Aves de Rapina – Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa (Birds of Prey (And the Fantabulous Emancipation of One Harley Quinn))
Você já ouviu aquela da policial, do pássaro que canta, da psicopata e da princesa da máfia? Aves de Rapina (Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa) é um conto distorcido contado pela própria Arlequina, como somente a própria pode contar. Quando o vilão mais narcisista de Gotham, Roman Sionis, e seu zeloso braço direito, Zsasz, têm como alvo uma jovem chamada Cass, a cidade fica de cabeça para baixo procurando por ela. Os caminhos de Arlequina, Caçadora, Canário Negro e Renee Montoya se cruzam e o improvável quarteto não tem escolha a não ser se unir para derrubar Roman.
Ao contrário do que possa parecer pelo cartaz, Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa não é uma obra-prima como O Nascimento de Vênus de Sandro Botticelli. Mas, ao contrário do último da DC nos cinemas, não vai ganhar nenhum Oscar é uma adaptação de quadrinhos sensacional, considerando o material de referência.
Antes que você resolva dar xilique nos comentários [Como se alguém ainda lesse isso aqui], eu vou logo avisando que eu não estou questionando a qualidade artística do Coringa, que é um puta filme mas poderia ser sobre qualquer pessoa sem a menor ligação com o universo da DC que não faria a menor diferença. Já Aves de Rapina, ao contrário, trabalha muito bem com o material acumulado em 28 anos de Harley Quinn. E pensar que a personagem era pra ser menos do que uma coadjuvante, quase uma figurante de luxo.
Tendo em vista que a personagem é vista como alívio cômico [Já que é uma “palhaça”], é de se esperar que o filme seja um filme de ação com grande quantidade de situações engraçadas e esse tipo de coisa. Mas, o que me surpreendeu foi que até mesmo a narrativa feita pela Arlequina seguiu nesse sentido, numa quebra de quarta parede que me remeteu à Deadpool, o que pra mim é ótimo. Aliás, Margot Robbie, que também é produtora do filme, podia tentar um crossover com o Ryan Reynolds, imagina que loko? Me liga Margot, eu faço o meio de campo.
Mas enfim, voltando. A história é previsível num nível que beira o clichê: O/a protagonista que precisa de dinheiro aceita ir atrás de um objeto perdido, que tá em poder de uma criança/adolescente sem família. Inicialmente relutante, a protagonista aceita o/a jovem sob sua responsabilidade, e acaba salvando o/a jovem do vilão pra quem ele/a devia ter sido entregue. Onde eu já vi isso antes? Ah, é. Mas caralho, o que você esperava de uma adaptação de quadrinhos, a mídia mais cheia de clichês que não é o cinema?
O destaque das atuações, pra mim, fica com o eterno Obi-Wan, Ewan McGregor, que entregou um Máscara Negra sensacional, com toda uma pinta de ricaço afetado que, pra mim, fez total sentido. Afinal, essa galera com muito dinheiro costuma ser bem xarope das ideias. Mesmo assim, achei a execução do personagem um pouco atrapalhada, já que não houve uma explicação do motivo pelo qual ele resolve usar um capacete em forma de crânio. Dava pra fazer uma montagem de, sei lá, cinco minutos, mas não, ele só resolve que vai botar uma caveira preta na cara e foda-se.
As atuações do restante do elenco não destoam, e mesmo que ninguém vá ganhar prêmios, não acho que teve alguma atuação muito destoante. Dá pra dizer que a Margot Robbie já tá bem confortável no papel, considerando que ela tá prevista pra repetir a dose no reboot de Esquadrão Suicida, um filme sem nome com a história entre a Arlequina e o Coringa [Que, na minha opinião, devia ter sido feito antes desse], e ainda Sereias de Gotham.
Uma coisa que eu gosto de fazer é levantar papéis anteriores que a galera fez, e as vezes sou surpreendido. Por exemplo, a Mary Elizabeth Winstead, que interpreta a Caçadora, também foi a Ramona Flowers. É, aquela mesma do Scott Pilgrim Contra o Mundo. Isso não é relevante pra atuação, mas eu tenho probleminha com fisionomias, então…
A Rosie Perez eu não lembro de lugar nenhum, talvez por ela ser latina e geralmente latinas serem escaladas pra papéis menores e tal. O nome da personagem dela, Renee Montoya, apesar de na hora não me remeter à nada, com um pouco de pesquisa me levou à referência: Ela é aprendiz do Questão original, e chega a assumir o “manto” por algum tempo. Outra que eu não reconheci foi a Jurnee Smollett-Bell, que interpreta a Canário Negro, mas me fez descobrir uma série que tá pra estrear chamada Lovecraft Country, e se tem Lovecraft no nome eu me interesso. Por fim, a Ella Jay Basco tá estreando no papel de Cassandra Cain, então nem tinha como eu conhecer a cara [Acho].
Sobre a controvérsia de feminismo, eu vejo da seguinte forma: As pessoas não gostam de se ver representadas no papel de vilão, então tendem a não apoiar qualquer material em que percebam essa representação. É compreensível, já que é mais fácil recusar e bloquear do que discutir e talvez reconhecer que você fez ou está fazendo merda. O que não impede que quem tem o poder de falar sobre isso de falar sobre isso. Há quem veja até como uma obrigação, se você é um influenciador de qualquer tipo, de tentar esclarecer seu público sobre as coisas. E não está errado, já que sempre foi feito, tanto para o bem quanto para o mal. A diferença é que sempre tem quem não aceite esse tipo de crítica, e obviamente essas pessoas vão reclamar. Reclamar dá muito menos trabalho do que repensar atitudes, e não faz com que você tenha de rever seu comportamento.
No final das contas, não é um filme de super-heróis, mas que me fez ter vontade de ler HQs de novo, e fazia tempo que isso não acontecia.
Aves de Rapina – Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa
Birds of Prey (And the Fantabulous Emancipation of One Harley Quinn (109 minutos – Ação)
Lançamento: EUA, 2020
Direção: Cathy Yan
Roteiro: Christina Hodson
Elenco: Margot Robbie, Jurnee Smollett-Bell, Rosie Perez, Ella Jay Basco, Mary Elizabeth Winstead, Ewan McGregor, Chris Messina, Matthew Willig, Derek Wilson e Charlene Amoia
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