Avril Lavigne: Complicated and Boring

Música segunda-feira, 27 de maio de 2013

Eu ainda lembro bem de estar sentada no pátio da escola, na oitava série, deixando o ensino fundamental e partindo para o ensino médio, e ter como maior preocupação NA VIDA decorar as músicas da cantora que havia acabado de estourar em todas as paradas de todos os lugares de todo o mundo: Avril Lavigne. Quebrando as barreiras da mesmice, a canadense havia invadido o showbiz para mudar os conceitos pré-estabelecidos pelas ex-Clube do Mickey e pop teen biscates que dominavam geral, miss Britney Spears e miss Christina Aguilera, em seus tempos de ouro, é claro.

Avril era uma menina que quebrava estereótipos, desbancava a ideia de que ser gostosa era causa única de sucesso, mudava o caminho da maioria, destoava daquilo que todos estavam acostumados a ver com as teenagers com microfone na mão, saia curtinha e piercing no umbigo. Avril não abria sorrisos para fotógrafos, não se vestia de rosa, não tirava o skate debaixo do braço e não abria mão da chapinha perfeita que ela deveria carregar em sua mochila estilo ~maloqueirinha sem perder a classe. Avril falava palavrão, mostrava uma rebeldia (Contida, mas ainda rebeldia), e insinuava estar determinada a ser o que tinha vontade, não importando o que fosse imposto pela maioria e seguido pela massa. Esqueçam o salto alto, o batom vermelho e o vestidinho coladinho: Foi dada a largada para usar e abusar do tênis, da calça rasgada, do olho pintado de preto e das caretas para as fotografias. Mais tarde vieram as mechas coloridas no cabelo, as roupas fashionistas, o casamento, a separação, o novo amor, e a atitude jovem sempre presente. Sempre.

Isso era Avril: Adolescente pronta pra fazer um rock-pop e deixar pra trás as patricinhas de plantão. Isso era 2002.

E aí surgiram os clipes da cantora dentro de carrinho de supermercado, dando soco na câmera, derrubando latas de tintas nas paredes, quebrando guitarras, fechando a cara pra humanidade, dando murro no espelho e andando de skate numa vibe ~UHUL, eu só quero me divertir. E funcionava! Difícil alguma adolescente não se identificar com o jeito moleca da cantora, que era símbolo da juventude e sonho de todas as meninas que queriam ter o cabelo liso escorrido, mas isso é outra coisa. Avril cativou com seu jeito irreverente, com sua atitude marcante, e com seu modo simples e direto de se expressar.

Mas, aí, o tempo passou. As coisas mudaram, o mundo evoluiu. Menos a Avril. Ano após ano, Avril bateu na tecla do ~UHUL, eu só quero me divertir, que eu acabei de falar que era inovador. E era, em 2002. Em 2013, é apenas chato. Seus fãs cresceram, evoluíram, amadureceram, e ela não. Ela continua com seu cabelo loiro com chapinha perfeita, intercalando em looks meio locões, pra gente não reclamar da cara ser sempre a mesma, continua com o skate a tira colo, continua querendo bancar a menininha de 17 anos e, agora, gritou pro mundo o óbvio: Não quer crescer. Se antes ela só se portava como uma menina que não assume nunca a postura de mulher e fica bancando a guriazinha, agora ela tem um single que se chama justamente isso: Here’s to never growing up, que numa tradução livre significa Um brinde para nunca crescer. Dá uma ligada:

Avril, querida. Até onde eu sei, só quem vive em Neverland nunca cresce, e não to falando do Michael Jackson, porque esse cresceu e já foi até dessa pra uma melhor. Esse apego à juventude é lindo, se você quer se manter jovem e vivo. Isso é lindo. Mas gostar de ser uma criancinha chata que paga de retardada que não consegue amadurecer é BEM diferente, né?

Juro que sou fã da cantora, curto o som, curto as músicas, mas tá ficando difícil, Avril, meu amor. A voz de antigamente não é mais a mesma: Está cada vez mais infantil. A postura não é mais a mesma: É mais forçada e exageradamente desesperada para ser ~jovem. Sabe aqueles tiozões cinquentões que compram carros esportivos e ficam pagando de garotões, mas que todo mundo acha um bando de babaca que não cresce? Pois é. Tá virando algo parecido com isso.

Eu sei, eu sei: todo mundo já sabe que ela tá sempre fazendo mais do mesmo, eu mesma já falei disso anteriormente, mas sabe aquela chance que a gente dá, do tipo AH, mas dessa vez vai ter algo novo. Tem que ter algo novo, porque né? Já faz mais de dez anos e… Não. Não tem nada novo. Verdade seja dita: Ela continua linda, com rosto perfeito, mas e a música? A mesma de 12 anos atrás.

Eu juro que me pergunto o que passa pela cabeça da guria que insiste em ser infantil, ao invés de se manter jovem. Tem muita diferença, não? Me parece algo como se ela acordasse todos os dias em 2001, dia após dia após dia após dia. E esquecesse que a gente não troca só o calendário mas, no caso dela, o disco também. Porque já encheu o saco. Outra vez.

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