Antes de tudo, não estou falando de idiomas estrangeiros. Isso se a pessoa for esforçada, é uma barreira que é facilmente quebrada, é só questão de estudar para entender o conteúdo de uma maneira satisfatória. O que irei falar aqui hoje são aqueles livros que, não contentes com as palavras e gírias já existentes, acabam criando outras mais para ajudar na tarefa de contar a história. Ou não, as vezes é só pra dar um toque diferente a obra, dependendo do estilo.
Um dos livros que realmente me deu um nó no cérebro nas primeiras páginas, sendo necessária fazer uma visita praticamente a cada parágrafo ao glossário no final, é o Laranja Mecânica. Chamada de Nadsat, ela foi criada pelo autor do livro, Anthony Burgess, que misturou algumas palavras russas e inglesas, criando um dialeto que em certas partes pode ser confuso. Mas sem isso, o andamento da história poderia ser muito diferente. vamos a um exemplo:
A próxima coisa a se fazer era a ação sâmie, que era uma forma de descarregar uma parte de nosso cortador, assim pra gente ter mais um incentivo pra crastar alguma loja
Isso é uma das partes logo no inicio do livro, que como podem ver, tem 3 palavras estranhas que sem o glossário no final ficariam sem sentido algum. Sâmie é generoso, uma das únicas palavras que encontrei sentido, pois as outras não apareciam em minha cópia do livro – mas com a leitura avançando, elas foram tendo um significado.
Outro que me lembro que tem algumas palavras diferentes, que realmente chamam a atenção é 1984, de George Orwell. Nesse livro, um futuro em que tudo era governado pelo Grande irmão, onde nada era definitivo, o passado mudava o tempo inteiro para se adequar ao presente, e a linguagem era algo nada definitivo. Novilingua é com se chama esse novo idioma no livro, um idioma que se concentra em não criar novas palavras, mas condensar, juntar palavras e remover todas as dispensáveis de um vocabulário. Tudo isso era para que as idéias fossem dadas da maneira mais simples possível, um idioma definitivo, para que as pessoas não pudessem raciocinar com liberdade. Algumas das palavras citadas são muito interessantes, como as abaixo, copiadas na cara dura da Wikipédia:
* Duplipensar – Duplo pensamento, duplicidade de pensamentos, saber que está errado e se convencer que está certo. “Inconsciência é ortodoxia”.
* Crimidéia – Crime ideológico, pensamentos ilegais
* Impessoa – Uma pessoa que não existe mais, e todas as referências a ela devem ser apagadas dos registros históricos
São citadas muitas outras, mas como meu volume desse livro está perdido em algum lugar, não tenho como pesquisar outros mais no momento.
Mas isso não é exclusividade de livros estrangeiros. Livros brasileiros também tem suas gírias e idiomas próprios. A maioria não passa de linguagens cifradas, como a usada em A droga da Obediência, de Pedro Bandeira, mas isso não quer dizer que eu a deixe de lado, certo?
A = ais
E = enter
I = inis
O = omber
U = ufter
Nada muito complexo hoje, mas quando eu era mais novo isso foi algo que me incomodou por alguns bons dias. Até que resolvi continuar e chegar ao final o mais rápido possivel.
Pra finalizar, vamos as palavras que citei no titulo:
MINGO DUPAL
dupal: cara muito incrível
mingo: cara realmente muito incrível
Duas palavras, que realmente dizem mais do que parece. São citadas em O Guia do Mochileiro das Galáxias, em uma frase muito louca, que não citarei aqui. Leia o livro que você ganha mais. Já devem ter percebido que, pelo tanto que cito esse livro aqui, ele deve ser algo muito bom, mas isso falarei em outra oportunidade muito próxima…
Ahhhh, livros perigosos, como ficar sem eles? Antes de tudo, estou falando de livros que tem um tema um pouco diferente do usual, daqueles que quase ninguém escreve sobre ou falta coragem pra isso. É claro, eu poderia estar falando sobre isso aqui:
Mas isso ainda não vem ao caso ainda, talvez em uma futura coluna…
Enfim, como estava falando, a algum tempo atrás o Thiago fez um NTOP10 sobre Os 7 Livros Mais Prejudiciais a Sua Mente, livros exatamente focados nisso, na arte de te deixar meio diferente depois da leitura; se melhor ou pior depende muito.
