Outras formas de ler

Analfabetismo Funcional segunda-feira, 01 de setembro de 2008 – 11 comentários

Ler livros hoje em dia é uma tarefa que pode ser feita de várias maneiras, mas nenhuma é tão boa quanto a mais tradicional de todas que é ler direto no papel mesmo. Hoje vou falar de algumas dessas maneiras paralelas que podem ser bem conhecidas para alguns de vocês.
Começando pela que acredito ser a mais conhecida de todos, que é ler livros no PC. Essa maneira é a mais fácil, mas considero muito ruim se for usar o Adobe Reader para abrir os arquivos. Existem outros leitores de PDF muito mais leves e menos complicados por ai, como o Foxit reader, que além de ser mais leve, não deixa seu PC parecendo uma carroça puxada por um jegue morto. Mas não é sobre programas que falarei, isso e chato. O desconforto de ler no PC e a dificuldade para se concentrar na leitura são os fatores mais negativos dessa maneira. Isso é, se você deixa um MSN aberto com trocentas e uma janelas pulando a cada 2 segundos. Fatores positivos? Depois que terminar de ler isso, duvido que ainda tenha algum. Não vou falar de fatores positivos, vocês que me digam quais são para vocês.
Jornais de literatura possuem seus cadernos de histórias seriadas que podem ser acompanhadas sem problema algum, desde que você não se importe de ter que carregar um grande pedaço de papel que se fosse colocado em páginas normais, equivaleria a umas 4 ou 5. O fato de ser muito grande também é um fator muito negativo. Mas do que estou falando? Quem lê histórias de jornais aí, além de mim? Parece que estou escrevendo pra velhos…
Vamos agora para as maneiras que são realmente práticas mesmo, aquelas que no fim de tudo, facilitam a leitura podendo ser comparadas até a ler o livro impresso mesmo.
A primeira delas é ler no celular. Alguns aí podem dizer que ler na tela minúscula de seu modelo pode ser algo desagradável, mas não é bem assim. Diversos modelos de celulares tem telas que podem ser usadas para muitas coisas, como ver TV ou fotos. Se você consegue fazer isso em uma tela BEM menor que uma TV normal, ler letrinhas nessa mesma tela não deve oferecer tantas dificuldades assim. Utilizando tecnologias como Java ou as de jogos em flash, montar os livros não oferece dificuldade alguma tendo os meios necessários de converter seu livro preferido para seu aparelho. Um programa que pode ajudar nessa tarefa é o TequilaCat BookReader, que transforma o arquivo em um formato Java bem leve que eu usei há muito tempo atrás para ler quase que todos os livros de Bernard Cornwell. Só não li todos porque vendi o aparelho, mas isso não importa agora, pelo menos não mais…
Existem aqueles leitores especiais para livros, que estavam sendo desenvolvidos há um tempo atrás, mas nunca mais os procurei para ver como anda isso. Se eles existem ou não, isso é um mistério pra mim. “Pesquisa no goggle!”, alguém grita ali no fundo da sala, antes de ser expulso do interior dela. Não vou pesquisar; se eu ainda não tenho isso, quer dizer que o andamento disso está lento, e que cada uma dessas placas está custando os olhos da cara mais um pedaço de seu rim ou fígado, o que você usar menos. Vida de leitor pobre é foda.
Outra maneira que não exige muito investimento e que ainda tem usos paralelos além da leitura é comprar um palm. Usar ele para jogar coisas simples, para ler e ouvir música é uma coisa que só descobri a vantagem há algumas semanas. Com um programa feito pra ele (o Adobe Reader, que roda bem ali, por incrível que pareça), a abertura de livros é simples, sem problema algum e com a grande vantagem de que ele pode ser usado para diversas coisas que não são só focadas em leitura. Mas quem disse que uso o meu pra outra coisa? A memória dele já está lotada, quase sem nenhuma música e cheia de literatura clássica brasileira, que prometi a mim mesmo que leria até o fim do ano…
É isso, essas são as maneiras que eu conheço para ler livros de maneiras diferentes e por muitas vezes com mais conforto. Tente ler um volume de A torre Negra de Stephen King em um ônibus lotado e fazer o mesmo com algumas dessas últimas maneiras que citei acima. Sei por experiência própria qual é a melhor.

