engole de tudo, lançando várias animações baseadas em seus longas, muitas vezes com os protagonistas dos desenhos sendo personagens relevantes nos longas.

Se fosse só com o Linguado ou o Sebastião talvez desse certo

Nesse balaio entra Timão e Pumba (de Rei Leão), A Pequena Sereia, Peter Pan e 101 Dálmatas.

Destes, o melhor era Timão e Pumba, que passa até hoje na TV, pois o restante era aquela velha história de repetição do próprio original, sempre com a liçãozinha Disney de moral no final.

Uma perda de tempo, praticamente.

Enfim, acho que meu mau-humor afetou a coluna, embora ache que era tudo uma porcaria mesmo.

Que se lasque, semana que vem retorno com a parte final dos desenhos da década de 90.

As animações da década de 90

Televisão quinta-feira, 30 de outubro de 2008 – 10 comentários

Foi complicado, mas, no apagar das luzes, encontrei uma lan house sem problemas técnicos para poder elaborar e enviar a coluna da semana.

Estou num fim do mundo tão ferrado, que nem telefone ou celular funcionam para avisar o Théo que não daria para entregar a pobre coluna.

Como encontrei a lan, achei melhor fazer o texto.

Enfim, como vocês não têm nada a ver com isso, vamos ao que interessa: os desenhos da década de 90.

A década de 90 foi o auge da criatividade na animação em vários aspectos, com diversos tipos de desenhos para todos os gostos, idade e opção sexual.

Sem contar que o páreo era duro, pois além das novas produções, eram exibidos os clássicos, explodia a febre dos animes (ou animês), havia os super-sentai e surgia a porcaria da Malhação.

Ou seja, era lavagem cerebral a dar com pau.

Para tudo não ficar muito disperso e ajudar vocês, que não gostam de pensar muito, vou dividir essa época em tipos de desenhos:

Desenhos da TV Cultura

Durante a década de 90, a TV Cultura teve seu auge exibindo animações de excelente qualidade e feitas para crianças e adultos, não subestimando a inteligência da molecada e abordando assuntos que são tabus entre as crianças, como a morte e o respeito pelas diferenças entre os outros (como era feito em Animais do Bosque dos Vinténs) e política e superação (As Aventuras de Tintim).

Quem não se emocionou com a morte dos ouriços?

Dessa época também se destacam Doug (antes da Disney colocar a mão), A Pedra dos Sonhos, As Aventuras de Babar, Rugrats (Os Anjinhos), entre outros que eram exibidos no extinto Glub-Glub.

Desenhos baseados em heróis

Sim, eu sei que já existiam desenhos de heróis, mas não na qualidade que foram apresentados nessa época.

Gambit era o melhor nesse desenho, mesmo não aparecendo na foto

Homem-Aranha, Batman e X-Men revolucionaram o modo como os heróis eram vistos, sendo fiéis aos quadrinhos e retratando sagas históricas, assim como eram mostradas nas HQs, destacando os X-Men nesse quesito e abrindo caminho para outras animações desse porte.

Os filhos da…

Como sempre, há o lado ruim das animações em cada época, pior, sendo exibidos à exaustão nas TVs.

Nesse caso, a culpa foi da Hanna-Barbera, já decadente, que inventou de fazer a versão (mais) infantilizada de seus principais carros-chefes.

Afinal, quem não se lembra dos Filhos de Tom & Jerry, Os Flintstones Júnior (o nome era esse?) ou O Pequeno Scooby Doo?

Era bom não lembrar, mas sempre terá alguma emissora que se lembrará…

Esse desenho era tão sem graça e sem… cor

Vou parar por aqui, pois estou para ser expulso da lan.

Semana que vem retomo falando sobre os outros desenhos dessa época.

Encerrando o assunto sobre os desenhos da década de 80

Televisão quinta-feira, 23 de outubro de 2008 – 13 comentários

Finalmente vou concluir o histórico da década de 80, encerrando com produções que faziam a alegria de vocês nas manhãs do SBT e da Globo e nas tardes da Band e da Manchete (embora nestes últimos só passassem desenhos antigos da Hanna-Barbera).

Vou falar das febres que se destacavam como sucesso único de estúdios desconhecidos ou conhecidos, mas por outras áreas, como a Marvel e a Hasbro.

Sucesso, mas sem final

Um dos maiores sucessos da época foi a historinha de um grupo de adolescentes que, do nada, era transportado de um parque de diversões para uma era medieval, onde conhecem um velhinho metido a Mestre dos Magos (não, não era o Gandalf) que dá um artefato mágico para cada um ir se virando no lugar e tentando buscar uma maneira de retornarem para casa.

Eric, Bobby, Diana, Hank, Théo e Sheila, ao fundo Vingador

Se você ainda não entendeu do que se trata, ou é tanga ou esteve sendo sodomizado por alienígenas nos últimos tempos.

O desenho em questão é Caverna do Dragão (Dungeons & Dragons no original). Um desenho baseado no famoso jogo de RPG, que estava se popularizando na época e contou com a ajuda do desenho para ficar mais conhecido, sendo inclusive produzido por Gary Gygax, um dos criadores do jogo.

Produzida pela Marvel Comics em parceria com a Dungeons & Dragons Corporation, Caverna do Dragão foi sucesso absoluto em todo o mundo, sendo bem elaborado e explorando bem o universo mágico-medieval idealizado por J.R.R. Tolkien (o pai de LoTR e O Hobbit) em suas histórias.

Mesmo com o sucesso estrondoso, o desenho foi cancelado do nada sem ter ao menos um final publicado, criando várias teorias quanto o destino dos garotos.

Já tenho em mente um texto somente sobre Caverna do Dragão, mas isso fica para depois de terminar essa série sobre a história das animações.