Mas antes de tudo, vamos a questão principal: Porque ler esse tipo de livro?
A resposta é simples: É legal, apenas isso. Mas não é apenas por ser legal, esse tipo de livro é aquele tipo que dá a impressão que tudo irá mudar depois de o ler, que tudo será diferente. Claro, se você é um cara parado, que nunca faz nada e espera tudo acabar para tentar um espaço depois baseado nas idéias alheias isso não é lá grandes coisas, essa sensação de tudo mudar deve durar uns… 40 minutos apenas.
Mas para certas pessoas a sensação de tudo mudar é bem forte, pois deve ser um tipo de pessoa que a mensagem é passada mais forte, que o impacto da leitura fica um pouco mais evidente. Iria falar aqui de como um livro desses é aceito por uma pessoa desse tipo, mas não o farei. Primeiro, porque não tenho nenhum caso de pessoa assim para contar, pelo menos não ainda e segundo, isso iria ficar longo demais com um relato, e não quero que ninguém aqui durma, pelo menos não nesse ponto.
Tenho alguns desses livros em minha prateleira, e alguns deles são aqueles que eu tenho certeza que se eu emprestar ou os deixar a vista, nunca mais os verei. Por exemplo, esse livro que pegou a 7ª posição, o CAOS – Terrorismo Poético & Outros Crimes Exemplares (Hakim Bey). O único tipo de pessoa que poderia pedir esse livro emprestado é aquela que já conhece algo sobre o CAOS, que ao reconhecer as palavras já é acometido pelo impulso de ter aquele livro, colocar em prática algumas idéias. Como eu sei que se ele ficasse a vista ele seria roubado na primeira oportunidade, deixo ele guardado em outro lugar, por garantia.
Mas voltando a literatura perigosa, ela é capaz de fazer danos ao cérebro de maneiras irreversíveis. Capaz de alterar comportamentos, maneiras de enfrentar problemas, percepção da realidade, alterar a consciência, esses livros deveriam ser essenciais a qualquer um, afinal, se algo é capaz de mudar tudo isso, pelo menos passar os olhos por eles todo mundo deveria fazer.
Idéias tão fortes que não podem apenas ficar no papel, são essas coisas que tem que ser apreciadas por todos. Agora, saiam de minha frente, vão viver um pouco, colocar idéias em prática, não importa o quão loucas elas sejam. Voltem semana que vem para novas instruções, se ainda estiverem vivos.
Sabem, autógrafos em livros não passam de rabiscos feitos pelo autor da obra que por um grande acaso você tem. Só que não é um simples rabisco, ele é, dependendo do tipo de livro e do estilo do autor, uma das coisas mais gratificantes para uma pessoa que acumula livros, seja porque quer ou porque coleciona.
No momento que escrevo isso, acabo de perder a chance de ter minha edição de Curva de rio sujo de Joca Reines Terron autografada. Numa tarde que ele esteve em uma livraria em Curitiba, tentei ir pra casa e pegar o meu livro, mas quando voltei, não tinha mais nada lá.
Isso que lhes contei seria o meu primeiro livro autografado. Podem falar que é um autor desconhecido, que ninguém dá a mínima, o que pode ser verdade, mas se eu tivesse conseguido essa coluna teria um tom diferente.
Enfim, um autógrafo é a prova de que você teve algum contato com o autor, uma chance de falar com ele, discutir sua opinião sobre o livro e tirar algumas dúvidas, caso tenha tido durante a leitura. Mas é claro, isso se você chegou a ver o autor, não comprou sua edição no sebo mais próximo. Algumas livrarias fazem tardes de autógrafos com autores consagrados, proporcionando ao leitor uma chance de os conhecer.
Todos os livros publicados têm algumas páginas em branco logo no início, vocês já devem ter percebido. Uma delas leva apenas o título do livro e a página seguinte tem outras informações como o nome do autor, edição, tradutor, essas coisas. Essa primeira página está lá exatamente para esse motivo, um autógrafo, uma dedicatória. Claro que não é muitas pessoas que sabem disso e cometem a CAGADA de escrever uma dedicatória na mesma página que o autor fez seus agradecimentos, uma coisa terrível, afinal, se a pessoa quiser vender o livro, ou rasgar a página, terá que arrancar uma das páginas do meio do caderno do livro, o que pode fazer com que outras páginas caiam.