Uma longa lista de espera

Analfabetismo Funcional segunda-feira, 25 de agosto de 2008 – 9 comentários

Ultimamente tenho mais livros pra ler do que tempo para fazer tal ato. Como nunca paro de comprar, acabou que agora tenho uma lista enorme de livros que são meus e que quero ler. Mas com a escolha de ler ou dormir, nos últimos tempos tenho escolhido a última opção, o que no fim de tudo está se revelando uma grande má escolha, pois acordo mal todos os dias. Mas meu sono não é a questão aqui, o que vou falar a vocês hoje é algo um pouco mais simples que isso.
Ter vários livros em sua prateleira só esperando o momento de serem abertos é bom, mas só quando se tem tempo pra isso. Depois de um tempo, mais ou menos uns 5 meses, aquilo ali começa a se tornar um peso, quase que uma obrigação começar a ler tudo. E é nessas horas que ou eu desisto de tudo ou começo a ler pelo que me parece mais melhor de bom.
Definir a lista de ordem dos livros é uma puta sacanagem, afinal, se você comprou todos eles, é porque você os quer ler, logo, decidir qual será antes do outro acaba por se tornar uma missão desagradável. E é aí que rola as merdas, como fazer sorteios, pedir pra amigos escolherem uma ordem, colocar todos em um saco e ler o primeiro que sair de lá, enfim, qualquer método que sirva pra tirar pedras de um jogo de bingo acaba por se revelar um bom método pra escolher a ordem.
Mas tem aqueles livros que são os TOP’s, os que tem que ser ou os primeiros ou os últimos da lista, para poderem ser apreciados com a atenção que se deve ter. São aqueles que você adia a leitura cada vez mais, sabendo que quando for a hora de o ler, vai valer a pena. No meu caso, é o Filhos de Anansi de Neil Gaiman que está no momento em último lugar da lista, porque ele me custou uns bons dias para encontrar e comprar. Poderia comparar isso com as pessoas que guardam garrafas de vinho para tomar alguns anos depois. É claro que guardar um livro como se guarda um vinho é um sacrilégio, tanto para o vinho quanto para o livro, não façam isso.
Tem aqueles que quando você olha pra capa, só se passa na cabeça o momento em que você o tirou da prateleira e passou no caixa, logo depois pensando “Porque diabos comprei isso!?!”. Esses são os que recheiam qualquer lista, fazendo com que ela se torne um castigo, dependendo de sua capacidade de comprar livros que não quer, como aquelas pessoas que comprar um aparador de pêlos de ouvido se nem tem pêlos lá.
Depois que a lista é feita, vem a parte de cumprir ela. Parece fácil, mas se sua lista tem mais de 13 livros, acaba por se tornar algo que merece ser anotado, para que não se esqueça e também porque quando algo está escrito, fica mais dificil de não se cumprir. Por isso que certidões de casamento são guardadas tão bem, quase sendo impossíveis de se achar.
Mas no fim de tudo, ver que a lista está terminada, que tudo o que foi comprado está com suas páginas lidas, dá aquela sensação de dever cumprido e que a vontade de começar tudo de novo aparece sem que se note, principalmente quando se vai numa livraria e sai de lá só com o dinheiro da passagem de ônibus, a mochila cheia de livros e aquela sensação de que acabou de esquecer de fazer algo. Mas não importa, o peso que você carrega justifica qualquer coisa. Pelo menos pra você, aquela pessoa que você foi comprar um presente que espere mais um pouco…

