Os deuses dos quadrinhos

Nona Arte quarta-feira, 19 de novembro de 2008 – 16 comentários

Todo mundo que lê HQ já têm suas preferências sobre roteiristas, desenhistas e/ou títulos. Também já discutiu com alguém quem são os melhores e quem são os piores. Óbvio que existem MUITOS roteiristas e desenhistas bons, mas essa coluna não é pra falar sobre alguém bom, é sobre alguém FODA. Não um cara que só fez um trabalho bom, mas um cara que fez e ainda faz vários trabalhos bons. Se você curte bastante HQ já está acostumado com alguns dos nomes que vou citar nessa coluna. Se você não os conhece, então trate de conhecê-los.

Então vamos começar com roteiristas.

Alan Moore

Um dos deuses do roteiro, Moore nasceu em 1953, usou drogas na adolescência e é considerado por muitos um velho louco. Mero engano, o cara é o melhor roteirista de HQ. Suas obras são bem elogiadas pela crítica e pelos fãs e são mundialmente famosas. Moore escreveu alguns títulos marcantes como V de Vingança, Monstro do Pântano, A Liga Extraordinária, Do Inferno e também criou o personagem John Constantine. De suas obras, duas se destacam mais. São elas A Piada Mortal, o que eu considero a melhor obra dele, e Watchmen, que foi um marco nos quadrinhos, apesar de ser uma história bem fraquinha. De suas obras literárias, 4 já viraram filme e a uma quinta produção (Watchmen) está sendo feita.

Frank Miller

Não é porque Moore é o melhor roteirista de HQ que os outros são ruins. Miller não fica muito atrás, não, o cara também é um gênio dos quadrinhos. Nascido em 1957, além de roteirista também é desenhista, começou a sua carreira como freelancer em várias editoras e foi na Marvel que ele se destacou, com um trabalho do Homem-Aranha. A partir daí Miller fez um trabalho memorável com Demolidor, criando a ninja Elektra, e com a saga A Queda de Murdock, considerada a melhor história do Demolidor.
Entre suas várias obras, as de destaque são Ronin, Sin City, 300, Batman Ano Um, The Dark Knight e The Dark Knight Returns. Sendo que The Dark Knight é a sua obra mais conhecida e aclamada, pela crítica e pelos fãs. The Dark Knight redefiniu o Batman que conhecemos e foi uma inspiração para Moore escrever A Piada Mortal e Grant Morrison escrever Asilo Arkham.
Miller também tem destaque no cinema. Escreveu o roteiro de Robocop 2 e 3, e sua obra Sin City ganhou uma adaptação, assim como 300.

Neil Gaiman

Dos três melhores roteiristas, Gaiman é o mais novo. Nascido em 1960, o roteirista é mundialmente famoso pela sua obra Sandman. Gaiman começou a escrever quadrinhos após se tornar amigo de Alan Moore, resultando nas obras Violent Cases e Signal to Noise. Logo após, Gaiman escrevou a minissérie Orquídea Negra e em 2004 escreveu 1602, outra série bem elogiada pela crítica. Apesar de Gaiman não ter escrito tantas HQ’s ele é sim um ótimo roteirista e escritor. Gaiman publicou os Livros da Magia (algo parecido com Harry Potter), e também escreveu várias canções, poemas, novelas (como a Neverwhere). Gaiman também participou da produção do filme Beowulf e sua Graphic Novel Stardust ganhou uma adaptação para o cinema.
Recentemente Gaiman está trabalhando na nova saga do Batman.

Fazendo uma análise geral sobre esses três grandes roteiristas, os três são geniais e têm um papel muito importante nos quadrinhos, seja como fonte de inspiração ou derrubando portas. Por exemplo, as obras de Miller sobre o Batman foram inspiração para muitas outras obras sobre o morcego e também para alguns filmes, assim como Watchmen, de Moore, e Sandman, de Gaiman, contribuíram muito para uma evolução nos quadrinhos e também para a visão que a grande massa tinha sobre eles. Até então, os quadrinhos tinham uma linguagem meio infantil e não eram vistos como grandes obras literárias.

Esses são os 3 grandes escritores do mundo dos quadrinhos. Ainda temos outros bons escritores responsáveis por boas obras, mas não no nível desses três.

Semana que vem conheceremos os deuses dos desenhos e suas obras o/.

Casamentos

Nona Arte quarta-feira, 05 de novembro de 2008 – 4 comentários

Não é surpresa alguma falar que heróis também têm sentimentos. Mesmo sendo sentimentos forçados sobre senso de justiça, ética e moral, um outro sentimento é explorado desde que um herói é criado: o amor. Grandes poderes não vêm apenas com grandes responsabilidades, mas também várias gostosinhas com peitos duros, e isso faz seu herói entrar em conflito com a sua vida pessoal até o dia em que ele resolver casar.

Os casamentos, além de fazerem você ficar com cara de tacho, vendem bastante, dando um destaque ao herói em questão. Por isso, ao longo da história vários casamentos aconteceram, uns bem planejados, outros idiotas, mas todos com o clássico beijo.