Bom, essa primeira página é aquela com mais espaço, mais do que o suficiente para escrever o que se deseja, isso se o autor não for muito prolixo e encher a página com mais texto, o que torna a dedicatória mais extensa que o próprio livro. Apesar de não ser possuidor de nenhum livro autografado, eu já vi muitos por aí. Um deles, o que eu achei uma coisa de louco, consistia em escrever uma dedicatória gigante, usando toda a primeira página com uma letra mínima que, quando vi na hora, tive dúvidas que foi escrita a mão. Outras tentam ser engraçadinhas, com o autor tentando fazer piada e pouco caso de sua obra ou do leitor, como aquela que diz o seguinte: “obrigado por diminuir o encalhe”.
Entrei em contato com alguns autores para descobrir como eles distribuem suas assinaturas, mas só apenas um deles respondeu meus e-mails. Perguntei a Domingos Pellegrini como que são seus autógrafos, se ele muda para cada um, ou se tem algum detalhe diferente, e a resposta dele você encontra abaixo:
há tempo deixei de quebrar a cabeça com autógrafos, simplesmente escrevo:
A Fulano(a),
com o afeto do
Pellegrini
Mas sempre rabisco um desenho: um coração, encimado por um sol nascente, de forma que a parte superior do coração fica parecendo dois montes, com o sol nascendo entre eles. É minha marca visual.
Caso algum autor mais responda, vou editando aqui.
Mas uma coisa é certa, autógrafos, por mais idiotas que pareçam, dão um valor diferente aos livros. Seja sentimental ou dando valor maior aos livros, que depois de algum tempo podem atingir valores muito altos, como esse aqui. Um dia espero ter algo desse valor em minha prateleira, mas enquanto isso, só fico com raiva por perder as oportunidades…
Jack London é um autor relativamente famoso, suas obras Caninos Brancos e O apelo da Selva são as mais conhecida do público… comum.
Este livro aqui, o A praga escarlate, foi lançado em 1912, e foi um dos primeiros livros a tratar sobre um futuro destruído, em que o mundo conhecido fica sem identidade nenhuma com o atual.
Um velho e seu neto andam por onde a muito tempo atrás passou uma estrada de ferro, agora toda destruída. Na memória, apenas a lembrança de o que passou por lá e que agora não tem chance nenhuma de retornar. O garoto, atento a tudo e um velho, considerado por seus descendentes alguém louco, que fala de maneira difícil para o tempo atual, o único sobrevivente de um tempo que não existe mais.
“Conte para nós sobre a morte vermelha, Vô“, pede um dos netos, atento para ouvir mais uma história, que com elementos conhecidos de todos nós, como as doenças e sobre um futuro que não aconteceu, mas nunca se sabe quanto tempo pode demorar para que ele se realize.
O livro é curto, poucas páginas, mas apesar de seus poucos capítulos, eles são mais do que o suficiente para traçar um bom cenário, completo em todos os seus detalhes, focando no periodo antes da doença,que mostrava as pessoas mortas pela rua, agonizando por pouco tempo, as tentativas de sobreviventes de fugir da infecção e a maneira de como os sobreviventes se organizaram em um futuro destruido por uma doença que não teve tempo de ser arranjada uma cura.
A praga escarlate
The Scarlet plague Ano de Edição: 2003 Autor: Jack London Número de Páginas:103 Editora:Editora Conrad
Na semana passada, falei sobre curiosos que ficam se acotovelando a volta de pessoas que carregam livros, tentando descobrir o que estão a ler, essas coisas. Mas esqueci de falar uma coisa: a melhor maneira de conseguir o título de um livro. Se for uma garota, pergunte a ela. Certa vez conheci uma garota que estava lendo um livro chamado Charlotte, que era muito legal e saí com ela algumas vezes. Infelizmente só lembro do nome do livro, o dela não. Se for um homem… bom, sei lá, nunca perguntei pra um cara o que ele estava lendo. Esbarre nele até que derrube o livro, ou pegue ele e saia correndo.