Perguntas para um leitor

Analfabetismo Funcional segunda-feira, 18 de agosto de 2008 – 16 comentários

Em todo o meu tempo de leitor, eu sempre me deparo com pessoas que se impressionam de alguém estar com um livro na mão ao invés de… sei lá, um cortador de unhas. A cara que elas fazem ao ver isso é muito boa, principalmente quando consigo ver a tempo. É um misto de surpresa com vergonha de falar algo. “Será que vai atrapalhar?”, “que livro será que ele tá lendo?” e muitas outras coisas que, logo depois que eu olho que estão fazendo isso, digo um “opa”, para tirar a atenção da capa que insistem em olhar sem parar.
Já que dali em diante eles tem a minha atenção, eles começam a tentar falar algo sobre livros, começando por perguntas que são sempre ridículas. As principais, irei enumerar abaixo:
– Nossa, que livro você está lendo? / Que autor é esse?; Como se adiantasse dizer o nome dele. A chance de ele reconhecer quem é Guy de Maupassant é quase zero, mas digo mesmo assim a resposta. Normalmente é respondido com um: “Ãhn, que interessante…” que aliás, é a resposta padrão de qualquer uma dessas respostas do leitor.
-Sabe, eu li duas apostilas / folhetos / revistas / há umas semanas atrás – Essa pergunta é só pra rolar uma identificação com quem está lendo, esperando receber a mesma resposta que a dele, ou se for o caso, receber alguma recomendação, sugestão ou elogio pela leitura. Nessa hora, prefiro ficar quieto, é melhor nem dar corda pra essa pessoa, pode ser que ela comece a falar sobre O Segredo. O que leva a terceira resposta, caso o cara seja um daqueles que não se importam com a leitura de nada, nem mesmo saquinho de chá:
– Pois é, ler é bom, mas só pra quem gosta! – Vamos analisar essa última frase, que ela é daquelas que tem um sentido escondido. Ler é bom, mas ele não faz isso, logo, ele não gosta de ler, justificando a segunda parte da frase, certo? Mas aí fica o sentido secundário da frase, vejam só. Ele sabe que é bom, mas não o faz por não gostar. Entre começar uma discussão com ele sobre gostar ou não de livros e olhar pra ele, dizer “pff” e voltar a ler, prefiro a segunda opção. Discutir com quem diz uma frase dessas é tempo perdido.
Ah sim, não estou falando que conversar com leitores é chato, mas atrapalhar o momento de concentração de um leitor pode ser algo desagradável às vezes. Se ele é daqueles que consegue voltar a ler sem problemas, não há mal nenhum nisso. Mas, e se o leitor é daqueles que custam a se entreter com o volume e depois de serem atrapalhados abandonam a leitura para sempre? Acontece muito disso, posso garantir. Meu irmão é um desses, porque ele até hoje não terminou o O restaurante do fim do universo pelo motivo de que ser perguntado todo momento por seus conhecidos sobre sua leitura não o deixava se concentrar bem.
E ser incomodado por pessoas que querem saber o motivo de sua leitura nunca tem seus locais preferidos. No trabalho, em sua própria casa ou até quando se está sentado debaixo de uma árvore, a chance de aparecer uma pessoa pra te perguntar o que está lendo é proporcional a sua concentração naquele momento. Até falaria pra fazerem um teste, mas duvido que ele desse certo. Em todo caso, a paciência é a melhor maneira de contornar esse fato. Ou então faça como um cara na biblioteca, ao ser incomodado por um amigo que se aproximava, perguntando a primeira frase logo acima. Jogue o livro na cara dele e saia o xingando. Se não resolver, pelo menos você fará uma cena que será lembrada por algumas pessoas. Eu lembro.