Clark Kent e Lois Lane

Um casamento puramente comercial e totalmente esperado, o azulão subiu ao altar em 1996, quando os produtores da série As Novas Aventuras do Super-Homem quiseram casar o Super no seriado, mas isso seria impossível, já que no gibi ele ainda não era casado, então ele casou numa cerimônia com vários convidados especiais, tais como escritores, desenhistas e até mesmo um dos criadores do Super-Homem. A história de Lois e Clark já era muito antiga e também famosa, sendo que esse talvez seja o casal mais famoso dos gibis. Depois de tantas separações e voltas (seja por parte dele ou dela) eles se casaram e são felizes até hoje.

Peter Parker e Mary Jane Watson

Casal clássico dos papéis, Peter era a representação de todo leitor típico de gibi: um nerd bobão apaixonado pela vizinha gostosa. Depois de virar o amigão da vizinha, Peter foi chegando de mansinho e deu uns malhos na Mary Jane. Mesmo amando a modelo, ele sempre ficava na desculpa de transformar a garota em um alvo para os vilões, sendo que com isso ele pensou várias vezes em abandonar a vida de vigilante. Mas depois de tanta embolação os dois casaram em 1987 na edição Amazing Spider-man Annual 21, numa história bem fraquinha, com participação do Electro. Atualmente o casal já não é bem mais um casal. Graças a “grande” saga One More Day Peter abandona seu casamento em troca da vida da sua Tia.

T’Challa e Tempestade

O atual Pantera Negra, além de ser um dos personagens mais fodas de todos os quadrinhos, também é rei de uma nação e, com isso, precisava de uma Rainha. T’Challa e Tempestade já tinham uma história juntos, com revoltas e frustrações. O pedido de casamento ocorreu na revista Black Phanter, publicada em 2006, e o casamento ocorreu durante a saga Guerra Civil, sendo que no casamento os convidados já estavam divididos em lados e há pequenas discussões entre Capitão América e Homem de Ferro. Outra curiosidade é que Tempestade é considerada uma das mais belas heroínas, com isso um figurinista de verdade foi chamado para desenhar o seu vestido de casamento.

Reed Richards e Sue Storm

O casal todo chato e com história toda manjada, os membros do Quarteto Fantástico casaram na edição Fantastic Four King Size Annual 3, em 1965, contando com vários convidados famosos, entre eles Vingadores, X-men e outros nomes importantes. Na mesma edição Doutor Destino tenta se vingar do Quarteto e rola um pusta quebra pau, mas termina tudo bem e com um final bizarro onde Stan Lee e Jack Kirby (os criadores) são barrados por agentes da SHIELD na porta do casamento.

Oliver Queen e Dinah Laurel Lance

Um dos casais mais bacanas, porém, tão pouco lembrados, finalmente se casaram. Donos de uma história muito complicada com muitas separações, brigas, voltas e etc, tudo se concretizou em Green Arrow 75, quando Queen pede Dinah em casamento. A história do casamento é contada em partes. Justice League Wedding Special mostra as despedidas de solteiro do casal, The Black Canary Wedding Planner mostra Dinah escolhendo vestidos e etc, e Black Canary/Green Arrow Wedding Special é onde acontece o casamento. Depois disso a série do Arqueiro Verde passou a vir com um novo nome: Green Arrow/Black Canary.

Claro que ainda têm mais casamentos, mas só citei os legais. Hulk, Demolidor, Luke Cage e Cyclops também casaram, até teve um casal gay casando, mas isso foi em uma história na revista The Authory, em 2002. Mas enfim, se você tem algo contra esses casamentos, fale agora ou cale-se para sempre.

Matando e ressuscitando

Nona Arte quarta-feira, 29 de outubro de 2008 – 7 comentários

Todo mundo já se perguntou isso, desde os tempos em que mortes não eram populares e que velhas banguelas não voltavam à vida através de uma explosão cósmica. Hoje a lista de personagens que ainda não morreram é, de certa forma, curta. E acredite, os que ainda não morreram vão morrer um dia, cedo ou tarde sua editora vai matá-lo

Mas você já não se preocupa, você sabe que seu personagem vai voltar logo à vida, seja uma edição depois da morte ou um ano, ele sempre volta, e você, mesmo odiando pseudos Jesus Cristos fantasiados, continua comprando e achando fantástico.

Apesar de para nós história em quadrinhos ser apenas entretenimento (talvez algo mais), para as grandes editoras histórias em quadrinhos são a tão sonhada galinha dos ovos de ouro, logo, que se foda a gente, a editora quer lucrar, nem que para isso seu personagem tenha que morrer.
Acontece que essas mortes, infelizmente, dão uma grana do cacete. Tudo começa quando o personagem morre, a edição da morte provavelmente vai ter MUITAS vendas, e a partir disso a propaganda sobre o acontecimento só aumenta. Depois vem a edição em que o personagem volta, ou seja, mais dinheiro. Quando terminada essa “saga”, o personagem volta ao normal, podendo até voltar a ser um zero à esquerda.

O maior exemplo disso é o Superman. O herói vinha numa fase ruim, as vendas estavam baixas e ninguém mais curtia o Super justamente pela sua atitude de “escoteiro”. Os leitores procuravam algo mais agressivo, mais radical. A DC tentou de várias maneiras reanimar o velho azulão, mas não obteve bons resultados. Logo matou ele e fizeram todo o arco do funeral e depois o retorno e bingo, as hqs venderam muito.

Ainda tiveram outros que morreram e voltaram e venderam muito, mas não tanto quando o Super.
Outra morte que “abalou” o mundo dos quadrinhos, e também o mundo fora dele, foi a recente morte do Capitão América. A morte foi tão comentada que passou até em mídias e programas que nunca deram a mínima para quadrinhos. O Capitão ainda não voltou à vida, mas quando voltar vai ser outra grande venda para a Marvel.