Mas essa semana falarei sobre paranóia com livros. Eu diria que trato os meus de uma maneira um pouco incomum, mas não de maneira tão estranha quanto alguns conhecidos meus e algumas histórias que ouvi por aí, algumas dessas que irei falar por aqui.
Primeiro de tudo, vamos a minha paranóia. Tudo começa na hora de comprar eles. Logo na livraria, não aceito ajuda de ninguém, desde o dia que ouvi um atendente falando que o livro do Senhor dos Anéis era baseado no filme. Normalmente já chego lá sabendo o título que quero, então é só questão de procurar. Quando finalmente acho, pego uns 4 ou 5 volumes iguais, e observo alguns detalhes: As bordas, para ver se estão limpas; se tem alguma dobra de erro de corte na páginas; se as folhas estão todas do mesmo tamanho; se a costura de cada volume está bem feita; se há cola entre algumas páginas, algo que dificulta a abertura e pode rasgar se forçar demais; essas coisas que quase ninguém percebe. Dependendo do título que quero, demoro em média 20 minutos só nesse processo. As vezes cheiro as páginas para ver se tem um cheiro bom, mas só as vezes. Quando vou ao caixa, faço um pequeno saque na parte de marcadores de livros, pegando o máximo possível para adicionar a minha coleção, que já conta com mais de 80 diferentes, sem contar os que estão no meio dos livros.
Durante a leitura não os abro muito pra não forçar o miolo das páginas, para que a cola não arrebente e para que o volume não fique torto. E quando finalmente chega o momento de colocar ele na prateleira, ele está quase da mesma maneira que saiu da loja, praticamente novo.
Mas isso não é tão estranho assim. Perto de outros, isso é coisa pequena. Já vi gente lambendo as bordas, para ver se as páginas estavam alinhadas EXATAMENTE. Já presenciei uma discussão em uma loja entre um senhor que estava com 6 livros a seu lado, todos iguais, e conferia página por página para ver se tinha letras apagadas e, como ainda não tinha achado nenhum de seu agrado, discutia com o vendedor para trazer mais volumes para que ele analisasse. Um vizinho meu, quando chegou sua primeira edição de Harry Potter e o Cálice de Fogo importada, vi ele colocar o livro em um pacote lacrado e esperar meses até que saísse a versão traduzida do livro, porque não queria estragar o que ele chamava de raridade.
É, eu conheço gente estranha. Para conservar os livros, eu pelo menos uma vez por ano abro todos eles e os folheio para que as páginas não grudem, algo que tenho medo que aconteça. Demora em média umas 6 horas para fazer isso com todos, mas vale a pena, pois quando termino a prateleira fica totalmente diferente. Sobre a maneira de arrumar, não existe uma exata. Eu coloco os livros de uma maneira que eu ache que fique interessante para quem for ver, nada de ordem de altura ou editora, tem que ficar numa ordem que pareça interessante. No momento, está alternada entre livros em pé e deitados. mas pelo que vi nos comentários dessas colunas logo no começo, tem gente que joga todos os livros em um sofá, embaixo da cama, na geladeira e em lugares muito ridículos. Meu sonho é ter um quarto como o da Yomiko Readman, protagonista de Read Or Die e estou chegando perto disso, já.
Enfim, só pra finalizar, só um aviso simples, mas nada importante: Se sua paranóia, sua vontade de proteger seus livros ou qualquer outro objeto inanimado for superior a alguma coisa real, procure um médico. Loucura por livros não é algo bom, e posso garantir que deixa seus bolsos vazios, sem dinheiro pra mais nada…
Sou um cara que pensa o seguinte: “Se um filme ganha o oscar, deve ser ou muito bom ou um lixo completo”, então, quando vejo que um filme está concorrendo a um prêmio, fico sem vontade de vê-lo. O mesmo não acontece com livros; como esse, por exemplo.
O autor, John Steinbeck, é um ganhador do prêmio Nobel de literatura do ano de 1962 e, ao ver isso, pensei que valia a pena dispensar algumas moedas e ter esse livro. Foi o que eu fiz.