Livros pra uma viagem

Analfabetismo Funcional segunda-feira, 11 de agosto de 2008 – 7 comentários

Dessa viagem até São Paulo onde conheci todos vocês, um fato não deixou de ser observado por mim. Tudo começou logo que embarquei aqui em Curitiba, já no ônibus. Tá certo que o fato de a viagem ser noturna indica que a maioria dos passageiros iria dormir, o que não é meu caso, é claro, mas o fato de eles distribuírem uma revista a cada um é algo que não pode deixar de ser notado, pois o que foi dado a cada um foi uma revista CARAS. Essa revista logo é colocada sob analise por Atillah e eu, que depois de alguns segundos a folheando, chegamos a uma constatação: A desgraçada não tem índice nem número de páginas, além de ter seu preço de capa abusivo de 6,90, praticamente uma facada na barriga seguido de um giro, pra machucar mais. De tudo isso, só tenho uma coisa mais a adicionar: Espero que o preço dela não tenha sido incluso na passagem.
Dito tudo isso, vamos em frente. Se você é como eu, um cara chato que não consegue dormir durante uma viagem de ônibus, acredite, a viagem vai ser longa. E nada melhor do que aproveitar esse tempo pra colocar a leitura em dia, não é? Para ir a São Paulo, coloquei em minha mochila 4 livros que já estavam a muito tempo esperando ser abertos e por sorte consegui terminar um deles. Aproveito pra agradecer a todos vocês por terem me dado motivo para não ler eles por aí. Um deles, achei perfeito pra ler no ambiente do ônibus, pelo menos a releitura dele ficou ainda melhor ali, sei lá como. H.P Lovecraft é uma boa escolha, com seu livro A tumba, pois suas histórias têm aquele fundo estranho, desconhecido e que combina direito para a viagem. Se além de não conseguir dormir você ainda for medroso, suas idas ao banheiro serão apavorantes, seu cagão.
Agora, um outro que só tive a chance de começar e seu efeito de deixar suas pálpebras pesadas me impediu de continuar foi um livro chamado A imaginação, de Jean-Paul Sartre. A maneira de ele abordar o assunto em seu primeiro capítulo é interessante, mas depois começa a ficar entediante, chata. Acredito que seja pelo mesmo motivo do outro livro ter ficado melhor que ele tenha tido esse feito em mim, pois terminei de o ler há algum tempo e nada disso aconteceu. Então, se querer tentar dormir é seu objetivo, tentar ler esse livro é uma boa tentativa de cumprir seu desejo.
Mas, seja lá qual for sua escolha, não chegue perto das revistas oferecidas pela empresa. Acredito que a única coisa que prestava daquelas revistas eram as palavras cruzadas, das quais não pude fazer pois eu tinha apenas lápis na mochila e o fato de ele não marcar as páginas me decepcionou um pouco.
E agora, pra finalizar, se for observar bem o preço de cada um dessas revistas, dava bem pra comprar um ótimo pocket book, que além de ser bem mais… compacto que uma daquelas paredes de páginas, tem o fator que seria de mais cultura para cada um dos passageiros. A não ser, é claro, que você goste de ler sobre Chiquinho Scarpa dando uma festa para seus convidados para comemorar sua 37ª operação plástica…

Torturas literárias

Analfabetismo Funcional segunda-feira, 28 de julho de 2008 – 17 comentários

Ler um livro ruim já é martírio suficiente para um leitor compulsivo que termina tudo o que começa. Mas por incrível que pareça, há outras coisas que podem fazer um leitor sofrer. Essas são as torturas literárias, coisas tão malignas e cruéis que me deixam sem palavras, mas que vou tentar arranjar algumas para descrever isso para vocês.
Existem vários tipos de atitudes que podem fazer o mais sensível chegar aos limites. Uma dessas atitudes é usar livros de apoio para aquela mesa que está meio bamba. Dependendo da mesa, o dano que o livro toma é extremo, muitas vezes o deixando desfigurado, com partes faltando e inutilizado para futuras leituras permanentemente, uma desgraça total. Exagero, eu sei, mas é a verdade.
Outra que já é ruim, mas não chega a ser tão cruel assim é o ato de dobrar a página para marcar onde parou. Sou da seguinte opinião: “Qualquer coisa pode ser usada como marca-páginas”. Nisso, já usei folhetos, papéis de bala, palitos, folhas, pedaços de plástico, entre outras coisas que podem ser consideradas lixo. Logo, NÃO HÍ JUSTIFICATIVA PARA DOBRAR A MALDITA PÍGINA! Quando vejo isso em livros antigos na biblioteca, chego a ter pena do livro, mas o que está feito, está feito.
Riscar trechos interessantes é legal quando feito com um lápis. 4B ou 6B são bons números de lápis para marcações. São fáceis de se apagar e não danificam as páginas. Logo, virar uma página e dar de cara com ela quase toda pintada de verde limão, laranja-ataque nuclear ou vermelho sangue florescente é algo que me deixa com a cara com um misto de confusão, raiva e pena, porque aquilo nunca mais irá sair dali, ficando sempre em suas páginas até o fim dos tempos. Olha o exagero aí de novo. Um lápis e borracha são tão caros assim?!?
Existem muitas outras atitudes que podem ferir a integridade de um livro. Usar ele de alvo para facas, esquecer na chuva, deixar ele aberto virado para baixo, tudo isso são coisas que não irei mais falar aqui porque são muito ruins só de pensar; imagine de falar delas. Talvez em outra oportunidade, quem sabe. Pra finalizar, uma das poucas torturas que foram feitas comigo, que testaram minha força de vontade quase que até o limite. Chego em casa e meu irmão logo começa:
-Carlos, não imagina o que eu vi hoje quando estava vindo de casa, quando passo pela rotatória. Sabe o que tinha lá?
-Nem imagino, está certo. O que era?
-Tinha um livro! Vi ele ali, com os carros passando por cima, fazendo ele abrir e as páginas ficarem balançando no vento!
Nessa parte, ele levanta os braços e simula o movimento das páginas, balançando os braços de um lado para outro, para ilustrar o movimento do livro, enquanto fala “fiuuuuu”
– E você não pegou ele para mim?
– Tá louco? Os carros estavam muito rápidos e eu não iria parar por UM livro, ainda mais um que ficava balançando…
E repete o movimento.
Nessa hora, penso em ir até lá, mas já era tarde. Isso que le me contou foi ás 18 horas, muito tempo havia passado para que eu fizesse algo que pudesse salvá-lo. Descanse em paz, livro desconhecido.

