Um Big Brother que tem graça: Drawn Together
Esqueça os Simpsons, South Park, Family Guy, Futurama ou qualquer outra coisa que você julgue parecido na matéria do politicamente incorreto.
Se você é metido a certinho, é a favor da moral e dos bons costumes ou não tem vida sexual ativa, então nem continue a leitura, feche esta janela e vá atualizar seu blog para ver se ele alcança 10 visitas ao mês.
Agora, se gosta de tiradas que todo mundo condena e personagens que fazem tudo aquilo que você pensa em fazer, mas não tem coragem (ou já fez e pegou uma pequena pena de serviços prestados para a sociedade), Drawn Together é a animação certa para você.
Produzido pelo estúdio Comedy Central (o mesmo de South Park), Drawn Together – ou Casa Animada, como foi horrivelmente traduzido aqui no Brasil – é criação das mentes doentias de Dave Jeser e Matt Silverstein.
Recheado de referências á cultura pop, humor negro, piadas racistas e preconceituosas, insinuações de sexo e violência ao extremo, essa animação é uma das mais originais e cômicas que já passaram na TV.
A idéia é simples e criativa. Em uma casa idêntica á do Big Brother são reunidos oito participantes que serão vigiados por 1 milhão de câmeras e microfones. E, tal como o BBB (odeio essa sigla) os oito possuem personalidades e aparências totalmente diferentes entre si.
E é aí que entra um dos pontos fortes da série. Os moradores da Casa são nada mais e nada menos que todos os estereótipos e clichês da cultura pop e do mundo nerd existente. Segue um breve perfil de cada um deles:
Princess Clara (Princesa Clara) – A típica princesinha dos filmes de Walt Disney, totalmente inspirada na Bela, de A Bela e a Fera, e Ariel, da Pequena Sereia. Mas a semelhança para por aí. Clara é totalmente mimada, cristã fundamentalista, homofóbica e racista. Como as princesas da Disney, adora cantar com os animaizinhos, para depois matá-los sem dó nem piedade. Possui uma maldição no meio das pernas onde sua “perseguida”, a Octopussoir, é um monstro de tentáculos que aterroriza os pretendentes, além de lavar, passar e ajudar com a caridade. É órfã de mãe, que morreu após o pai bater a carruagem que guiava bêbado.
Capitain Hero (Capitão Herói) – Inspirado claramente no Super-Homem, Capitão Hero é o tarado-pervertido-machista da série. Não perdoa nada. Mas nada mesmo, tendo inclusive um affair a la Brockeback Mountain com Xandir em uma das cenas mais originais que já vi para representar uma, digamos, sodomização. Apesar disso é um fracassado sendo considerado o herói mais escroto do universo. Lamenta sua origem e o fato de ninguém querer ser seu parceiro.
Xandir p. Wifflebottom (Xande) – Baseado nos heróis de RPG, como o Link do jogo The Legend of Zelda. Segundo ele, está na Casa por estar em uma busca incessante para salvar sua namorada. Quando a encontra, sai do armário, revelando-se aquilo que todo mundo já sabia. É extremamente sensível e, assim como no vídeo-game, possui vidas infinitas, manipulável por via de cheats e gosta de usar calcinhas fio-dental. Possui um golpe especial, fazendo muito nostálgico lembrar da época de seu Nintendinho. Personagem predileto do Théo.
Toot Braunstein – Toot representa os desenhos pin-ups da década de 20, como a Betty Boop. Aliás, é a própria envelhecida e em fim de carreira. Caracterizada em preto-e-branco é a personagem responsável pelas discórdias da casa, provocando brigas, intrigas e mortes no local. Totalmente horrível, gulosa e vadia ao extremo, não perde a oportunidade de tentar assediar alguém da casa, geralmente mostrando os peitos, o que provoca vômitos em quem vê. Também é depressiva e com surtos de sadomasoquismo, se cortando com lâminas de barbear e se açoitando com armas medievais.