Ah sim, é desse desenho o personagem que mais odeio em animações, a maldita Uni, unicórnia órfã que faz o pessoal se ferrar em 90% dos episódios (junto com as mágicas do Presto – que também lembra o Théo).

Sucesso nipo-americano

Para variar mais um desenho feito para vender brinquedos que nem cerveja no deserto, e esse é um dos meus favoritos na época: Transformers!

A história já é manjada por causa do filme que foi lançado no ano passado, mas vale a pena resumir novamente já que vocês esquecem das coisas fácil.

Transformers conta a história de duas raças de robôs alienígenas – os militares Decepticons e os operários Autobots – que já se pegam na porrada no planeta Cybertron há milhares de anos. Claro que uma hora o planeta não agüenta e começa a pedir penico faltando energia para abastecer os habitantes do planeta. Os Autobots, então, sob liderança de Optimus Prime, resolvem fugir de lá e buscar novas fontes de energia em outro canto da galáxia. Claro que os Decepticons não iam ficar com um planeta-bagaceira e resolvem ir atrás de seus inimigos, sob a liderança do malvadão Megatron.

No meio do caminho Megatron ataca a nave dos Autobots e, durante esse ataque, uma chuva de meteoros atinge as naves derrubando as duas num planetinha azul sem muita importância.

Passados 4 milhões de anos, os robôs despertam no planeta Terra, com os Decepticons – empolgados com o tanto de fontes energia disponível no planeta – querendo escravizar os humanos e dominar tudo, enquanto os Autobots, maravilhados com os humanos e fazendo de tudo para defendê-los da corja de Megatrom, querem a paz e a coexistência pacífica (lindo isso).

Por conta disso, a batalha de Cybertron é trazida para a Terra, empolgando milhões de fãs no mundo inteiro.

Parece tosco, mas ainda é o melhor da época

Transformers também foi produzido pela Marvel, em parceria com a Hasbro, Sunbow, Toei Doga, Akom Production Company e Tokyo Movie Shinsha, sendo um desenho feito à mil mãos, ora produzido nos Estados Unidos, ora produzido no Japão, sendo os japoneses melhores que os americanos na concepção da história e da animação propriamente dita.

Também tenho em mente uma coluna apenas para os Transformers, mas por conta do tamanho da série, talvez guarde para o lançamento do segundo filme no ano que vem.

E agora, os outros

Por incrível que pareça, a década de 80 teve outros desenhos que, se não fizeram tanto sucesso lá fora, aqui no Brasil eram unanimidades, mas, por conta do humor do titio Silvio do SBT, ou do ibope da Globo iam e voltavam na grade de programação ou repetiam à exaustão nas manhãs da telinha.

Entre esses há Cavalo de Fogo, que contava a história de Sara, uma garotinha filha de um fazendeiro e amiga de uma índia apache que vivia sua vida normal até descobrir, por conta de um corcel falante, que era princesa de um reino em uma dimensão paralela.

Alguém sabe de quem é essa voz?

Na real, o desenho não era lá grande coisa, mas como o SBT sempre faz questão de fazer – e merece aplausos por isso – passava as aberturas dos desenhos inteiras, com uma dublagem e canção bem feitas, sendo que a do Cavalo de Fogo era de um grude só. Só não sendo mais grudenta que a…

… da Nossa Turma que tinha uma música que, se bobear, é assobiada nas ruas sem que ninguém perceba de onde veio. Aliás, o nome da música – A Get Along Gang – é o nome original do desenho, que até fez sucesso em alguma rádios na época e que contava a história de alguns amigos, em forma de animais, arrumando [modo sessão da tarde on] altas confusões [modo sessão da tarde off] e passando bons valores à criançada.

Odeio esse desenho e tudo que faz lembrar dele, inclusive a música

Odiava esse desenho, mas como ele passava num vácuo da programação (lembro bem disso, pois se não fosse por isso nem assistia) acabava tendo que aturar as frescuras do alce Montgomery, da cadela Dotty, do castor Bingo, do gato Zipper, da ovelha Vilma, da porca-espinha que nem lembro nome e dos vilões – se é que tomar um vagão de trem fajuto pode ser coisa de vilão – crocodilo Cathum e lagarto Leni.

Sério, odiava esse desenho.

Enfim, é só. Ficou faltando citar vários outros, como DuckTales, Ursinho Pooh (ou Puff, como o SBT enfiou goela abaixo por aqui), Ursinhos Gummy, Pimentinha, Dinosaucers, Inspetor Bugiganga, Os Snorks, Os Smurfs, Os Exterminadores de Fantasmas, Rambo, Os Caça Fantasmas, Comandos em Ação, Punky e Glomer, Muppet Babies, entre outros que não lembro agora.

Menção honrosa, embora Capitão Planeta não seja dessa época

Fica uma menção honrosa a esses aí.

Semana que vem começo a retratar a década de 90, que mistura o politicamente correto (argh!), com a questão ambiental, o humor negro (oba) e as aventuras que não ofendem a inteligência das crianças.

Hasta.

Continuando a saga dos heróis animados oitentistas

Televisão quinta-feira, 16 de outubro de 2008 – 13 comentários

Praticamente continuando a coluna anterior, já que na década de 80 surgiram vários desenhos-ícones na época e há muito material para destrinchar.

Animações da Filmation

Como já falei dos desenhos da Rankin/Bass, com destaque para os Thundercats, agora vou falar sobre as animações dos estúdios Filmation, que eram melhores que os de seu concorrente, mas, mesmo assim, não tão criativos.

Pelos poderes de Grayskull!

Mais um cante junto

Com essas palavras, e erguendo a Espada do Poder, que o Príncipe Adam, filho do Rei Randor e da Rainha Marlena, do Planeta Etérnia, se transformava no bombadão He-Man, talvez o maior sucesso da Filmation, equivalendo em popularidade ao sucesso de Thundercats.