Até o final

Analfabetismo Funcional segunda-feira, 21 de julho de 2008 – 6 comentários

Porque a vontade de ler algo ruim sempre nos impulsiona até o final de um livro? Atualmente, estou lendo dois livros. Um deles, estou lendo aos poucos para que dure o máximo possível, para aproveitar bem cada palavra, cena, capítulo, tudo. Já o outro é outra história. O comprei em uma daquelas lojas que vendem livros novos com preço mais em conta e só paguei por ele porque a a editora era uma que, pelo que eu conhecia, só publicava livros foda. Levei ele pra casa com essa idéia na cabeça, começando a ler no ônibus mesmo.
Bem, isso já tem 3 meses que aconteceu. Até agora, não consegui avançar mais do que 100 páginas, mas uma coisa sempre me leva a continuar não importa quantas vezes eu durma no meio da leitura dele, algo que nunca aconteceu antes.
Mas a questão aqui é a seguinte: Porque continuamos a ler livros, mesmo eles sendo uma porcaria completa?
Não sei quanto a vocês, mas se eu decido começar um livro, eu não paro de ler até o final, mesmo que aquilo acabe com toda a minha paciência. Saber que aquilo é uma bosta me motiva a fechar o livro e desistir de ler ali mesmo, mas um dos princípios que tenho, o de nunca desistir, me impede de parar ali mesmo. Poucas as vezes o venci, mas isso não vem ao caso.
Isso é só com livros ruins, a raiva que sentimos ao ler eles só não é superada pela consciência, culpada por ter feito a escolha daquilo. Já com livros bons, o que acaba impedindo a leitura rápida?
Acredito que seja exatamente o contrário que nos impulsiona a terminar algo ruim. Ler algo agradável, algo que faz a gente se sentir bem nos dá a vontade de fazer com que aquilo dure o maior tempo possível para que aquela sensação de felicidade seja estendida semanas a fio, dependendo do número de páginas do ser que estamos falando aqui.
Reler pode ser uma boa, mas e quando essa possibilidade é impossível? Livros emprestados, pegos da biblioteca, por exemplo. A chance de os vermos novamente para reler é algo que pode nunca acontecer, sei lá como são esses lugares nessa sua cidade, mas aqui em Curitiba eu nunca consegui pegar um livro de novo para reler. Ou estava desaparecido, com outra pessoas, ou perdido entre outros tantos mil livros em uma mesa desorganizada.
Mas o final, a parte mais importante de todos os livros, sempre é algo que merece destaque. Chegar até ele é algo que exige trilhar um longo caminho, frases que muitas vezes parecem não fazer sentido, nos forçando a reler certas partes; mas a vontade de ter o final ali, o desfecho de tudo aquilo que foi ou bom de se ler ou algo que praticamente foi sua fonte de tédio durante semanas faz com que a raiva sentida seja esquecida se o final for de acordo com o esperado, ou faz com que a felicidade de chegar até ali seja totalmente jogada fora com um desfecho completamente idiota. Como o dessa coluna, que termino aqui, agora.