O livro, que me deu impressão de já ter visto a história em algum lugar só de conferir as primeiras páginas, logo começa a mostrar todos os seus detalhes que diferenciaram esse autor dos demais. Ele conta a história de Lenny e George, dois amigos que viajam pelo Estados Unidos atrás de trabalho, com alguns problemas em suas costas. George é o cérebro do grupo, responsável pela parte inteligente que Lennie não tem, um cara grande que não tem muito na cabeça e tem uma mentalidade de uma criança de uns 8 anos.
Ao irem para uma fazenda para ajudarem na colheita de cevada, eles encontram algumas pessoas que os auxiliam e outras mais que só atrapalham, como Curley, o filho do dono da fazenda, que junto com sua esposa Candy trazem diversos problemas para a dupla – alguns muito sérios.
Mais um livro curto, daqueles que se lê em uma tarde, com uma linguagem agradável simulando de uma maneira muito boa a maneira de falar das pessoas que viviam na região em que se passa o livro; mas nada muito complicado, que força a cabeça para que as frases façam sentido.
Ratos e Homens
Of mice and man Ano de Edição: 2005 Autor: John Steinbeck Número de Páginas: 145 Editora:L&PM
Bom, a algum tempo atrás, Atillah fez uma matéria sobre a série Ghost in the Shell, fazendo um ótimo resumo de todas as mídias que existiam sobre essa ótima série animada.
A DreamWorks, responsável pela produção e distribuição de sucessos como Shrek, Bee Movie e outros filmes fodas que todo mundo já deve ter visto adquiriu os direitos de produção de um filme sobre esse anime. O filme, que será um live action com cenas em 3D tem por enquanto a responsabilidade de seu roteiro nas mãos de Jamie Moss, roteirista do filme Street kings (que estreará nessa sexta feira) e terá a produção de Avi Arad, Ari Arad e Steven Paul, conhecidos por outras adaptações de séries e HQ’s como Motoqueiro Fantasma.
Ok, antes de começar a falar o tema da coluna, vamos as respostas das citações da semana passada. A primeira, como devem saber, é do Guia do Mochileiro das Galáxias. A segunda, meio complicada, pois é uma citação de um livro de Tolkien, o Silmarillion. E a terceira, que se alguém acertasse eu prometi a mim mesmo que me transformaria em um monge, é do livro Hagakure, um livro japonês até que interessante, mas isso não vem ao caso. Agora que já dei as respostas, vamos começar a falar sobre o tema de hoje.
Sou um cara que anda muito de ônibus. Não preciso dirigir, ando de Mercedes todos os dias e sempre tem alguma garota bonita pra tentar paquerar. É claro, isso nos dias de calor, quando o ônibus parece um corredor de dormitório feminino com garotas de mini-saia, blusas transparentes, suadas, com os cabelos balançando de um lado para outro, tentando diminuir o calor…
CHEGA! Não é sobre isso hoje o tema da coluna. Isso que disse é nos dias de calor, nos dias que nem penso em tirar um livro da mochila, pois tem algo bem melhor para ver. Nos dias normais, quando todas estão com suas roupas comuns, que não chamam a atenção, eu pego um livro e começo a ler, tudo para enrolar a viagem. Não são poucas as vezes que, logo que faço isso, começam a olhar para mim. Antes que pensem que eu leio coisas pornográficas no ônibus, não é nada disso. É simplesmente o interesse de pessoas pelo alheio, pelo que os outros estão lendo mesmo. Mas eu já li umas TRIP quando comprava a algum tempo atrás e atraía olhares também.
O legal disso é o pessoal que se desdobra em quatro pra tentar descobrir o que está lendo. Já vi gente amarrando o sapato, arrumando as calças, ajeitando o cinto, pegando algo do chão ou somente entortando o pescoço até um ângulo estranho, só pra ver o título. Até aí, nada demais, afinal, só estão vendo o título. Mas, e quando você está sentado, e todo mundo se acotovela por todo o espaço a sua volta para ler junto?
Quando se está a ler um jornal, acho normal isso, até porque o jornal é composto por notas curtas, nada que tome muito da atenção de quem está lendo e de quem está só de curioso por cima do ombro alheio. Se a notícia que estava lendo passou muito rápido, ou a pessoa ignora e continua a ler junto, ou pula que nem um louco pedindo pra voltar a página pra terminar de ler. Já presenciei essas duas cenas e, acredite, é algo estranho demais ver isso.