A história girava em torno do príncipe, um cara equivalente a maioria dos playboys de hoje, sendo um cuzão que se vestia de rosa e tinha um tigre verde medroso de estimação.

Toda a moleza acaba quando a Feiticeira apresenta Adam à Espada do Poder e a dita cuja o escolhe para ser o protetor do Universo (lembraram da Excalibur?).

Adam, então, toda vez que empunha a dita espada, se transforma em He-Man, o ser mais poderoso de Etérnia, onde seu principal inimigo é o Esqueleto, uma espécie de caveira humanóide, com os ajudantes mais bizarros que se pode imaginar, e o melhor personagem do desenho.

Turma de He-Man reunida

Ao contrário do que muita gente pensa, He-Man foi criado exclusivamente para vender brinquedos, pois a Mattel (a mesma que faz a Barbie) havia criado bonecos para o filme Conan e o mesmo, por ser considerado violento demais, foi censurado para as crianças na época.

O jeito foi pedir à Filmation que fizesse um desenho com um herói parecido, mas que passasse pela censura e agradasse à criançada, nascendo os Mestres do Universo.

O sucesso foi tanto, que He-Man ganhou uma irmã – She-Ra – e um filme com o brucutu Dolph Lundgren estrelando o papel principal de príncipe Adam/He-Man.

Tão tosco que nem merece comentário.

Atillah brincando de He-Man

Recentemente, foi criado um desenho mais atual, mas acabou não fazendo o mesmo sucesso do original.

Pela Honra de Grayskull!

Por conta do sucesso de He-Man, os produtores não perderam tempo e, assim como os estúdios Rankin/Bass, criaram uma nova animação semelhante ao seu sucesso principal.

Só que a Filmation foi um pouco mais esperta, criando uma história amarrada à original, mas independente em vários aspectos, nascendo She-Ra, a Princesa do Poder e irmã de Adam, versão feminina de He-Man.

A versão feminina de He-Man, mas com história independente

Para não dar a mesma mancada de Silverhawks e TigerSharks, do estúdio concorrente, She-Ra vivia em uma dimensão paralela à de Etérnia, em Ethéria (haja criatividade), onde ela era Adora, líder do exército de mutantes de Hordak, ditador-supremo-master-fucking do planeta.

Um dia, Adam/He-Man foi convocado pela Feiticeira para atravessar um portal dimensional e dar um pulo até Ethéria, para levar uma espada, semelhante à sua, para entregar a – respira – alguém que luta pelo bem, não pelo mal – inspira.

Logo que chega à Ethéria, Adam, já transformado em He-Man, toma um cacete de Adora, é feito prisioneiro e vai para a solitária virar mulherzinha explica a história da espada para a capitã que, como toda mulher, desconfiada, resolve dar um passeio pelo planeta. Quando vê que tudo aquilo que Hordak dizia era mentira e os habitantes do planeta viviam na merda, ela se rebela, fala com a Feiticeira, descobre que Adam é seu brother, pega a espada, vira She-Ra, liberta o bundão do He-Man e começa a lutar pela liberdade em Ethéria.

É assim que se faz uma boa caracterização de personagem

Ou seja, bem amarradinho com a série original.

Além de todos esses detalhes, ambos os desenhos tinham lições de moral no final de cada episódio para a criançada, inclusive com um “Onde está Wally?” em She-Ra, em que tinham que encontrar o personagem-mala Geninho durante o episódio.

BraveStarr

A última animação da Filmation até que fez relativo sucesso, contando a história de um caubói do espaço que protegia um planeta contra invasões alienígenas e colonizadores gananciosos.

BraveStarr até que era interessante por misturar velho oeste, misticismo e ficção cientifica. Mas, como criatividade era o ponto fraco da época, o delegado do Planeta Novo Texas, também lembrava Tex, famoso caubói herói dos quadrinhos.

BraveStarr até que era legal, mas não agradou aos pirralhos

Aliás, foi baseado no dito cujo, pois, assim como He-Man, por Tex ser considerado adulto demais e os brinquedos terem encalhado, criou-se Bravestarr para resolver o problema.

Talvez, por conta dessa salada, BraveStarr não tenha sido bem digerido pela criançada, tendo muitos episódios de temática adulta, inclusive com um mostrando um garoto morrendo de overdose.

Semana que vem tento encerrar essa fase oitentista que atualmente toma conta da coluna.

Década de 80 e a era dos heróis (quase) politicamente corretos

Televisão quinta-feira, 09 de outubro de 2008 – 7 comentários

Uma semana se passou e cá estou de volta, para continuar essa saga histórica dos desenhos animados, agora invadindo a década de 80, também conhecida como década perdida e auge da breguice humana.

Aliás, a década de 80 é muito reverenciada atualmente, talvez por ser a época que a maioria das pessoas de hoje (principalmente as que visitam este site) tenham passado sua infância, o que mostra o quão bregas vocês eram.

Por conta dessa época, surgiram alguns personagens que até hoje assombram nossa vida, como Xuxa, Mara Maravilha, Angélica, Bozo (in memorian), Vovó Mafalda (in memorian), Balão Mágico (in memorian), entre outras coisas.

Como o assunto não é esse vamos ao que interessa.

No início da década de 80, o povo ficou de saco cheio do estilo e dos desenhos da Hanna-Barbera, que contavam com animações repetitivas, fracas e de péssimo roteiro.

Claro que coloquei esse de propósito, só para cantar junto

Nessa época começaram a se destacar as animações dos estúdios Filmation e Rankin/Bass.
Infelizmente, os dois estúdios também abusavam da técnica da “animação limitada” (explicado aqui), mas compensavam com novas idéias e estilo de histórias, ao contrário do estúdio de Space Ghost.