Mas claro que não é preciso de uma ressurreição para ter boas vendas. Ainda há personagens que apenas morreram e venderam bem, a vitima da vez foi o Robin.
Jason Todd (segundo Robin) não tinha lá tantos fãs, nisso a DC abre uma votação perguntando se ele deveria viver ou não, a resposta foi não, e nosso pequeno prodígio morreu pelas mãos do Coringa, o que além de aumentar as vendas ainda fez o Coringão mostrar porque ele é o pior inimigo do Batman.

Uma nova morte que abalou agora é a do Jonathan Kent. O pai do azulão morreu na edição Action Comics 870 com um ataque cardíaco.

As mortes vão indo e voltando, com grandes e pequenos personagens, e sempre trazendo dinheiro. Mesmo com uma grande parte odiando esses arcos, as pessoas sempre lêem e por isso sempre temos novas mortes. De certa forma elas até são legais, eu particularmente gosto de algumas mortes, dão uma animada no personagem, é uma maneira de começar no zero. Óbvio que tem muitas que são ridículas e exageradas, como os casos da Tia May. A única coisa que fica em falta nas histórias geralmente são as ressurreições, pois os personagens simplesmente aparecem de volta à vida.

A única coisa que me preocupa em relação às mortes é a do Batman. Já têm noticias rolando sobre a possível morte do morcegão, e também de quem vai assumir seu manto, mas enfim, apesar de muita gente odiar vai vender bem. E eu, você, e todo mundo que odiou essa noticia, provavelmente vai ler o arco.

Quadrinhos como forma de publicidade

Nona Arte quarta-feira, 22 de outubro de 2008 – 2 comentários

Se tem uma coisa que eu sempre comentei, e ainda comento, em qualquer assunto relacionado à publicidade é sobre o forte poder que os quadrinhos têm para divulgar alguma coisa, principalmente para o público jovem.
Apesar dos quadrinhos ainda serem vistos como algo infantil, quase todo mundo, seja adulto ou criança, já parou para olhar alguma pequena historinha de um pênis com gonorréia falando “use camisinha”, ou um pneu ensinando como acabar com a dengue. Esses dois exemplos são bem comuns por ai, pequenas cartilhas sobre dengue e AIDS em forma de quadrinhos, tentando educar adultos e jovens. É uma ótima maneira de divulgar o seu produto/serviço porque todo mundo pára pra ver isso, nem que seja só pra ler um quadro, mas pára.

Já tem algum tempo que esse método de publicidade é usado, e ele se expandiu, saindo das margens dos informativos (geralmente sobre doenças). Hoje grandes marcas já anunciam nesse tipo de mídia e o retorno geralmente é bom.

A igreja já usou essa forma de divulgação na Inglaterra, em 2007, quando publicou quadrinhos com traços mangá em seus cartazes de campanha vocacional, com o objetivo de atrair jovens e até mesmo adultos. Uma forma inovadora para divulgar uma mensagem aos jovens, ainda mais por se tratar de uma igreja.

A Fiat utilizou a mesma técnica esse ano quando passou a publicar em jornais e revistas pequenas tirinhas contanto os depoimentos das pessoas que dirigiam um Fiat.
A Microsoft, numa tentativa de diminuir a pirataria dos seus softwares, criou uma HQ contra a pirataria.

Partindo para webcomics, a OI lançou mês passado histórias em quadrinhos com o titulo de A Corporação. Um trabalho totalmente brasileiro e que divulga de forma sutil a OI e ainda cria uma boa imagem para empresa, pois a idéia dessa campanha é dar espaço para os quadrinhos nacionais.
Outra webcomic famosa é a do seriado Heroes, que funciona como um viral para o seriado.

A política não fica de fora disso, é comum ver histórias em quadrinhos que contam a vida de um vereador, de um prefeito e etc. Mas não tem como falar de política sem falar das eleições norte-americanas. No dia 1º de outubro foram lançadas duas comics contando as histórias de Barack Obama e John McCain.

Mas Obama foi mais longe, conseguindo o apoio de Savage Dragon.

Também conseguiu uma capa mostrando a vice de McCain afugentando narradores (piada interna norte-americana).

E por ultimo, mas não menos importante, ou aliás, o melhor, conseguiu um desenho do Alex Ross, numa paródia de Super-Homem.

Uma ótima jogada de publicidade do candidato Obama, com isso ele já garantiu pelo menos 90% da população nerd dos Estados Unidos.
Ainda existem muitos outros exemplos e ainda vão existir muitas marcas anunciando assim, o que é ótimo para o mercado de HQs, pois assim ele só tende a crescer e ter mais visibilidade.
Então, se você não sabia agora você sabe, quadrinhos vão MUITO além de uma simples história desenhada. E essa é só uma das muitas maneiras de uso de um quadrinho. Quadrinhos servem tanto para lazer como para educar, informar, divulgar e outras coisas, passando pelo público infantil ao público adulto.

Onomatopéias

Nona Arte quarta-feira, 15 de outubro de 2008 – 14 comentários

Seria muito mais fácil eu começar essa coluna dizendo que eu acho onomatopéias idiotas, mas antes é preciso explicar o que é uma, já que muita gente não sabe.
Onomatopéia vem do grego onomatopoiía, que significa ação de inventar nomes. Onomatopéias são palavras que tentam imitar um som, como por exemplo, o famoso Tic-Tac do relógio, o Au Au do cachorro e por aí vai.