Mas isso é com jornal. Com livros a coisa fica um pouco diferente. Se você está lendo Crime e Castigo, a chance de alguém se interessar pelo que você está lendo é bem pouca, mas se a sua leitura for algo como Comédias da vida privada, se prepare, pois o público será grande. Quando li esse no ônibus, chegou a ter TRÊS pessoas lendo comigo: a pessoa do meu lado sentada, e duas outras que estavam próximas. Eu leio rápido, então foi uma boa experiência ver todos eles se matando para ler tão rápido quanto eu, para poderem terminar a página antes de eu a virar. Isso não acontece só em ônibus, acontece também em filas, como uma que tive de enfrentar a algumas semanas. Estava eu lendo Histórias Extraordinárias todo concentrado, quando uma cabeça fica entre eu e o livro e fica olhando por uns 2 segundos. Logo depois, se vira pra mim uma senhora e com um sorriso na cara, pergunta: “o que você está lendo?“. Viro a capa e mostro pra ela, que responde: “ah sim, interessante…” e continua do meu lado. Ela falou algumas coisas que ignorei depois disso, mas essa foi a situação que um curioso me impressionou.
Outra foi em um curso, em que eu estava lendo um livro de português, matéria de colégio mesmo. Estava pra virar a página, quando uma caneta vem do NADA, e me impede de virar a página. Na ponta dela, tem uma mão, e um cara com um par de óculos na ponta do nariz, se inclinando perigosamente em direção ao chão. Eu paro de tentar virar a página, e deixo ele terminar. “Desculpa, é que isso eu não sabia, hehe!” e dá aqueles sorrisos que tenho vontade de arrebentar uma viga só pra tirar ele da cara. No livro, a mancha azul da caneta dele e a marca de onde ele apertou pra impedir que eu virasse a página ainda estão lá, não consegui tirar até hoje. Mas isso é paranóia minha com a conservação de meus livros, assunto pra outra coluna.
Filmes mostrando lados que nunca pensamos não tem muitos por aí, como esse Evidências de um Crime, que mostra uma coisa que nunca imaginei: A cena do crime.
Tá, vocês pode falar que CSI mostra toda semana uma cena de crime, mas não da mesma maneira que esse filme. Ele mostra a cena logo depois que o corpo é removido, e conta umas coisas bem interessantes. Sem mais enrolações, vamos ao enredo:
Tom Carver é um ex-policial que se dedica a limpar cenas de crime. Como ele mesmo diz no começo do filme, uma tarefa que nunca é boa para a familia realizar, pois traz lembranças do momento e essas coisas, não me lembro direito. Até aí, tudo bem, lá está ele trabalhando todo serelepe, mostrando a rotina dele, que ele é um cara metódico, tem uma filha, um pouco do passado dele e sobre a mulher dele já falecida, essas coisas.
Como disse, tudo ia bem até o momento que ele é chamado pra fazer um serviço em uma casa, uma limpeza em um caso de homicídio. Tudo seria normal, não chamaria a atenção se ele não tivesse cometido o erro de trazer a chave da casa. Quando ele vai pra devolver, algo estranho acontece. Uma mulher atende a porta, e ao saber que ele esteve por lá a alguns dias para um serviço, nega tudo, falando que não havia ninguém por lá nos dias que ele disse e que não tinha acontecido nada de estranho.
Nisso, começa uma seqüencia de noticias na mídia que chama a atenção de Tom, praticamente no mesmo momento que um antigo parceiro de policia quer voltar a ter contato com ele.
Recomendado muito, é um daqueles filmes para entrar na sala de cinema e não pensar mais do que o necessário, só o básico para entender a história do filme, que é algo bem interessante.