Por conta do boom dos quadrinhos de heróis e necessitando estimular a boa educação, civismo, boas maneiras, amizades e noções de meio ambiente nas crianças, os dois estúdios resolveram apostar em grupos de heróis, geralmente vivendo em outras dimensões ou mundos paralelos, onde passavam por aventuras fantásticas, mostrando a amizade, companheirismo e a eterna luta do bem contra o mal.

Até que a iniciativa fazia sentido, já que a violência de vários desenhos, apesar de hilárias, infestavam as TVs das famílias tradicionais na época, como Tom & Jerry, Looney Tunes, Pica-Pau, entre outros desenhos.

Mas a apelação era tanta que, no final dos novos desenhos, era regra ter uma lição de moral para as criancinhas retardadas (no caso, vocês na época) refletirem e tratarem bem seus amiguinhos.

Thunder, thunder, Thundercats… Hôôôôôllll!!!!

Com esse grito, Lion, o líder dos Thundercats convocava os gatos-guerreiros refugiados de Thundera, numa Terra pré-histórica. Seu planeta-natal foi destruído e, teoricamente, só sobrou Panthro, Tygra, Cheetara e os irmãos, Wilykit e Wilykat, juntamente com o bicho de estimação mais mala da época, o Snarf.

Infelizmente, a Globo não passava aberturas de desenhos, aliás, até hoje

Estes eram os Thundercats, desenho produzido em 1983, passando no Brasil em 1986, estourando no mundo inteiro como sucesso de público e crítica.

Eles possuem como inimigos uma raça mutante do planeta Plun-Darr, liderados por Escamoso, Abutre, Simiano e Chacal, vieram atrás dos felinos extraterrestres para exterminá-los de uma vez por todas.

O que ninguém contava era com Mumm-Rá o Serrrrrr eterrrrno, uma múmia mística poderosa que vivia num sarcófago e que volta e meia atacava os Thurdercats, utilizando a força dos espíritos do mal se transformando no principal inimigo da série, inclusive mandando nos mutantes.

Casal de Cheetaras no Cio

Thurdercats foi um desenho do caralho produzido pela Rankin/Bass, sendo sucesso retumbante por conta das cenas de ação e dos personagens carismáticos (tirando os irmãos Wilykit e Wilykat que eram um porre, junto com Snarf), rendendo 130 episódios.

Curiosamente, na época, a Globo só passou 100 episódios, com o SBT passando os outros 30 quase 15 anos depois, em 2001, quando adquiriu os direitos de exibição da série.

Em breve, falo exclusivamente dos Thundercats, pois esse merece coluna exclusiva, o que não é o caso agora.

Esse desenho preparou a galera para a modinha de anime

Falta de criatividade

Como falta de criatividade era o que reinava na época, a Rankin/Bass tentou emplacar outra série, os Silverhawks.

Apesar da idéia de ciborgues, no lugar dos felinos, se pegando com seres alienígenas ao som de rock, ser original, o desenho ser repleto de ação, possuir uma abertura irada e ter uma boa animação os Silver Hawks não tinham um roteiro tão bom como o de seu antecessor (sendo praticamente uma cópia, mas ambientada no espaço) e por isso só rendeu uma temporada com 65 episódios, tendo relativo sucesso na terra brasilis, no programa do Sérgio Mallandro (aquele que saiu vereador) e da Mara Maravilha (aquela que virou crente).

Abertura irada, pena que o desenho não era era a mesma coisa

Mesmo levando paulada com Silverhawks, a Rankin/Bass insistiu na idéia de seres humanóides com poderes animais e lançou TigerSharks, humanos que se transformavam em seres marinhos com praticamente a mesma história dos antecessores, enfrentando vilões em um mundo parecido com a terra e com lição de moral no fim do episódio. O fracasso foi tanto, que este foi o último desenho produzido pelos estúdios.

Dá para levar isso a sério?

Como o espaço já está grande, semana que vem continuo a falar sobre as animações da década de 80.

Como Hanna-Barbera dominou o mercado das animações

Televisão quinta-feira, 02 de outubro de 2008 – 6 comentários

A entrada da Hanna-Barbera no mercado de desenhos animados deu uma sacudida no mundo das animações e, para variar, reformulou e revolucionou tudo de novo.

Até hoje, questiona-se os métodos utilizados pelo estúdio, que reduziu drasticamente os custos de produção das animações, provocando crise nos concorrentes e praticamente monopolizando o mercado de desenhos até o início da década de 80.

Para vocês terem uma idéia, até o início da década de 60 para produzir um curta animado de uns 10 minutos, como Pernalonga, ou mesmo Tom & Jerry, eram necessários entre 30.000 e 50.000 desenhos. Sendo um trabalho oneroso, com altos custos e, muitas vezes, sem retorno garantido, mesmo sendo produzidas algumas obras-primas.

Jambo e Ruivão, primeiro sucesso dos Estúdios Hanna-Barbera

Até que Joseph Barbera e William Hanna criaram uma técnica especial, batizada de “animação limitada”, onde uma animação, para ser produzida, utilizava apenas 2.000 desenhos (às vezes até menos que isso), barateando consideravelmente os custos da produção.

O processo era bem pobre e simples. Os personagens permaneciam estáticos, com apenas a cabeça se mexendo para os lados e abrindo e fechando a boca para falar. Para facilitar e disfarçar os cortes dos movimentos, os personagens possuíam adereços no pescoço, como colares e gravatas.

Podem reparar que a maioria dos personagens da Hanna-Barbera possuem essa característica peculiar.

Reparem o cenário repetitivo e a gravatinha de Zé Colmeia, tudo para cortar custos

Outra forma de cortar custos foi a adoção de um cenário meio fixo. Prestem atenção que quando um personagem está andando pela tela, ele passa sempre pela mesma pedra, carro espacial, árvores e por aí vai.