Agora que você já sabe o que é uma, podemos falar mal delas.
As onomatopéias são bem presentes e visíveis nas histórias em quadrinhos, às vezes elas que completam uma cena, por isso não as descarto totalmente. Cenas em que dois personagens estão conversando coisas do tipo:

Mocinho: Precisamos combater o….
Onomatopéia: Plop! poc! pok!
Mocinho 2: O que é isso? Precisamos investigar…

Esse tipo de cena é bem aceitável, afinal o som é essencial nessa cena, sendo que se o Plop! poc! pok! não estivesse ali você não saberia que alguém bateu em algum objeto oco, fora que o dialogo ia ficar meio perdido.

Mas infelizmente nem tudo é legal, a maioria das onomatopéias são idiotas e sem sentido, como o KA-BOOM que representa o som de uma explosão. Sinceramente, KA-BOOM é uma explosão? E outra, quem em sã consciência vai ver uma explosão e não vai identificá-la como tal?
O KA-BOOM é totalmente inútil e uma cena de explosão, assim como o CRA-KOOM, que aparece toda vez que o Capitão Marvel pronuncia Shazam e um raio cai do céu.

Eu, na minha profunda inutilidade, cacei algumas onomatopéias nos meus comics e na internet. O resultado além de assustador é engraçado, pois quase sempre a onomatopéia não tem nada de parecido com o som. Eis as piores onomatopéias das histórias em quadrinhos:

Baroom! Baruuum! – Bomba, trovão, etc.
Bóim – Batida na cabeça com um objeto.
Bawoing! – Corda do Arco após a flecha ser lançada.
Bash! – Uma queda.
Biff! – Soco no queixo
Bonc! bou! – Batida de cabeça com cabeça
Bounce! bóim! – Mola Saltando
Cra-Koom – Raio do Shazam
Coff! oss! uss! – Tosse
Ioo-hoo! iu-uu!, u-uu! – Chamar alguém que está distante.
Pfft! pfft! phfpt! – Cuspir.
Plomp plom! – Um fruto caindo de uma árvore
Rat-rat-rat! rá-tá-tá! ratataaá-tá – Metralhadora
Riiinch! – Relincho
Screeech! iééé! – Carro freando
Sssss! Ssss! – Objeto queimando
Zok! pof! tou! – Uma pedrada na cabeça.

Existem muitas outras onomatopéias, aliás, existem várias onomatopéias para o mesmo som, assim como existem vários sons para a mesma onomatopéia.
Eu ainda as acho muito inúteis, às vezes até engraçadas, mas inúteis. Lugar de som definitivamente não é no papel.

A Censura nos quadrinhos

Nona Arte quarta-feira, 08 de outubro de 2008 – 6 comentários

A censura foi algo que sempre esteve presente em todos os tipos de mídia que conhecemos, obviamente, os gibis não poderiam ficar de fora dessa. A censura nos gibis começa em 1938 com o ditador italiano Benito Mussolini. Ele baniu as histórias em quadrinhos na Itália porque, segundo ele, as histórias prejudicavam a formação dos jovens. A França fez o mesmo em 1949, e em 1954 o psicólogo Frederick Wertham criou o livro A Sedução dos Inocentes, onde afirmava que os quadrinhos incentivam o homossexualismo e a delinqüência. Inclusive, foi o próprio Frederick que começou com o boato de que Batman e Robin eram gays.

Nos Estados Unidos, por causa de toda essa baboseira, criaram o Comics Code, que estabelecia regras de ética para os quadrinhos. A censura atingiu seu auge, impondo regras radicais aos quadrinhos. Nessa época ficou proibida expressão de terror, canibalismo, vampiros, lobisomens. Atos criminosos não poderiam ser simpáticos, um bandido era obrigado a ser um mau caráter e todas as autoridades eram boas pessoas. A censura também tinha problemas com sensualidade, chegando a cortar braços musculosos porque os mesmos lembravam coxas femininas. Os gibis que se encaixavam em todas essas regras recebiam um selo de aprovação.
Hoje o selo de ética já não é tão usado e as HQs já são um pouco mais livres.

Basicamente, essa seria a história resumida da censura, mas ledo engano achar que estamos livres dela. A prova disso são os recentes casos que vieram à tona com a grande dose de ética e moral da DC censurando Superman e Batman nas revistas Action Comics e All Star Batman & Robin.
A revista Action Comics 869 tinha uma capa com um típico relacionamento norte-americano de pai e filho bebendo cerveja, no caso pai e filho seriam Superman e Jonathan Kent. O que aconteceu? A DC achou impróprio o azulão tomar cerveja e editou a capa botando uma soda no lugar da cerveja.

Já All Star Batman & Robin foi censurada duas vezes. Primeiro porque um problema de impressão fez as famosas tarjas pretas deixarem legível a palavra FUCK, muito pronunciada pela Batgirl e bandidos. Outra coisa censurada foi o golpe que a Batgirl aplica no saco dos inimigos.

As duas foram sem explicações plausíveis. Aparentemente o azulão precisa manter sua pose de escoteiro, mas a revista do Batman foi modificada por pura ignorância, levando em conta que Batman já nem tem um público infantil e que também o autor do All Star é Frank Miller. Porra, chamar o cara pra depois censurá-lo é foda.

