Avatar, a Lenda de Korra
O mercado de animação andava pobrinho, dividido entre animes e cartoons americanos. Palavra de quem acompanha os dois estilos há muito tempo: Tava cada vez mais difícil ver alguma produção boa surgir nesse meio. E, por mais que toda a população otaku-gorda-granuda tenha se doído ao ler essa frase, chuto que uns 90% das séries na TV eram lixo puro. Fosse no Cartoon ou no horrendo Disney Channel. Estávamos todos perdidos, sucumbindo ao desespero. Muitos se tornaram usuários de bolovo ou mupólatras.
Até que surgiu Avatar no fim do túnel.
Quem acompanhou a série entende a situação. Depois de toneladas de desenhos politicamente corretos e animes que insistiam em repetir a mesma babaquice de sempre, Avatar foi simplesmente o que de melhor podia ter acontecido. A Lenda de Aang era bem feito, tanto a parte técnica – As cenas de ação eram maravilhosas – quanto a artística. Os personagens eram carismáticos e a história bem escrita. Até os casaizinhos arrebentavam a boca do balão. E, pra completar, tinha a Toph. Sério, como alguém pode não gostar de qualquer coisa onde a Bandida Cega tá envolvida? Existe indivíduo tão frio e de coração gelado a ponto de não se apaixonar pela menina, principalmente quando ela fazia graça da própria cegueira?
Pra falar a verdade, existir até existe. Mas não há realmente motivo pra preocupação uma vez que essas pessoas normalmente vivem em cavernas aborígenes na Nova Zelândia e nunca tiveram contato físico com seres do sexo oposto.
Mas voltando ao que importa, Avatar teve um fim. Assim como a época do Kinder Ovo a cinquenta centavos, tudo o que é bom acaba. Só que agora temos uma continuação! E mais, uma continuação que faz jus ao nome da série.
Setenta anos depois da guerra, o espírito Avatar renasce em Korra DOH na tribo da água. A menina domina todos os elementos menos o ar. Lembra de quando o Aang tomou no cu pra aprender a dobra de terra?
Korra é impulsiva, mal-humorada e agressiva. Exatamente o contrário do carequinha que veio antes dela. Logo, assim como ele, ela também tem uma dificuldade cancerígena pra dominar o elemento oposto à personalidade. Ela segue até Republic City (Um país formado pelas ex-colônias da Nação do Fogo) pra aprender dobra de ar com Tenzin, o filho de Aang. Lá, vai enfrentar Amon, líder dos Igualitários ou de tradução que o valha. Esses revolucionários “igualitários” querem acabar com dominadores. Inexplicavelmente, Amon consegue retirar a dobra de pessoas. Ele tem o poder de tirar poderes! Ou seja, todo mundo com habilidade de atirar luzinhas mágicas que fazem ZUIM ZUIM pelas mãos caga de medo.
Enfim, é nessa base que a história se desenrola. Não vou contar muito pra não estragar. Mas, só pela sinopse rápida que eu fiz, já deu pra sacar que A Lenda de Korra vai honrar sim seu antecessor. E exatamente pelos mesmos motivos que levaram a Lenda de Aang ao topo. Primeiro, a produção técnica. Se na primeira série as batalhas já eram sensacionais, nessa aqui tá melhor ainda. O perfeccionismo dos animadores é tanto que, por exemplo, num dos primeiros episódios, Mako tá sentado ao lado da Avatar, decifrando um mapa enquanto a menina, apesar de não ser o foco da cena, franze a testa, mexe os dedos ou olha confusa pro papel. Ao contrário das toneladas de animes que, pra poupar orçamento ou pra conseguir lançar o episódio a tempo, abusam daquela técnica de esconder o rosto do personagem com o cabelo ou com uma sombra, usando da desculpa de ain, é pra dar um ar sombrio.
A maturidade dos assuntos também é outro ponto a se destacar. Enquanto na maioria das animações atuais, não só japonesas, pontos como deficiência, morte e abandono são tratados como tabus extremos – Mais uma vez, culpa dos pais que consideram seus filhos uns bibelozinhos intocáveis – aqui existe de tudo. E, muitas vezes, Avatar dá uma baita lição de moral mostrando que até os caras malvadões podem ser bonzinhos no fundo. E, sim, sei que há séries por aí com muito mais sangue e violência, mas Avatar é um desenho infantil que não trata as crianças como retardadas e, de quebra, ainda diverte gente de qualquer idade.
E, por último mas não menos importante: O carisma dos personagens. Desde Tenzin, o mestre de dobra do ar, aos amigos que Korra faz na arena de luta, todos têm seus próprios fantasmas, medos e incertezas. Problemas de verdade. Não choramingos por que ain, a sociedade não me aceita com meu cabelo verde água.
Tá procurando por programação divertida, mas que não seja idiota? Achou a perfeita pra isso. Assistam e arrastem os pirralhos pra sala. Garanto que seus priminhos ou filhos, sei lá né de seis aninhos de idade vão ficar olhando estupefatos pra tela da TV. E duvido que, vez ou outra, você não acabe fazendo o mesmo.
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