Isso ocasionou críticas de todos os lados, inclusive com um executivo da Disney (sempre eles) afirmando que nem consideravam os estúdios Hanna-Barbera concorrentes. Por ironia do destino, entre o final da década de 50 e início da 60, os estúdios do Scooby contrataram vários desenhistas da casa do Mickey, que haviam sido demitidos para cortar despesas.

Mas caro Bolinha Bonilha, então como eles conseguiram o sucesso e o respeito que possuem hoje?

Oras, com uma coisa simples que Hollywood sempre deixa de lado: um roteiro fácil de entender.

Apesar da precariedade das animações, as histórias e tiradas dos personagens eram garantia de diversão e risadas, além de retratar com humor e uma dose de ironia o que seria o retrato da típica família americana, atingindo em cheio todas as faixas etárias e divertindo crianças e adultos.

Os Flintstones foi o primeiro desenho animado exibido em horário nobre nos EUA

A fórmula fez tanto sucesso que, em 1960, Os Flintstones foi a primeira animação da história exibida em horário nobre na TV americana, reinando absoluta até 1966.

Depois vieram Os Jetsons, Manda Chuva, Jonny Quest, Zé Colmeia, entre outros, até surgir um novo sucesso absoluto para o horário nobre da CBS: Scooby-Doo.

Desafio os noobs a reconhecerem todos os desenhos que passam nesta homenagem

Como já escrevi acima, Hanna-Barbera reinou absoluta até o início da década de 80, seguida por Warner, Universal e Disney, que não davam o mesmo tratamento precário aos seus desenhos e, obviamente, demoravam para produzir suas animações, perdendo terreno para Scooby-Doo e sua turma.

Com a fórmula do estúdio de Jonny Quest já meio esgotada, surgiu nesta época desenhos com temáticas mais adultas, que focavam grupos com super-poderes enfrentando super-vilões, em mundos fantásticos, geralmente extremamente coloridos e enfrentando adversidades, sempre com uma lição de moral no final.

Mas falar sobre esses desenhos é Papo para outro dia e outra coluna.

Afinal, isso aqui tem que durar.

As cores e a grana começam a aparecer

Televisão quinta-feira, 25 de setembro de 2008 – 6 comentários

Olá Noobs.

A coluna teve uma pequena quebra na seqüência, culpa do Paramyxoviridae, gênero Rubulavírus, também conhecido com vírus da Caxumba.

Essa porra me derrubou de tal jeito que só conseguia ficar de pé por 30 minutos ininterruptos, talvez, por isso, a coluna possa ter algumas mudanças bruscas, mas (acho) que vocês são inteligentes e vão entender.

Como ninguém tem nada a ver com isso, vamos para a parte da história dos desenhos animados, quando as cores invadem o mundo da imaginação dos autores e as animações viram um negócio lucrativo.

Disney começa a ser oportunista

Como vocês podem imaginar, quem enxergou isso melhor foi o velho Walt Disney, que em 1932, foi até a empresa Technicolor – que havia desenvolvido o sistema para inserir cores nos filmes – e fez um contrato de dois anos de exclusividade com a empresa.

Dessa parceria saiu Flowers and Trees (Flores e Árvores), a primeira animação colorida da história e que rendeu o primeiro Oscar à Disney.

Bonitinho, pena que ordinário

Com o sucesso de Disney, todo mundo resolveu investir em animações, copiando a fórmula de Walt (que todo mundo sabe que é um saco).

Warner entra na parada – Nasce Pernalonga

A Warner foi uma que tentei chupinhar o estilo Disney, mas como falhou miseravelmente e seus desenhos foram um fracasso total (imitar a Disney dá nisso), ela resolveu apostar em personagens malucos e sem noção do que faziam.

Nascia aí, no começo da década de 30, os Looney Tunes – que significa “Cartoons (Desenhos) Insanos” – com destaque para o Pernalonga (Bugs Bunny), o coelho mais pirado das animações, mas continuando com a parada dos bichinhos que falam e agem como seres humanos.

Como os desenhos eram mais insanos naquele tempo

Universal contra-ataca com Pica-Pau

Em 1940, a Universal Estúdios (não é a Record) pediu ao cartunista Walter Lantz uma animação para rivalizar com as cocotinhas e viadices da Disney e os politicamente incorretos, mas não menos populares, bichos pirados da Warner.

Desse pedido, nasceu Andy Panda e sua turma. Como podem ver, mais bichinhos, esses meio gays.
Mas, sem o patrão pedir, Lantz decidiu desenhar um personagem diferente pra fazer frente ao viadinho do Andy e seu pai: o Pica-Pau.

O interessante é que o chefe de Walter, Bernie Kreisler, rejeitou o desenho, dizendo que era o pior cartoon que ele já visto na vida. Lantz insistiu e, por capricho do destino, Kreisler abraçou o projeto, estreando “O Pica-Pau Ataca Novamente (Knock Knock)”, culminando em sucesso estrondoso e no maior desenho estilo cartoon já feito, na minha opinião, já que a de vocês não interessa muito.

Pica-Pau é o melhor que existe, até hoje

William e Joseph se conhecem

Enquanto as três gigantes, Disney, Warner e Universal, brigavam e estavam começando a se consolidar no mercado de animações, dois amigos americanos se conheciam e começavam a trabalhar juntos. Os dois eram William Hanna e Joseph Barbera.

Em 1940, William e Joseph já eram famosos nos estúdios da Metro-Goldwyn-Mayer – MGM, chegaram a mandar seus desenhos para a raposa Walt, que disse que iria até Nova York para contratá-los. Ocupado com outra coisa, talvez com o projeto do Bambi, Disney nunca apareceu.