A Marvel também vem apanhando pra censura quando se fala em nudez, ou melhor, Frank Cho vem apanhando pra censura. O desenhista teve duas capas censuradas só porque expôs a bunda da Mary Jane e da Feiticeira Escarlate.

A reimpressão do material Drácula também foi censurado, tirando apenas a nudez.

Pulando pro mundo oriental também temos a censura, como vista na edição do Naruto onde seus gestos são modificados. Mangás sofrem MUITA censura quando são adaptados para animes ou quando são adaptados para o Brasil.

Fora a censura que nem chega a ser descoberta pelos fãs, aquela que é cortada antes mesmo do desenho/texto estar pronto. Ou você nunca viu alguma situação muito ridícula em uma HQ que fica bem notável que isso ali foi só pra tapar um buraco? Certamente ali houve uma censura.

O que fica claro é que a censura gira muito em torno da nudez e de ofensas (sejam gestuais ou escritas), e também que na maioria dos casos ela é desnecessária e até mesmo ofende o leitor.
Obras destinadas ao publico infantil até deveriam ficar sujeitas à censura, mas a maioria dos cortes acontece em obras para o público jovem e adulto. Uma tentativa são os selos adultos, onde a liberdade de expressão é realmente livre, sendo muito incomum uma censura nos mesmos.

O mais chato é que são as próprias editoras que se censuram, não são mães desesparadas com o comportamento dos seus filhos, não são igrejas protestantes ou terceiros. Elas mesmas se constroem e se destroem, como a própria DC. All Star Batman & Robin é uma obra do caralho, obviamente a idéia do Frank Miller é fazer um Batman mais sombrio que o próprio Cavaleiro das Trevas, com um contexto muito mais adulto, contando com os espetaculares desenhos de Jim Lee, e a DC censura a obra dos dois. Aliás, os casos recentes da DC foram tão idiotas que se não fossem censurados não teriam a tamanha repercussão que tiveram no mundo dos quadrinhos.
Algumas editoras ainda não se deram conta de que seu material já não é mais para o público infantil e de que o povo gosta de nudez, violência e baixaria.

Mas de onde vem essa censura?

De nós mesmos, nós nos censuramos mais a cada dia graças aos falsos discursos que vomitamos todos os dias sobre moral e ética. A censura só vê os ideais de educação e bondade em falsas opiniões e não enxerga a realidade, que crianças hoje em dia já manjam de nudez e palavrão, e que tirar o xingamento de um gibi não vai mudar a educação do joãozinho. Assim, a censura vem censurando para cumprir com falsos ideais compostos pela sociedade que, além de não cumpri-los, ainda discorda dos mesmos.

Irônico, né? Ainda bem que isso não atinge o Lobo.

Heróis e vilões humanos

Nona Arte quarta-feira, 01 de outubro de 2008 – 13 comentários

Hoje eu fui até a banca comprar alguns comics. Como não achei os que eu queria fiquei procurando qualquer porcaria, então eu reparei na capa de uma revista qualquer que falava sobre alguma coisa de “poder humano”. Eu nem comprei, mas a idéia ficou na minha cabeça e, na realidade, ela me fez pensar nos humanos dos quadrinhos e como eles não são humanos de verdade.

Dentre as várias raças que existem nos vários universos de papel, os humanos são os mais bacanas. Quando digo humano não estou me referindo àquele tiozinho que fica na rua vendendo jornal, estou falando dos heróis e vilões humanos, os fantasiados.

Os humanos são muito mais legais porque eles são simplesmente humanos. Eles batem, apanham, xingam, sangram, dormem, comem e fazem todas as coisas que super-seres não precisam fazer. Mas apesar de serem humanos, e fazerem coisas de humanos, eles estão muito longe de serem como eu e você, e não estou me referindo aos aspectos físicos, e sim aos psicológicos.

Um humano em uma HQ é muito diferente de um humano no mundo real. E como se já não bastassem serem diferentes de nós, eles também são diferentes entre si, como, por exemplo, humanos de comics são diferentes de humanos de mangás, assim como os vilões também são diferentes dos heróis. Dessa vez vamos focar só em heróis e vilões.

Como já falei, humanos de comics são variados entre heróis e vilões, mas quase todos têm a mesma história (vale lembrar que só tô mencionando os humanos da Marvel/DC).
Para ser um herói humano você tem que ter passado por um trauma ou uma experiência muito forte (pais mortos, barco afundou, família assassinada e outras tragédias). Logo, o que vemos, é que os heróis humanos são movidos por um senso de justiça barato, elas fazem o que fazem porque querem justiça e se empenham para isso.
O que percebemos com isso é que as reações humanas no papel são muito diferentes das reações reais. Qualquer humano que tenha sua família morta pensa em vingança, não em justiça, porque além de peludos os humanos também são bem filhas da puta. Fora que nenhum humano acredita em justiça, então não importa o motivo, qualquer humano mataria e não ficaria com essa preocupação de “não ultrapassar a linha”. Felizmente, temos um personagem que age conforme nossas idéias: o Justiceiro, quem nem é considerado tão herói e que deveria se chamar Vingador, mas enfim.
Os heróis humanos não têm muitas características humanas. Eles sempre são puros e bonzinhos e têm uma perseverança enorme, deixando de lado toda as características humanas primordiais e criando um ser que você sabe que não existe.