Evidências de um Crime
Cleaner (93 minutos – policial) Lançamento:11/04/08 (Brasil) Direção: Renny Harlin Roteiro: Matthew Aldrich Elenco: Samuel L. Jackson, Eva Mendes ,Ed Harris, entre outros
ELE fecha um livro, para alguns segundos pra pensar e finalmente diz: “POW LEK, eçe livrow era phoda!!!1!one!“. Alguns minutos depois esse mesmo cara vai pro orkut, abre uma página de um capitulo que gostou e copia a página inteira para seu perfil. Logo depois, no MSN, coloca a frase de efeito mais spoiler que encontra no livro, isso quando o livro tem a dignidade de ter uma frase assim. Quando indagado sobre o significado da frase, começa a desenrolar tudo o que pode do livro no menor tempo possível. É, eu conheço alguém assim, infelizmente. Mas no meu caso foi ele que logo ao me ver on no Messenger que já veio me falando tudo o que achou foda do novo livro que leu.
Não, ele não leu Senhor dos Anéis, muito menos Harry Potter, ele leu O Doce Veneno do Escorpião. Mas estou começando de maneira errada, vamos primeiro ao que interessa. Todo mundo já leu um livro que gostou e tem algumas frases ou passagens que sempre que possível lembra em alguma situação ou momento. No livro Ironia: Frases soltas que deveriam ser presas, que é um livro só de citações irônicas, muitas das frases que estão lá podem ser ditas por aí sem problemas, afinal, ironia nunca é demais. Por exemplo a frase “Viva todos os dias como se fosse o último. Um dia você acerta.” que está nesse livro. Existem muitas utilidades pra ela, principalmente para aquele seu amigo depressivo e potencialmente suicida. Frases assim são reunidas em livros assim por 2 motivos: para que todo mundo conheça elas e use, e para que todo mundo pareça espirituoso, o engraçadão, o “olha,aquele cara é irônico demais, uma brasa, mora?“, mas acho que isso não tem o menor sentido se você aprende isso com um livro. Ajuda, mas não quer dizer que você será o fodão só por leu UM livro disso. Leia o conta-gotas sobre A arte de zoar os amigos que será bem mais proveitoso.
Mas voltando as citações. Não estou falando que citar pedaços de textos que você gostou é ruim. Quem acompanha séries sempre se depara com algum personagem citando alguma frase, como em LOST, nessa 3ª temporada, em um episódio que Soyer e Ben estão olhando a ilha, e Ben cita uma frase de Charles Dickens, frase essa que não me recordo agora qual é, mas que foi algo perfeito para o episódio. Se você viu essa cena, percebeu que ela foi só a cereja no topo do sorvete,algo que serviu pra ilustrar melhor o momento. Nada tão grandioso que tirasse a atenção da cena, ou tão inutil que equivaleria a eles terem ficados quietos. A série tem outras citações literárias, mas não vou falar mais nenhuma, se ferrem aí pra achar, ou usem o google, sei lá.
Citações servem para complementar uma idéia, auxiliar na criação de algo novo, é como óculos, você pode ficar sem eles, mas se estiver usando um fica mais fácil, é claro, isso se você usa óculos. No caso de meu amigo, que não citarei nomes porque não vai adiantar de nada, ele havia ganhado o livro em um negócio desses no trabalho, acho que foi amigo-secreto mas quem pegou ele não era assim tão amigo porque resolveu dar um livro para esse acèfalo. Só porque eu sempre tenho pelo menos uns 2 livros na mochila, o desgraçado se achou o tal por ter lido finalmente um livro, e nos poucos segundos que demorei para bloqueá-lo, ouvi muita besteira, como ele ter dito que ela escrevia muito bem. Enfim, o nick que ele estava era tão ridiculo que tive que desbloquear e perguntar o sentido daquilo. “Dizem que a curiosidade matou o gato. No meu caso, o gato (ou a gata) tem sete vidas e continua vivinho” era a frase que estava por lá. Depois disso, ele é bloqueado desde o sempre, só falo com ele na rua, e de vez em quando só pra ver se consigo fazer ele ler algo mais interessante.
Mas falei de citações e não citei nenhuma que gosto. “NÃO ENTRE EM PÂNICO”, escrito em letras garrafais na capa de um livro. “Rei é aquele que consegue manter seus domínios, ou seu título será em vão” de um livro com capa preta e branca, e pra acabar: “Caminhe com um homem de verdade por noventa metros e ele lhe contará pelo menos sete mentiras” essa de um livro japonês. Quem de vocês consegue identificar essas citações? volto semana que vem com as respostas.