O Último Assassino (Barry Eisler)

Livros sexta-feira, 18 de julho de 2008 – 1 comentário

John Rain, personagem do Autor Barry Eisler volta para mais uma nova aventura. Escrever isso aqui, para mim é estranho, porque eu não conhecia o autor nem o personagem, mas desde já virei fã. Não espere uma critica imparcial aqui, ok?
John rain é um assassino profissional. Cuidadoso, atento, mortal. Seus métodos de matar são efetivos e sua maneira de agir é o que manteve ele vivo até hoje. Mas tudo isso pode acabar, quando a informação de que Midori, uma mulher que ele havia conhecido alguns anos antes, tem um filho dele.
Indeciso entre deixar tudo para trás e se dedicar a seu filho, ele resolve fechar todas as portas que poderiam impedir seu fim de carreira.
Mas como nada é perfeito, na cola de Midori está um político, chefe de alguma daquelas facções japonesas que nunca lembro o nome, que está com ela sob observação, só esperando ele se aproximar…
E acredite, ele se aproxima.
Isso é um bom resumo do livro, mas isso não diz metade do que acontece nele. Como deixar de falar de Dox e seu humor um pouco deslocado para um atirador de elite? E Delilah com suas habilidades tão boas ou superiores a de John Rain?
Eu, como um aficcionado por objetos cortantes como facas e espadas, descobri umas boas coisas sobre esses objetos tão interessantes. Além de ter especificações de modelos das armas, o livro é bem dedicado a explicar um pouco de técnicas com elas, locais para esconder, enfim, tudo que pode servir algum dia se você pretende esconder uma faca ou alguma outra coisa.
O personagem é protagonista de outros livros, dos quais agora me dedicarei a ir atrás para ter mais informações e para quem sabe, ser que nem ele quando crescer…
Mentira, nem quero ser.

O último Assassino

The Last Assassin
Ano de Edição: Estados Unidos: 2006/ Brasil: 2008
Autor: Barry Eisler
Número de Páginas: 292
Editora:Rocco