Ling-ling – Personagem claramente inspirado nos animes, sendo Ling-ling um Pikachú bastante esquentadinho. Responsável pela sátira aos orientais, ele fala em uma linguagem incompreensível, precisando, inclusive, de legendas (que também vêm erradas). Agressivo e com espírito assassino, ele é um sociopata com a intenção de matar e destruir todos os moradores, tendo algum sucesso em alguns episódios. Tarado sexual, odeia ser tratado como bichinho de estimação – o que acontece com freqüência, tendo inclusive uma caixa de areia na casa. Além de produzir descargas elétricas, sua pele possui uma substância alucinógena que dá barato em quem lambe.
Spanky Ham (Onanias) – Detentor do segundo pior nome em português, Spanky é um desenho feito em flash baixado da internet. Sendo literalmente um porco de camisa e calça, ele representa a escatologia da série, fazendo suas necessidades onde der na telha, desde brigas até nos alimentos que irão consumir. Spanky é muçulmano, e adora aplicar golpes e explorar os outros personagens (como Xandir e Ling-ling) para ganhar dinheiro. Também tarado ao extremo, gaba-se freqüentemente de seu desempenho sexual (clara alusão á qualidade do sexo entre os porcos).
Foxxy Love (Chica Ximbica) – Só queria saber qual o critério para se batizar um personagem em português. Dona do pior nome em língua portuguesa, Foxxy Love é a liberdade em pessoa. É totalmente contra o racismo, quebrando o pau com Clara com freqüência por conta de seus comentários racistas. Bem resolvida sexualmente, ela é bissexual e adora dominar a situação durante o ato, seja com homem, mulher, animais de pequeno porte ou no ménage-a-trois envolvendo os três tipos. Se masturba com os mais variados tipos de objetos, desde touros mecânicos, até sabres de luz. Por conta de sua vida sexual ativa, vive abortando, mesmo não tendo certeza se está grávida. É o personagem mais inteligente da série, sendo inspirada nos desenhos dos anos 70, mais precisamente em Valerie Brown, de Josie e as Gatinhas.
Wooldoor Sockbat (Imeia Delano) – Representante dos típicos desenhos animados da atualidade, como Bob Esponja, a Vaca e o Frango e Ren & Stimpy. Totalmente bizarro, é um dos personagens mais interessantes da Casa. Inocente ao extremo, não ofende ou espanca os outros moradores da casa. Protagonista do episódio mais engraçado da série, após aprender a se masturbar com Foxxy Love, descobre que seus espermas (que saem pela boca) possuem poderes, curando as pessoas que tocam, provocando a ira de um pepino (!!!) cristão fundamentalista que começa a perseguir e assassinar todos que passam em sua frente. Wooldoor também é o faz-tudo na casa, aparecendo como médico, padre, bombeiro, entre outros, lembrando o Pernalonga.
Não há lição de moral ou alguma mensagem certinha para as pessoas na animação, a intenção é divertir e aloprar a tudo e a todos, sem distinção de cor, religião, raça, sexo ou qualquer outra coisa que hoje seja tabu no mundo.
Se você não gosta desse tipo de humor, passe longe, pois tudo que se possa imaginar estará lá. Como no episódio que a Princesa leva sua prima, que sofre de Síndrome de Down, para conhecer a casa e, depois de se mostrar uma gostosa de primeira, é levada para a cama por Capitão Hero, que não dá a mínima para a situação. Como castigo, Clara a coloca para dormir na casinha do cachorro. Ou então, no primeiro episódio, após uma briga na piscina, um beijo lésbico sela a paz entre Clara e Foxxy, sendo um beijo de língua mostrado em todos os detalhes e jeitos. Após o beijo, a Princesa pensa que engravidou e, após aceitar ajuda de Toot, tenta um aborto sendo arremessada escada abaixo, fazendo os mais puristas tremerem nas bases.
Ou seja, se você acha que Drawn Together pega pesado demais, então Tanga, vá assistir ao BBB e veja que o que ocorre lá é exatamente idêntico ao que se passa no desenho. Com a diferença de um mostrar a vida real e o outro ser apenas uma animação para divertir a tudo e a todos.
Drawn Together teve seu primeiro episódio exibido no dia 27 de outubro de 2004, nos EUA, e já possui três temporadas. No Brasil, o desenho passa nas madrugadas do canal pago Multishow, sem um horário fixo determinado. No Youtube e torrents da vida é possível encontrar episódios legendados.