Os vilões humanos não chegam a ser tantos, mas existem e são idiotas. Um humano vira vilão por motivos idiotas e ações mais idiotas ainda. Pode ser insanidade, pode ser um trauma/experiência muito forte e também porque ele quer ser rico/poderoso. Um bom humano de verdade, quando quer ficar rico, vira deputado e rouba dinheiro do povo, como muitos humanos já fazem. Fora que, com isso, você também ganha um pouco de poder. Mas os humanos de papel decidem vestir máscaras e assaltar bancos, vai entender.
Existem casos estúpidos. Tinha um inimigo do Robin que inventou botas antigravidade e as usava para roubar, sendo que até o próprio Robin concordou que se essa tecnologia fosse vendida o cara já estaria milionário, ou seja, é o mesmo que ganhar na mega-sena e investir o dinheiro no crime. Fora que a maioria dos vilões, às vezes, não têm um porquê para o que fazem. Parece que o vilão é um vilão só para completar o herói e deu, sem nenhum motivo para isso, assim como você batia no seu primo de 10 anos só para incomodá-lo.

Pulando pros mangás, temos os piores tipos de humanos. Porque humano mangá é incrivelmente insuportável.
No mangá você não precisa ter passado um trauma tão grande para ser um herói, basta apenas você ter 12 anos e querer ser um herói. Nisso você viaja o mundo com um sonho do caralho, que normalmente é “ser o melhor do mundo em alguma coisa”, e essa coisa varia MUITO de mangá para mangá. Outra coisa horrível é que o herói de mangá sempre tem um senso de honra, justiça, amizade, coragem e perseverança tão chatos que um humano de verdade nunca teria. Os sentimentos de heróis explorados nos mangás estão MUITO longe de serem sentimentos reais. Até hoje eu nunca encontrei alguém que levantaria do chão só pra tomar uma porrada e cair de novo e ficar repetidamente caindo e levantando, como muitos heroizinhos fazem por aí.
Eles têm uma amizade muito forte com alguém e morreriam pelos seus amigos, e como não poderia faltar, eles sempre estão dispostos a ajudar os outros. Em geral, humanos de mangás parecem personagens da Malhação, sempre com aquela vontade de ajudar o fraco e oprimido e com discursos baratos de “o bem sempre vence”.

Já os vilões realmente parecem humanos, pois geralmente eles matam mesmo, sem pensar como, onde e quando, como qualquer bom humano faria, bem simples e objetivo. Talvez por isso ultimamente os fãs tenham preferido mais os vilões aos heróis.

Se você notar bem percebe que os humanos de papel estão muito longe de serem humanos, e a maior prova disso é que quando você lê uma HQ você pensa “porra, eu não faria isso”. Humanos de papel são artificiais demais e muito previsíveis.
As linhas DC/Marvel, e boa parte dos mangás, fazem um humano que não existe, com um senso de justiça que ele não deveria ter e com ideais que ninguém nunca imaginou ter. Isso foge da realidade e cria uma certa distância entre personagem e receptor. Temos algumas raras exceções que fogem dessa suposta humanidade de papel e criam um personagem identificável, que realmente corresponde aos padrões de humanidade de hoje em dia. Essas raras exceções são muito encontradas em histórias onde o roteiro foge do clássico herói/vilão e explora novas idéias, como um cara frustrado com a sua vida, ou um jovem apaixonado pela amiga.

Esses enredos geralmente são encontrados em histórias mais adultas, que fogem do selo Marvel/DC e dos mangás mais “pops”, onde a exploração do subconsciente humano não tem limites. Mas isso já é história pra outra coluna.

Capas

Nona Arte quarta-feira, 24 de setembro de 2008 – 4 comentários

Essa discussão quase sempre ficava de fora nas rodas de assuntos nerds das quais eu participava, mas sempre foi algo intrigante: as capas das histórias em quadrinhos.
Não me refiro dessa vez aos efeitos aplicados na mesma (tinta metal, capa dupla, etc, etc, etc) e sim ao que a capa tenta nos passar com os seus elementos.
As capas em geral são feitas de papel couche, que é um pouco mais resistente e brilhoso. Contém a logo da editora, o número da edição, o nome da revista, o preço, pequenos textos, arte e várias informações.

Essa é a parte da frente. Não é exatamente um mistério, é essa parte que tem o nome da revista, o número, o preço e etc.

Aqui é a parte de dentro da capa. Geralmente contém informações da edição anterior. Algumas revistas estão “inovando” e informando de uma forma diferente e que combine com a revista, como por exemplo, as revistas do Superman têm uma edição do Planeta Diário nessa parte dizendo o que aconteceu na edição anterior. Novos Titãs tem um blog e etc.

O lado oposto da revista também é detalhado. E sempre funciona de duas maneiras: ou é a propaganda de uma outra revista ou é continuação do desenho da frente (como nesse caso).

A parte interna do lado oposto contém informações, checklist, uma sinopse da próxima edição e etc. Às vezes também pode ter propagandas.

Mas é esse o ponto central da discussão. O que sempre me intrigou são as capas que enganam.
Devo deixar bem claro, capas são falsas. A velha frase “não julgue um livro pela capa” se aplica a “não compre um gibi pela capa”. Elas mentem, elas querem que você compre aquela edição sem pensar duas vezes, e elas não vão pensar duas vezes antes de por um desenho na capa que fuja totalmente da história. Então, se você ver uma capa com alguém morto nela, pode esquecer, ninguém vai morrer nessa edição.