Magoados, mas com vontade de trabalhar e mostrar que tinham talento, pois não são como vocês que choram com o primeiro esculacho que levam, os dois apresentaram à MGM a animação Puss Gets the Boot (1940), que era nada mais e nada menos que Tom e Jerry.

Tom & Jerry começam a incomodar as poderosas

Com o sucesso da série e cheios de bichinhos na cabeça para virar desenho, em 1944 decidiram romper o cordão umbilical com a MGM e fundar o estúdio Hanna-Barbera.

Até esse ponto, todas as animações, sejam curtas ou longa-metragens, passavam no cinema, como o bicho estava pegando no mundo (não, me recuso a explicar o que era), não houve tantas novidades nesse período.

Após a guerra, e com a popularização da Televisão na década de 50, as animações passam por mais uma revolução e começam a se popularizar como entretenimento de massa.

Mas esse papo vai ficar para outro dia.

A História dos Desenhos Animados 2 – Era do Som

Televisão quinta-feira, 11 de setembro de 2008 – 3 comentários

Diz o ditado que promessa é dívida e, embora não tenha prometido nada e ninguém tenha me dado algum retorno sobre a nova coluna, vou continuar, por enquanto, com a história dos desenhos animados.

Mesmo porquê vocês são uns noobs e não sabem como esse Johnny Bravo, Padrinhos Mágicos, Family Guy, Os Simpsons ou Ben 10 começaram.

Com a popularização da técnica de Earl Hurd (mais aqui ) e também do cinema, os desenhos deixam de ter a temática adulta e começam a se popularizar para todos os tipos de gostos e faixas etárias.

Confira abaixo os que fizeram mais sucesso e ganharam mais dinheiro nessa época.

Gato Félix – 1919

Praticamente um quadrinhos animado

O primeiro a fazer sucesso é o Gato Félix (Felix, The Cat) em 1919 com o curta Folias Felinas (Feline Follies).

Criação de Otto Messmer e Pat Sullivan, Felix foi um sucesso na chamada era muda dos desenhos, principalmente pelo jeito despojado do gato risonho que se comunicava com o rabo e do início do humor quase negro agradando a todos.

Apesar do sucesso, Félix não conseguiu segurar a onda por muito tempo, ainda mais com o início da era dos filmes falados, mas o gato preto pode se orgulhar de uma coisa: foi a primeira animação a ser transmitida pela televisão, em 1930.

Depois, o desenho chegou a ser remodelado, com Félix com um estilo detetive e uma mala que saía de tudo, mas isso é história para outra hora.

Mickey – 1927

É lançado o padrão Disney com overdose de canções e bichinhos

Revolucionando a história da animação (aliás, tudo que era lançado revolucionava, pois era novidade) Steamboat Willie lançou o camundongo Mickey para o estrelato, sendo a primeira animação contando com sonorização própria. Walt Disney mesmo regeu a orquestra do desenho e fez a dublagem dos personagens descobrindo a galinha dos ovos de ouro que até hoje é referência, a equação desenho+musical.

Detalhe que o politicamente incorreto ainda imperava, apesar dos bichinhos e cantoria Disney.
Aliás, muitos acreditam que esse desenho foi o primeiro com Mickey, mas antes de Steamboat Willie, duas animações mudas haviam sido feitas com o ratinho, mas que passaram despercebidas pelo público e crítica.

Com o sucesso instantâneo, foram produzidos mais 15 desenhos com o ratinho começando a colocar o velho Walt na trilha do sucesso.

Betty Boop – 1930

Os caras se masturbavam com isso, véio

Criada em 1930, pelos estúdios dos irmãos Max e Dave Fleisher, Betty Boop estreou na animação Dizzy Dishes, sendo o que de mais ousado havia para a época extremamente conservadora.

Cabeçuda, mas com um corpinho sexy e roupas ousadas para a década de 30, Betty era um desenho direcionado a outro tipo de público. Com um ar inocente, jeito independente e extremamente provocadora, Boop fazia a alegria dos punheteiros da época, principalmente depois da animação Boop-Oop-a-Doop.

Hoje vocês podem achar tudo muito tosco, mas lembrando que na época, mostrar a canela, já era motivo para ser preso por atentado ao pudor.

Foram feitas mais de 100 animações com Betty Boop, até baixarem, em 1934, um Código de Produção censurando a personagem. Em nome da família americana e da moralidade, a personagem não poderia mais exibir suas roupas provocantes e seus decotes.

Os produtores não deixaram por menos e cobriram a personagem até o pescoço, mas em roupas colantes destacando seus seios, o que deixou a personagem mais sexy ainda. Aí, em 1939, os velhotes pau-mole do Comitê Moralizador proibiram Betty de aparecer na TV.

Os estúdios Fleisher nem ligaram, pois já estavam ganhando bem com outra animação.

Popeye – 1933

Eu sou o marinheiro Popeye, eu sou o marinheiro Popeye… Duvido que isso não grude na cabeça

Popeye foi originalmente criado para as tirinhas do “New York Journal” por E. C. Segar, em 1929, mas logo foi levado para os desenhos de Betty Boop pelos irmãos Fleisher, fazendo sua estréia em 1933.

Logo de cara é apresentada a música-tema que será eternizada ao longo dos anos, além de Olívia Palito e Brutus.

Mesmo Popeye já sendo forte, também é mostrado ao público o hábito de comer espinafre para ficar mais forte ainda, fazendo com que aumentasse em 30% o hábito de consumir espinafre nos Estados Unidos e com que minha mãe enchesse o saco para comer esse treco quando era pequeno.

Popeye é um dos meus desenhos favoritos até hoje, e tem uma história através dos anos bem interessante, tanto que não cabe aqui e deve merecer uma coluna especial só para ele.