Motivações

Analfabetismo Funcional segunda-feira, 14 de julho de 2008 – 10 comentários

O que leva alguém a escreve um livro? Dinheiro? Duvido muito, o mundo editorial não é o melhor caminho pra ganhar dinheiro, ele é cruel demais com os autores, dando pouca margem de lucro sobre cada volume vendido. Se for pra ganhar algum trocado com livros, não seja um autor. Seja um editor, o cara da gráfica, revisor, qualquer coisa, mas cada um, cada um…
Fama? Já viu aqueles sites de fofocas de famosos? Me diga uma notícia falando sobre um autor de livros que foi a uma festa e pegou a Cameron Dias ou a René Zellweger por exemplo. Ou pelo menos alguma notícia negativa, do estilo de que tal autor foi pego no banco de trás de um carro comendo um travesti ou preso estuprando uma mulher? É claro, se o autor for aqueles ex-presidiários, a segunda opção acima está fora de cogitação. Ou quem sabe, um padre preso por pedofilia… Deixa pra lá, vamos em frente, antes que eu me perca.
Reconhecimento? “Ele é o melhor autor que eu conheço”, diz a mãe dele. Autores tem um lado anti-social meio psicótico, que isola ele de tudo que acontece a sua volta, o focando apenas em seu objetivo, que é terminar apenas aquele livro, capítulo ou página, depende muito do que ele escreve. Então, reconhecimento está excluído também. Vide a fama acima pra mais detalhes.
Se não é por nada disso, o que sobra? Sabe aquela frase que todo mundo ouve pelo menos umas… 100 vezes na vida? “Todo homem deve ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro”.
Alguns tem uma penca de filhos, achando que isso irá compensar os outros fatos. Outros se tornam ecologistas pentelhos, vegetarianos estranhos, ou simplesmente gente que abraça árvores para que não as cortem, achando que isso também irá compensar o fato do livro. Mas digo uma coisa: FODA-SE, o que tem de mais fácil e muitos morrem sem nem ao menos tentar?
Escrever um livro antes de tudo, é deixar sua marca aqui no planeta. Írvores, nascem, crescem e morrem, vegetarianos são usados de ração para vacas que irão para o abate, mas só um livro é marca suficiente que pode ultrapassar as barreiras do tempo, se ele for bom o suficiente, é claro. Viver tempo suficiente pra escrever um livro também é algo bem variado para muitas pessoas. Você pode ser que nem o autor de Eragon, que tinha a história desde seus 15 anos se desenvolvendo na mente. Autores com idades avançadas tem aos montes por aí, tempo suficiente para a história amadurecer na mente de cada um deles e passar pro papel de maneira que eu poderia chamar de perfeita. Dá pra perceber quando uma história foi escrita de maneira que cada palavra foi o resultado de esforço e de um grande tempo do autor.
E pra que isso tudo? Por causa da tríplice frase citada logo acima e que vou repetir aqui de novo porque eu sou chato: “Todo homem deve ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro”. Então, seu NOOB, escreve esse maldito livro e deixa ali, no canto de sua gaveta, só esperando o momento certo pra publicar. Se não achar o momento certo, tem uma grande seqüência de acontecimentos que pode fazer com que isso apareça depois de sua morte:
Depois que seu caixão for fechado, seu filho começa a limpar suas coisas. Ele encontra esse seu manuscrito, o lê debaixo daquela árvore que seu pai tinha plantado durante a infância dele e que faz com que ele lembre dos bons momentos. Se você não foi um pai filho da puta, que usava os galhos dessa mesma árvore para encher seu filho de cacetadas, a chance de ele divulgar seu livro depois da morte é uma grande possibilidade. Então aproveita, a vida é curta e daqui a 100 anos, se alguém ainda se lembrar de você e se ainda tiver algo no seu caixão, você poderá se sentir realizado.
Até semana que vem e acho que estou bêbado.