A pior coisa que há é comprar um gibi por causa da capa e depois se decepcionar. Sempre que vou a banca, dou uma folheada na revista, tento ver se realmente a capa bate com a história. Infelizmente hoje em dia alguns putardos plastificam as revistas.

Lembro da capa de Superman & Batman 35 (coisa recente), a capa mostra o Batman e o Superman caídos, com roupas rasgadas, 5 robôs vilões e o título OMAC Triunfa!. Genial, pensei, provavelmente elas apanham nessa edição e a trama se fecha na edição 36 e tal. Mas na realidade na mesma edição os 5 robôs vilões viram do bem, o Batman e o Superman não apanham nada e o OMAC nem aparece direito.

Eu e vários outros trouxas compramos na intenção de ver uma bat-porrada e no fim fomos enganados, maldita publicidade.
São incontáveis os casos parecidos com esse. Compramos uma coisa e lemos outra.

Outro fator irritante em uma capa são as falas. Capas não deveriam ser faladas, até porque, falas em capas sempre são estúpidas. Essas falas geralmente são observações idiotas como “Isso é um serviço para o Superman” ou então “Eu sou o espetacular Homem-Aranha”.

Super hein? Não depois disto!!!

Isso é ridículo. Enquanto uma capa que te engana te induz a comprar, essas capas que falam no mínimo te fazem desistir da compra. Felizmente essa “técnica” já não é mais tão usada, é coisa do passado mesmo.

Essas características citadas são mais encontradas em Comics. Capas de mangás geralmente são bem tranqüilas. O desenho geralmente é uma prévia do que tem na edição, dificilmente se têm um desenho de uma situação que não acontece nas páginas. Quase sempre à frente e o seu oposto contém o mesmo desenho, e a parte de dentro das capas geralmente são ocupadas por propagandas.

Mesmo assim, as capas ainda têm uma utilidade: proteger o conteúdo da revista. O papel um pouco mais resistente dá uma proteção (mesmo que muito pequena) às outras paginas e garante alguns anos a mais para a vida do seu gibi.
Mas seja enganando, agradando ou irritando, as capas ainda são um dos motivos mais fortes na decisão da compra, nada mais justo que as editoras explorarem isso para vender mais, mesmo que seja enganando a gente.

Os mais adorados

Nona Arte quarta-feira, 17 de setembro de 2008 – 6 comentários

Assim como existem vários personagens odiados (lê aqui ô mane), também existem os personagens queridinhos. E por incrível que pareça, quase todo mundo gosta dos mesmos personagens. Não sei se é por falta de opinião própria ou se eles são fodas mesmos. Na realidade alguns são fodas mesmos, mas se você é tanga você vai dizer que não.

Eu nunca encontrei alguém que não gostasse do Mr. Satan. E também não tem como. O cara se passa por melhor lutador do mundo, é adorado por todos os terráqueos e tem uma cidade em seu nome. Fora a personalidade dele que é super foda.
Quem não se lembra da memorável luta Mr. Satan x Cell?

Ainda falando de Dragon Ball temos o Mestre Kame. Ele talvez seja mais adorado que o Mr. Satan, principalmente pela época do treinamento do Goku e Kurilin (Dragon Ball).
Além de ser um super lutador e tarado, o velho Kame tinha uma casa bacana numa ilha, uma nuvem voadora (que ele mesmo não conseguia usar) e uma tartaruga falante. Seus hobbies eram ler revistas pornográficas e dar em cima de mulheres. Fora tudo isso, ele era o mestre do kamehameha e tinha problemas nasais.

O anti-herói da Marvel vem ficando cada vez mais popular. Não é pra menos, Deadpool é realmente um dos personagens mais fodas dos gibis. Suas histórias são cheias de ação e um humor MUITO doentio, entre suas piadas são mencionadas pessoas e/ou acontecimentos recentes. Criado em 1991, o personagem começou a ficar popular a poucos anos, e ficou muito mais popular depois da série Cable & Deadpool. Hoje todo mundo o acha super foda e super genial, mas enfim.

Eu acho o Wolverine um merda. Ele é um merda. Mas todo mundo acha ele foda, todo mundo tá esperando o filme dele, todo mundo paga pau pra ele e etc. O Wolverine ganhou toda sua popularidade pela sua fama de “assassino” (apesar dele não matar ninguém), pela sua motocicleta animal (que nunca mais apareceu) e pela suas frases legais “eu sou o melhor naquilo que eu faço”. Outro fator que contribuiu para o personagem crescer bastante foi a sua origem misteriosa (que hoje já não é misteriosa, e que é um lixo por sinal). No fim ele ficou tão foda que aparecia em todas as revistas, o seu fator de cura foi multiplicado por “eu sou imortal” e suas histórias viraram um “vou te matar”. Pobre James, já passou da idade.