Como ficou um texto enorme novamente, semana que vem devo voltar com o início da era dos desenhos coloridos.

A História dos Desenhos Animados

Televisão quinta-feira, 04 de setembro de 2008 – 10 comentários

Finalmente consegui um espaço decente neste site.

Foi preciso um certo motim de minha parte e após algumas negociações, muito rum e gordinhas foi acertado que ficaria com a parte mais amaldiçoada do AoE: falar sobre desenhos animados.

Ah, por que amaldiçoado?

Simples, todos que tentaram tomar conta deste espaço foram assassinados sumiram sem deixar vestígios.

Até quando o Capitão da bodega fundiu a seção de animações com a de animes o antigo titular da coluna também desapareceu, deixando um rastro de purpurina no ar, assim como todo otaku fanático por desenho japonês (redundância?).

Enfim, abordarei sobre uma das mais nobres e antigas formas de entretenimento, mas antes de falar sobre desenhos toscos, clássicos, atuais ou algo do fundo do baú, vamos para uma história sobre os primórdios das animações.


Não achei o original, mas vocês entenderam a idéia

A origem dos desenhos animados datam de antes dos primórdios do cinema, quando o belga Joseph-Antoine Plateau fez a primeira animação mostrando o galope de um homem sobre um cavalo. Era um desenho bem besta, desses que se faz na escola com um bloco de papel. Mas, para o século XIX, era um baita avanço. Ele construiu um tambor aberto na parte de cima com desenhos colados na parte interna. Ao girar o tambor, os desenhos se refletiam e sobrepunham num espelho fixo colado em seu interior gerando imagens em movimentos.

Está bem que a história e o enredo eram um lixo, mas aposto que era melhor que Naruto.

Em 1892, o francês Charles Émile Reynaud aperfeiçoou a técnica de Plateau projetando imagens numa tela e apresentando o curta “Pantomimas Animadas”. Por meio de um tambor de espelhos ele projetava sobre um cenário fixo uma seqüência de personagens desenhados em várias etapas de movimento, passando a ilusão de movimento.

Cartaz da “animação” de Émile Reynaud

Para todo mundo não ficar com cara de paisagem, ou dormir na sala de exibição, a apresentação foi acompanhada de músicas exclusivamente escritas para ele.

Foi o que achei mais divertido, apesar das palhaçadas clichê

Para quem acha que isso é novidade de Walt Disney, já vê que é mais um mito que se vai.

Com a invenção do cinematógrafo pelos irmãos Lumiére, onde o aparelho projetava, em rápida velocidade, sucessivos slides em uma tela branca passando a sensação de movimento, muitas técnicas usadas em filmes, também passaram a ser utilizadas pelos desenhos.

Foi nessa época que o norte-americano James Stuart Blackton apresentou o primeiro desenho animado do mundo: o “Fases Cômicas De Caras Engraçadas”, filmando uma seqüência de desenhos com cada um dando origem a outro.

Rudimentares, mas bem melhores que algumas porcarias que passam hoje

Partindo para uma evolução, mas através de uma técnica mais simples, o francês Émile Cohl começou a desenhar traços brancos sobre um fundo negro. Seu primeiro desenho animado, Fantasmagoria, foi exibido em 1908, com o francês criando centenas de curtas depois, considerados obras-primas na época.

Durante esse período, muitos norte-americanos estadunidenses aprimoraram as técnicas de animações (rudimentares, mas aprimoravam), com o resto do mundo sendo influenciado por estas técnicas.

No final de 1914, com a Primeira Guerra começando a esquentar, o norte-americano Earl Hurd contribuiu para o que seria a o aperfeiçoamento total da técnica de animação, usada inclusive, até hoje.

Pela foto, nota-se que James é Tanga

Hurd começou a utilizar o papel-celulóide, um papel transparente que lembrava um tipo de plástico. Utilizando esse papel era possível para o artista desenhar cenários de fundo em uma película e, os personagens, em outra, para depois sobrepor um sobre o outro. Com essa técnica muito trabalho era poupado com um mesmo cenário de fundo sendo utilizado para a filmagem, pois os personagens podiam ser desenhados sozinhos, em várias posições (heh) e aplicado sobre o cenário de fundo.

Antes disso, os desenhos eram feitos refazendo os personagens e cenários a cada mudança de posição, sendo um saco fazer isso.

A partir da técnica de Earl, começou a bombar de vez a produção de curtas-metragens dando início à grande produção de desenhos animados e à popularização dessa arte, principalmente após a estréia de Gato Félix, seguido de Popeye, Betty Boop, entre outros.

Como o texto ficou um pouco extenso, talvez continue essa parte semana que vem.

Eu escrevi talvez…

Conheça o Panorama do Cinema Francês no Brasil

Cinema sexta-feira, 20 de junho de 2008 – 0 comentários

Antes de tudo, um pequeno protesto.

Até agora estou me perguntando se a coletiva que o Théo me enviou, não era alguma desculpa para se vingar de algo que não lembro de ter feito ou foi para me sacanear mesmo.

Sério, além de perder o coffee-break oferecido para a imprensa antes do evento (não adianta, sempre me perco na Paulista e desço na estação errada do metrô), ainda tive que amargar duas horas de espera até a coletiva começar, por conta do atraso dos convidados franceses.

O evento em questão é o “Panorama do Cinema Francês no Brasil 2008”.

Inédito no país, a mostra irá exibir oito filmes inéditos, com a participação de diretores e atores convidados que estarão presentes em cada exibição e, após os filmes, disponíveis para perguntas, autógrafos e debates com a platéia.

O Panorama é o pontapé inicial do que será o “Ano da França no Brasil”, em 2009. Tem apoio das distribuidoras e realização da Unifrance e Embaixada da França no Brasil.