Reuniões

Analfabetismo Funcional segunda-feira, 07 de julho de 2008 – 3 comentários

Falar com outros leitores são momentos que merecem destaque. Primeiro de tudo, juntar pessoas que conhecem literatura o suficiente para falar sobre isso é muito difícil, como se fosse vergonhoso ler. Depende muito do tipo de livros preferidos mas isso não vem ao caso.
mas voltemos ao que interessa, como se eu não fosse me perder de novo em breve. Juntar um grupo sociável o suficiente já é algo difícil, mas vale a pena. Pode ser em um bar, numa praça ou onde for, falar de livros com alguém é algo que rende muito, nem que seja recomendações e promessas de empréstimos. De qualquer forma, vamos ao que interessa, que já enrolei demais.
Esse fim de semana presenciei um desses encontros espontâneos, que acontecem sem que ninguém combine, em um lugar que onde o que se menos espera é falar sobre literatura. Primeiro de tudo, uma sala em uma casa fez com que um dos caras falasse sobre a sua sala dos sonhos, que seria mais ou menos como a daquele cara, cheia de pôsteres, TV de plasma e DVD’s de bandas, coisas assim que todo fã de música é praticamente apaixonado. Depois de discutir sobre o tipo da sala, o que teria na sala de cada um de nós, eu falo sobre que a minha seria uma biblioteca com livros até o teto, cheia de prateleiras e poltronas, uma biblioteca perfeita.
Qual foi minha surpresa ao ver que todos eles tinham a mesma idéia, só que essa seria sua segunda sala perfeita, não a sua primeira escolha como seria a minha. Depois disso, uma pequena discussão sobre tipos de livros, os preferidos, os que seriam banidos da face da terra, aqueles que valem a pena e tudo o mais. Mas sabe-se lá o motivo, acabou por aí e falamos de outras coisas. Mais tarde, depois que todo mundo estava meio alto, adaptações de filmes e quadrinhos entrou em pauta, uma beleza. Depois de discutir tudo o que está em cartaz atualmente, o foco foi passado pra estilos de adaptações, o que deu certo, o que deu errado e se o que vem por aí será válido do preço de ingresso e tudo o mais.
Agora, a questão principal: PORQUE DIABOS ESTOU CONTANDO ISSO PRA VOCÊS?!?
Sei lá, falar sobre mim nessas colunas é algo que não acontece muito, mas serve pra mudar um pouco a impressão de que sou um nerd fanático por livros. Sou até, mas isso não me impede de fazer tudo como outras pessoas.
Depois de falar isso que não fez sentido nenhum, vamos em frente. Os poucos outros leitores que conheci antes disso se encaixavam no estereótipo de que acredito que muitos tem na mente, que é daquele cara que fica só lendo, não faz nada além disso. É uma pequena variação de um otaku, que só assiste anime e mangá, com a diferença de que ele é mais inteligente que um otaku e menos sociável. Depois do dia da toalha, onde conheci pessoas que compartilham praticamente os mesmos gostos literários, acabei entrando em contato com pessoas que são muito diferentes dessa aparência que citei acima. Pessoas legais, acima de tudo.
Mas novamente estou entrando em fatos de minha vida, algo que não interessa nada a vocês. Reuniões literárias podem ser feitas em vários lugares. Livrarias em shoppings tem seus espaços pra isso, onde as vezes alguns especialistas vão discutir sobre alguns livros, tornando o local um dos melhores pra conhecer essas pessoas, além de ser um bom lugar para arranjar comida de graça e talvez uma bebida na faixa, se for o caso de você ser uma esponja de álcool.
E agora, eu poderia finalizar com alguma idéia pra que leitores se encontrem e tudo o mais, mas não adianta nada. Não depende de mim fazer com que todo mundo saia de seu buraco e vá atrás de alguém pra conversar. Então termino por aqui, antes que eu acabe mais deprimido do que já estou.

As Redes da Ilusão (Amy Tan)

Livros sexta-feira, 04 de julho de 2008 – 1 comentário

Livros que contam histórias de mortos e fantasmas existem por aí aos montes, mas entre todos esses, é difícil achar um que presta. Esse aqui que irei falar um pouco agora é um pouco diferente, pois a história que ele conta é narrada por um fantasma.
Tudo começa com uma morte, a morte de Bibi Chen, uma especialista em antigüidades, poucos dias antes de partir em uma viagem para um lugar chamado Birmânia. Mas apesar de ela estar morta, isso não significa que ela não irá nessa viagem junto de seus amigos. A história toda é contada pelos olhos de Bibi Chen, que com uma visão irônica e bem-humorada dos fatos descreve seus amigos, partes da viagem, seus planejamentos e de como eles são estragados durante o trajeto, conta um pouco de seu passado e as interações de cada um de seus amigos entre eles, que apesar de se conhecerem a algum tempo, nessa viagem mostram um traço de suas personalidades que nunca tinha tomado a atenção dela quando estava viva. Com alguns… poderes que só fantasmas ou seres desencarnados possuem, ela revela muito mais do que os próprios amigos sabem de si mesmos, uma beleza.
O livro é meio longo (444 páginas) mas a leitura é leve, flui de maneira suave e com facilidade. Apesar de ter algumas palavras difíceis de entender, como a parte das rezas dos Zertosiôs, não oferece dificuldades, nada que um pouco de costume não facilite a leitura ainda mais.
Pra terminar, só um aviso: Apesar de ser um livro longo, os fatos e descrições que ele tem se assemelham muito a livros de turismo ou históricos, dando muita ênfase a descrições de paisagens e ambientas. Se você não é chegado a isso, pode ser que o livro não seja lá tão legal para você.

as Redes da Ilusão

Saving Fish From Drowning
Ano de Edição: Estados Unidos: 2005 / Brasil: 2008
Autor: Amy Tan
Número de Páginas: 444
Editora:Editora Rocco

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