Não tem como fazer uma lista dessas e não mencionar o Batman. Quase todos os leitores da DC são fãs dele, quase todos os leitores da Marvel queriam ele na Marvel, e quase todos os otakus queriam que ele fosse mestre do Naruto (ou algum nome do gênero). Batman já tinha se tornado um personagem superbem falado pelas suas histórias ótimas e pela sua nova personalidade de “Dark Knight”. Fora que ele é um humano que deixa todos os deuses/semi-deuses no chinelo, todo mundo ama ver ele batendo no Azulão. E agora com o filme o Batman ficou muito mais amado. Pessoas que nunca leram gibis passaram a falar “O Batman é foda” (não que isso seja bom, mas enfim), leitores de outras editoras cederam a esse personagem e até otakus. O Batman é sem dúvida um personagem do caralho, e é podre de rico.

Na realidade eu acho o Coringa foda e legal, mas não a ponto de estar aqui. Mas sabe como é né? Depois do filme o Coringa passou a ser o novo tamaguchi, todo mundo ama. Malditos falsos nerds.

O Maioral ficou por último, porque o maioral é realmente do caralho. O Lobo é o personagem mais foda de todos os tempos. O Lobo mata, aniquila, mata, bate, mata de novo e depois chuta o cachorro morto, tudo em troca de dinheiro (que geralmente é gasto no bar). Ler Lobo é no mínimo uma obrigação pra quem diz gostar de gibis. Uma história só chega a ser melhor que vários grandes arcos de grandes editoras. Por isso tudo o Maioral fica cada vez mais Maioral, e o melhor é que quem curte o Maioral curte mesmo. Não se vê neguinho lendo Lobo porque tá na moda, porque Lobo não é moda. Personagem de moda é o Wolverine, por isso o tanga venceu a luta contra o Lobo no Marvel x DC. Malditos modistas.

E se você perguntar porque o Homem-Aranha não está aqui a resposta é: Homem-Aranha I, II e III, Civil War e One more day. Já era pro Aranha.

Personagens e suas múltiplas personalidades.

Nona Arte quarta-feira, 10 de setembro de 2008 – 2 comentários

Pensa rápido. Como você descreveria o Coringa?
Não tem uma resposta? Poisé. Eu também não.

Acho o Coringa genial. Já li várias HQ’s com ele, algumas muito boas como “A Piada Mortal”, “O Homem que Ri” e até “Eu, o Coringa”. Mas quando vou falar dele o máximo que consigo é: “O Coringa é um cara louco”. Só. Não consigo falar mais do que isso. E por que não? Não é tão simples falar que ele além de louco é assassino, cruel, tem um humor doentio e inúmeras outras características?
Não, não é simples. Tudo por causa de uma pessoa: o roteirista.

Veja bem, o Coringa (e vários outros personagens) sofrem um sério problema, eles têm vários roteiristas.
Isso não seria um problema se cada roteirista não tivesse uma visão diferente de um mesmo personagem. Já li HQ’s em que o Coringa é um psicopata maluco, louco, insano, perigoso e tudo de ruim. Enfim, ele é do caralho mesmo. Mas também já li umas em que ele é apenas um louco com humor doentio. Em outra ele já parece uma criança com humor retardado. Até já vi histórias em que ele era um puta estrategista. Mas no fim, tu já nem sabe como ele é.
Talvez o Coringa não seja o melhor exemplo, já que ele é MUITO imprevisível.

Mas existem muitos outros que passam por isso.
Vejam o Wolverine. Ele é o personagem mais zuado de todos. Eu passei a odiar esse ele depois de tanta cagada.
Quem é o Wolverine? É o mutante legal, com garras afiadas e instinto assassino.
Então o cara vai escrever Wolverine e pensa: “Caralho, eu tenho um assassino na minha mão. Porra, vamo botar pra fuder, vamo matar todo mundo”.

Nisso o cara escreve uma história linda. O Wolverine mata o Hulk e faz sexo com todas as heroínas. Só depois ele se liga que não pode fazer isso, tenta consertar e faz cagada maior ainda. Ai fica comum ver histórias em que o Wolverine diz com seu jeitão do mal: “Vou trucidar o maldito” ou “Se eu pegar ele eu mato” e logo depois da luta, ou qualquer outro evento, vem um “Ahh, eu preciso ter certeza pra matar alguém” e qualquer outra coisa do gênero.
Resumindo, o Wolverine é um tiozão falso assassino.

Mas em outra HQ ele matou mais de mil neguinho da Hidra, ele até matou o “Magneto” (no fim era um clone, ou algo do gênero). Resumindo, o cara é um assassino mortal super foda.
E como o Wolverine é onipresente, ele participava de todas as formações dos X-men, tinha uma revista própria e também fazia parte dos Vingadores. Em cada história ele tava de um jeito diferente. Essa porra vai criando vários personagens em um mesmo personagem.

Mas mudar personalidade não é coisa só de péssimos roteiristas. Geralmente roteiristas bons também trabalham um personagem de forma diferente da normal, dando uma nova visão a um antigo personagem. Frank Miller detonou no Cavaleiro das Trevas. Alan Moore fez um Coringa do caralho. Por esse lado é bom, mas se botarmos na balança o que já fizeram de bom e o que já fizeram de ruim, fodeu.
Já li histórias em que botam o Batman sorrindo ou fazendo piada. Como pode isso?

Uma Batpiada em relação ao Gavião Negro.

Concordo que ver um personagem sempre da mesma maneira é chato e cansativo. Por isso é bom explorar o personagem, porém, de forma sadia e não tão idiota.
Os personagens já perderam o luxo de serem únicos. Hoje existem vários Wolverines, Super-Homens, Coringas e vários roteiristas fazendo cagadas.

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