Coletiva

A coletiva para lançar o evento oficialmente contou com a participação dos atores Vincent Cassel, padrinho do evento, Roxane Mesquida, Ariane Ascaride e Clotilde Hesme, e diretores Kim Chapiron e Catherine Breillat. Por conta do cansaço evidente dos artistas (por causa da longa viagem e do atraso do vôo) e dos jornalistas (por esperarem os artistas), a coletiva foi bem burocrática.

Apesar disso, foi importante para mostrar que há vida cinematográfica fora de Hollywood. E das boas.

Para quem ainda acha que o cinema francês (e o europeu com um todo) se resume a filmes-cabeça, chatos, bons para insônia e feitos para pessoas metidas a moderninhas, saiba que ultimamente isso vem mudando ultimamente alternando entre grande produções (conhecidos popularmente como blockbusters) e filmes de autor, além de uma terceira opção que mescla os dois estilos, batizado por Catherine Breillar como “filmes do meio”. “É complicado esse negócio do filme do meio. Não sabemos dizer, exatamente, o que é esse tipo de filme”, explicou.

O Escafandro e a Borboleta é um dos sucessos da mostra

Cassel, que adora vir ao Brasil e que fala português melhor que muito brasileiro por aí, afirma que vive um caso de amor com o país. “A primeira vez que vim foi há 20 anos, para gravar para um filme, onde aprendi a jogar capoeira. Fui aprendendo a língua em aulas e na convivência com brasileiros nas praias da Bahia. É uma história de amor com o país”, afirmou. Recentemente gravou “á Deriva”, dirigido por Heitor Dhalia (O Cheiro do Ralo, filme predileto do Théo) e rodado em Búzios (RJ).

A turma do croissant também falou sobre as dificuldades de filmar na França, por conta da forte influência da TV aberta por lá, que ajuda a financiar as produções locais (alguém se lembrou da Globo Filmes e pérolas como Os Porralokinhas? – putz vomitei!).

Questionado se a seleção de filmes exibidos por aqui representa a diversidade cinematográfica francesa na atualidade, o padrinho do evento foi taxativo: “Não acredito que a pequena seleção representa completamente a produção cinematográfica na França atualmente. Os filmes selecionados são mais autorais. Também fazemos blockbusters e filmes ruins, mas estes não serão exibidos na mostra”, disse brincando, e em francês, Cassel.

Satã: Terror de primeira, apesar do diretor Kim dizer que é comédia

Um pouco mais descontraído e não aparentando o cansaço de seus demais compatriotas, Vincent Cassel admitiu ser polivalente e que gosta de fazer todos os tipos de filmes. “Embora que por gosto pessoal, filmes como os do Cronenberg e de Noé fazem mais meu tipo”, diz.

David Cronenberg é autor de filmes fodásticos como “Marcas Violência” e “Senhores do Crime”, enquanto Gaspar Noé filmou “Irreversível”.

A Última Amante: Clássico filme francês da antiga corte e com muita putaria

Para encerrar, todos foram unânimes em declarar seu amor ao Brasil (clichê?), como o diretor Kim Chapiron, que está no país pela sétima vez: “Tem sido mais agradável trabalhar no Brasil do que na França. Não dá vontade de voltar para lá”.

Evento

Vamos ao que interessa. Se você estiver em São Paulo ou no Rio de Janeiro nos próximos dias e quer conhecer um pouco do cinema francês, não tem o que fazer, ou não gosta de Hollywood, é uma boa pedida dar um pulo no Reserva Cultural (Av. Paulista, 900 – Térreo), em São Paulo ou no cinema Odeon Petrobras (Praça Mahatma Gandhi, 2), no Rio de Janeiro, e conferir o Panorama do Cinema Francês no Brasil:

Confira abaixo a programação:

SÃO PAULO

Dia 20/6 (sexta-feira)
13h – Advogado do Terror
15h30 – Canções de Amor, seguido de debate com a atriz Clotilde Hesme
17h45 – A última amante, seguido de debate com a diretora Catherine Breillat e a atriz Roxane Mesquida
20h30 – O Segredo do Grão, seguido de debate com Hafsia Herzi
0h – Satã, seguido de debate com Kim Chapiron, Roxane Mesquida e Vincent Cassel

Dia 21/6 (sábado)
11h – As Aventuras de Molière
21h30 – O Escafandro e a Borboleta

Dia 22/6 (domingo)
21h30 – Lady Jane

Dia 23/6 (segunda-feira)
21h30 – Advogado do Terror

Dia 24/6 (terça-feira)
21h30 – As Aventuras de Molière

Dia 25/6 (quarta-feira)
21h30 – O Segredo do Grão

Dia 26/6 (quinta-feira)
19h40 – Canções de Amor
21h30 – A Última Amante

RIO DE JANEIRO

Dia 21/6 (sábado)
19h – Canções de Amor, seguido de debate com Clotilde Hesme
22h – Satã, apresentado por Kim Chapiron, Roxane Mesquida e Vincent Cassel

Dia 22/6 (domingo)
13h – Advogado do Terror
15h30 – Lady Jane, seguido de debate Ariane Ascaride
17h45 – A Última Amante, seguido de debate com Catherine Breillat e Roxane Mesquida
20h30 – O Segredo do Grão, seguido de debate com Hafsia Herzi

Dia 23/6 (segunda-feira)
18h – As Aventuras de Molière
20h30 – O Escafandro e a Borboleta

Dia 24/6 (terça-feira)
18h – Canções de Amor
20h30 – A Última Amante

Dia 25/6 (quarta-feira)
18h – O Escafandro e a Borboleta
20h30 – O Segredo do Grão

Dia 26/6 (quinta-feira)
16h – Lady Jane
18h – Advogado do Terror
20h30 – As Aventuras de Molière

confira

quem?

baconfrito